quarta-feira, 18 de março de 2020

CNBB convida fiéis a rezarem o terço em momento de oração contra o avanço do novo coronavírus

Diante da pandemia do Covid-19, o novo coronavírus, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em comunhão com o Papa Francisco no compromisso de intensificar as orações neste período, une-se ao Brasil convocando a todos para um momento de oração a ser realizado nesta quarta-feira (18), às 15h30.

Na ocasião, a presidência da CNBB, juntamente com religiosos e leigos convidados, rezarão o Terço da Esperança e da Solidariedade, que será transmitido em todas as televisões de inspiração católica do país, emissoras de rádio, pela página da Conferência no Facebook e no Youtube.

A iniciativa, principalmente em momentos delicados e difíceis como este, busca elevar os corações ao Deus da Vida, no acolhimento de sua Palavra, fortalecendo a fé, a esperança e a união. Conscientes ainda, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, tema da Campanha da Fraternidade deste ano, a intenção de oração do terço é dedicada também, além das vítimas, aos profissionais que incansavelmente trabalham por uma solução.

No vídeo, que será transmitido em todas as emissoras de inspiração católica, cada membro da presidência da CNBB reza um mistério do terço.

Festa do Padroeiro 2020 é cancelada

Devido ao avanço da transmissão do novo coronavírus (Covid-19), seguido de orientações de órgãos sanitários das esferas federal, estadual e municipal, como também da Diocese de Campos, a Paróquia São Francisco de Paula comunica o cancelamento da programação da Festa do Padroeiro 2020. Serão mantidas somente celebrações litúrgicas, no dia dois de abril, dia de São Francisco de Paula.

O novenário começaria na próxima terça-feira (24), terminando no dia primeiro de abril. Neste ano, os festejos durariam 12 dias e a programação já estava definida com a prefeitura, que apoia a festa. Entretanto, a prudência e o contexto de saúde mundial prevaleceram.

No dia dois de abril, ocorrerão quatro Santas Missas Solenes, em horários distintos — 8h, 10h, 17h e 19h. As celebrações ocorrerão em um palco, na Praça São Francisco de Paula, para evitar aglomerações. A paróquia pede para que, na ocasião, os fieis mantenham entre si a distância mínima de dois metros, sugerida pelas autoridades sanitárias, e sigam as demais orientações do bispo diocesano, divulgadas em nossas redes sociais.

A paróquia agradece a todos os fiéis que já estavam empenhados em prol do novenário e festa. O bispo diocesano, Dom Roberto Francisco, sugere aos fiéis que durante o período em que seria realizado o novenário se coloquem, cada um de sua respectiva residência, em oração pela situação mundial.

Por fim, rogamos a intercessão de nosso padroeiro para que a normalidade se restabeleça o quanto antes. Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, cubra-nos com seu manto e proteja nossas famílias.

segunda-feira, 16 de março de 2020

Papa: Deus ajude as famílias a reencontrar verdadeiros afetos neste tempo difícil


Na Missa na Casa Santa Marta, Francisco continua rezando pelos doentes e dirige um novo pensamento às famílias nesta situação caracterizada pela doença do coronavírus. Na homilia ressalta a necessidade de acolher a simplicidade de Deus para não cair na soberba


O Papa Francisco celebra a missa via streaming da Casa Santa Marta também esta semana para manifestar a sua proximidade aos fiéis que não podem participar da Eucaristia devido à emergência coronavírus. Na manhã desta segunda-feira (16), introduzindo a celebração, continuou rezando pelos doentes e as famílias.

“Continuemos rezando pelos doentes. Penso nas famílias, fechadas em casa, as crianças que não vão à escola, os pais que talvez não possam sair; alguns estarão em quarentena. Que o Senhor os ajude a descobrir novos modos, novas expressões de amor, de convivência nesta nova situação. É uma ocasião bela para reencontrar os verdadeiros afetos com uma criatividade na família. Rezemos pela família, para que as relações na família neste momento floresçam sempre para o bem.”

Na homilia, Francisco comentou as leituras do dia, extraídas do segundo Livro dos Reis (2 Re 5, 1-15) e do Evangelho de Lucas (Lc 4, 24-30). A seguir, o texto da homilia transcrita pelo Vatican News:

Em ambos os textos que hoje a Liturgia nos leva a meditar, há uma atitude que chama a atenção, uma atitude humana, mas não de bom espírito: a indignação. Este povo de Nazaré começou a ouvir Jesus, gostava de como Ele falava, mas depois alguém disse: “Mas este aí estudou em qual universidade? Este é o filho de Maria e José, este é o carpinteiro! O que vem nos dizer?” E o povo se indignou. Entram nesta indignação. E essa indignação os leva à violência. E aquele Jesus que admiravam no início da pregação é lançado fora da cidade, para jogá-lo do alto do monte. Também Naamã, que era um homem bom, inclusive aberto à fé, mas quando o profeta lhe manda banhar-se no Jordão, se indigna. Mas como é possível? “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infectado e me curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo? E, voltando-se, retirou-se encolerizado”. Com indignação.

Também em Nazaré há pessoas boas; mas o que há por trás destas boas pessoas que as leva a essa atitude de indignação? E em Nazaré pior: a violência. Quer as pessoas da Sinagoga de Nazaré, quer Naamã pensavam que Deus se manifestasse somente no extraordinário, nas coisas fora do comum; que Deus não podia agir nas coisas comuns da vida, na simplicidade. Indignavam-se do simples. Eles se indignavam, desprezavam as coisas simples. E o nosso Deus nos faz entender que ele age sempre na simplicidade: na simplicidade, na casa de Nazaré, na simplicidade do trabalho de todos os dias, na simplicidade da oração... As coisas simples. Ao invés, o espírito mundano nos leva à vaidade, às aparências e ambas acabam na violência: Naamã era muito educado, mas bate a porta diante do profeta e vai embora. A violência, um gesto de violência. O povo da sinagoga começa a esquentar-se, a esquentar-se, e toma a decisão de assassinar Jesus, mas inconscientemente, e o expulsam para jogá-lo do monte abaixo. A indignação é uma tentação feia que leva à violência.

Dias atrás, me mostraram num celular, um vídeo da porta de um prédio em quarentena. Havia uma pessoa, um senhor jovem, que queria sair. E o guarda lhe disse que não podia. E ele reagiu com socos, com uma indignação, com um desprezo. “Mas quem é você, ‘negro’, para impedir que eu saia?” A indignação é a atitude dos soberbos, mas dos soberbos pobres, dos soberbos com uma pobreza de espírito feia, dos soberbos que vivem somente com a ilusão de ser mais do que aquilo que são. É uma estratificação espiritual, o povo que se indigna: aliás, muitas vezes essa gente precisa indignar-se, indignar-se para se sentir pessoa.

Isso pode acontecer também conosco: “o escândalo farisaico”, chamam-no os teólogos, escandalizar-me de coisas que são a simplicidade de Deus, a simplicidade dos pobres, a simplicidade dos cristãos como, para dizer: “Mas isso não é Deus. Não, não. O nosso deus é mais culto, é mais sábio, é mais importante. Deus não pode agir nesta simplicidade”. E sempre a indignação leva-o à violência; quer à violência física, quer à violência das fofocas, que mata como a violência física.

Pensemos nessas duas passagens: a indignação do povo na sinagoga de Nazaré e a indignação de Naamã, porque não entendiam a simplicidade do nosso Deus.

Coronavírus: CNBB pede observação irrestrita às orientações médico-sanitárias

Em decorrência do complexo quadro de pandemia da CONAVID-19 (coronavírus) no mundo e em território brasileiro, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu dia 14 de março a mensagem: “Tempos de Esperança e Solidariedade”. No documento, organizado em 7 parágrafos, a presidência da CNBB informa que as indicações práticas de cuidado estão sendo emitidas em cada diocese, considerado e respeitando a realidade. A mensagem recomenda atenção e consideração irrestrita às orientações dos especialistas de saúde e autoridades competentes.

A mensagem reconhece que algumas restrições mexem com o jeito dos católicos conviver e celebrar, contudo pede que as orientações sanitárias e de saúde sejam acolhidas como uma contribuição tendo em vista o bem de todos. O tempo, segundo o documento, é de intensificar a oração, elevando os corações ao Deus da vida, no acolhimento de sua Palavra e por uma vivência de renúncias neste tempo Quaresmal.

Em tempos de celebração da Campanha da Fraternidade 2020, cujo tema é “Fraternidade e vida: dom e compromisso” e o lema fala do cuidado, a presidência da CNBB pede disciplina e obediência às orientações e decisões para o “nosso bem”. Conheça a íntegra do documento abaixo.

Tempos de esperança e solidariedade
Tudo posso naquele me fortalece! (Fp 4,13)

1. Diante do complexo quadro gerado pela pandemia do coronavírus, a CNBB manifesta sua palavra de esperança e de solidariedade. As indicações práticas estão sendo emitidas em cada diocese, considerando e respeitando a realidade. Recomendamos atenção e consideração irrestrita dos especialistas de saúde e autoridades competentes. As indicações sobre o modo como celebrar a fé cabem aos bispos em cada diocese. Todas as normas visam à proteção das pessoas, buscando evitar a contaminação e preservar a vida.

2. Os cuidados com higienização pessoal e do ambiente, bem como o evitar aglomerações são regras que precisam ser seguidas por todos, com irrestrita atenção e cuidados, a partir da própria consciência, regida pelo bom senso e pela fraternidade.

3. Por isso, é importante que essas orientações sejam acolhidas como uma contribuição em vista do bem de todos. Elas requerem ser acompanhadas de muita oração elevando nossos corações ao Deus da Vida, no acolhimento de sua Palavra e por uma vivência de renúncias neste tempo quaresmal. Em momentos difíceis e delicados como este, mais fortes devem ser nossa fé, esperança e união.

4. Algumas restrições mexem com o nosso jeito de conviver e celebrar, pois somos um povo que traz em si o desejo de sempre estar juntos, tanto nos momentos alegres quanto tristes. Conscientes de que as restrições ao convívio não durarão para sempre, aprendamos, a valorizar a fraternidade. Aproveitemos para pensar nos inúmeros outros modos em que a vida de pessoas, povos e do planeta vem sendo agredida. Tornemo-nos ainda mais desejosos de, passada a pandemia, podermos estar juntos, celebrando a vida, a saúde, a concórdia e a paz.

5. Não temamos manifestar a solidariedade e a esperança. Superemos a indiferença. Façamos isso, porém, de modo prudente e em consonância com as orientações sanitárias. São muitos os recursos tecnológicos ao nosso dispor atualmente. Eles podem ajudar a suprir a distância física nesse período de cautela.

6. Tenhamos igual firmeza para discernir informações, desconsiderando notícias falsas, que se alastram com facilidade. Seu desejo é o de nos enfraquecer e abater. Não hesitemos, portanto, em buscar sempre a verdade das informações. Evitemos que o medo nos torne mais vulneráveis. Deus nunca nos abandona e, nos momentos mais difíceis, nós o podemos sentir ainda mais próximo em seu amor e sua paz.

7. Por fim, fazendo cada um a sua parte nessa grande empreitada, que é de todos, não deixemos de rezar pelo mundo inteiro, em especial pelas vítimas e pelos profissionais que incansavelmente trabalham por uma solução. Sejamos disciplinados, obedeçamos às orientações e decisões para nosso bem, e não nos falte o discernimento sábio para cancelamentos e orientações que preservem a vida como compromisso com nosso dom mais precioso.

Brasília-DF, 14 de março de 2020

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte-MG
Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima-RR
2º Vice-Presidente

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre-RS
1º Vice-Presidente

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar do Rio de Janeiro- RJ
Secretário-Geral da CNBB

segunda-feira, 9 de março de 2020

Ser testemunha de Cristo é um dom, não podemos nos furtar, diz Papa

Papa rezou o Angelus da Biblioteca do Palácio Apostólico; oração foi transmitida ao vivo


Um Angelus “um pouco estranho” em tempo de coronavírus: o Papa fez sua tradicional alocução dominical não da janela do Palácio Apostólico, mas na Biblioteca, “enjaulado”, como disse Francisco logo no início da transmissão.

Os telões na Praça São Pedro mostraram ao vivo este momento, com a presença de algumas centenas de fiéis. A medida foi tomada, como explicou o Pontífice, o para evitar aglomerações que, neste período, podem favorecer a transmissão do vírus. 

Dimensão ultraterrena de Jesus
Sem os aplausos e a interação dos fiéis, o Pontífice comentou o Evangelho deste segundo Domingo da Quaresma (cfr Mt 17,1-9), que apresenta a narração da Transfiguração de Jesus.

Cristo toma consigo Pedro, Tiago e João e os leva para uma alta montanha, símbolo da proximidade com Deus, para abri-los a uma compreensão mais plena do mistério da sua pessoa. Jesus diz a eles dos sofrimentos, da morte e da ressurreição que o aguardavam, mas os discípulos não conseguiam aceitar aquela perspectiva. Por isso, já no topo da montanha, Jesus se imergiu em oração e se transfigurou diante dos três: “o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (v. 2). 

Através do evento maravilhoso da Transfiguração, explicou o Papa, os três discípulos são chamados a reconhecer em Jesus o Filho de Deus. “Assim, eles avançam no conhecimento do seu Mestre, dando-se conta que o aspecto humano não expressa toda a sua realidade; aos olhos deles, é revelada a dimensão ultraterrena e divina de Jesus.” 

E os discípulos são convidados a ouvi-lo e segui-lo. 

Os desígnios de amor
Francisco destacou que, em meio ao grupo dos Doze, Jesus escolhe Pedro, Tiago e João. Reserva a eles o privilégio de assistir à transfiguração, “não porque eram os mais santos”. E mesmo assim, na hora da provação, Pedro o renegará; e os dois irmãos Tiago e João pedirão para ter os primeiros lugares no seu reino.

O Papa recordou que Jesus não escolhe segundo os nossos critérios, mas segundo o seu desenho de amor. “Trata-se de uma escolha gratuita, incondicionada, uma iniciativa livre, uma amizade divina que não pede nada em troca.” 

E assim como chamou aqueles três discípulos, também hoje chama algumas pessoas para que estejam próximas a Ele, para poder testemunhar. 

“Ser testemunhas é um dom que não merecemos: nos sentimos inadequados, mas não podemos nos furtar com a desculpa da nossa incapacidade.” 

Testemunhar é um dom do Espírito
Não estivemos no monte Tabor, prosseguiu Francisco, não vimos com os nossos olhos o rosto de Jesus brilhar como o sol. Todavia, também a nós foi entregue a Palavra da salvação, foi doada a fé. Também a nós Jesus diz: “Levantai-vos e não tenhais medo”.

“Neste mundo, marcado pelo egoísmo e pela avidez, a luz de Deus está ofuscada pelas preocupações do cotidiano. Dizemos com frequência: não tenho tempo para rezar, não sou capaz de realizar um serviço na paróquia, de responder aos pedidos dos outros… Mas não devemos nos esquecer que o Batismo que recebemos faz de nós testemunhas, não pela nossa capacidade, mas pelo dom do Espírito.” 

O Papa concluiu pedindo a intercessão da Virgem Maria para que, no tempo propício da Quaresma, nos dê a docilidade ao Espírito, que é “indispensável para nos encaminhar de maneira resoluta no caminho da conversão”. 

VaticanNews / Canção Nova