terça-feira, 29 de outubro de 2019

Papa Francisco: a esperança é o ar que o cristão respira

Celebrando a missa na capela da sua residência, o Pontífice dedicou a homilia à esperança: "Um cristão que não é capaz de ser propenso, de estar em tensão pela outra margem, falta alguma coisa: acabará corrompido".

A esperança é como lançar a âncora até a outra margem: o Papa Francisco celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta nesta terça-feira (29) e utilizou esta imagem para exortar a viver “em tensão” rumo ao encontro com o Senhor. Caso contrário, se acaba corrompido e a vida cristã corre o risco de se tornar uma “doutrina filosófica”.

A reflexão partiu da Primeira Leitura da Liturgia de hoje, extraída da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8,18-25), na qual o Apóstolo “canta um hino à esperança”.

Certamente, “alguns romanos” foram se lamentar e Paulo exortou a olhar avante: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós”. O Papa falou depois da Criação “propensa” à “revelação”. “Esta é a esperança: viver voltados para a revelação do Senhor, para aquele encontro com o Senhor”, destacou Francisco. Podem existir sofrimentos e problemas, mas “isto é amanhã”, enquanto hoje “você tem o penhor” de tal promessa, que é o Espírito Santo que “nos espera” e “trabalha” já a partir deste momento.

Lançar a âncora
Com efeito, a esperança é “como lançar a âncora até a outra margem” e agarrar-se à corda. Mas “não somente nós”, toda a Criação “na esperança será libertada”, entrará na glória dos filhos de Deus. E também nós que possuímos as “primícias do Espírito”, o penhor, “gememos interiormente esperando a adoção”.

A esperança é este viver em tensão, sempre; saber que não podemos fazer o ninho aqui: a vida do cristão é “em tensão por”. Se um cristão perde esta perspectiva, a sua vida se torna estática e as coisas que não se movem, se corrompem. Pensemos na água: quando a água está parada, não corre, não se move, se corrompe. Um cristão que não é capaz de ser propenso, de estar em tensão pela outra margem, falta alguma coisa: acabará corrompido. Para ele, a vida cristã será uma doutrina filosófica, viverá assim, dirá que é fé, mas sem esperança.

A mais humilde das virtudes
O Papa afirmou que é difícil entender a esperança. Se falarmos da fé, nos referimos à “fé em Deus que nos criou, em Jesus que nos redimiu e recitamos o Creio e sabemos coisas concretas sobre a fé”; se falarmos de caridade, falamos em “fazer o bem ao próximo, aos outros, muitas obras de caridade que se fazem ao outro”. Mas a esperança é difícil de compreender: “é a mais humilde das virtudes”, que “somente os pobres podem ter”:

Se quisermos ser homens e mulheres de esperança, devemos ser pobres, pobres, não ligados a nada. Pobres. E abertos para a outra margem. A esperança é humilde, é uma virtude que deve ser trabalhada – digamos assim – todos os dias: todos os dias é preciso retomá-la, todos os dias é preciso tomar a corda e ver que a âncora está ali fixa e eu a seguro pela mão; todos os dias é necessário recordar que temos o penhor, que é o Espírito que trabalha em nós com pequenas coisas.

A esperança é a virtude que não se vê
Para explicar como viver a esperança, o Papa fez referência ao ensinamento de Jesus no trecho do Evangelho de hoje, quando compara o Reino de Deus ao grão de mostarda lançado no campo. “Vamos esperar que cresça”, não precisa ir lá todos os dias para ver como está, caso contrário “nunca crescerá”, afirmou Francisco, referindo-se à “paciência” porque, como diz Paulo, “a esperança necessita de paciência”. É “a paciência de saber que nós semeamos, mas é Deus a fazê-lo crescer”. “A esperança é artesanal, pequena, prosseguiu, é “semear um grão e deixar que seja a terra a fazê-la crescer”.


No Evangelho de hoje, para falar de esperança, Jesus usa também a imagem do “fermento” que uma mulher pegou e misturou com três porções de farinha. Um fermento não mantido na geladeira, mas “misturado na vida”, assim como o grão é enterrado sob a terra.

Por isso, a esperança é uma virtude que não se vê: trabalha por debaixo; nos faz olhar por debaixo. Não é fácil viver na esperança, mas eu diria que deveria ser o ar que um cristão respira, ar de esperança; do contrário, não poderá caminhar, não poderá ir avante porque não saberá aonde ir. A esperança – isto sim é certo – nos dá uma segurança: a esperança não desilude. Jamais. Se você espera, não será desiludido. É preciso abrir-se a esta promessa do Senhor, voltados para aquela promessa, mas sabendo que existe o Espírito que trabalha em nós. Que o Senhor nos dê, a todos nós, esta graça de viver em tensão, em tensão mas não para os nervos, os problemas, não: em tensão pelo Espírito Santo que nos lança para a outra margem e nos mantêm na esperança.

VaticanNews

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Papa: a Igreja não é fortaleza, mas tenda que acolhe todos

O Santo Padre reiterou a natureza da Igreja: ou é "em saída" ou não é Igreja.

Em sua catequese nesta quarta-feira (23), o Papa Francisco refletiu sobre os “Atos dos Apóstolos, partindo do versículo 14, 27, onde se lê: "Deus abriu a porta da fé aos pagãos": a missão de Paulo e Barnabé e o Concílio de Jerusalém.

O livro dos Atos dos Apóstolos narra que São Paulo, após seu encontro transformador com Jesus, foi acolhido pela Igreja de Jerusalém, graças à mediação de Barnabé, e começou a proclamar a Boa Nova de Cristo.

No entanto, disse Francisco, devido à hostilidade de alguns, Paulo foi obrigado a se transferir para Tarso, sua cidade natal, seguido por Barnabé, que também foi envolvido na pregação da Palavra de Deus.

O evangelista Lucas diz que a sua pregação começou depois de uma forte perseguição, que não acometeu a evangelização, pelo contrário, foi uma boa oportunidade para ampliar o campo, onde lançar a boa semente da Palavra. Eis o longo itinerário da Palavra de Deus, que deve ser anunciada por todos os cantos da terra.

No entanto, Paulo e Barnabé chegaram, antes, à Antioquia da Síria, onde ficaram um ano inteiro, ensinando e ajudando a comunidade a criar raízes. Assim, Antioquia tornou-se o centro da propulsão missionária, graças à pregação dos dois evangelizadores, que tocou o coração dos fiéis. Precisamente em Antioquia os adeptos de Cristo foram chamados, pela primeira vez, de "cristãos".

Enviados pelo Espírito
Depois de Antioquia, Paulo e Barnabé, foram "enviados pelo Espírito" a outros lugares, anunciando a mensagem de Cristo e atraindo muitas pessoas para a fé cristã.

Esta foi a primeira etapa missionária de Paulo, que passou da pregação do Evangelho nas Sinagogas da diáspora ao anúncio em ambientes pagãos populares. Ao retornarem à Antioquia, Paulo e Barnabé contaram aos seus irmãos “como Deus abriu aos pagãos a porta da fé", cumprindo a “obra" para a qual o Espírito Santo os havia enviado. E o Papa explicou:

“ Do Livro dos Atos, emerge a natureza da Igreja, que não é uma fortaleza, mas uma tenda capaz de ampliar seu espaço para dar acesso a todos. A Igreja deve ser “em saída” senão não é uma Igreja; é uma Igreja de “portas abertas", chamada a ser sempre a Casa aberta do Pai. Assim, se alguém quiser seguir a ação do Espírito e buscar a presença de Deus, não encontrará o obstáculo de uma porta fechada ”

Porém, disse Francisco, naquele momento começavam os problemas: a novidade de abrir as portas aos pagãos e judeus desencadeou uma controvérsia ferrenha. Alguns judeus sentiam a necessidade da circuncisão para se salvar e ser batizados. Para resolver a questão, Paulo e Barnabé pedem o parecer do conselho dos Apóstolos e anciãos de Jerusalém, que foi considerado o primeiro Concílio da história da Igreja: o Concílio de Jerusalém ou Assembleia de Jerusalém, sobre o qual Francisco disse:

Foi abordada uma questão teológica, espiritual e disciplinar muito delicada: a relação entre a fé em Cristo e a observância da Lei de Moisés. Durante a assembleia foram decisivos os discursos de Pedro e Tiago, "pilares" da Igreja mãe. Ambos convidavam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a pedir para rejeitar a idolatria, em todas as suas expressões.

“ Foi abordada uma questão teológica, espiritual e disciplinar muito delicada: a relação entre a fé em Cristo e a observância da Lei de Moisés. Durante a assembleia foram decisivos os discursos de Pedro e Tiago, "pilares" da Igreja mãe. Ambos convidavam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a pedir para rejeitar a idolatria, em todas as suas expressões ”

Essa decisão, ratificada com uma Carta apostólica, foi enviada a Antioquia.

Enfim, o Papa perguntou qual o significado da assembleia de Jerusalém em nossos dias? E respondeu:

“ A Assembleia de Jerusalém nos oferece uma luz importante sobre o modo de enfrentar as divergências e buscar a verdade na caridade. Recorda-nos que o método eclesial de resolver os conflitos se baseia no diálogo feito de escuta atenciosa e paciente e no discernimento à luz do Espírito. De fato, é o Espírito que nos ajuda a superar os fechamentos e as tensões e age nos corações para que, na verdade e no bem, chegue à unidade. Este texto nos ajuda a entender o significado de Sínodo, iluminados pelo Espírito Santo ”

Sínodo não é uma conferência, nem um parlamento, mas algo bem diferente”.

Ao término da sua catequese semanal, o Santo Padre passou a saudar os diversos grupos de fiéis presentes na Praça São Pedro. Eis o que disse aos peregrinos de língua portuguesa:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, saúdo-os, cordialmente, a todos, em particular os diversos grupos vindos de Portugal e do Brasil. Que a sua peregrinação a Roma os ajude a estar preparados para fazer parte da Igreja em saída, mediante o testemunho alegre do Evangelho e do amor de Deus por todos os seus filhos. A Virgem Santa os guie e proteja! ”

VaticanNews

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Irmã Dulce é o Anjo Bom dos Pobres, diz historiador

Uma vida de simplicidade dedicada aos pobres e mais necessitados. Irmã Dulce, popularmente conhecida como “O Anjo Bom da Bahia”, será canonizada, neste domingo, 13, em cerimônia presidida pelo Papa Francisco no Vaticano. Em Salvador, sua terra natal, a festa está marcada para o dia 20, domingo seguinte, em que estarão presentes muitos dos que conviveram com a Santa.

Primeira santa genuinamente brasileira, Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador.

Foi a segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes, professor da Faculdade de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Ao nascer, recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes.

Vista por todos como uma criança alegre, Maria Rita gostava de brincar de boneca, empinar pipa e amava futebol, como torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time formado pela classe trabalhadora e excluídos sociais.

Aos sete anos, em 1921, perdeu sua mãe. No ano seguinte, junto com seus irmãos Augusto e Dulce, fez a primeira comunhão na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo.

A vocação para trabalhar em benefício da população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que ela levou adiante, com o apoio decisivo da irmã, Dulcinha. Aos 13 anos, a menina passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família – na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré – num centro de atendimento. A casa ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal era o número de carentes que se aglomeravam à sua porta. Também foi, nessa época, quando ela manifestou, pela primeira vez, após visitar com uma tia áreas onde habitavam pessoas pobres, o desejo de dedicar-se à vida religiosa.

Sua sobrinha e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Maria Rita Pontes, fala sobre Irmã Dulce: “Era uma pessoa comum. A diferença é que ela se alimentava muito mais da oração, se colocava sempre no lugar da pessoa que estava precisando de ajuda, é o que a gente sempre chama de compaixão, de empatia, e que é tão raro hoje no ser humano”.

Maria Rita conta que a tia sabia dizer não para algumas coisas, mas nunca aceitava um não quando era para os mais pobres. “Ela sempre lutava pelo que ela acreditava. Era uma pessoa obstinada. E foi esse exemplo que ela nos deixou, uma fé obstinada, e não uma fé oscilante. Aquela fé que, mesmo quando as coisas parecem que estão muito difíceis, ela não desistia”.

Vida Consagrada
Em 8 de fevereiro de 1933, logo após a sua formatura como professora, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, no estado de Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito de freira das Irmãs Missionárias e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

O historiador Thiago Fragato comenta que o convento foi registrado nas cartas e documentos de Irmã Dulce como um lugar muito especial na sua vida. “Irmã Dulce tinha três lugares marcantes. A gruta do convento, o claustro e a Igreja onde ela recebeu o nome de Irmã Dulce. Ela chegou aqui uma menina de 19 anos, e sempre dizia que a Bahia deu a ela a família, mas São Cristóvão, em Sergipe, deu a certeza da sua vocação religiosa. Irmã Dulce não era o anjo bom da Bahia, era o anjo bom dos pobres”. 

A primeira missão de Irmã Dulce como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, no bairro da Massaranduba, na Cidade Baixa, em Salvador. Mas o seu pensamento estava voltado mesmo para o trabalho com os pequeninos.

Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas no bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também os operários do bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia. Em 1937, fundou, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações.

Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.

Amor aos pobres
Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Foi expulsa do lugar, e peregrinou por quase uma década, levando os seus doentes por vários locais da cidade. Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes.

A iniciativa deu origem à tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro. Já em 1959, foi instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce e, no ano seguinte, foi inaugurado o Albergue Santo Antônio.

O arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger, afirma que a missão de Irmã Dulce se perpetua na experiência de cada paciente, de cada pobre que ela cuidou e cuida, através de seu legado. 

“Irmã Dulce foi alguém que andou pelas ruas de nossa cidade, relacionou-se com pessoas que até hoje afirmam que a conheceram, que conviveram com ela, foram atendidas por ela. Isso mostra que a santidade está muito próxima de nós.”

Incentivo
O incentivo para construir a sua obra, Irmã Dulce teve do povo baiano, de brasileiros de diversos estados e de personalidades internacionais. Em 1988, ela foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouvia do Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra.

Irmã Dulce e o Papa João Paulo II voltariam a se encontrar em 20 de outubro de 1991, na segunda visita do Sumo Pontífice ao Brasil. João Paulo II fez questão de quebrar o rigor da sua agenda e foi ao Convento Santo Antônio visitar a religiosa baiana, cuja saúde já se encontrava bastante debilitada em função de problemas respiratórios. Cinco meses depois da visita do Papa, os baianos chorariam a morte do Anjo Bom do Brasil.

Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos. No velório, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador, políticos, empresários e artistas se misturavam à dor de milhares de pessoas simples e anônimas. A fragilidade com que viveu os últimos 30 anos da sua vida – tinha 70% da capacidade respiratória comprometida – não impediu que ela construísse e mantivesse uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país, uma verdadeira obra de amor aos pobres e doentes.

Em outubro de 2010, a Congregação para a Causa dos Santos, por meio de voto favorável e unânime de seu colégio de cardeais e bispos, reconheceu a autenticidade de um milagre atribuído à Irmã Dulce, que levou à sua beatificação no ano seguinte. O anúncio foi feito no dia 27 de outubro de 2010 pelo então Arcebispo Primaz do Brasil, Cardeal Geraldo Majela Agnelo, em coletiva realizada na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador.
Canção Nova

Papa Francisco e a devoção a Nossa Senhora Aparecida

Pontífice demonstra sua devoção e experiência com Nossa Senhora Aparecida

A experiência de Papa Francisco, no Santuário de Aparecida, marcou profundamente a sua vida e o seu pontificado. Lá, ele foi grandemente influenciado por Nossa Senhora, de modo particular durante a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe (CELAM).

Participar dessa conferência marcou a vida do Santo Padre, especialmente em sua prática pastoral e em sua devoção mariana. Tanto que, antes dos muitos compromissos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013), Francisco quis visitar a “Casa da Mãe”1, como ele carinhosamente chamou o Santuário. Certamente, o então Cardeal Jorge Mario Bergolio foi um dos bispos, como ele disse, “inspirados pelos milhares de peregrinos” que visitam, diariamente, o local para confiar sua vida a Nossa Senhora. A respeito dessa experiência, já como Sucessor de Pedro, disse: “Aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja”.

Casa da Mãe
O Cardeal Bergolio sentiu-se tocado profundamente pela V Conferência e pela sua mensagem; ao mesmo tempo, a sua experiência pastoral e mariana no Santuário marcaram o Documento de Aparecida. Essa experiência única o marcou tanto, que está na memória e no coração do Santo Padre. Podemos dizer que “o espírito de Francisco foi ‘forjado em Aparecida’” e, ao mesmo tempo, “a sua profunda experiência pastoral ajudou a forjar o espírito de Aparecida”.

Consequentemente, o Santuário é uma peça-chave para compreender o papado de Francisco, pois a Conferência recebeu muitas colaborações de Bergolio, que se deixou interpelar pelas inquietações que os bispos apresentaram e as assumiu como próprias. Comprovam essa marca de Francisco a sua visita ao Santuário Nacional, em 2014, e as mais de cinquenta menções, em seus discursos, de Nossa Senhora Aparecida e da V Conferência realizada na “Casa da Mãe”.

A experiência em Aparecida foi tão marcante que, na JMJ Rio2013, o Santo Padre falou aos bispos do Brasil sobre o encontro da imagem de Nossa Senhora como “chave de leitura para a missão da Igreja”6. Em Aparecida, Deus ofereceu ao Brasil a Sua própria Mãe e, ao mesmo tempo, Ele deu também uma lição sobre Si mesmo, sobre o Seu modo de ser e agir. O milagre de Aparecida começa com a busca de pescadores pobres, que “possuem um barco frágil, inadequado; têm redes decadentes, talvez mesmo danificadas, insuficientes”.

Mistério divino
Na sua busca por peixes, encontram a imagem da Imaculada Conceição, primeiramente o corpo, depois a cabeça. “Em Aparecida, desde o início, Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar dessa lição: ser instrumento de reconciliação”.

A iniciativa do milagre foi de Deus e da Virgem Maria, mas foi necessária uma abertura ao mistério divino. Se os pescadores, ao encontrar o corpo da imagem, a tivessem jogado de volta no rio, provavelmente, o milagre não aconteceria. Felizmente, “os pescadores não desprezam o mistério encontrado no rio. Embora fosse um mistério que tenha aparecido incompleto, não jogaram fora seus pedaços. Esperam a plenitude, e esta não demorou a chegar. Há, aqui, algo de sabedoria que devemos aprender. Há pedaços de um mistério, como partes de um mosaico, que vamos encontrando. Nós queremos ver muito rápido a totalidade; e Deus, pelo contrário, faz-Se ver pouco a pouco. Também a Igreja deve aprender essa expectativa”.

Mistério de Deus e simplicidade
Assim como aqueles pobres pescadores, a Igreja precisa dar espaço para o mistério de Deus, para que Ele encante e atraia as pessoas, pois somente a Sua beleza pode atrair. Ele se faz levar para casa naquela pequena imagem, desperta em nós o desejo de guardá-Lo em nossa própria vida, em nossa própria casa, em nosso coração. Deus também nos inspira a chamar os vizinhos para dar-lhes a conhecer a Sua beleza. A missão da Igreja nasce precisamente dessa fascinação divina, dessa maravilha do encontro.

Porém, sem a simplicidade daqueles pescadores a nossa missão está fadada ao fracasso. “A Igreja tem sempre a necessidade urgente de não desaprender a lição de Aparecida […] As redes da Igreja são frágeis, talvez remendadas; a barca da Igreja não tem a força dos grandes transatlânticos que cruzam os oceanos. Contudo, Deus quer se manifestar justamente por nossos meios pobres, porque é sempre Ele quem está agindo”.
Canção Nova

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Paróquia participa do Dia Nacional da Juventude

A Paróquia São Francisco de Paula, através de 31 jovens de diversas comunidades, participou do Dia Nacional da Juventude (DNJ), nesse domingo (6).

A edição deste ano teve como tema: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra.“ (Lc 1,38) e foi realizada na Paróquia Santo Antônio, em Campos dos Goytacazes.


Santa Missa, adoração ao Santíssimo Sacramento e Momento Mariano foram algumas das atividades preparadas para a juventude da Diocese de Campos. Workshops sobre várias temáticas também fizeram parte da programação.

Além da presença do bispo Dom Roberto Francisco, o evento contou com diversas participações, como as dos padres Wallace e Ramyro e dos cantores Bruna Prates e Flávio Vitor.

Em sua homilia, Dom Roberto destacou a missão do jovem na sociedade, a partir do Evangelho de São João: "Fazei tudo o que Ele vos disser." (Jo 2,5). “Vocês devem seguir o que Deus pede. Sejam luz no mundo e promotores da paz!”, exortou.

Fotos: Setor Juventude - Diocese de Campos / Pastoral da Juventude - Paróquia São Francisco de Paula

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Papa consagra Sínodo para a Amazônia a São Francisco de Assis

Em cerimônia nos Jardins Vaticanos, Papa abriu "simbolicamente" o Sínodo reunindo representantes dos povos originários da Amazônia.

A Amazônia no Vaticano: a festa de São Francisco foi celebrada esta sexta-feira nos Jardins Vaticanos, com o Papa Francisco consagrando o Sínodo para a Amazônia ao santo de Assis.

A cerimônia foi marcada por cantos, reflexões, orações e gestos simbólicos. Foram convidados cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e representantes dos povos originários da Amazônia.

O relator-geral do Sínodo, cardeal Cláudio Hummes, foi um dos participantes e fez uma reflexão sobre “O papel de São Francisco como modelo e santo padroeiro do Sínodo para a Amazônia”.

Dom Cláudio, acompanhado de dois representantes indígenas, ajudou o Papa Francisco a irrigar uma árvore nos Jardins Vaticanos, sob o som de uma versão cantada do Cântico das criaturas. O solo em que a árvore foi plantada foi enriquecido com a terra de lugares simbólicos para a preservação do meio ambiente.

Depois da fórmula de consagração, a cerimônia foi concluída com o Papa Francisco rezando o Pai-Nosso com os presentes.
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