sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Saiba como escolher sua penitência na Quaresma

A Quaresma está aí e você ainda não sabe qual penitência irá fazer? Diante desse dilema, temos sempre que recordar que somos convidados a celebrar uma reconciliação com Deus.

Alguns optam por não consumir alguns alimentos, como chocolate, refrigerantes e doces, outros deixam de frequentar lugares que gostam. Mas, também, podemos escolher mudar nossas atitudes, como fazer o controle da língua e dos pensamentos, mudar o modo de viver com a família, exercitar o treinamento da paciência e do perdão, entre outros.

Não nos abstemos de algo para sermos "diferentões", mas para que possamos ser um sinal do amor e da misericórdia de Deus a muitos outros jovens que ainda não conseguiram se sentir abraçados a essa misericórdia abundante. E, lembre-se que a penitência não é algo que fazemos para vivenciar apenas em quarenta dias, mas é uma oportunidade que nos prepara para todo o ano que vem pela frente.

Para te ajudar, vamos listar alguns itens importantes para o discernimento da escolha:

Você não é super-herói
O primeiro cuidado que devemos tomar é se vamos cumprir a penitência. Não podemos exigir de nós a capacidade de algo que não vamos conseguir fazer. Devemos estar sempre atentos para que a abstenção que se faz nesses quarenta dias gere uma mudança profunda, não apenas uma questão externa.

Não a torne uma obrigação
O gesto é algo que brota de forma espontânea no nosso coração, de um desejo de transformação. Deixamos, por exemplo, de comer algo que gostamos para que possamos doar ao outro. Isso, não porque simplesmente é Quaresma, mas para que por meio desse ato entendamos os valores que depositamos nas coisas.

Reze!
Você deve se colocar em oração. Ela nos dá um olhar divino e nos ajuda a contemplar o meio que vivemos com uma esperança lá no futuro. É importante colocar-se em diálogo com Deus, não só para falar, mas, também, para ouvir.

Pratique a caridade
A oração nos faz sensíveis com aqueles que são próximos de nós ou aqueles que muitas vezes são anônimos, mas precisam da nossa ajuda. Por isso, movimente-se em favor do próximo.

Opte pelo jejum
Ele não é uma forma de abster de um alimento por questão estética, mas para nos sensibilizarmos com o outro. É um exercício da prática do controle dos nossos desejos, que ajudará no seu discernimento.

Jovens de Maria
A12.com

Entenda a homília do Papa Francisco que condena a vida dupla


Nessa quinta-feira (23), jornais de todas as emissoras anunciaram que o Papa Francisco “teria sugerido” que é melhor ser ateu do que católico hipócrita. Ora irmãos, a ironia está na hipocrisia dessas notícias, que visam nada mais do que obter audiência por meio do escândalo, exatamente o oposto do que pregava o Santo Papa. De fato, o Papa comentava o Evangelho do dia, onde Jesus Cristo ensinava aos Seus discípulos: “E se alguém escandalizar um desses pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço” (Mc 9,42).

Na leitura do Evangelho, encontramos orientações de Jesus Cristo sobre a simplicidade da fé. Devemos nos atentar por nossas ações cotidianas, as quais nos levam ao pecado. Jesus nos ensina que é melhor entrar no Reino dos Céus sem uma das mãos, sem um dos pés ou sem um dos olhos, se estes nos fazem pecar, do que sermos jogados por inteiro no inferno. Se um de seus membros o leva a pecar, corta-o. O Papa Francisco nos ensina essa passagem citando que manter os membros que nos levam ao pecado é o escândalo. Propõe o Santo Papa que reflitamos sobre se há algo de vida dupla em nós e nos convertermos desde já, em vez de persistir no pecado sobre a ideia de que “O Senhor me perdoará tudo”, pois isso não é bom.

O Papa nos ensina que se vivermos uma vida dupla, frequentando a Missa, entregando ofertas e participando de grupos, mas nos mantivermos no pecado em nossa vida particular, aproveitando-nos dos pequenos, não cumprindo com nossas obrigações, ao bater na porta dos céus, Jesus não nos reconhecerá, pois somos, de fato, pecadores e não os bons católicos como nos apresentamos à comunidade. Jesus Cristo conhece-nos profundamente. Para concluir dessa forma, o Santo Papa utiliza-se do exemplo de um empresário católico, que estava de férias no Oriente Médio, enquanto seus funcionários ameaçavam iniciar uma greve justa por não ter dinheiro para arcar com as despesas cotidianas, pois não recebiam o salário.

É certo que o Santo Papa não deixou de citar que “Quantas vezes ouvimos dizer, nos bairros e outras partes que ‘ser católico como aquele, melhor ser ateu’”. Sejamos sensatos, irmãos, pois o que nos foi noticiado foram essas palavras como próprias do Sumo Pontífice, e não como o exemplo de palavras que ouvimos pelo mundo, como de fato foram utilizadas na homilia. Anunciar as palavras do Santo Papa sem o compromisso de evangelizar é ameaçador aos ouvidos dos fiéis desatentos pelas ocupações do dia a dia.

Saibamos nós que é este, irmãos, o ensinamento do Santo Papa: “Não escandalizar os pequeninos com a vida dupla, porque o escândalo destrói”.

Na homília da Missa matutina celebrada, nessa quinta-feira, 23, na Casa Santa Marta, a reflexão se faz por meio do Evangelho de Marcos. Atentos, não nos deixemos levar pelo sensacionalismo das mídias que anunciam as palavras do Santo Papa sem qualquer compromisso com a missão de evangelizar, mas sim buscando audiência por meio do escândalo. Em sua homília, Papa Francisco ainda ensina: “Os jornais noticiam vários escândalos e fazem publicidade de escândalos. Com os escândalos se destrói”. Não nos deixemos destruir, mas antes busquemos com fidelidade a Liturgia, entendamos pela fé as palavras do Sumo Pontífice e a Liturgia do Senhor. 

Canção Nova

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O que significa fazer o sinal da cruz?

Os católicos são criticados por fazer o Sinal da Santa Cruz. Mas há sólido fundamento nessa prática, como veremos.

A Igreja celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz no dia 14 de setembro. Essa festa origina-se nos primórdios da cristandade, porque a Morte do Senhor sobre a Cruz é o ponto culminante da Redenção da humanidade. A glorificação de Cristo e a nossa salvação passam pelo suplício da Cruz. Cristo, encarnado na Sua realidade concreta humano-divina, se submete voluntariamente à humilde condição de escravo (a cruz era o tormento reservado para os escravos) e o suplício infame transformou-se em glória perene.

Os Apóstolos resumiam sua pregação no Cristo crucificado e ressuscitado dos mortos, de quem provém a justificação e a salvação de cada um. São Paulo dizia que Cristo cancelou “o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na Cruz” (Cl 2,14). É por isso que cantamos na celebração da adoração da santa Cruz na Sexta-feira Santa: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo: Vinde! Adoremos!”.

O caminho da cruz, da humilhação e da obediência foi o que Deus escolheu para nos salvar. Por isso, amamos e exaltamos a santa Cruz.
São Paulo resumiu tudo, dizendo aos filipenses: “sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou soberanamente” (Fl 2,6-9). Se o Senhor passou por esse caminho de obediência, humilhação e crucificação, será que, para nós, cristãos (imitadores de Cristo!), haverá outro caminho de salvação?

Somente pela cruz, que significa morte ao próprio eu, à própria vontade, para acatar com fé, alegria e ação de graças a vontade de Deus, poderemos nos salvar. E é o próprio Senhor quem nos diz isso muito claramente: “Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9,23). “Se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto” (Jo 12,24b). Cada um tem a sua cruz!

É pela cruz de cada dia, que cada um carrega, que Deus nos santifica (cf. Hb 12,10), fazendo-nos morrer para todas as más inclinações do nosso espírito. É pela cruz que chegaremos à glorificação, como o Senhor Jesus. É por isso que exaltamos a santa Cruz. E é por meio dessa Cruz de cada dia (doenças, aborrecimentos, penúrias, humilhações, cansaços, injustiças, incompreensões) que temos a graça e a honra de poder completar em nossa carne o que falta à Paixão do Senhor no seu Corpo, a Igreja (Cl 1,24).
O escritor cristão, Tertuliano († 220), atesta o amplo uso que do Sinal da Cruz faziam os fiéis nas mais variadas contingências da vida humana no segundo século:

“Quando nos pomos a caminhar, quando saímos e entramos, quando nos vestimos, quando nos lavamos, quando iniciamos as refeições, quando nos vamos deitar, quando nos sentamos, nessas ocasiões e em todas as nossas demais atividades, persignamo-nos a testa com o sinal da cruz” (De corona militis, 3).

Diz Santo Hipólito de Roma (†235), descrevendo as práticas dos cristãos do século III:

“Marcai com respeito as vossas cabeças com o sinal da cruz. Este sinal da Paixão opõe-se ao diabo e protege contra o diabo, se é feito com fé, não por ostentação, mas em virtude da convicção de que é um escudo protetor. É um sinal como outrora foi o cordeiro verdadeiro; ao fazer o sinal da cruz na fronte e sobre os olhos, rechaçamos aquele que nos espreita para nos condenar” (Tradição dos Apóstolos, 42).

Estes testemunhos dão a ver que o Sinal da Cruz já no início do século III estava muito difundido entre os cristãos, de tal modo que, as suas origens se identificam com as dos primórdios do Cristianismo.

Felipe Aquino
Canção Nova 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Apresentação do Senhor

Maria e José cumpriram as prescrições da Torah, Lei Judaica e permitiram que a Salvação acontecesse na História.

Apresentar alguém é fazer com que esta pessoa seja conhecida. Todos já foram apresentados e receberam apresentações. Pense em um casal que, com alegria e orgulho, vai até a casa dos pais para apresentar o filho recém-nascido. Quantas expectativas nos braços daqueles pais indo aos avós de sua criança!

O Novo Testamento nos narra um fato semelhante, com Maria, José e Jesus. O menino Jesus, apenas nascido, é levado ao Templo por seus pais e é apresentado, dado a conhecer. E aqui acontecem fatos e são ditas palavras interessantes. Lemos isso em Lucas 2,22–40.

Apresentação do Senhor ao seu Povo
Enquanto Jesus é apresentado no Templo, cumprindo Torah, a Lei do Antigo Testamento (o Pentateuco de nossas Bíblias), quem recebe a apresentação, na realidade, é quem vai aceitá-lo como Senhor e Salvador. Em Lucas 2,29–31, o Cântico de Simeão, se afirma: “Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque meus olhos viram tua salvação, que preparaste em face de todos os povos, luz para iluminar as nações, e glória de teu povo, Israel”. Esta “luz para iluminar as nações todas” é uma passagem de Isaías 42,1–9 (é o versículo 6), o chamado Primeiro Canto do Servo; é também uma citação de Isaías 49,1–7 (também está no versículo 6), o Segundo Canto do Servo. Ora, o “Servo” é o Senhor Jesus. E quem recebe a apresentação não é Deus, que já conhece seu Filho, mas seu povo e todas as nações que podem aceita-lo.

O que se destaca aqui é a dedicação de Maria e José, pais de Jesus, em cumprir as prescrições da Fé que professavam. As “nações” são todos os povos à exceção de Israel. Este era o Povo de Deus, as nações eram os pagãos, os que, mesmo sem esperar o Salvador como os Judeus esperavam, acabam por recebê-lo em Jesus.

Simeão e Ana: zelosos das Profecias
Simeão era um justo e piedoso homem que habitava Jerusalém, como se lê em Lucas 2,25. Ele esperava a revelação do Messias ou Cristo. Vai ao Templo e o encontra com Maria e José.

Simeão também fez aquele anúncio a Maria: “…uma espada transpassará a tua alma!” (Lucas 2,35). Foi um anúncio de sofrimento para Maria, prevendo a Paixão e Morte de Jesus. É parte da profecia do Servo Sofredor, uma imagem muito forte de Jesus. Já a profetiza Ana, idosa senhora que servia no Templo, é sinal da dedicação sincera dos pequenos à causa de Deus. Simão e Ana são a marca do zelo pelas Profecias que devia animar os fiéis judeus. Mas que nem todos entendiam.

Maria e José: o sinal da Fé
Nesta situação toda encontram-se José, esposo de Maria, e ela, a Mãe do Salvador. Eles cumprem a Torah, observam tudo, assimilam as palavras e os sinais, para compreender o sentido da História. Mas ele será compreendido somente na Ressurreição, o que exige também a Paixão e a Morte. José e Maria estão no tempo da Fé. Precisam da luz que vem de seu Filho, o Salvador. Por isso usamos as velas para celebrar esta solenidade.

Uma Solenidade Cristológica
Até a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II a Apresentação do Senhor, celebrada com velas, acentuava a presença de Maria que oferecia seu Filho ao Senhor. Era a festa de Nossa Senhora das Candeias ou da Candelária. De fato, “candeia” é um modo dizer “vela”. Candelária seria o conjunto das velas. Mas isto é um pouco parcial. De fato, quem apresenta Jesus é Maria e José, os Santos Esposos. Depois, o ato principal não é apenas a apresentação em si, mas o que ela significa. Jesus Cristo, o Servo do Senhor, é a luz para iluminar as nações todas.

Maria, a Mãe, e José, o Pai, podem nos ajudar a compreender mais este Mistério.