sexta-feira, 23 de março de 2018

Papa Francisco: “o coração da Igreja é jovem”

Desde o dia 19 até o próximo dia 24, cerca de 300 jovens de todo o mundo participam de uma reunião em Roma que prepara o Sínodo da juventude. Nesse período, os participantes (católicos, de outras religiões e até ateus) debatem as temáticas propostas pela Igreja, além de contar com a opinião de milhares de jovens por meio das redes sociais.

Na segunda-feira (19), o Papa Francisco esteve no Pontifício Colégio Internacional “Maria Mater Ecclesiae” na abertura da reunião e disse que “os jovens devem ser levados a sério”.“Falem com coragem, digam o que vocês gostariam de dizer. Se alguém se sentir ofendido, peçam perdão e continuem (...). Parece-me que estamos rodeados por uma cultura que, por um lado, idolatra a juventude, tentando não deixá-la passar jamais, de outro, exclui tantos jovens de serem protagonistas”.

O Santo Padre ainda acrescentou que todo jovem tem uma vocação:

“Deus ama cada um e a cada um faz pessoalmente um chamado. É um presente que, quando é descoberto, enche de alegria. Estejam certos: Deus tem confiança em vocês, ele os ama e os chama. (...) Ele faz a vocês a pergunta que um dia Ele fez aos primeiros discípulos: “O que vocês estão procurando?”. Ele convida vocês a partilhar a busca da vida com Ele, a caminhar juntos. E nós, como Igreja, desejamos fazer o mesmo, porque não podemos deixar de partilhar com entusiasmo a busca pela verdadeira alegria de cada um”.

Lendo também e-mails de jovens enviados para o Sínodo, o papa se mostrou surpreso de que a juventude tem sentido falta e pedido de uma presença mais próxima de adultos.

“Uma jovem observou que aos jovens faltam pontos de referência e que ninguém os encoraja a ativar os recursos que possuem. Então, ao lado dos aspectos positivos do mundo juvenil, ela destacou os perigos, entre os quais o álcool, as drogas, uma sexualidade vivida de modo consumista.

E concluiu quase com um grito: “Ajudem o nosso mundo juvenil que se desmorona cada vez mais”. Não sei se o mundo juvenil se desmorona cada vez mais. Mas eu sinto que o grito dessa jovem é sincero e requer atenção. Também na Igreja devemos aprender novas formas de presença e proximidade”, alertou o Pontífice.

E finalizando, Francisco disse que a Igreja precisa recuperar o entusiasmo da fé e o gosto da busca e que isso pode ser ofertado por meio da juventude.

“Queridos jovens, o coração da Igreja é jovem precisamente porque o Evangelho é como uma linfa vital que a regenera continuamente. Cabe a nós ser dóceis e cooperar nesta fecundidade (...).

Devemos arriscar, porque o amor sabe arriscar; sem arriscar, um jovem envelhece, e a Igreja também envelhece. Portanto, precisamos de vocês, pedras vivas de uma Igreja com um rosto jovem, mas não maquiado: não artificialmente rejuvenescido, mas reavivado de dentro”.
A12.com - Jovens de Maria

domingo, 18 de março de 2018

Papa no Angelus: ir além das aparências para entender o mistério de uma pessoa

O verbo que João usa “ver”, "significa chegar ao coração, chegar com os olhos, com o entendimento até o íntimo da pessoa, dentro da pessoa”, disse o Papa.

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (18), com os fiéis e peregrinos de várias partes do mundo, presentes na Praça São Pedro.

O Evangelho deste domingo, narra o episódio ocorrido nos últimos dias da vida de Jesus que se encontra em Jerusalém para a festa da Páscoa judaica.

Alguns gregos também participaram desta celebração ritual. “Trata-se de homens animados por sentimentos religiosos, atraídos pela fé do povo judeu e que, tendo ouvido falar desse grande profeta, se aproximam de Filipe, um dos doze apóstolos, e lhe dizem: ‘Queremos ver Jesus’”.

Chegar ao coração
“João ressalta esta frase, centrada no ver, que no vocabulário do evangelista significa ir além das aparências para entender o mistério de uma pessoa. O verbo que João usa “ver” significa chegar ao coração, chegar com os olhos, com o entendimento até o íntimo da pessoa, dentro da pessoa”, disse o Papa.

“A reação de Jesus é surpreendente. Ele não responde com um sim ou com um não, mas diz: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado.” Estas palavras, que à primeira vista parecem ignorar a pergunta dos gregos, na realidade dão a verdadeira resposta, porque quem quer conhecer Jesus deve olhar dentro da cruz, onde sua glória é revelada. Olhar dentro da cruz.”

“ O Evangelho de hoje nos convida a dirigir o nosso olhar ao crucifixo, que não é um objeto de decoração ou o acessório de um roupa, às vezes abusado! ”

"Mas, um sinal religioso a ser contemplado e compreendido. Na imagem de Jesus crucificado se revela o mistério da morte do Filho como supremo ato de amor, fonte de vida e salvação para a humanidade de todos os tempos. Em suas chagas fomos curados”. 

Sabedoria da cruz
“Posso pensar: como eu olho o crucifixo? Como uma obra de arte, para ver se é bonito ou feio? Eu o olho de dentro, entro nas chagas de Jesus até o seu coração? Olho o mistério do Deus que se aniquilou até a morte, como um escravo, como um criminoso? Não se esqueçam disso: olhar o crucifixo, mas olhá-lo dentro."

"Existe esta devoção bonita de rezar um Pai-Nosso em alguma das cinco chagas: quando rezamos este Pai-Nosso, procuremos entrar dentro das chagas de Jesus, em seu coração."

“ Ali, aprenderemos a grande sabedoria do mistério de Cristo, a grande sabedoria da cruz. ”

Para explicar o significado de sua ressurreição, Jesus usa uma imagem e diz: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só; mas se morre, então produz muito fruto.”

Resgatar os homens
“Ele quer deixar claro que o seu evento extremo, ou seja, a cruz, morte e a ressurreição, é um ato de fecundidade, as suas chagas nos curaram. Uma fecundidade que dará fruto para muitos. Assim, ele se compara ao grão de trigo que morrendo na terra gera vida nova."

"Com a encarnação, Jesus veio ao mundo; mas isso não basta: Ele deve também morrer para resgatar os homens da escravidão do pecado e dar-lhes uma nova vida reconciliada no amor. Eu disse para resgatar os homens: para me resgatar, resgatar você, todos nós, cada um de nós. Ele pagou esse preço. Este é o mistério de Cristo. Vai às suas chagas, entre e contempla. Veja Jesus de dentro.”

Dinamismo do grão de trigo
Segundo o Papa, “este dinamismo do grão de trigo, realizado em Jesus, também deve ser realizado em nós seus discípulos".

“ Somos chamados a fazer nossa esta lei pascal de perder a vida para recebê-la nova e também eterna.”

Então Francisco perguntou: “O que significa perder a vida? O que significa ser um grão de trigo? Significa pensar menos em si mesmos, nos interesses pessoais, e saber “ver” e ir ao encontro das necessidades de nosso próximo, especialmente dos últimos.”

“Realizar com alegria obras caritativas aos que sofrem no corpo e no espírito é a maneira mais autêntica de viver o Evangelho, é o fundamento necessário para que as nossas comunidades cresçam na fraternidade e no acolhimento recíproco. Quero ver Jesus, mas vê-lo de dentro. Entra em suas chagas e contempla o amor de seu coração por você, por mim, por todos.”

Papa recorda visita a Pietrelcina e San Giovanni Rotondo
Após a oração mariana do Angelus, o Papa saudou todos os fiéis presentes na Praça São Pedro, provenientes da Itália e várias partes do mundo. Saudou também a União Folclórica Italiana.

Francisco recordou sua visita pastoral realizada, neste sábado (17), a Pietrelcina e San Giovanni Rotondo, nas pegadas de São Padre Pio.

“Ontem, visitei Pietrelcina e San Giovanni Rotondo. Saúdo com afeto e agradeço as comunidades diocesanas de Benevento e Manfredonia, os bispos, Dom Accrocca e Castoro, os consagrados, fiéis e autoridades. Agradeço a acolhida calorosa e levo todos no coração, especialmente os doentes da “Casa Alívio do Sofrimento”, os idosos e os jovens. Agradeço aos que prepararam esta visita que realmente não esquecerei. Que Padre Pio abençoe a todos.”

Vatican News

Por que a Semana Santa muda de data todos os anos?

Como é importante para os cristãos celebrar, viver e prolongar na vida a presença real do Senhor na liturgia! A liturgia permite celebrar os mistérios da vida de Jesus ao longo do ano, tendo sua ressurreição como eixo. Esse ano é conhecido como ciclo ou ano litúrgico. O ano litúrgico é regulado entre a data móvel da Páscoa (segundo o ciclo lunar) e seu início, também móvel, relacionado com o Natal.

O Natal é celebrado durante o solstício de inverno do hemisfério norte (segundo o ciclo solar), convertendo a celebração popular pagã do nascimento do sol invicto na celebração do nascimento de Jesus.

Mas por que a Semana Santa muda de data todo ano? Porque muda a data da festa da Páscoa. E a data da festa da Páscoa de ressurreição é móvel porque está ligada à páscoa judaica.

O povo judeu celebrava a páscoa, chamada também de “Festa da Liberdade”, comemorando o fim da escravidão e sua saída do Egito. Segundo o judaísmo, os hebreus devem celebrar todos os anos a festa da páscoa durante uma semana inteira, entre os dias 14 e 21 do mês de Nissan – dias que começam com a primeira lua cheia da primavera.

O mês de Nissan é o primeiro mês do calendário hebraico bíblico (Êx 12, 2), porque nesse mês o povo de Israel saiu do Egito. Tal mês cai entre os dias 22 de março e 25 de abril.

A festa da páscoa era fixada com base no ano lunar, e não no ano solar do calendário civil. Recordemos que, nas antigas civilizações, empregava-se o calendário lunar para calcular a passagem do tempo.

Por que os judeus celebram sua páscoa com a primeira lua cheia da primavera? Porque havia lua cheia na noite em que o povo judeu saiu do Egito, e isso lhe permitiu fugir à noite sem ser descoberto pelo exército do Faraó, ao não depender de lâmpadas.

Mas o que a páscoa judaica tem a ver com a Páscoa cristã?
Na Última Ceia, realizada na Quinta-Feira Santa, os apóstolos celebraram com Jesus a páscoa judaica, comemorando o êxodo do povo de Israel, guiado por Moisés. Com isso, temos a certeza de a primeira Quinta-Feira Santa da história era uma noite de lua cheia.

E é por isso que a Igreja coloca a Quinta-Feira Santa no dia de lua cheia que se apresenta entre os meses de março e abril. Então, a data da Semana Santa depende da lua cheia.

Esta mobilidade afeta não somente as festas relacionadas à Pascoa, mas também o número de semanas do Tempo Comum; são as chamadas festas móveis, que variam todos os anos, juntamente com a solenidade da Páscoa, da qual dependem.

Antigamente, a Páscoa era celebrada exatamente no mesmo dia da páscoa judaica; mas uma decisão do Concílio de Niceia (ano 325) determinou que a Páscoa cristã fosse celebrada no domingo (o domingo posterior à primeira lua cheia primaveral do hemisfério norte).
Jovens de Maria - A12.com

quinta-feira, 1 de março de 2018

Papa: é pouca a nossa oferta, mas Cristo tem necessidade deste pouco

Na catequese da Audiência Geral de quarta-feira (28), o Papa Francisco falou sobre a "apresentação das oferendas": "O Senhor nos pede, na vida ordinária, boa vontade; nos pede coração aberto, nos pede desejo de ser melhores e para dar-se ele mesmo a nós na Eucaristia, nos pede estas ofertas simbólicas que depois se tornam o Corpo e o Sangue”.

A Cruz foi o primeiro altar cristão, e “quando nós nos aproximamos do altar para celebrar a Missa, a nossa memória vai ao altar da Cruz, onde foi feito o primeiro sacrifício”.

O Papa deu continuidade a sua série de catequeses sobre a Santa Missa, falando sobre a Liturgia Eucarística, em particular, a apresentação das oferendas.

Com a temperatura de -2°C, o tradicional encontro das quartas-feiras realizou-se na Sala Paulo VI. Como os 12 mil fiéis presentes superavam a capacidade da Sala Paulo VI de 7 mil pessoas, parte deles teve de ser deslocada até a Basílica de São Pedro, de onde acompanharam por um telão. Ao final do encontro, o Papa Francisco foi até eles saudá-los. 

A Liturgia eucarística segue a Liturgia da Palavra, recordou o Santo Padre. "Nela, por meio dos santos sinais, a Igreja torna continuamente presente o Sacrifício da nova aliança sigilada por Jesus no altar da cruz", que "foi o primeiro altar cristão, o da Cruz, e quando nos aproximamos do altar para celebrar a Missa, a nossa memória vai ao altar da Cruz, onde foi feito o primeiro sacrifício”.

O Papa explicou que o sacerdote, na Missa, “representa Cristo, cumpre aquilo que o próprio Senhor fez e confiou aos discípulos na Última Ceia: tomou o pão e o cálice, deu graças, os deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei...bebei: este é o meu corpo... este é o cálice de meu sangue. Fazei isto em memória de mim”.

Obediente ao mandato de Jesus, a Igreja dispôs a Liturgia eucarística “em momentos que correspondem às palavras e aos gestos realizados por Ele, por Jesus, na véspera de sua Paixão. Assim – explicou o Papa – na preparação dos dons são levados ao altar o pão e o vinho, isto é, os elementos que Cristo tomou em suas mãos”.

“Na oração eucarística damos graças a Deus pela obra da redenção e as ofertas se tornam o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo. Seguem a fração do Pão e a Comunhão, mediante a qual revivemos a experiência dos Apóstolos que receberam os dons eucarísticos das mãos do próprio Cristo”.

O primeiro desses gestos de Jesus – observou Francisco - foi tomar o pão e o vinho, o que corresponde, na celebração da Eucaristia, à apresentação das ofertas:

“É bom que sejam os fiéis a apresentar ao sacerdote o pão e o vinho, porque eles significam a oferta espiritual da Igreja ali recolhida pela eucaristia. Não obstante hoje os fiéis não levem mais, como em um tempo, o próprio pão e vinho destinados à Liturgia, todavia o rito da apresentação destes dons conserva o seu valor e significado espiritual”.

“Nos sinais do pão e do vinho o povo fiel deposita a própria oferenda nas mãos do sacerdote, o qual a coloca sobre o altar ou banquete do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística”.

Desta forma, no “fruto da terra e do trabalho do homem” é oferecido o compromisso dos fiéis em fazerem de si mesmos, obedientes à palavra de Deus, um “sacrifício agradável a Deus, Pai todo poderoso”, “para o bem de toda a Santa igreja”.

Assim, “a vida dos fiéis, seus sofrimentos, a sua oração, o seu trabalho, são unidos àqueles de Cristo e a sua oferta total, e neste modo assumem um novo valor”:

“É pouca a nossa oferta, mas Cristo tem necessidade deste pouco. O Senhor nos pede pouco, e nos dá tanto. Nos pede pouco: nos pede, na vida ordinária, boa vontade; nos pede coração aberto, nos pede desejo de ser melhores e para dar-se ele mesmo a nós na Eucaristia, nos pede estas ofertas simbólicas que depois se tornam o corpo e o sangue”.

Uma imagem deste movimento oblativo de oração é representada pelo incenso que, consumido no fogo, libera uma fumaça perfumada que sobe:

“Incensar as ofertas, como se faz nos dias de festa, incensar a cruz, o altar, o sacerdote e o povo sacerdotal manifesta visivelmente o vínculo ofertorial que une todas estas realidade ao sacrifício de Cristo”.

“E não esquecer: existe o altar que é Cristo, mas sempre em referência ao primeiro altar que é a Cruz, e sobre o altar que é Cristo levamos o pouco de nossos dons – o pão e o vinho – que depois se tornarão o muito – Jesus mesmo – que se dá a nós”.

Isto é expresso também na “oração sobre as ofertas”, quando “o sacerdote pede a Deus para aceitar os dons que a Igreja lhe oferece, invocando o fruto da mirável troca entre a nossa pobreza e a sua riqueza.

No pão e no vinho apresentamos a ele a oferta de nossa vida, para que seja transformada pelo Espírito Santo no sacrifício de Cristo e torne com Ele uma única oferta espiritual agradável ao Pai. Enquanto se conclui a preparação dos dons, se dispõe à Oração Eucarística”.

Que a espiritualidade do dom de si, que este momento da Missa nos ensina, possa iluminar os nossos dias, as relações com os outros, as coisas que fazemos, os sofrimentos que encontramos, ajudando-nos a construir a cidade terrena à luz do Evangelho.

Vatican News