terça-feira, 15 de abril de 2014

O canto litúrgico na Semana Santa


A cada ano durante a Semana Santa temos o ponto central do Ano Litúrgico, pois celebramos o Mistério Pascal: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, mas sempre de maneira diferente.

Desde os primeiros séculos do Cristianismo até o terceiro milênio que vivemos, celebramos este momento como "fonte de todas as outras celebrações". Na celebração eucarística tornamos presente e vivificante o Mistério da Páscoa do Senhor, que acontece aqui e agora, e exige de nós uma participação plena, consciente, ativa e que produzirá frutos de salvação, sendo cada vez mais verdadeira, pois aprendemos a oferecer nossa vida, nossa doação e serviço aos irmãos como oferta de louvor até chegarmos à Páscoa final, quando veremos Deus face a face. De fato, Deus sempre nos surpreende convidando-nos, pela sua misericórdia, a despojar-nos do homem velho e abrir-nos à luz, para vermos que amar, além de necessidade é também uma urgência.

Este tempo forte do Ano Litúrgico que queremos refletir, celebrar e cantar é o Ciclo Pascal: compreendendo o Tríduo (Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Sábado Santo), a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento. A Quaresma é tempo de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de busca por renovação interior, de mudança de vida, tempo de recorrer às "armas da penitência cristã": a oração, o jejum, a esmola (cf. Mt. 6, 1-6. 16-18). A cor roxa, junto com as cinzas e a cruz, imprimem um caráter penitencial; o espaço celebrativo não possui ornamentação; nas celebrações não se canta o "Glória" e nem o "Aleluia", que voltarão a ser entoados solenemente na Vigília Pascal. Os cantos devem expressar o conteúdo, os temas próprios, a Palavra de Deus, acentuando a conversão, o perdão, a fraternidade e a solidariedade, a vida, a luz. Mas sempre com os horizontes voltados para a Páscoa de Jesus, mistério central que celebramos em nossas liturgias.

O Concílio Vaticano II, n. 110, recomenda que "a penitência do tempo quaresmal não seja somente interna e individual, mas também externa e social". Desse modo, a Igreja no Brasil, há mais de cinquenta anos, desenvolve na Quaresma a Campanha da Fraternidade, que todo ano traz um Hino ligado ao tema proposto. Este tema trata-se de um grande movimento de evangelização e de conscientização daqueles pecados mais gritantes da sociedade brasileira que nos impedem de celebrar mais plenamente a Páscoa do Senhor. Além dos cantos sugeridos pelo Hinário Litúrgico, devem também fazer parte do repertório o CD da Campanha da Fraternidade, os outros cânticos tradicionais que já estão no coração do povo, tais como: "Eis o tempo de conversão...", "Pecador agora é tempo...", "Misericórdia, Senhor!", "Prova de Amor maior não há...", "Eu vim para que todos tenham vida!"

A Quaresma desemboca na Semana Santa, quando nos reunimos para celebrar o Amor de Jesus Cristo que deu sua vida por nós: "tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim!" (Jo. 13, 1). Os ritos da Semana Santa devem ser realizados com especial solenidade, pois este tempo é o coração do Ano Litúrgico. Esta Semana inicia-se com o Domingo de Ramos, que celebra a entrada de Jesus como rei em Jerusalém. Um homem simples, humilde, porém Santo, o Filho de Deus, que salvará o povo, traz a verdadeira justiça e a paz, tendo o amor como lei de seu Reino. No símbolo dos Ramos, que somos nós, confirmamos nosso seguimento nos passos de Jesus, estamos ligados a Ele, o tronco principal. Desligados Dele, seremos galhos secos. O nosso canto O aclama através de Hosanas e saúda aquele que vem em nome do Senhor! São próprios também desta semana alguns exercícios espirituais, devocionais e de piedade popular que muitas comunidades realizam, por exemplo: Via-sacra, Caminhadas da Penitência, celebrações da Misericórdia, procissões do Encontro Doloroso, do Enterro, da Ressurreição, encenações da paixão e morte, meditações das Dores de Nossa Senhora, grupos de rua (Setores Missionários) que promovem encontros de reflexão (estudo, oração e ação) nas casas. 

Sendo assim, cantar e celebrar expressam atitudes de confiança e a esperança de todos os cristãos que professam sua fé em Jesus Cristo, que não nos decepciona: quem O segue não termina na Cruz, mas Ressuscita!

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