quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Catequese: O que é indulgência plenária? Como alcançá-la no Ano da Misericórdia?

A doutrina e o uso das indulgências na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, e vem dos Apóstolos.

“Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”. (Norma 1 do Manual das Indulgências).

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que: “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados.

O pecado tem duas consequências: a culpa e a pena. A culpa é perdoada na Confissão; a pena, que é a desordem que o pecado provoca no pecador e nos outros, e que precisa ser reparado, é eliminada pela indulgência que pode ser plenária (total) ou parcial.

De acordo com o Manual das Indulgências, para se ganhar uma indulgência plenária (uma vez por dia apenas), para si mesmo ou para as almas, deve-se fazer:

a) uma Confissão individual rejeitando todos os pecados (basta uma Confissão para várias indulgências);
b) receber a Sagrada Eucaristia;
c) rezar pelo Papa ao menos um Pai-nosso e uma Ave-Maria.

Não é necessário que tudo seja feito no mesmo dia. Além disso, escolher uma dessas práticas:

1- Adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora (concessão n. 3)
2- Leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora (concessão n. 50);
3- Piedoso exercício da Via Sacra (concessão n. 63);
4- Recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação (concessão n. 63).

Para o Ano da Misericórdia o Papa Francisco autorizou outros meios de “alcançar misericórdia” por meio da indulgência plenária. Esta prática pode, então, substituir uma das quatro opções citadas acima: Rosário, ou Adoração do Santíssimo, ou Via Sacra, ou leitura bíblica meditada.

Segundo a carta do Papa Francisco a D.Rino Fisichella, presidente do pontifício conselho para a promoção da nova evangelização, se concede a indulgência para o Ano Santo:

1- Peregrinação até a Porta Santa
“Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão”.

2- Doentes e pessoas impossibilitadas
“Penso também em quantos, por diversos motivos, estiverem impossibilitados de ir até à Porta Santa, sobretudo os doentes e as pessoas idosas e sós, que muitas vezes se encontram em condições de não poder sair de casa. Viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será para eles o modo de obter a indulgência jubilar”.

3- Encarcerados
“O meu pensamento dirige-se também aos encarcerados, que experimentam a limitação da sua liberdade. Nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também transformar as grades em experiência de liberdade”.

4- Obras de Misericórdia Espirituais ou Corporais
“Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar. Daqui o compromisso a viver de misericórdia para alcançar a graça do perdão completo e exaustivo pela força do amor do Pai que não exclui ninguém. Portanto, tratar-se-á de uma indulgência jubilar plena, fruto do próprio evento que é celebrado e vivido com fé, esperança e caridade”.

5- Fiéis falecidos 
“A indulgência jubilar pode ser obtida também para quantos faleceram. A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na celebração eucarística, também podemos, no grande mistério da comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim”.

6- Fiéis que frequentarem Igrejas da Fraternidade São Pio X
[A Indulgência também] “é dirigida aos fiéis que por diversos motivos sentem o desejo de frequentar as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade São Pio X. Movido pela exigência de corresponder ao bem destes fiéis, estabeleço por minha própria vontade que quantos, durante o Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para celebrar o Sacramento da Reconciliação junto dos sacerdotes da Fraternidade São Pio X, recebam validamente e licitamente a absolvição dos seus pecados”.

Que neste Ano Santo que se iniciará, saibamos aproveitar a oportunidade para vivê-lo intensamente e buscar ir ao encontro dessa fonte inesgotável de misericórdia que nasce do Coração de Deus.
Prof. Felipe Aquino
Canção Nova

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Papa Francisco responde a cartas de crianças em novo livro

As respostas do Papa Francisco a 31 cartas e desenhos de crianças do mundo inteiro serão publicadas em um livro.

A publicação “Caro Papa Francisco, gostaria de lanchar com você”, será lançada em março do próximo ano pela Loyola Press, dos Estados Unidos, em uma versão bilíngue em inglês e espanhol.

O volume é o resultado final de um projeto internacional da Companhia de Jesus e será publicado contemporaneamente na Itália, Espanha, México, Polônia, Indonésia, Filipinas e Índia. Não há data oficial para a publicação em língua portuguesa.

As crianças de 6 a 13 anos que escreveram ao Papa vivem nos 6 continentes e representam 26 países, entre eles Albânia, Síria, China, Quênia e Estados Unidos. No livro emergem muitos temas e preocupações comuns: o grande amor pelo Papa Francisco e as curiosidades em relação à vida do Pontífice, preocupações transcendentais, um forte senso de justiça, social e teológico, a importância da família e o desejo de serem vistas e escutadas.

As respostas do Papa confirmam a sua convicção de que as crianças são o futuro e que suas vozes devem ser ouvidas.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Papa Francisco: Jesus chora por ver que o mundo rejeitou o caminho da paz

Na Santa Missa desta quinta-feira, 19, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco falou do cenário de guerras no mundo e de como isso entristece Jesus. Segundo o Papa, não há justificativa para a guerra, os conflitos são uma rejeição ao caminho de paz e Jesus chora por essa situação.

O Santo Padre comentou o Evangelho de Lucas, em que Jesus se comove e chora sobre Jerusalém. Jesus se aproximou, e quando viu a cidade, começou a chorar. Depois diz: “Se também você compreendesse hoje o caminho da paz! Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos”. Na Missa de hoje, Francisco repetiu as palavras de Jesus:

“Mas também hoje, Jesus chora. Porque nós preferimos o caminho das guerras, o caminho do ódio, o caminho das inimizades. Estamos próximos ao Natal: teremos luzes, festas, árvores luminosas e presépio. Tudo falso: o mundo continua fazendo guerras. O mundo não entendeu o caminho da paz”.

Francisco recordou as celebrações recentes sobre a II Guerra Mundial, as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a sua visita a Redipuglia no ano passado para o aniversário da Grande Guerra. “Tragédias inúteis”, repetiu o Papa usando as palavras de Bento XVI. “Em todo lugar existe guerra, hoje, existe ódio. O que permanece de uma guerra, desta, que estamos vivendo agora?, questionou o Papa, dando ele mesmo a resposta.

“O que resta? Ruínas, milhares de crianças sem educação, tantos mortos inocentes: tantos!, e muito dinheiro nos bolsos dos traficantes de armas. Jesus disse uma vez: ‘Você não pode servir a dois senhores: ou Deus ou as riquezas’. A guerra é a escolha pelas riquezas: ‘Vamos construir armas, assim a economia vai equilibrar um pouco, e vamos continuar com os nossos interesses’’.

“Há uma palavra feia do Senhor: ‘Malditos’. Porque Ele disse: ‘Bem-aventurados os pacificadores!’. Estes que trabalham a guerra, que fazem as guerras, são malditos, são criminosos. Uma guerra pode ser justificada – entre aspas – com muitas, muitas razões. Mas quando todo o mundo, como é hoje, está em guerra, todo o mundo: é uma guerra mundial em pedaços: aqui, ali, lá, em todos os lugares … – não há nenhuma justificação. E Deus chora. Jesus chora”, acrescentou o Papa.

Enquanto os traficantes de armas fazem seu trabalho, Francisco lembrou a situação dos pobres pacificadores que dão a vida para ajudar apenas uma pessoa. Como exemplo, ele citou Madre Teresa de Calcutá. Aos olhos do cinismo dos poderosos

“Fará bem também a nós pedir a graça das lágrimas, por este mundo que não reconhece o caminho da paz. Quem vive para fazer a guerra, com o cinismo de dizer para não fazê-la. Peçamos a conversão do coração. Precisamente às portas deste Jubileu da Misericórdia, que o nosso júbilo, a nossa alegria sejam a graça que o mundo reencontre a capacidade de chorar pelos seus crimes, por aquilo que faz com as guerras”.


Canção Nova 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Já imaginou rezar 137 anos sem parar?

Você é daquelas pessoas que ficam com preguiça de rezar um terço completo? E o rosário, então, que é equivalente a quatro terços, totalizando 200 Ave-Marias? Até mesmo alguns católicos não praticantes acham essa quantidade bastante cansativa.

Agora tente imaginar o seguinte: ficar 137 anos rezando sem parar! É isso o que está acontecendo no convento das Irmãs Franciscanas da Adoração Perpétua, em La Crosse, no estado norte-americano de Wisconsin. Claro que essa não é uma tarefa para apenas uma pessoa – é feito um revezamento entre as enclausuradas.

Elas rezam continuamente desde as 11h da manhã do dia 1º de agosto de 1878! Dá para acreditar? Atualmente, pouco mais de 100 freiras fazem parte dessa congregação e a tarefa, mesmo assim, não é nada mole. Elas contam com a ajuda de cerca de 180 fiéis para não deixarem nunca que a reza acabe.

A busca por ajudantes começou em 1997, quando o número de irmãs no convento ficou mais reduzido. Elas atendem pedidos da comunidade e estimam que só na última década foram feitas orações para mais de 150 mil pessoas diferentes! Você pode, inclusive, mandar seu pedido de oração através do site oficial do convento.

Jovens de Maria - A12.com

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

De Copo cheio e Coração vazio

“Copo cheio e Coração vazio” é uma metáfora para dizer que há quem procura encher-se de coisas a fim de adiar um encontro consigo mesmo

Estava numa festa com amigos e, dentre tantas músicas que tocavam, ouvi uma cujo refrão dizia: “De copo sempre cheio e coração vazio, ‘tô’ me tornando um cara solitário e frio”. Até então, nada fora do comum; uma música amplamente conhecida no cenário nacional como tantas outras que haviam tocado e outas que viriam a tocar. Contudo, num posterior momento de observação, pude notar o quanto aquela letra era cantada com propriedade pelas pessoas que ali estavam, inclusive por mim, talvez pelo grande sucesso que a referida música tem feito atualmente. Mas será que é só isso?

Analisando com um pouco mais de profundidade, não é difícil concluir que, em alguns aspectos, essa música reflete a realidade de muitos que, de fato, encontram-se de “copo cheio e coração vazio”. Não quero, entretanto, reduzir tal reflexão a uma questão meramente afetivo-emocional, como sugere a canção, seria muito pouco diante do que realmente podemos questionar.

Para início de conversa, por meio da metáfora do “copo cheio”, gostaria de fazer alusão a tudo o que toma nosso tempo, nossa energia, emoção e atenção, “esvaziando nosso coração”. Agendas, cabeças e vidas cheias, e por que não o “copo cheio” literalmente? Muitos problemas, compromissos, projetos, promessas, desilusões e expectativas acabam por nos tomar de quem realmente somos. O barulho e tamanha movimentação de uma vida cheia são um ótimo esconderijo para quem foge do encontro consigo; daí, torna-se comum encher-se de coisas, a fim de adiar esse encontro.Ostentam-se rotinas agitadas, vidas sociais badaladas, luxo, baladas, currículos, influência, corpos esculturais e notoriedade; mas e o coração, como está? Essa é a questão! Quem é e como está a pessoa por trás de tudo isso?

Em tempos de total exposição de nossas vidas nas diversas redes sociais, nas quais fazemos nada mais nada menos que uma autopromoção de nossas personas, questiono-me: Somos quem e o que ostentamos? Parafraseando Antonie de Sain-Exupéry em ‘O Pequeno Príncipe’, que diz “o essencial é invisível aos olhos”, levanto a questão: O que nos é essencial? O que determina, de fato, a essência do que somos? O que apresentamos: nossa verdade ou uma personagem de fácil aceitação geral?

Na condição de filhos de Deus, somos criados à imagem e semelhança do Amor e para Ele vivemos. Em Sua busca nos encontramos desde o momento em que nos entendemos por gente. Cada um buscando da sua forma, com o seu jeito, usando do livre-arbítrio a nós concedido para alcançar essa meta, o que me leva à conclusão de que nosso coração se preenche à medida que nos aproximamos daqueles nos “devolvem” a nós mesmos e, consequentemente, aproximam-nos de Deus.

Na minha opinião, a verdadeira ostentação é ter ao nosso lado pessoas que nos aceitam, acolhem e amam por quem somos de fato, que marcam presença nas tempestades, quando o “copo” está quase transbordando; pessoas que, mesmo diante de nossos defeitos, preenchem nosso coração e nossa vida. A verdadeira ostentação é ter ao nosso lado alguém que nos conduz a Deus.

Higor Brito
Canção Nova

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Catequese: Como viver bem as fases do luto?

Ninguém está preparado para perder o outro, mas viver bem as fases do luto é indispensável


Todas as pessoas, quando sofrem alguma grande perda na vida (seja a morte de um ente querido, o diagnóstico de uma doença grave, um processo de falência ou a traição de uma pessoa muito próxima, uma separação, uma punição criminal etc.), passam em maior ou menor intensidade por aquilo que chamamos de processo de luto.

Para lidar com essa situação, a falecida psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross pesquisou sobre esse tema e descreveu cinco fases do processo de luto.

A reação psíquica determinada pela experiência da morte (perda) foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross em seu livro ‘Sobre a morte e o morrer’, no qual explica que esses estágios nem sempre ocorrem na mesma ordem, nem todos são experimentados pelas pessoas. Ela afirmou que uma pessoa sempre apresentará, pelo menos, duas dessas fases.


São elas:

1) Negação
Surge na primeira fase do luto. É o momento em que nos parece impossível a perda, quando não somos capazes de acreditar nela. A dor da perda é tão grande, que parece não ser possível nem real.

A negação é uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acabe negando o problema, tentando encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade, seja da morte de um ente querido ou da perda de algo importante. É comum que a pessoa também não queira falar sobre o assunto.

Nessa fase, a pessoa nega a existência do problema ou da situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tenta esquecê-la, não pensar nela ou ainda busca provas ou argumentos de que o fato não é real.
• “Isso não é verdade!”
• “Vai passar”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também”.

A pessoa continua se comportando como antes (ignorando a situação), não consegue aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

2) Raiva
A raiva surge depois da negação. Mesmo assim, apesar da perda já consumada, negamo-nos a acreditar nela. É quando surge o pensamento: “Por que comigo?”. É comum que surjam, nessa fase, sentimentos de inveja e raiva, quando qualquer palavra de conforto nos parece falsa, custando acreditar na sua veracidade.

Nessa fase, a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorreu. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente, essas emoções são projetadas no ambiente externo, percebendo o mundo, os outros e Deus como causadores de seu sofrimento. A pessoa se sente inconformada e vê a situação como uma injustiça.
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

Ela perde a calma quando fala sobre o assunto, evita o tema e se recusa a ouvir conselhos.

3) Negociação
A negociação surge quando o indivíduo começa a encarar a hipótese da perda e, diante disso, tenta negociar para que esta não seja verdade. Ele busca fazer algum tipo de acordo, de maneira que as coisas possam voltar a ser como eram antes. Essa negociação, geralmente, acontece dentro do próprio indivíduo ou, às vezes, voltada para a religiosidade.

As negociações com Deus são normalmente sob forma de promessas ou sacrifícios, pactos e outros similares, são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo. No caso de uma traição, a pessoa buscar agradar o outro.

• “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, terei uma vida saudável.”
• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)
• “Vou mudar minhas atitudes, meu comportamento, e tudo se resolverá”.

4) Depressão
A depressão surge quando o indivíduo toma consciência de que a perda é inevitável e incontornável. Ele sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu e percebe que não há como escapar da perda. Toma consciência de que nunca mais verá aquela pessoa (ou coisa); e com o desaparecimento dela, todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.

Nessa fase, ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É o momento em que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento. A pessoa se retira para seu mundo interno, isolando-se, sentindo-se melancólica e impotente diante da situação.

• “Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

Afastar-se das pessoas e comportar-se de maneira autodestrutiva são situações comuns nessa fase.

5) Aceitação
Última fase do luto. É quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero ou negação. Nessa fase, o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. É um período que depende muito da capacidade da pessoa de mudar a perspectiva e preencher o vazio. Voltando-se para a religiosidade, para a fé ou a ajuda de um profissional num processo de psicoterapia.

Nessa fase, percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

• Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isso.”
• “Posso aprender com isso e melhorar.”

Ela busca ajuda para resolver a situação, conversar com outros sobre o assunto e consegue planejar estratégias para lidar com a questão.
É importante entender que:

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Porém, sabe-se que, comumente, a fase mais longa é da depressão para a aceitação.

Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais. A única saída, então, é ter coragem, enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e emoções.”
O papel de um psicólogo num processo de luto:

O papel de um psicólogo num processo de luto pode ser muito útil para ajudar o indivíduo a identificar o estágio em que se encontra. A resolução do estágio exige a vivência de sentimentos e pensamentos que o indivíduo tenta evitar. A tarefa do psicólogo é permitir que o paciente vivencie o luto. Entendendo que superar não é esquecer nem fingir que nada aconteceu, significa aceitar e continuar a viver, retomar sua rotina, seu trabalho, voltar-se para seus amigos e demais familiares.

Nesse processo, a vivência da fé, para aqueles que creem, é de fundamental importância, pois ajuda a entender que o sofrimento faz parte da condição humana, e a morte e as perdas acontecem para todos.

Jesus veio para nos ensinar que estará sempre junto de nós em todos os momentos, ajudando-nos a carregar a cruz de cada dia, lembrando-nos sempre de que tudo nesta vida é passageiro e que Sua morte na cruz nos dá todos os dias a graça de, juntos com Ele, vivermos por toda a eternidade.

O Dia de Finados

A Comemoração na História
Os primeiros vestígios de uma comemoração coletiva de todos os fiéis defuntos são encontrados em Sevilha (Espanha), no séc. VII, e em Fulda (Alemanha) no séc. IX.

O fundador da festa foi Santo Odilon, abade de Cluny, o qual a introduziu em todos os mosteiros de sua jurisdição, entre os anos 1.000 e 1.009. Na Itália em geral, a celebração já era encontrada no fim do séc. XII e, mais precisamente em Roma, no início do ano de 1.300. Foi escolhido o dia 2 de novembro para ficar perto da comemoração de todos os santos.

Neste dia, a Igreja especialmente autoriza cada sacerdote a celebrar três Missas especiais pelos fiéis defuntos. Essa prática remonta ao ano de 1915, quando, durante a Primeira Guerra Mundial, o Papa Bento XV julgou oportuno estender a toda Igreja esse privilégio de que gozavam a Espanha, Portugal e a América Latina desde o séc. XVIII.

Na Tradição da Igreja 
Tertuliano (†220) – Bispo de Cartago – afirma: “A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os dias aniversários de sua morte” (“De monogamia”, 10).

O prelado atesta o uso de sufrágios na liturgia oficial de Cartago, que era um dos principais centros do Cristianismo no século III: “Durante a morte e o sepultamento de um fiel, este fora beneficiado com a oração do sacerdote da Igreja” (“De anima” 51; PR, ibidem).

Falando da vida de Cartago, no século III, afirma Vacandart, sobre a vida religiosa: “Aí vemos o clero e os fiéis a cercar o altar […] ouvimos os nomes dos defuntos lidos pelo diácono e o pedido de que o bispo ore por esses fiéis falecidos; vemos os cristãos […] voltar para casa reconfortados pela mensagem de que o irmão falecido repousa na unidade da Igreja e na paz do Cristo” (“PR”, ibidem).

- São Gregório Magno (540-604), Papa e Doutor da Igreja, declara:
“No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma Aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver cometido uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (cf. Mt 12,31). Dessa afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro” (dial. 4, 39).

- São João Crisóstomo (349-407), Bispo e Doutor da Igreja, afirma:
“Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelos sacrifícios de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (Hom. 1Cor 41,15). E “Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e esta lhes presta grande auxílio e real utilidade” (“In Philipp”. III 4, PG 62, 204).

“Da mesma forma, rezando nós a Deus pelos defuntos, ainda que pecadores, não lhe tecemos uma coroa, mas apresentamos Cristo morto pelos nossos pecados, procurando merecer e alcançar propiação junto a Deus clemente, tanto por eles como por nós mesmos” (idem).

“- Santo Epifânio (†403), Bispo da ilha de Chipre, diz:
“Sobre o rito de ler os nomes dos defuntos (no sacrifício) perguntamos: que há de mais nisso?Que há de mais conveniente, de mais proveitoso e mais admirável que todos os presentes creiam viverem ainda os defuntos, não deixarem de existir, e sim existirem ao lado do Senhor? Com isso se professa uma doutrina piedosa: os que oram por seus irmãos defuntos abrigam a esperança (de que vivem), como se apenas casualmente estivessem longe. E sua oração ajuda aos defuntos, mesmo se por elas não fiquem apagadas todas as dívidas […]. A Igreja deve guardar este costume, recebido como tradição dos Pais […] a nossa Mãe, a Igreja, nos legou preceitos, os quais são indissolúveis e definitivos” (“Haer”. 75, c. 8: pág. 42, 514s).

Os “Cânones de Santo Hipólito (160-235)”, que se referem à Liturgia do século III, contêm uma rubrica sobre os mortos […] “[…] Caso se faça memória em favor daqueles que faleceram […]” (“Canones Hippoliti, em Monumenta Ecclesiae Liturgica; PR”, 264, 1982).

Serapião de Thmuis (século IV), Bispo, no Egito, compôs uma coletânea litúrgica, na qual se pode ver a intercessão pelos irmãos falecidos:

“Por todos os defuntos dos quais fazemos comemoração, assim oramos: “Santifica essas almas, pois Tu as conheces todas; santifica todas aquelas que dormem no Senhor; coloca-as em meio às santas Potestades (anjos); dá-lhes lugar e permanência em teu reino” (“Journal of Theological Studies” t. 1, p. 106; PR , 264, 1982).

“Nós te suplicamos pelo repouso da alma de teu servo (ou de tua serva); dá paz a seu espírito em lugar verdejante e aprazível, e ressuscita o seu corpo no dia que determinaste” (“PR”, 264,1982).

As Constituições Apostólicas, do fim do século IV, redigidas com base em documentos bem mais antigos, no livro VIII da coleção, relata:

“Oremos pelo repouso de (citar nome), a fim de que o Deus bom, recebendo a sua alma, lhe perdoe todas as faltas voluntárias e, por sua misericórdia, lhe dê o consórcio das almas santas”.

Sobre as Indulgências:
Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências – Papa Paulo VI, 1967, diz:

“A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, a qual vindo dos Apóstolos “se desenvolve na Igreja sob a assistência do Espírito Santo”, enquanto “a Igreja no decorrer dos séculos, tende para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus (“Dei Verbum”, 8) e ( DI, 1).

“Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (“Norma” 1).

“Assim nos ensina a revelação divina que os pecados acarretam como conseqüência penas infligidas pela santidade e justiça divina, penas que devem ser pagas ou neste mundo, mediante os sofrimentos, dificuldades e tristezas desta vida e, sobretudo, mediante a morte, ou então no século futuro […]” (DI, 2).

“Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos pecados” (Catecismo da Igreja Católica, 1498).

Condições para ganhar a Indulgência Plenária
Para si ou para uma alma

1 – Confessar-se bem, rejeitando todo pecado;
2 – Participar da Santa Missa e comungar com esta intenção;
3 – Rezar pelo Papa ao menos um Pai Nosso, Ave Maria e Glória e
4 – Visitar o cemitério e rezar pelo falecido.

Obs.: – Fora da semana dos falecidos, o item 4 pode ser substituído por: Terço em família diante de um oratório, Via-Sacra na igreja; meia hora de adoração do Santíssimo ou meia hora de leitura bíblica meditada.


Felipe Aquino 
Canção Nova

Aos pés da cruz Maria acolheu o corpo falecido de Jesus

No dia 02 de novembro a liturgia católica comemora os “fiéis defuntos”. Na linguagem civil é dia de finados. A origem desse feriado civil é cristã. A palavra finados e defuntos significam: aqueles que tiveram um fim. A nossa fé nos une em oração aos falecidos. Lembrados, eles por sua vez nos lembram o que somos: peregrinos, caminheiros da jornada da vida terrena vocacionados para a habitação de Deus. O céu, a felicidade eterna é o destino para o qual Ele nos criou. No Credo professamos a fé na ressurreição da carne e na vida eterna. Às vezes, o progresso tecnológico, o avanço e as conquistas das ciências, ou até mesmo o ateísmo agressivo enchem de orgulho certo tipo de pessoas. Todavia, ninguém pode eliminar a realidade da morte. Nem impedir ou criticar a celebração dela. Progresso algum pode obstar a dignidade do morrer. Não adianta querer ignorar, ou fazer de conta que a morte não é problemática. Trata-se da passagem de todos para o futuro absoluto. Um futuro definitivo, cheio de interrogações, e prova do inevitável limite humano. A certeza da fragilidade do ser humano quanto à vida.

Presente em todas as épocas, povos e raças, o culto aos mortos é universal. Jesus morreu e nós adoramos a sua morte e ressurreição: o mistério da sua páscoa. Vivemos na esperança de já estar ressuscitando com Ele desde o batismo em seu nome. Se morremos com Cristo (para o pecado), escreve São Paulo, com Ele ressuscitaremos. Maria foi a primeira a experimentar esta realidade da fé! Ela presenciou a morte do Filho nos tormentos do Calvário. Embora a Bíblia nada diga, sem dúvida ela chorou a morte de seu casto esposo José. Bem como na morte de seus pais Ana e Joaquim e demais familiares próximos. Viveu a dor da separação dos entes queridos. Enfim, seu coração de mãe agonizou com o coração do Filho na cruz enquanto Ele a dava como mãe a nós na pessoa do “discípulo amado”.


Também por isso a Igreja a invoca em diversos títulos: Nossa Senhora da Boa Morte. Da Boa Viagem. Nossa Senhora da Glória. Da Assunção. Do Paraíso. A Ave Maria, oração antiquíssima, termina invocando-a: rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte! A teologia cristã não tem um pensamento definido sobre se a Virgem experimentou também a última agonia. Desde tempos antigos fala-se em: dormição de Maria. De todo o modo, sua glorificação junto ao Filho significa o estágio final e supremo de conformaçãocom o mistério de Cristo. Na maternidade e no discipulado fiel. Pelo teor dos Evangelhos deduzimos esta inserção total de Maria no mistério pascal. Por isso, ela nos ajuda a confiar no poder do Senhor da vida e da morte. A ressurreição já está efetivada nos que se comprometem de fato com sua Boa Nova.

A12.com

domingo, 1 de novembro de 2015

Dia de Todos os Santos: Um dia para a esperança!

Se perguntamos na rua quantos santos existem, provavelmente vamos escutar como resposta algo do tipo: “Vários; Não sei, um monte; São tantos que não tenho nem ideia.” Talvez comecem a enumerar alguns deles: “São Francisco, São Paulo, Santa Teresa, São Sebastião...” e assim por diante.

É verdade que existem muitos santos conhecidos e reconhecidos pelos feitos que fizeram, pela importância que tiveram em uma determinada época e lugar. Mas existem outros muitos santos que não estão nos altares. E eles são muito mais numerosos dos que os que conhecemos.

São pessoas comuns que buscaram viver a vida como Jesus viveu e nos convidou a viver. São os que levaram a sério o chamado de Jesus no silêncio de suas próprias vidas.

Porque celebramos na Igreja o dia de todos os santos?
No dia de hoje lembramos de toda essa “grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” que nos fala o livro do Apocalipse. É como se o céu se abrisse para nós, para que os possamos contemplar vivendo felizes na Glória de Deus.

Celebramos esse dia para que todos os santos possam “despertar em nós o grande desejo de ser como eles: felizes por viver próximos de Deus, na sua luz, na grande família dos amigos de Deus”, como nos diz o Papa emérito Bento XVI em uma homilia na festividade de todos os santos.

Olhando para os santos, lembramos que estamos nessa terra como peregrinos, com um destino, o Céu, e não como errantes, perdidos nesse mundo. A nossa vida teve um começo, mas não terá um final porque somos chamados a viver eternamente com Deus. Jesus, com sua vida, paixão, morte e ressurreição, nos abriu as portas do Céu. Cabe a cada um de nós acolher esse dom em nossas vidas.

Um dia para a esperança!
Acolher esse dom não é uma tarefa sempre fácil. Muitas vezes somos tentados pela desesperança por causa dos vários trabalhos que precisamos realizar, pelas contradições que vivemos interiormente, por nossos pecados e pelas injustiças que presenciamos.

Os Santos estão também no céu para mostrar que realmente é possível, com a Graça de Deus, viver como filhos e filhas de Deus apesar de todas as dificuldades. Nos santos, vemos que o poder de Deus é mais forte que o poder desse mundo. Os santos nos dão esperança! Uma esperança que nunca vai nos desiludir.

O Papa Francisco, no dia de todos os Santos do ano passado lembrou uma figura antiga que usavam os primeiros cristãos para falar da esperança. Eles a comparavam com uma âncora que estava ancorada no Céu. Por mais que o barco da nossa vida possa passar por tempestades violentas, se temos a nossa âncora lá junto com os santos, esse barco nunca vai afundar.

Façamos a pergunta que o Papa nos fez naquela ocasião: “Onde tenho posta a âncora da minha vida?” Será que a tenho posta nas coisas deste mundo, que vão passar e que portanto não são um lugar seguro?

Sejamos Santos!
Lembremos hoje do insistente chamado a santidade que Deus têm feito a cada um de nós. O Papa Bento XVI define assim a santidade: “Ser santo significa: viver na intimidade com Deus, viver na sua família. Esta é a vocação de todos nós”. Sejamos santos nessa vida para poder viver com Deus eternamente no Céu.

Certamente não é uma tarefa fácil, mas não estamos sozinhos, todos os nossos irmãos que nos precederam em santidade intercedem por nós para que cheguemos ao final dessa jornada. E o próprio Deus nunca nos deixa de assistir com a sua Graça para que nos conformemos cada vez mais com seu Filho Jesus.