segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Encontram-se abertas as inscrições para o Reino de Deus!

Em todas as celebrações eucarísticas ouvimos a proclamação da Igreja, que ressoa a Escritura: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor” (Cf. Ap19, 9). E é grande a alegria por saber que o chamado de Deus quer incluir a todos. Na oração do Rosário, o terceiro mistério luminoso nos faz contemplar justamente o chamado à conversão, que ocorre com o anúncio do Reino de Deus. É que da parte do Senhor existe a clara vontade de salvar a todos, envolvendo as diversas gerações e situações humanas. Ao se tratar de uma grande consolação, resulta igualmente provocante a responsabilidade entregue à liberdade humana, pois Deus não impõe, mas convoca e convida. Conversando com um jovem em recuperação na “Fazenda da Esperança”, Comunidade Terapêutica presente em tantas partes de nosso país e do mundo, ouvi uma afirmação surpreendente. Dizia ele que seu drama maior era uma porteira aberta, por saber que, se quisesse, poderia ir embora. Sabia que o maior presente dado por Deus era entrar pelos umbrais da liberdade que o conduziam, pela estrada do Evangelho, a uma vida nova!

Jesus estabeleceu contato com todas as classes de pessoas, pelo que escandalizava a muitos. Era uma multidão de estropiados, rejeitados da sociedade, doentes de toda ordem, gente solitária, publicanos, pecadores de qualquer classificação. O Evangelho apenas permite entrever os dramas humanos que se apresentavam ao Senhor. Não muito diferente das imagens oferecidas ao vivo e a cores em nossos dias, com pessoas sofrendo toda espécie de miséria. As guerras localizadas ou espalhadas por nossas cidades pela violência e a miséria mostram um mundo machucado e desorientado, carente de encontrar aberta a porta do Reino de Deus! Que seja uma imensa procissão em busca de Deus! Que a meta seja o regaço misericordioso daquele que veio para os pecadores!

Também nossa história pessoal é repleta de idas e vindas, marcadas pelo mistério do pecado, malgrado o desejo de acertar esteja presente, pela própria vontade de Deus que nos criou. Muitas vezes damos nossa resposta positiva aos apelos de Deus e depois seguimos por outra estrada, cedendo ao egoísmo, turrões, cabeças duras que pretendem ser donas da verdade. Podemos ser também como o filho pirracento do primeiro momento que depois se converte e obedece ao Pai. “Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de atitude e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu:‘ Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi” (Mt 21, 28-30). Cada pessoa sabe de sua aventura humana de liberdade, quedas, arrependimento, coragem para recomeçar, pedidos de perdão aos milhares, encontros com a misericórdia de Deus. Escute a palavra de Deus: “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e faz o que é direito e justo, conservará a própria vida. Arrependendo-se de todos os crimes que cometeu, ele certamente viverá, não morrerá” (Ez 18, 27-28)

O contato de Jesus com as pessoas é marcado pelo chamado constante à conversão. O início de sua pregação resume a proposta que faz à humanidade: “Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia, proclamando a Boa Nova de Deus: Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1, 14-15). Os cobradores de impostos convertidos e as prostitutas que acreditaram em Jesus, mudando radicalmente sua vida, são referências da possibilidade de transformação inscrita por Deus no coração humano (Cf. Mt 21, 28-32).

Os publicanos, cobradores de impostos, traidores do povo por trabalharem para os romanos, manipulavam a fonte permanente de tentação para o ser humano, o dinheiro! A malversação das verbas públicas e as torneiras abertas, pelas quais passam milhões e bilhões, ainda estão expostas diante de nossos olhos, nos dias que vivemos. Multiplicam-se os escândalos, revelam-se operações fraudulentas, mas o “deus dinheiro” continua atraindo as pessoas, traindo-as mesmo quando, confrontadas com acusações e provas dizem não saber de nada. A conversão passa pelo bolso, pois exige um uso dos bens segundo o plano de Deus, fundamentado na partilha e na comunhão. Chamem-se Mateus ou Zaqueu, ou quem sabe estejam no templo orando ao lado de um fariseu, é possível e desejável que os homens e mulheres, todos nós, mudemos o modo de usar os bens da terra!

Outro campo delicado é o da afetividade e da sexualidade e a degradação do uso de tais realidades, sob o título de prostituição. O corpo continua a ser vendido, não só nas zonas de prostituição de nossas cidades. Há outras formas de negociá-lo! Até se enfeita mais este comércio, justificando-o com a falsa liberdade de expor a intimidade das pessoas. Entretanto, o Evangelho de todos os tempos dará nome de Mulher adúltera, ou Samaritana, Prostituta ou outros qualificativos e profissões, a muitas pessoas que creem em Jesus Salvador e a Ele se convertem, mesmo depois de uma vida de miséria e sofrimento.

Com os publicanos e as prostitutas, amplie-se o horizonte para se sentirem envolvidos no chamado à conversão todos os homens e mulheres de nosso tempo, cada um de nós em primeiro lugar, seja qual for o nosso currículo! Encontram-se abertas as portas e as inscrições! Para entrar no Reino de Deus, as condições são o reconhecimento sincero da condição de pecadores, a coragem do arrependimento, a força para recomeçar quantas vezes for necessário, a sinceridade do olhar que se encontra com a misericórdia de Deus. Vale ainda olhar ao nosso redor e fazer festa com aqueles muitos que, também pecadores, são nossos companheiros, irmãos e irmãs que peregrinam na estrada da conversão, sem julgá-los ou pretender excluí-los.

É tempo de pedir com sinceridade: “Ó Deus, que mostrais vosso poder, sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais”.

Que os Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael intercedam por nós

Os três Arcanjos, que celebramos hoje, nos convidam a refletir sobre o modo como Deus intervém em nossa vida e como nós precisamos desses companheiros para a nossa caminhada!


“Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (João 1, 51).

A Igreja nos dá hoje a alegria de celebrar a festa dos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Na verdade, esses arcanjos são os grandes mensageiros da ordem divina, da vontade de Deus para a humanidade. Os anjos são presenças amorosas de Deus na nossa vida e para toda a humanidade! Os três arcanjos, que celebramos hoje, nos convidam a refletir sobre o modo como Deus intervém em nossa vida e como nós precisamos desses companheiros para a nossa caminhada!

O primeiro deles é Miguel: “Quem como Deus”, é o grande batalhador e vencedor do maligno e das forças do mal. Nós, que, muitas vezes, vemos o mal triunfar, vencer e entrar em nossa casa, como precisamos da força, da luz, da graça, da intercessão de São Miguel Arcanjo, o grande arcanjo divino, para que ele nos ajude a combater as forças do demônio.

Deixe-me dizer a você: onde São Miguel Arcanjo guarda, o inimigo não tem vez nem voz! Ele tem o poder divino, a graça divina para vencer as artimanhas do inimigo, para vencer os deboches do diabo e do inferno; é ele quem nos guarda. Por isso, se quisermos vencer o mal em nossa vida, precisaremos nos tornar amigos de São Miguel Arcanjo e invocar a sua intercessão sobre nós, sobre nossas casas e sobre nossas famílias.

O Anjo Gabriel: “A força de Deus” ou o grande comunicador de Deus. É ele quem revela os grandes planos divinos, é ele quem falou para Zacarias sobre o nascimento de João Batista, e é ele quem visitou Maria para anunciar a Boa Nova, que é o nascimento de Jesus Cristo.

Muitos males na humanidade, em nossa vida, em nossas convivências, acontecem infelizmente porque faltam e falham as comunicações entre nós. Precisamos primeiro estabelecer a comunicação entre nós e depois deixar que Deus nos comunique o Seu amor, a Sua bondade. E, aonde nós não conseguimos chegar, nós precisamos desse auxílio de São Gabriel. Que Ele realmente nos traga força para comunicar a mensagem de Deus para o mundo!

São Rafael: “Deus cura”, a cura de Deus, a proteção de Deus para os males, para as enfermidades, para as doenças, está no Arcanjo São Rafael. Invocado nas grandes epidemias, pandemias, o arcanjo veio ao mundo como poderoso auxílio divino para salvar a humanidade de tantos males.

Eu especialmente tenho pedido a São Rafael que ajude a medicina; ilumine os nossos médicos, ilumine os profissionais da saúde, da pesquisas científicas, para que encontrem realmente a cura para tantos males, doenças, que infelizmente atormentam a humanidade, como é o caso do câncer. Como nós precisamos de um avanço na medicina para combater o câncer, para ajudar no tratamento de tantas pessoas que sofrem deste mal!

No entanto, nós não podemos pedir a intercessão de Deus só quando alguém aparece enfermo ou doente, não! A humanidade inteira padece de tantos males, doenças, enfermidades e outros “cânceres”. O que nós precisamos é invocar a força de São Rafael, para que venha iluminar a humanidade e trazer a cura de Deus para o meio de nós.

Que a proteção dos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael ilumine os nossos caminhos!

Deus abençoe você!

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate!

Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão

Talvez entre os três arcanjos, Rafael, Gabriel e Miguel, este último seja o mais invocado pelos cristãos. Existe até mesmo a devoção da “Quaresma de São Miguel”, com início no dia 15 de agosto, Dia da Assunção de Nossa Senhora, e término em 28 de setembro, véspera da festa dos santos arcanjos.

O Arcanjo Miguel sempre foi muito amado e venerado pelo povo de Deus. Diante de algumas passagens da Sagrada Escritura a Igreja foi entendendo melhor o papel e a missão que ele tem, junto ao Senhor, em favor dos homens, como, por exemplo, no Livro do Profeta Daniel: “Naquele dia vai prevalecer Miguel, o grande comandante, sempre de pé ao lado do teu povo” (Dn 12, 1). Daí sabemos que o Senhor o constituiu guarda e protetor da Igreja.

A tradição o vê também como guardião dos agonizantes, aquele que leva as almas ao Trono de Deus para o julgamento, invocado como nosso advogado na vida e na hora da morte (cf. Jd 1, 9).

Nas artes, ele é representado vestindo armadura, de espada em punho e atacando o diabo, que está derrotado aos seus pés. Praticamente visualizamos esta imagem em suas palavras ao demônio: “Que o Senhor te repreenda” na Epístola de São Judas 1, 9, e em Apocalipse 12, 7-8: “Houve então uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão lutou, juntamente com seus anjos, mas foi derrotado, e eles perderam seu lugar no céu”.

Contudo, sua maior virtude vem da decisão e atitude anterior a todos esses feitos e exercícios ministeriais, em que diante da loucura de uma criatura que desejava ser comparada ao Senhor, Miguel declara: “Quem como Deus?”. Seu nome é uma alusão ao alto grau de convicção e fidelidade que este arcanjo tem ao Altíssimo. “Miguel” significa “Quem como Deus?”, exatamente na forma de pergunta, dada em resposta à arrogância de satanás.

“Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes” (Tg 4, 6). A força do arcanjo Miguel vem desta sua certeza e docilidade ao Senhor, por isso ele vence a serpente orgulhosa.

Num mundo tão competitivo, muitas vezes, não percebemos o quanto estamos impregnados de arrogância quando queremos defender nossos direitos, nossa vez e voz e exaltamos a nós mesmos numa luta ferrenha por reconhecimento.

Palavras que significam pecados e também a pretensão de superioridade para com outras pessoas, como “ostentação”, “ambição” e “vaidade”, se tornaram sinônimos de “coisas boas”, estão na moda e nós as absorvemos em nossas atitudes.

Talvez a grande graça que devamos pedir ao Arcanjo Miguel e o que mais podemos aprender dele seja derrotar todo resquício de altivez em nós.

A humildade atrai o favor do Senhor e nos torna agradáveis ao Seu coração. “Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5, 3). A soberba é a raiz de todos os pecados e pode nos privar do destino de eterna felicidade “para não acontecer que se ensoberbeça e incorra na mesma condenação que atingiu o diabo” (I Tm 3, 6).

Que pela intercessão de Maria, “a mais humilde das criaturas” (cf. CIC n. 722), e de São Miguel – aliados não somente no Dia da Assunção, 15 de agosto, mas para sempre no Reino de Deus – possamos nos esforçar e chegar ao nosso lugar no céu vivendo a virtude da humildade aqui nesta terra.

Rezemos: Levanta-se Deus pela intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, de São Miguel Arcanjo, e de todas as milícias celestes, que sejam dispersos seus inimigos e fujam de Sua face todos os que o odeiam. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.

São Miguel Arcanjo, rogai por nós!

Papa destaca proteção dos anjos ao homem na luta contra o mal

Francisco destacou que o demônio sempre quer destruir o homem, mas que os anjos defendem o ser humano nessa luta contra o mal

O Papa Francisco celebrou a Missa na Casa Santa Marta nesta segunda-feira, 29, destacando na homilia a luta dos anjos contra o mal. Segundo Francisco, satanás nos apresenta coisas como se fossem boas, mas sua intenção é destruir o homem. Os anjos, porém, defendem o homem nessa luta.

Francisco focou-se nessa reflexão no dia em que a Igreja celebra a festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. As leituras do dia apresentam imagens fortes, disse o Papa, como a visão da glória de Deus contada pelo profeta Daniel e a luta do arcanjo Miguel e seus anjos contra o diabo.

Em sua homilia o Santo Padre concentrou-se na luta que é travada entre o demônio e Deus, o que aconteceu depois que satanás tentou destruir a mulher que estava para dar à luz seu filho. E explicou que satanás sempre procura destruir o homem.

“Desde o início, a Bíblia nos fala disto: desta sedução de satanás para nos destruir. Talvez por inveja. Nós lemos no Salmo 8: ‘Tu fizeste o homem superior aos anjos’, e aquela inteligência tão grande do anjo não podia levar nos ombros esta humilhação, que uma criatura inferior fosse feita superior a ele; por isso procurava destruí-lo”.

O Pontífice destacou que os muitos projetos de desumanização do homem, exceto os próprios pecados, são obras de satanás, simplesmente porque ele odeia o homem. Citando o livro de Gênesis, o Papa recordou que satanás é astuto; apresenta as coisas como se fossem boas, no entanto, sua única intenção é a nossa destruição. E que o homem pode contar com o auxílio dos anjos.

“Os anjos nos defendem. Defendem o homem e defendem o Homem-Deus, o Homem superior, Jesus Cristo, que é a perfeição da humanidade. Por isso a Igreja honra os anjos, porque são aqueles que estarão na glória de Deus – estão na glória de Deus – porque defendem o grande mistério oculto de Deus, isto é, o Verbo que veio em carne”.

A tarefa do povo de Deus, segundo o Papa Francisco, é proteger em si o homem Jesus, porque é o homem que dá vida a todos os demais. Em vez disso, satanás inventa, em seus projetos de destruição, explicações humanistas que vão contra o homem, contra a humanidade de Deus.

A luta é uma realidade cotidiana na vida cristã, reconheceu o Pontífice, mas ele lembrou que Deus deu um ofício principal aos anjos: lutar e vencer. Francisco convidou os fiéis a rezarem aos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael para que continuem a lutar para defender o maior mistério da humanidade: o Verbo que se fez Homem, morreu e ressuscitou. “Este é o nosso tesouro. Rezemos para que eles continuem a lutar para protegê-lo”.

sábado, 27 de setembro de 2014

É em nossa fraqueza que Deus vem em nosso auxilio com a sua graça

É em nossa fraqueza que Deus vem em nosso auxilio com a sua graça. Basta-te a minha graça!



São Paulo teve uma experiência impressionante com Jesus. Ele relata na segunda Carta aos coríntios. Primeiro começa dizendo que “foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir”. Depois, relata o seguinte: “para que a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me esbofetear e me livrar do perigo da vaidade. Três vezes roguei ao Senhor que o apartasse de mim. Mas ele me disse: Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo”. (2 Cor 12,4-10).

Ninguém sabe ao certo o que era “esse espinho na carne” de São Paulo, mas certamente era algo que muito o incomodava. Alguns dizem que era uma doença nas vistas, outros dizem que ele tinha contraído malária; enfim, era algo que o fazia sofrer.

O mais interessante é que Paulo pediu a Jesus que retirasse dele esse espinho, mas o Senhor disse: Não! E ele entendeu porquê: para que “a grandeza das revelações não me levasse ao orgulho”, uma vez que ele tinha sido “arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir”. Paulo podia ficar vaidoso, então o Senhor o impedia com o espinho na carne. Conosco também acontece o mesmo, especialmente quem se destaca.

Certamente cada um de nós tem esse espinho na carne, que pode ser de fundo físico ou espiritual. Certa vez eu experimentei um espinho desses, na alma, é pior do que no corpo. Sentia-me com uma brasa na alma ou uma flecha no coração. Roguei também ao Senhor, insistentemente, que me livrasse daquele espinho, mas Ele não me livrou. Então comecei a procurar a causa do Senhor me manter naquela situação. Deixei minha alma em silêncio, para tentar ouvir a Sua voz.

No silêncio da dor da alma, parece que uma voz falava no meu intimo: “Quanto maior for o sofrimento oferecido a Deus, com amor, mais nós o agradamos, mais temos méritos diante Dele e mais se apressa a nossa santificação”. Então entendi que o Senhor providenciava a minha salvação. Deixava-me naquele purgatório terreno, o tempo que for necessário, para me purificar.

Lembrei-me do Eclesiástico: “prepara a tua alma para a provação, humilha teu coração, espera com paciência, sofre as demoras de Deus, não te perturbes no tempo da infelicidade. Na dor permanece firme, na humilhação tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata e os homens agradáveis a Deus pelo cadinho da humilhação” (Eclo 2,1-6).

E a voz continuava a me dizer: “A prata e o ouro só ficam purificados no fogo quando começam a refletir neles o Rosto do ourives”.

Entendi que nossa purificação só termina quando o Rosto de Deus brilha em nossa alma; antes as escórias têm de serem queimadas.

Mas, muitas delas não as vemos; e por isso achamos que não as temos, mas Deus as vê, e quer remove-las de nós. Paciência!
São Paulo disse aos romanos que “Deus nos predestinou para sermos conforme a imagem do Seu Filho” (Rom 8,29). É a meta de Deus para cada filho, ver o Rosto de Jesus em nós. Então, nossa purificação só terminará – como o ouro e a prata – quando Jesus estiver formado em nós. Isto começa aqui e pode ser concluído na eternidade, no Purgatório.

Não desanimemos e nem desesperemos, é uma grande e bela obra de Deus. Todos os santos passaram por isso para chegar ao céu. No silêncio da meditação Deus me ensinava que é na paciência com este espinho na carne que temos a oportunidade de rezar mais.

Como disse João Paulo II, “quanto mais se sofre, mais é necessário rezar”. Além disso, é uma grande oportunidade de oferecer a dor pelos outros: a saúde e a salvação dos entes queridos, o sufrágio das almas do Purgatório, as lutas da Igreja, a santificação do clero, etc. É nisso que Deus nos liberta de nós mesmos, de nossos egoísmos, vanglória, apegos desordenados, busca de prazeres, maledicências, iras, invejas…

Entendendo a importância disso, São Paulo disse aos coríntios: “de mim mesmo não me gloriarei, a não ser das minhas fraquezas. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,5).

É em nossa fraqueza que Deus vem em nosso auxilio com a sua graça. Basta-te a minha graça! Não entendemos bem porque Ele permite esse espinho em nossa carne; mas Ele nos conhece e nos ama, sabe qual é o remédio que nossa alma precisa.

É o Médico que deve prescrever o remédio, e não o doente.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

É preciso carregar a cruz para entender Jesus, diz Papa Francisco

Francisco destacou que, para entender Jesus, é preciso estar disposto a levar a cruz com Ele

Um cristão não pode entender o Cristo Redentor sem a cruz, sem que esteja disposto a levá-la com Ele, disse o Papa Francisco na homilia desta sexta-feira, 26, na Casa Santa Marta.

A fé, segundo Francisco, está nessa identificação da pertença a Cristo relacionada à Sua cruz. Do contrário, percorre-se um caminho aparentemente “bom”, mas não “verdadeiro”. As reflexões do Santo Padre se pautaram no Evangelho do dia, no qual Cristo pergunta aos discípulos o que o povo dizia sobre Ele.

O episódio, conforme observou o Papa, se enquadra no contexto do Evangelho que vê Jesus proteger de forma especial a Sua verdadeira identidade de Filho de Deus. Isso para que o povo não se equivocasse e pensasse no Messias como um líder que veio para expulsar os romanos. Somente aos doze apóstolos o Senhor fez essa revelação.

Jesus, como Ele mesmo disse, veio ao mundo para sofrer, morrer e ressuscitar; este é o caminho da libertação: a Paixão, a cruz. Embora os apóstolos não quisessem entender essa explicação, esta era a pedagogia de Jesus, enfatizou o Papa Francisco, usada para preparar o coração dos discípulos e do povo para entender este mistério de Deus.

“É tanto amor de Deus, é tão ruim o pecado, que Ele nos salva assim: com esta identidade na cruz. Não se pode entender Jesus Cristo Redentor sem a cruz: não se pode entender! Podemos até chegar a pensar que é um grande profeta, faz coisas boas, é um santo. Mas o Cristo Redentor sem a cruz, não podemos entendê-Lo. Mas o coração dos discípulos e do povo não estava preparado para entendê-Lo. Não tinham entendido as profecias d’Ele, não tinham entendido que Ele era o próprio Cordeiro para o sacrifício. Não estavam preparados”.

Somente no Domingo de Ramos, observou o Papa, que Cristo permitiu que o povo dissesse, mais ou menos, Sua identidade, como aquele “Bendito o que vem em nome do Senhor”. E somente após a morte, Sua identidade apareceu em plenitude e a primeira confissão foi do centurião romano.

O Papa Francisco concluiu dizendo que Jesus prepara o ser humano para entendê-Lo bem e para acompanhá-Lo com suas cruzes no caminho para a ressurreição. “Prepara-nos para sermos cirineus para ajudá-lo a levar a cruz. E a nossa vida cristã sem isso não é cristã. É uma vida espiritual, boa…Também a nossa identidade de cristãos deve ser protegida e não acreditar que ser cristão é um mérito, é um caminho espiritual de perfeição. Não é um mérito, é pura graça”.

Conheça a missão de São Rafael Arcanjo

Quem é este arcanjo que convive, por um tempo, com um homem?

Este arcanjo revela que ele é “um dos sete anjos santos que assistem diante da claridade do Senhor e estão em Sua presença” (Tb 12, 15). O nome “Rafael” significa “Deus cura”.

São Rafael nos é apresentado, sobretudo, no Livro de Tobias, no qual se operam duas curas significativas através de sua intercessão: a restauração de duas pessoas, uma em sua dimensão física e a outra em sua dimensão espiritual.

Conta-nos a Sagrada Escritura que Tobit, homem honrado, piedoso e temente a Deus, ficou cego e devido a esta enfermidade não podia mais trabalhar, então lembrou-se de um dinheiro que tinha depositado com Gabael, em Rages, cidade da Média, vinte anos antes (cf. Tb 5, 4). Ele contou o fato ao filho Tobias e o enviou a essa cidade para recebê-lo (cf. Tb 4, 1ss). Contudo, Tobias que morava em Nínive na Assíria, por não conhecer o caminho (cf. Tb 1, 10) até a Média, entra em comum acordo com seu pai para procurarem alguém de confiança que lhe indicasse o caminho. Encontra Rafael e acerta os detalhes da viagem com ele, mas sem saber que este era um anjo (cf. Tb 5, 4).

Durante a viagem os dois acampam às margens do Rio Tigre e capturam um peixe que lhes serve de alimento para aquela noite. Rafael pede a Tobias que guarde o fel, o coração e o fígado do peixe para que essas substâncias sirvam de remédio (cf. Tb 6, 5-9).

Ao entrarem na Média, São Rafael conduz o filho de Tobit antes à cidade de Ecbátana, para encontrar Ragüel e a sua filha Sara, ambos familiares do jovem, pois, segundo a tradição da época, Tobias teria o direito de se casar com Sara por ser o parente mais próximo dela. No entanto, Tobias questiona o arcanjo: “Ouvi dizer que ela já foi dada em casamento a sete homens, e todos morreram de noite, […] quando estavam para se aproximar dela, morriam” (Tb 6, 14).

Rafael o tranquiliza, mandando-o queimar sobre as brasas do incenso o fígado e o coração do peixe para que o cheiro afugente o demônio que matava os maridos da moça (cf. Tb 6, 17-22).

Durante as núpcias de Tobias e Sara, o arcanjo persegue o demônio, expulsando-o de vez da vida de Sara (cf. Tb 8, 3), e depois vai à casa de Gabael resgatar o dinheiro para Tobias (cf. Tb 9, 5). Quando Tobias, Sara e São Rafael voltam à presença de Tobit na Assíria, o anjo diz a Tobias que unte os olhos do pai com o fel do peixe e este é finalmente curado de sua cegueira (cf. Tb 11). Somente após esses acontecimentos São Rafael revela sua identidade angelical (cf. Tb 12).

Em tudo isso, podemos notar que a presença de São Rafael traz:
- Cura física (dos olhos de Tobit);
- Cura espiritual e libertadora (em Sara);
- A manifestação da Divina Providência: no âmbito material e natural (resgate do dinheiro de Tobit e indicação do caminho certo), e também no âmbito sobrenatural (protege-os dos perigos), propicia graças além das nossas pobres expectativas (Tobias não imaginava que encontraria Sara na viagem e que se casaria com ela).


Por isso tudo, São Rafael Arcanjo é considerado o portador da Cura de Deus, e também é reconhecido como o chefe dos anjos da guarda, padroeiro dos viajantes, anjo da providência, que zela pela humanidade. Algo interessante também de se notar é que Rafael é o único anjo que convive algum tempo com os homens.

Peçamos a São Rafael Arcanjo a cura de nossas cegueiras, sejam elas físicas ou espirituais, a restauração de nossa saúde e a libertação de toda obra do maligno em nossas vidas e tudo o mais de que necessitamos. E estejamos preparados para tudo o mais que o Altíssimo tem reservado para nós. Onde este servo do Senhor atua há sempre conversões, transformação e vidas entregues a Deus.

São Rafael Arcanjo, rogai por nós!

Leia a Bíblia com eficácia e sabedoria

Devemos compreender que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita para os homens e pelos homens; logo, ela apresenta duas faces: a divina e a humana. Logo, para poder interpretá-la bem é necessário o reconhecimento da sua face humana, para depois, compreender a sua mensagem divina.

Não se pode interpretar a Sagrada Escritura só em nome da “mística”, pois muitas vezes podemos ser levados por ideias religiosas pré-concebidas, ou mesmo podemos cair no subjetivismo. Por outro lado, não se pode querer usar apenas os critérios científicos (linguística, arqueologia, história, …); é necessário, após o exame científico do texto, buscar o sentido teológico.

A Bíblia não é um livro caído do céu, ela não foi ditada mecanicamente por Deus e escrita pelo autor bíblico (=hagiógrafo), mas é um Livro que passou pela mente de judeus e gregos, numa faixa de tempo que vai do séc. XIV aC. ao século I dC. É por causa disto que é necessário usar uma tradução feita a partir de originais e com seguros critérios científicos.

Os escritos bíblicos foram inspirados a certos homens; isto é, o Espírito Santo iluminou a mente do hagiógrafo a fim de que ele, com sua cultura religiosa e profana, pudesse transmitir uma mensagem fiel à vontade de Deus. A Bíblia é portanto um livro humano-divino, todo de Deus e todo do homem, transmite o pensamento de Deus, mas de forma humana. É como o Verbo encarnado, Deus e homem verdadeiro. É importante dizer que a inspiração bíblica é estritamente religiosa; isto é, não devemos querer buscar verdades científicas na Bíblia, mas verdades religiosas, que ultrapassam a razão humana: o plano da salvação do mundo, a sua criação, o sentido do homem, do trabalho, da vida, da morte, etc.

Não há oposição entre a Bíblia e as ciências naturais; ao contrário, os exegetas (estudiosos da Bíblia) usam das línguas antigas, da história, da arqueologia e outras ciências para poderem compreender melhor o que os autores sagrados quiseram nos transmitir.

Mas é preciso ficar claro que a revelação de Deus através da Bíblia não tem uma garantia científica de tudo o que nela está escrito. É inútil pedir à Bíblia uma explicação dos seis dias da criação, ou da maneira como podiam falar os animais, como no caso da jumenta de Balaão. Esses fatos não são revelações, mas tradições que o autor sagrado usou para se expressar.

A própria história contida na Bíblia não deve ser tomada como científica. O que importa é a “verdade religiosa” que Deus quis revelar, e que às vezes é apresentada embutida em uma parábola, ou outra figura de linguagem.

O mais importante é entender que a verdadeira leitura bíblica deve sempre ter em vista a finalidade principal de toda a Sagrada Escritura que é a de anunciar Jesus Cristo e dar testemunho de sua pessoa. Para aqueles que viviam no Antigo Testamento, se tratava apenas de um Salvador desconhecido, que viria. Mas para nós, se trata do Salvador que “habitou no meio de nós”, e que ressuscitado está no meio de nós até o fim dos tempos, quando voltará visível e glorioso para encerrar a história.

Por ser Palavra de Deus, a Bíblia nunca fica velha, nem caduca; ela fala-nos hoje como para além dos séculos.

Cristo é o centro da Sagrada Escritura. O Antigo Testamento o anuncia em figuras e na esperança; o Novo Testamento o apresenta como modelo vivo.

O Catecismo nos ensina que “Deus, na condescendência de sua bondade, para revelar-se aos homens, fala-lhes em palavras humanas” (§101).

“Através de todas as palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma só Palavra, seu Verbo único, no qual se expressa por inteiro” (§102).

“Com efeito, as palavras de Deus, expressas por linguagem humana, tal como outrora o Verbo do Pai Eterno, havendo assumido a carne da fraqueza humana, se fez semelhante aos homens” (Dei Verbum,13).

Santo Agostinho ensinava que:
“É uma mesma Palavra de Deus que se ouve em todas as Escrituras, é um mesmo Verbo que ressoa na boca de todos os escritores sagrados, ele que, sendo no início Deus, junto de Deus, não tem necessidade de sílabas, por não estar submetido ao tempo”(Salmos 103,4,1).

Somente as palavras originais com as quais a Bíblia foi escrita (hebraico, aramaico e grego) foram inspiradas; as traduções não gozam do mesmo carisma da inspiração; é por isso que a Igreja sempre teve muito cuidado com as traduções, pois podem conter algum sentido que não foi da vontade do autor e de Deus. As traduções devem ser fiéis aos originais; e isto não é fácil.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Papa resume vida cristã: escutar e praticar a Palavra de Deus

A vida cristã é “simples”: escutar a Palavra de Deus e colocá-la em prática, não limitando-se a “ler” o Evangelho, mas perguntando-se de que modo as suas palavras falam à própria vida. Essa foi a reflexão do Papa Francisco na Missa celebrada nesta terça-feira, 23, na Casa Santa Marta.

O Pontífice destacou que as palavras de Jesus eram novas e tocavam o coração; nelas muitos percebiam a força da salvação e por isso a multidão seguia Jesus. Havia também aqueles que seguiam Jesus por conveniência, sem pureza de coração, fato que acontece ainda hoje. Mas Jesus continuava a falar à multidão; para Ele, todos que escutam a Palavra de Deus e a colocam em prática são sua mãe e seus irmãos, como relata o Evangelho do dia.

“Estas são as duas condições para seguir Jesus: escutar a Palavra de Deus e colocá-la em prática. Esta é a vida cristã, nada mais. Simples, simples. Talvez nós a tenhamos feito um pouco difícil, com tantas explicações que ninguém entende, mas a vida cristã é assim: escutar a Palavra de Deus e praticá-la”.

Para escutar a Palavra de Deus basta abrir a Bíblia, explicou Francisco. Mas ele fez a ressalva de que as páginas do Evangelho não devem ser lidas, devem ser escutadas, o que significa ler o que está escrito e perguntar-se: “o que isto diz pra mim, para o meu coração? O que Deus está dizendo pra mim com esta Palavra?”. Trata-se de escutar a Palavra com os ouvidos e com o coração, uma atitude que, segundo o Papa, muda a vida.

“Abrir o coração à Palavra de Deus. Os inimigos de Jesus escutavam Sua Palavra, mas estavam próximos para procurar encontrar um erro, fazê-Lo deslizar e perder a autoridade. Mas nunca se perguntaram: ‘o que Deus me diz nesta Palavra?’. E Deus não fala só a todos: sim, fala a todos, mas fala a cada um de nós. O Evangelho foi escrito para cada um de nós”.

Francisco reconheceu que colocar em prática o que se escutou da Palavra não é tarefa fácil, porque é mais fácil viver tranquilamente sem preocupações com as exigências da Palavra de Deus. Mas pistas concretas para fazer isso são os Mandamentos, as Bem-Aventuranças, contando sempre com a ajuda de Jesus, mesmo quando o coração escuta, mas finge não entender.

“O Senhor sempre semeia sua Palavra, pede somente um coração aberto para escutá-la e boa vontade para colocá-la em prática. Por isto, então, a oração de hoje, que é aquela do Salmo: ‘Guiai-me, Senhor, no caminho de vossos preceitos!’, isso é, no preceito da tua Palavra para que eu aprenda com a tua condução a colocá-la em prática”.

Revista-se da armadura de Deus para vencer as ciladas do inimigo

Embora no mundo de hoje muitos não acreditem que as forças malignas queiram nos afastar de Deus, a Palavra de Deus nos garante que o inimigo existe e que quer nos derrubar. Revestir-se da armadura de Deus não é para guerrearmos humanamente, mas sim para a batalha espiritual. Para a luta espiritual, precisamos de armas espirituais. Muitas respostas para nossas vidas só vêm pela oração. Muitas coisas divinas não conseguimos explicar pelo nosso humano, apenas pelo sobrenatural, que é o agir de Deus.

Precisamos também ter em nossa mente que nem tudo é artimanha do inimigo de Deus, pois, em muitos casos, é apenas o nosso humano agindo. A Palavra de Deus nos exorta a nos armarmos para as batalhas espirituais. O maligno sabe quais são nossos pontos fracos e faz de tudo para que o homem velho e a mulher velha venham à tona em nós.

A santidade é algo possível, mas exige luta de nossa parte. São Paulo nos fala para nos revestirmos da armadura de Deus, pois nossa luta é contra os principados e potestades. Nossas lutas não são contra pessoas, mas contra o inimigo de Deus e nosso. Quantas vezes travamos guerras dentro de nossas casas, com nossos amigos; muitas vezes travamos essas guerras contra as pessoas erradas. Devemos declarar guerra contra o inimigo de Deus. Em meio a tempestades, que vêm sobre a sua vida, declare: O inimigo de Deus não tem poder para me destruir! E continue a combatê-lo.

Não sofremos os ataques do inimigo de Deus todos os dias, mas precisamos sempre estar preparados para a batalha. Por isso sempre devemos estar revestidos com a proteção de Deus.

No dia de São Pio de Pietrelcina, podemos ver o exemplo deste santo, que sofreu constantes ataques do inimigo, mas, revestido da armadura do Senhor, venceu as ciladas do maligno. Olhemos para a vida de Jesus Cristo: sofreu, foi abandonado, humilhado e foi até o fim. Nós, quando começamos a viver algumas tribulações na vida, pensamos em desistir, e muitos de nós realmente acabam desistindo. O sofrimento, quando oferecido, gera paz.

A fé é acreditar no que não vemos, é acreditar que situações podem ser mudadas mesmo que não consigamos enxergar essa graça no presente. No exército de Cristo o soldado não pode cair. E se cair, ele deve levantar-se imediatamente! O inimigo de Deus não quer apenas nos derrubar, mas nos deixar caídos. Não baixemos a guarda! O cinturão da verdade é o que nos segura. A mentira não vem de Deus, o inimigo é o pai da mentira. A verdade é libertadora.

Para o ataque precisamos da espada, a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Ao ser tentado no deserto pelo maligno, Jesus o venceu com a Palavra. Como vamos atacar e vencer o inimigo com a Palavra de Deus se não somos íntimos dela? A boca fala do que o coração está cheio. Estamos cheios de Deus? Meditamos Sua Palavra?


Aqueles que buscam falsas religiões entendam que estão entrando em território inimigo. Fazer trabalhos [em falsas religiões] para arrumar marido, conseguir emprego e evocar espíritos, nada disso é de Deus, mas sim obra do inimigo.

Pode ser que o Senhor não tenha nos atendido ainda porque não estamos tendo uma vida reta e íntegra. Não conseguimos servir a dois senhores. Que Jesus nos liberte de todos os objetos e alimentos consagrados ao maligno. Voltemos a Deus e confessemos nossos pecados.

Aquele que vigia sempre está atento. Oremos sempre, em todos os momentos. Oração é conversar com Deus. Precisamos treinar nosso coração para sermos orantes. Orar deve ser algo contínuo em nossa vida. Se não estamos conseguindo dominar nossa vida segundo os desígnios de Deus, peçamos a ajuda a Ele e às pessoas. Que o Senhor abra nossos olhos para o espiritual e nos revista com a armadura dos cristãos.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O bem paga mais que o dinheiro, diz Papa Francisco

Encerrando as atividades em sua viagem à Albânia neste domingo, 21, o Papa Francisco encontrou-se com crianças do Centro Betânia e de outros centros caritativos do país. Na ocasião, o Papa recordou que o bem paga “infinitamente mais que o dinheiro”.

O Pontífice agradeceu ao acolhimento dado não só a ele nesta visita, mas a todas as crianças necessitadas atendidas pelo centro. Segundo ele, lugares assim confirmam os fiéis na fé, pois é possível ver a fé em caridade concreta, levando luz e esperança em situações de dificuldade.

“Esta fé, que trabalha na caridade, move as montanhas da indiferença, da incredulidade e da apatia e abre os corações e as mãos para realizar o bem e difundi-lo. Por meio de gestos humildes e simples de serviço aos pequenos passa a Boa Notícia de que Jesus ressuscitou e vive em meio a nós”.

Novamente, o convívio pacífico foi destacado pelo Papa Francisco. Ele falou do testemunho dado pelo centro de assistência em que há o convívio pacífico e fraterno entre pessoas de diferentes etnias e religiões. “Aqui as diferenças não impedem a harmonia, a alegria e a paz; antes, se tornam ocasião para o mais profundo conhecimento e compreensão recíproca”.

Nesse contexto, as diferentes experiências religiosas se abrem ao amor respeitoso para com o próximo e não se envergonham da bondade. Segundo Francisco, a bondade gera a consciência tranquila e a alegria profunda mesmo em meio a dificuldades e incompreensões. “Mesmo diante de ofensas sofridas, a bondade não é fraqueza, mas força verdadeira, capaz de renunciar à vingança”.

O Sumo Pontífice também falou às crianças e aos colaboradores do centro sobre a importância do bem, definindo-o como um “prêmio a si mesmo”, como algo que paga infinitamente mais que o dinheiro. Ele destacou ainda que o segredo de uma vida de sucesso é amar e doar-se por amor, o que dá força ao ato de sacrificar-se por amor.

O Santo Padre concluiu seu discurso deixando um encorajamento para a ação caritativa no país. “Continuem, com confiança, a servir nos pobres e nos abandonados o Senhor Jesus e a pregá-lo para que os corações e as mentes de todos se abram ao bem, à caridade ativa, fonte de alegria verdadeira e autêntica”.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Liturgia: Reflexo da Beleza Divina

O termo liturgia tem raízes no idioma grego podendo ser traduzido como serviço público do culto. A liturgia cristã é a celebração dos Mistérios de Cristo enquanto Salvador da humanidade, atualizando-o. Odo Casel define liturgia como a ação de Cristo através da Igreja.

A liturgia católica compõe-se de vários ritos, sendo o rito latino (ou romano) o mais conhecido aqui no ocidente. Em Juiz de Fora, pode-se conhecer ainda o Rito Melquita para cá trazido pela comunidade libanesa. Também os protestantes tradicionais e evangélicos pentecostais têm seus ritos e liturgias, com suas diferentes expressões, o que constitui um dos pontos de união com os católicos, ortodoxos e outras correntes cristãs no grande louvor a Deus e na celebração de Cristo.

A liturgia, a partir de Cristo, toma forma nova porquanto vence o mero ritualismo para ser autêntica expressão da alma orante, imbuída da ação divina. São Paulo se refere à liturgia cristã como “culto agradável a Deus” (cf. Rom. 12, 1-2).

Toda a liturgia católica é estritamente cristocêntrica, tendo como núcleo a Santa Missa que é ceia e sacrifício, porém sacrifício incruento, ou seja, sem sofrimento. A missa na verdade é única, é eterna. Ele é de Cristo e se repete ininterruptamente através da ação da Igreja.

As celebrações dos sete sacramentos partem e levam ao mistério da redenção celebrada no altar da Eucaristia. Assim, podemos compreender que a palavra de Cristo Fazei isto em memória de mim (I Cor.11,25) não é somente relacionada à consagração do pão e do vinho, mas aplicada a cada sacramento. Também quando o sacerdote vai ungir a um doente, ele ouve dos lábios invisíveis de Cristo: Fazei isto em memória de mim. Da mesma forma os noivos quando vão se casar, o bispo quando vai crismar ou ordenar novos sacerdotes, bem como os ministros quando vão batizar, o padre quando vai absolver pecados. Em todos esses momentos de santificação, está presente a ação de Cristo. É ele quem age, quem faz.

A liturgia é o ápice da oração cristã, a comemoração do amor supremo, a celebração da presença de Deus junto a seu povo. Da liturgia parte toda a espiritualidade cristã, toda oração pessoal, íntima, comunitária ou pública. Victor Hugo afirmava: A oração é a irmã trêmula do amor.

Para haver liturgia, é indispensável, sobretudo o silêncio, que a alma necessariamente faz diante do inominável, do intocável, do transcendente, do glorioso, eterno e santíssimo Deus que se fez imanente, numerável, tocável, simples e pobre em Jesus de Nazaré, para ser um de nós e nos resgatar. Rubem Alves, que era protestante, certa vez hospedado por vários dias em um mosteiro católico, escreveu coisas lindas sobre a liturgia que se alimenta do silêncio: As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio também. Silêncio tem gosto bom. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. A música acontece no silêncio. No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós – como no poema de Mallarmé, “A catedral submersa” que Debussy musicou. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar, quem faz mergulho sabe, a boca fica fechada. Os poetas conhecem essa experiência. “Nosso olhar é submarino”, escreveu T. S. Eliot. “Olhamos para cima e vemos a luz que se fratura através de águas inquietas...” Para mim, Deus é a beleza que se ouve no silêncio".

Tudo que compõe a liturgia tem sentido para expressar a beleza de Deus: os sinos, os cânticos, as velas acesas, as toalhas brancas, os móveis e os vasos, as flores, as vestes, os gestos, sobretudo o livro da Palavra, o Pão e o Vinho que se tornaram o corpo e sangue de Cristo vivo e presente.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Presidenciáveis encaram debate da CNBB na terça-feira, ao vivo pela TV Aparecida

Os candidatos à Presidência da República estarão frente-a-frente em Aparecida (SP) na próxima terça-feira (16), às 21h30, para participarem do debate da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)

O debate está na responsabilidade da TV Aparecida e terá transmissão simultânea da TV Canção Nova; Imaculada; TV Nazaré; Rede Vida de Televisão; Rede Século 21; TV 3º Milênio; TV Horizonte e TV Evangelizar, Rede Católica de Rádio e portais de inspiração católica.

O Debate será dividido em 5 blocos com os seguintes tempos e conteúdos:

O primeiro bloco terá pergunta única da CNBB para todos os candidatos,a duração do bloco está estimada em 20 minutos.

No segundo bloco, 8 bispos do Brasil farão perguntas aos 8 candidatos, um bispo sorteado fará a pergunta ao candidato também sorteado, o tempo estimado do bloco é de 25 minutos.

O terceiro bloco, será a vez de 8 jornalistas convidados realizarem perguntas aos candidatos, também em forma de sorteio, o estimado deste bloco é de 25 minutos.

O quarto bloco haverá o confronto direto entre os candidatos um perguntando ao outro, a duração do bloco está estimada em 41 minutos

Durante o quinto e último bloco, cada candidato apresentará suas considerações finais, a duração do bloco está estimada em 24 minutos.

Os candidatos ocuparão o cenário de acordo com a ordem sorteada, no início da transmissão o cardeal arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da CNBB irá proferir uma mensagem.

Anular o voto é pecado?

Anular o voto é pecado, é desprezar o direito sagrado de participar da vida pública.

Os últimos Papas têm insistido em que os católicos participem da vida pública, sobretudo da política, que é a ciência do “bem comum”, uma forma de fazer a caridade pública. Recentemente o Papa Francisco, ao falar sobre isso, declarou:

“Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós não podemos fazer como Pilatos e lavar as mãos, não podemos. Temos de nos meter na política porque a política é uma das formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos devem trabalhar na política. A política está muito suja, mas eu pergunto: está suja por quê? Por que os cristãos não se meteram nela com espírito evangélico? É a pergunta que faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros… Mas, e eu, o que faço? Isso é um dever. Trabalhar para o bem comum é dever do cristão”.

Note que o Sumo Pontífice enfatizou que a política é uma das “formas mais altas de caridade”, porque é por ela que um país é governado, atendendo especialmente os mais necessitados. Contudo, se os homens e mulheres públicos forem desonestos ou despreparados, essa caridade não existirá. E a culpa, acima de tudo, é do próprio povo, porque é ele quem escolhe pelo voto seus governantes.

São aqueles que exercem cargos públicos, eleitos pelo povo, que empregam o dinheiro de todos, arrecadado por intermédio dos impostos, para cuidar do povo, especialmente os mais necessitados, investindo na saúde, no transporte público, na educação, nas moradias, no saneamento básico, no fornecimento de água, de energia, telefone, internet, entre outros.

Na sua Encíclica “Evangelii Gaudium”, em português “A Alegria do Evangelho”, o Papa Francisco repetiu: “A política, tão denegrida, é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (EG, 205).

O Papa Bento XVI afirmou o seguinte sobre esse tema: “Reitero a necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé professada, que tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência profissional e paixão pelo serviço ao bem comum” (Vaticano, 15/11/ 2008).

O Concílio Vaticano II também já tinha se pronunciado sobre isso: “Lembrem-se, portanto, todos os cidadãos ao mesmo tempo do direito e do dever de usar livremente seu voto para promover o bem comum. A Igreja considera digno de louvor e consideração o trabalho daqueles que se dedicam ao bem da coisa pública a serviço dos homens e assumem os trabalhos deste cargo” (Gaudium et Spes, 75).

E o nosso Catecismo da Igreja Católica, no número 899, repete: “A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristãs”.

Na “Christifidelis laici”, no número 42, São João Paulo II disse: “Para animar cristãmente a ordem temporal [...], os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na «política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa, administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o bem comum”.

Infelizmente o demônio colocou na cabeça dos bons que a política é coisa de gente má; então, muitos maus a dominaram. É preciso acordar desse pesadelo. Os cristãos precisam ter uma participação ativa na política, não só como candidatos, como também na promoção dos bons políticos.

O povo precisa aprender a votar e a conhecer bem os candidatos. Alguns, no dia da eleição, pegam um papel de propaganda na rua e dão o seu voto a qualquer um. Pior ainda são os que anulam o voto ou votam em branco, jogando fora o direito e o dever sagrado de participar da vida da nação. E, ao agirem assim, acabam facilitando a eleição dos piores. Anular o voto é pecado, é desprezar o direito sagrado de participar da vida pública. O voto nulo ajuda o mau político a se eleger. Se não gostamos de nenhum candidato devemos votar no “menos ruim”, mas nunca em branco ou nulo, pois alguém será eleito.

Hoje com a internet, ficou mais fácil saber quem é político e quem é “politiqueiro”; quem quer trabalhar para o povo e quem quer trabalhar para si mesmo. Então, é fundamental que os cristãos informem seus irmãos e suas comunidades sobre quem não merece o voto deles.

Precisa ficar claro que a política é boa, o que não presta é a politicagem; e que o político é bom, o que não presta é o “politiqueiro”.

O pior problema hoje do nosso país é que grande parte da população é alienada da vida pública, não lê um jornal, uma boa revista sobre o assunto, limita-se a ver noticiários de televisão e se deixa, muitas vezes, enganar por um favor que recebe. São pessoas que votam com o estômago e não com a cabeça.

O voto é sagrado, é a arma da democracia se ele for dado com conhecimento de causa e com honestidade, sem se vender. Contudo, se não houver nada disso, a democracia ficará doente e poderá se tornar ditadura disfarçada.

O Brasil carece de uma reforma política séria, por meio da qual se implante, por exemplo, o voto distrital, se acabe com o tal “coeficiente eleitoral”, que faz com que muitos sejam eleitos com os votos de outros. Mas tudo isso só acontecerá quando houver uma mudança na qualidade dos nossos governantes.

Muitos que hoje são eleitos têm suas caríssimas campanhas políticas custeadas por grandes corporações: sindicatos, igrejas, cooperativas, empresários, entre outros. Depois de eleitos, vão trabalhar para o bem do povo? Não. Para o bem de quem os custeou. Desse modo, a política como caridade não existe e os lobbies a dominam. Então, é preciso termos governantes eleitos, de fato, pelo povo, conscientizado e não comprado com caros investimentos. Cabe a cada cristão se conscientizar a respeito disso e conscientizar seus irmãos para que não sejam manipulados, comprados e subjugados.

Nada resiste à Palavra de Deus

Não podemos ficar sem a Palavra de Deus. Ninguém pode beber água por você. Da mesma forma, só você pode beber da Palavra de Deus. Não basta somente a ler. É preciso lê-la, ouvi-la e viver o que está escrito nela. Aquele que não se lava não se conserva limpo. Assim como a água purifica nosso corpo, a Palavra de Deus purifica o nosso interior. Conheço pessoas que não sabiam ler e começaram a aprender ao lerem a Bíblia.

Que beleza é ver os cegos lendo a Bíblia em braille! Muitos deles fazem o diário espiritual em braille. Isso é uma vergonha para nós, porque enxergamos e não fazemos o estudo bíblico. Se a Palavra de Deus entrar na sua vida tudo vai mudar. Deus colocou em nós essa fome e essa sede pelas coisas d’Ele.

“E ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz” (Lucas 8, 16-17).
A Palavra de Deus é a semente do Reino de Deus. Você sabe como é implantado o Reino de Deus? Por intermédio da Sua Palavra. Assim como para haver uma árvore é preciso plantar uma semente, a Palavra de Deus precisa ser semeada no terreno de nosso coração.

O Reino de Deus vai brotar em nós. A candeia é como uma lâmpada e ela não pode ser colocada debaixo da cama. Do mesmo modo, a Palavra de Deus não pode ficar escondida, não pode ficar debaixo do armário, mas precisa brilhar em toda a nossa casa. Na casa do nosso coração.

Todos nós temos grandes problemas de família. Se o problema não está conosco, está com alguém da nossa família. Talvez você tenha problemas dentro da sua casa e o que trará a solução para você é a Palavra de Deus. A Palavra não pode ficar dentro de uma gaveta. Ela precisa estar no alto para que brilhe sobre toda a sua casa, para que ilumine e atinja todos os recantos da sua família.

Existem pessoas que não querem viver o que Palavra de Deus nos ensina. É justamente sobre elas que precisamos fazer com que a Palavra brilhe para que elas mesmas a acolham. É preciso que façamos a Palavra de Deus presente na nossa casa. Assim como a luz vai iluminando tudo ao seu redor, assim é com a Palavra de Deus. Quanto mais houver a vivência e a proclamação da Palavra de Deus, tanto mais vai existir luz na sua casa. Infelizmente, há pessoas que não querem saber de Deus. Não querem ouvir a Deus. Talvez você já tenha falado demais com elas e não adiantou, então a única coisa a fazer impregnar-se da Palavra, porque, mesmo se você não lhes falar, a sua vida vai falar.

Quanto mais você tem a Palavra de Deus, tanto mais até o seu palavreado se torna Palavra de Deus. Nada resiste à Palavra de Deus! Ela é viva e eficaz. Como está escrito em São Marcos 22,4: “Não há nada oculto que não vai ser descoberto”. Para iluminar toda a sua casa e toda a sua vida, a Palavra de Deus precisa ser publicada e vivida. A Palavra precisa ser dita!

A mesma situação da qual você padece na sua casa, nós padecemos no mundo. Muitos não conhecem a Sagrada Escritura, não obedecem e não vivem o que está escrito nela, porque a Palavra não foi proclamada a eles. Muitas de nossas famílias são pagãs; o fato de acreditarem em Deus e terem se casado na Igreja não significa que elas sejam cristãs, porque o que se mede é o que a pessoa vive. É a própria Palavra de Deus que diz: “Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem e estremecem” (Tiago 2,19). Muitas famílias vivem só da existência de Deus, mas o Cristianismo mesmo não é vivido por elas.

Nós estamos em uma época maravilhosa na qual a Palavra de Deus está sendo anunciada e colocada no alto, para iluminar a nossa vida e a nossa casa. No meu tempo de menino não era assim. Era muito mais difícil as pessoas terem uma Bíblia e a lerem. Hoje isso mudou, mas ainda falta muito. Nós estamos vivendo essa graça. Jesus afirma: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba!”. Hoje mais que nunca Deus está derramando o Seu Espírito sobre nós.

Quem quer vir e beber da Palavra de Deus, hoje tem essa possibilidade. Os tempos mudaram. Não estamos mais na geração de tempos atrás. Nunca houve tanta possibilidade de ter acesso à Palavra de Deus como hoje. No entanto, não basta você viver neste tempo privilegiado, você precisa querer vivê-lo. É importante ter sede de Deus. Jesus está suscitando em nosso coração a sede pela Sua Palavra.

Infelizmente nós nos deixamos levar pelo espírito da preguiça. Agora é hora de sair desse comodismo e beber da Palavra de Deus.

A misericórdia muda o coração e a vida, diz Papa na catequese

O Papa Francisco continuou nesta quarta-feira, 10, o ciclo de catequeses sobre a Igreja. Desta vez, ele se concentrou em como a Igreja ensina aos fiéis as obras de misericórdia, o que deve ser feito com gratuidade, sem esperar nada em troca.

A Igreja indica o que é essencial na vida dos cristãos, disse o Papa, destacando que o essencial, segundo o Evangelho, é a misericórdia, como diz Jesus: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”.

“Pode existir um cristão que não seja misericordioso?”, questionou Francisco. Ele mesmo respondeu dizendo que o cristão necessariamente é misericordioso, pois este é o centro do Evangelho. A Igreja, então, se comporta como Jesus, ensinando essa lição aos fiéis com os exemplos e utilizando as palavras para iluminar o significado dos seus gestos.

“A mãe Igreja nos ensina a dar de comer e beber a quem tem fome e sede, a vestir quem está nu. E como faz isso? Com o exemplo de tantos santos e santas que fizeram isso de modo exemplar; mas o faz também com o exemplo de tantos pais e mães que ensinam a seus filhos que aquilo que sobra a nós é para aqueles a quem falta até o necessário”.

Nas famílias cristãs, a hospitalidade é sagrada, disse o Papa. Ele contou aos fiéis um episódio que aconteceu com uma paroquiana argentina, que queria ensinar os seus três filhos a partilhar. Certo dia, no almoço, um senhor bateu à porta pedindo comida. A mãe pediu que as crianças dessem, cada uma, metade da carne e das batatas que comiam.

“E assim esta mãe ensinou aos filhos a dar de comer da própria comida. Isto é um belo exemplo que me ajudou tanto”, disse Francisco. Ele explicou que assim age também a Igreja, ensinando os fiéis a estarem sempre próximo dos mais necessitados, a exemplo dos doentes e presidiários.

“A misericórdia supera todo muro, toda barreira e nos leva a procurar sempre a face do homem, da pessoa. E é a misericórdia que muda o coração e a vida, que pode regenerar uma pessoa e permitir a ela inserir-se de modo novo na sociedade”.

O Santo Padre citou o exemplo da Beata Teresa de Calcutá e de tantos cristãos que não têm medo de estender a mão aos mais necessitados. Porém, ressaltou que é preciso fazer o bem com gratuidade, sem esperar nada em troca.

“Não basta amar quem nos ama. Jesus diz que isto fazem os pagãos. Não basta fazer o bem a quem nos faz o bem. Para mudar o mundo para melhor, é preciso fazer o bem a quem não é capaz de retribuir, como o Pai fez conosco, doando-nos Jesus”.

Devido ao calor, antes da audiência geral Francisco cumprimentou os doentes na Sala Paulo VI. Entre eles, havia um grupo de crianças albinas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Por que dedicar um mês à Bíblia?

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos estabeleceu setembro como o “mês da Bíblia” por várias razões importantes.

Este mês foi escolhido, porque o grande São Jerônimo, que traduziu a Bíblia do hebraico e grego para o latim, tem sua memória litúrgica celebrada no dia 30 de setembro. Ele foi secretário do grande Papa São Dâmaso (366-384), que o incumbiu dessa grande obra chamada “Vulgata”, por ser usada em toda a parte.

São Jerônimo levou cerca de trinta e cinco anos fazendo essa tradução nas grutas de Belém, vivendo a oração e a penitência ao lado da gruta onde Jesus nasceu. O santo disse que “desconhecer as Escrituras é desconhecer o próprio Cristo”. Ele nos deixou um legado de grande amor às Sagradas Escrituras. E possuía grande cultura literária e bíblica, sabia grego, latim e hebraico.

A Sagrada Escritura é alimento para a nossa alma e fonte de vida. Jesus conhecia profundamente a Bíblia. Mais do que isso: Ele a amava e se guiava por suas palavras. Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, quando o demônio investiu contra o Senhor, Ele o rebateu com as palavras da Escritura. Quando o tentador pediu que Ele transformasse as pedras em pães para provar Sua filiação divina, Jesus lhe disse: “O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt 8,3c).

Quando o tentador exigiu que Ele se jogasse do alto do templo, Jesus lhe respondeu: “Não provocareis o Senhor vosso Deus” (Dt 6,16a). E quando satanás tentou fazer com que Cristo o adorasse, ouviu mais uma vez a Palavra de Deus: “Temerás o Senhor, teu Deus, prestar-lhe-ás o teu culto e só jurarás pelo seu nome” (Dt 6,13). O demônio foi vencido e se afastou, porque não tem poder diante da Palavra de Deus.

Não é sem razão que São Pedro disse: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2 Pd 1,20-21).

A importância do mês da Bíblia é que o povo brasileiro a conheça melhor e seja motivado a estudá-la com mais profundidade, uma vez que não é fácil compreendê-la, especialmente o Antigo Testamento. A Bíblia não é um livro de ciência, mas sim de fé. Utilizando os mais diversos gêneros literários, ela narra acontecimentos da vida de um povo guiado por Deus, quatro mil anos atrás, atravessando os mais variados contextos sociais, políticos, culturais, econômicos, entre outros. Por isso, a Palavra de Deus não pode sempre ser tomada ao “pé da letra”, literalmente, embora muitas vezes o deva ser. “Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor 3,6c), disse São Paulo.

Portanto, para ler a Bíblia de maneira adequada, exige-se, antes de tudo, o pré-requisito da fé e da inspiração do Espírito Santo na mente, sem o que a interpretação da Escritura pode ser comprometida. Mas é preciso também estudá-la, fazer um curso bíblico, entre outros.

A Carta aos Hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma A carta aos hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).

“Vossos preceitos são minhas delícias.
Meus conselheiros são as vossas leis.” (v. 24)
“O único consolo em minha aflição
É que vossa palavra me dá vida.” (v. 50)
“Quão saborosas são para mim vossas palavras,
mais doces que o mel à minha boca.” (v. 103)
“Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho.” (v. 105)
“Encontro minha alegria na vossa palavra,
Como a de quem encontra um imenso tesouro.” (v.162)espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12).


Para que a Palavra de Deus seja eficaz em nossa vida, precisamos, pela fé, acreditar nela e colocá-la em prática objetivamente. Em outras palavras, precisamos obedecê-la, pois, ao fazer isso, estaremos obedecendo ao próprio Senhor.

Mas nem sempre a Bíblia é fácil de ser interpretada pelas razões já expostas. É por isso que Jesus confiou a interpretação dela à Igreja Católica, que o faz por meio do Sagrado Magistério, dirigido pela cátedra de Pedro (o Papa) e da Sagrada Tradição Apostólica, que constitui o acervo sagrado de todo o passado da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo lhe revelou e continua a fazê-lo no presente. (cf. Jo 14, 15.25; 16, 12-13).

A alma da Igreja é o Espírito Santo dado em Pentecostes; por isso a Igreja não erra na interpretação da Bíblia, e isso é dogma de fé. Jesus mesmo lhe garantiu isso: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,13a).

Embora seja feita de homens, santos e também pecadores, a Igreja Católica tem a garantia de não errar na interpretação dos assuntos da fé. Entretanto, ela não despreza a ciência; muito pelo contrário, a valoriza tremendamente para iluminar a fé e entender a revelação.

O Vaticano possui a “Pontifícia Academia de Ciências”; em Jerusalém está a Escola Bíblica que se dedica a estudar exegese, hermenêutica, línguas antigas, geologia, história antiga, paleontologia, arqueologia e tantas outras ciências, a fim de que cada palavra, cada versículo e cada texto da Bíblia sejam interpretados corretamente. É a fé caminhando junto com a ciência. Tudo isso para que possamos dizer como o salmista, no Salmo 118:

“Vossos preceitos são minhas delícias.
Meus conselheiros são as vossas leis.” (v. 24)
“O único consolo em minha aflição
É que vossa palavra me dá vida.” (v. 50)
“Quão saborosas são para mim vossas palavras,
mais doces que o mel à minha boca.” (v. 103)
“Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos. E uma luz em meu caminho.” (v. 105)
“Encontro minha alegria na vossa palavra,
Como a de quem encontra um imenso tesouro.” (v.162)

A Igreja é mãe e tem como modelo Maria, diz Papa Francisco

O cristão não é órfão, pois encontra na Igreja e em Maria uma mãe. Essa foi, em síntese, a reflexão do Papa Francisco que, na catequese desta quarta-feira, 3, voltou a refletir sobre o aspecto maternal da Igreja, que tem por modelo a Virgem Maria.

A maternidade da Igreja, disse o Papa, coloca-se em continuidade com a maternidade de Maria, como seu prolongamento na história. “Olhando Maria, descobrimos a face mais bela e terna da Igreja. Olhando para a Igreja, reconhecemos os traços sublimes de Maria. Mas nós cristãos não somos órfãos. Nós temos uma mãe. Temos mãe. E isso é grandioso. Não somos órfãos. A Igreja é mãe. Maria é mãe”.

Francisco explicou que a Igreja é mãe porque gerou cada um no batismo e desde então faz com que os fiéis cresçam na fé com a força da Palavra de Deus.  A maternidade da Igreja se expressa de modo peculiar nesse serviço de evangelização, pois a mostra como uma mãe preocupada em dar aos seus filhos o alimento espiritual que frutifica a vida cristã. Por isso mesmo, cada um é chamado a acolher a Palavra de Deus proposta pela Igreja.

“Somente a Palavra de Deus tem esta capacidade de nos transformar no mais profundo. A Palavra de Deus tem este poder. E quem nos dá a Palavra de Deus? A Mãe Igreja. Ela nos amamenta desde pequenos com esta Palavra. E nos ensina toda a vida com esta Palavra. E isso é grandioso. É justamente a Mãe Igreja que, com a Palavra de Deus, nos transforma por dentro”.

O Santo Padre destacou ainda que o Evangelho e os sacramentos orientam as opções de vida. Diante dos perigos do mundo, a Igreja defende seus filhos com a coragem de uma mãe e pede que sejam vigilantes em relação às seduções malignas.

“A Igreja tem a coragem de uma mãe que sabe ter o dever de defender os próprios filhos dos perigos, que derivam da presença de satanás no mundo, para levá-los ao encontro com Jesus. Uma mãe sempre defende os seus filhos. Esta defesa consiste também em exortar à vigilância: vigiar contra o engano e a sedução do maligno. Porque mesmo que Deus tenha vencido satanás, ele sempre volta com as suas tentações como leão que ruge ao nosso redor procurando nos devorar”.

Recordando que a Igreja é formada não só pelo clero, mas por todos os batizados, o Papa Francisco concluiu a catequese pedindo a Maria que ensine os fiéis a imitarem sua solicitude pelo bem dos irmãos, com a capacidade sincera de acolher, perdoar e infundir coragem e esperança.