quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Como ser um católico bem formado?

Não há dúvida de que a maior necessidade do povo católico é a formação na doutrina


O autor da Carta aos Hebreus escreveu: “”Ora, quem se alimenta de leite não é capaz de compreender uma doutrina profunda, porque é ainda criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que a experiência já exercitou na distinção do bem e do mal”” (Hb 5,13-14). Sem esse “alimento sólido”, que a Igreja chama de “fidei depositum” (o depósito da fé), ninguém poderá ser verdadeiramente católico e autêntico seguidor de Jesus Cristo.

Não há dúvida de que a maior necessidade do povo católico hoje é a formação na doutrina. Por não a conhecer bem, esse mesmo povo, muitas vezes, vive sua espiritualidade, mas acaba procedendo como não católico, aceitando e vivendo, por vezes, de maneira diferente do que a Igreja ensina, especialmente na moral. E o pior de tudo é que se deixa enganar pelas seitas, igrejinhas e superstições.

Em sua viagem à África, que começou em 17 de maio de 2009, o Papa Bento XVI deixou claro que a formação é o antídoto para as seitas e para o relativismo religioso e moral. Em Yaoundé, em Camarões, o Sumo Pontífice disse que “a expansão das seitas e a difusão do relativismo –– ideologia segundo a qual não há verdades absolutas – tem um mesmo antídoto, segundo Bento XVI: a formação”. Afirmando que: «O desenvolvimento das seitas e movimentos esotéricos, assim como a crescente influência de uma religiosidade supersticiosa e do relativismo, são um convite importante a dar um renovado impulso à formação de jovens e adultos, especialmente no âmbito universitário e intelectual». O Santo Padre pediu «encarecidamente» aos bispos que perseverem em seus esforços por oferecer aos leigos «uma sólida formação cristã, que lhes permita desenvolver plenamente seu papel de animação cristã da ordem temporal (política, cultural, econômica, social), que é compromisso característico da vocação secular do laicado».

Desde o começo da Igreja, os apóstolos se esmeraram na formação do povo. São Paulo, ao escrever a São Tito e a São Timóteo, os primeiros bispos que sagrou e colocou em Creta e Éfeso, respectivamente, recomendou todo cuidado com a “sã doutrina”. A Tito, o Apóstolo dos Gentios recomenda: “Seja “firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina e rebater os que a contradizem”” (Tt 1,9). ““O teu ensinamento, porém, seja conforme à sã doutrina”” (Tt 2,1).

A Timóteo ele recomenda: “”Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti para a Macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes, e a preocupar-se com fábulas e genealogias”” (1Tm 1,3-4). E “”recomenda esta doutrina aos irmãos, e serás bom ministro de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da sã doutrina, que até agora seguiste com exatidão”” (1Tm 4,6). São Paulo ensina que “Deus “quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”” (1Tm 2,4).

Sem a verdade não há salvação. E essa verdade foi confiada à Igreja: ““Todavia, se eu tardar, quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade”” (1Tm 3,15). Jesus garantiu aos apóstolos na Última Ceia que “o Espírito Santo “ensinar-vos-á toda a verdade”” (cf. Jo 16,13) e “”relembrar-vos-á tudo o que lhe ensinei”” (cf. Jo 14,25). Portanto, se o povo não conhecer esta “verdade que salva”, ensinada pela Igreja, não poderá vivê-la. Mas importa que essa mesma verdade não seja falsificada, que seja ensinada como recomenda o Magistério da Igreja, que recebeu de Cristo a infalibilidade para ensinar as verdades da fé (cf. Catecismo da Igreja Católica § 981).

Já no primeiro século do Cristianismo, os apóstolos tiveram que combater as heresias, de modo especial o gnosticismo dualista; e isso foi feito com muita formação. São Paulo lembra a Timóteo: “”O Espírito diz expressamente que, nos tempos vindouros, alguns hão de apostatar da fé, dando ouvidos a espíritos embusteiros e a doutrinas diabólicas, de hipócritas e impostores […]”” (1Tm 4,1-2).

A Igreja, em todos os tempos, preocupou-se com a formação do povo. Os grandes bispos e padres da Igreja como São Agostinho, Santo Ambrósio, Santo Atanásio, São Irineu e tantos outros gigantes dos primeiros séculos, eram os catequistas do povo de Deus. Suas cartas, sermões e homilias deixam claro o quanto trabalharam na formação dos fiéis.

A importância do Catecismo da Igreja Católica na formação
Hoje, o melhor roteiro que Deus nos oferece para uma boa formação é o Catecismo da Igreja Católica, aprovado em 1992 pelo saudoso Papa João Paulo II. Em sua apresentação, na Constituição Apostólica “Fidei Depositum”, ele declarou:

O Catecismo da Igreja Católica […] é uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja. Vejo-o como um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé”. E pede: “Peço, portanto, aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este Catecismo em espírito de comunhão e que o usem assiduamente ao cumprirem a sua missão de anunciar a fé e de apelar para a vida evangélica. Esse Catecismo lhes é dado a fim de que sirva como texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica. O “Catecismo da Igreja Católica”, por fim, é oferecido a todo o homem que nos pergunte “a razão da nossa esperança” (cf. 1Pd 3,15) e queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê”.

Essas palavras do Papa João Paulo II mostram a importância do Catecismo para a formação do povo católico. Sem isso, esse povo continuará sendo vítima das seitas, enganado por falsos pastores e por falsas doutrinas.

Mais do que nunca, a Igreja confia nos leigos, abre-lhes cada vez mais a porta para evangelizar; então, precisamos fazer isso com seriedade e responsabilidade. Ninguém pode ensinar aquilo que quer, o que “acha certo”; não somos obrigados a ensinar o que ensina a Igreja, pois só ela recebeu de Deus o carisma da infalibilidade. Ninguém é catequista e missionário por própria conta, mas é um enviado da Igreja. Sem a fidelidade a ela, tudo pode ser perdido. Portanto, é preciso estar preparado, estudar, conhecer a Igreja, a doutrina, a sua história, o Catecismo, os documentos importantes, a liturgia entre outros. Quanto mais conhecemos a Igreja e todo o tesouro que ela traz em seu coração, tanto mais a amamos.

Felipe Aquino - Canção Nova 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Catequese: As Nossas Senhoras são a mesma Virgem Maria?

A Virgem Maria é invocada conforme a fé e a devoção do povo

A devoção a Nossa Senhora se manifesta, na Igreja Católica, sob os mais diversos títulos. É praticamente incontável o número de títulos atribuídos a Santíssima Virgem Maria. Em cada país, ela é invocada das mais diversas formas, com nomes diferentes, conforme a fé e a devoção do povo. Em muitos países, houve aparições de Nossa Senhora e, a partir destas, surgiram muitos outros títulos marianos. Para completar a lista, há também os títulos que derivam de um dos dogmas relativos a Virgem Maria.

Os títulos de Maria com origem na devoção popular

A grande maioria dos títulos atribuídos a Virgem Maria tem sua origem na devoção popular. Na maioria das vezes, a devoção surge a partir de uma imagem de Nossa Senhora. A veneração de ícones de Maria remonta a era apostólica. Alguns ícones da Virgem são até mesmo atribuídos a São Lucas, considerado o pintor de Nossa Senhora. Dentre eles, alguns são muito conhecidos, como “Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”, a “Theotokos de Vladimir” e “Nossa Senhora de Czenstochowa”. Casa um desses ícones ressalta uma particularidade da Santíssima Virgem, que nos ajuda a conhecer melhor a sua presença materna na Igreja e em nossas vidas.

Para exemplificar como nasce a devoção popular, trazemos um caso mais recente: a devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Essa devoção surgiu, em 1700, na cidade de Ausburgo, na Alemanha. Um artista desconhecido pintou uma imagem da Virgem Maria, inspirado na célebre frase de Santo Irineu de Lião: “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé”1. Esse quadro foi então exposto para veneração na pequena igreja de Saint Peter am Perlach, em Ausburgo, e onde permanece até. Nessa igreja começou a devoção a Nossa Senhora Desatadora dos Nós, que se espalhou pelo mundo todo, por causa de devoção popular.

Os títulos das aparições e manifestações de Nossa Senhora

Há muitos títulos que nasceram de aparições ou manifestações da Santíssima Virgem. Alguns desses nomes são muito conhecidos, outros menos, mas, de qualquer forma, expressam a fé e a devoção dos fiéis a Nossa Senhora, que se manifestou a eles de modo particular. Como exemplo, é significativo recordar dois títulos muito caros à devoção popular: Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora Aparecida.

Em 1917, aconteceram as aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal, aos três pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. Estamos no ano jubilar, em comemoração dos 100 anos. Nelas, a Virgem Maria apresentou-se com o nome de Senhora do Rosário, de Senhora do Carmo e de Imaculado Coração. A partir das aparições, espalhou-se pelo mundo inteiro a devoção a Nossa Senhora do Rosário de Fátima, e fortaleceram-se as devoções a Nossa Senhora do Carmo e ao Imaculado Coração de Maria.

Em 1717, três pescadores encontraram uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição nas suas redes; primeiro o corpo, depois a cabeça. Como todos sabem, depois seguiu-se a pesca milagrosa, de belos e grandes peixes, depois de horas a fio sem pegar nada. Aqueles simples pescadores perceberam que, naquele fato, havia uma ação sobrenatural. A partir de então, passaram a venerar a pequena imagem. A devoção daqueles pescadores se espalhou rapidamente e cada vez mais pessoas passavam a visitar aquela pequena imagem, chamada carinhosamente de Nossa Senhora Aparecida.


Os títulos dogmáticos da Virgem Maria
Os títulos de Nossa Senhora, que tem sua origem nos dogmas marianos, são os menos numerosos. São apenas quatro. No entanto, não são menos importantes. Ao contrário, são particularmente importantes para a nossa fé. Esses dogmas foram proclamados justamente para firmar as bases da nossa fé.

O primeiro dos dogmas marianos é o da maternidade divina, proclamado solenemente pelo Terceiro Concílio Ecumênico, realizado em Éfeso, em 431, no qual a Virgem Maria é proclamada de Mãe de Deus. Num momento no qual muitos hereges negavam a divindade de Jesus, era necessário que a Igreja confirmasse a doutrina de que a Virgem Maria é verdadeiramente Mãe do Verbo de Deus encarnado, da segunda pessoa da Santíssima Trindade, e não apenas da humanidade de Jesus Cristo.

O segundo dogma é o da Virgindade Perpétua de Maria, que afirma a sua virgindade antes, durante e depois do parto. Essa doutrina, que já era dogma de fé, foi reafirmada solenemente no Concílio de Trento, no ano de 1555. No entanto, esses ensinamentos já faziam parte da doutrina dos Padres da Igreja, como São Justino, o Mártir e Orígenes.

O terceiro é o dogma da Imaculada Conceição de Maria, que define como fé da Igreja Católica a concepção de Nossa Senhora sem a mancha do pecado original. O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo Beato Papa Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, no dia 8 de Dezembro de 1854.

Finalmente, o quarto é o dogma da Assunção de Maria. Esse dogma significa que devemos crer com fé católica que a Virgem Maria, ao fim de sua vida terrena, foi elevada de corpo e alma à glória dos Céus. Essa doutrina foi definida dogmaticamente pelo Papa Pio XII, através da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, no dia 1º de novembro de 1950.

A importância de invocar a Santíssima Virgem Maria
Assim, vimos que os vários títulos marianos têm origens diferentes. Podem ter sua origem na devoção popular, nas aparições e manifestações de Nossa Senhora e nos dogmas marianos. Mas todos esses títulos têm algo em comum. Todos esses nomes dizem respeito a uma pessoa, que é a Santíssima Virgem Maria, a Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo. Desde os primórdios da Igreja Católica, a devoção a Virgem Maria, sob seus diversos títulos, ajuda-nos a perseverar na fé e combater as heresias.

Mais do que em outros tempos, precisamos invocar a Santíssima Virgem, sob seus mais diversos títulos, para que a nossa fé não desfaleça. Sobre a importância da devoção a Nossa Senhora, o então Cardeal Joseph Ratzinger já dizia: “Hoje, neste confuso período, em que todo tipo de desvio herético parece se amontoar às portas da fé católica, compreendo que não se trata de exageros de almas devotas, mas de uma verdade hoje mais forte do que nunca”2.


Nossa Senhora, vencedora de todas as heresias, rogai por nós!

Natalino Ueda - Canção Nova

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Papa Francisco fala de conversão como preparação espiritual para o Natal

No segundo domingo do Advento (04) o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho de São Mateus que conta a passagem do pedido de São João Batista pela conversão do povo.

O Santo Padre afirmou que o Reino dos Céus não é apenas algo que diz respeito à vida eterna, que devemos apenas esperar no futuro, mas é algo que se aproximou e, de certo modo, “está já presente”. Esta é a “bela notícia que Jesus nos trás”.

Contudo, para fazermos parte deste reino existe uma condição a ser cumprida: mudar a nossa vida, ou seja, “convertermo-nos” – disse Francisco:

“A condição para fazer parte deste reino é cumprir uma mudança na nossa vida, isto é convertermo-nos. Trata-se de deixar as estradas cômodas mas enganadoras dos ídolos deste mundo: o sucesso a todo o custo, o poder em detrimento dos mais débeis, a sede de riquezas, o prazer a qualquer preço. E de abrir, ao invés, o caminho ao Senhor que vem: Ele não tira a nossa liberdade, mas dá-nos a verdadeira felicidade. Com o nascimento de Jesus em Belém, é o próprio Deus que habita no meio de nós para nos libertar do egoísmo, do pecado e da corrupção.”

O Natal é, segundo o Papa, um dia de grande alegria também exterior, mas é, sobretudo, um acontecimento religioso para o qual é necessária uma preparação espiritual. Neste tempo de Advento, deixemo-nos guiar pela exortação de João Batista: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” – disse o Papa que convidou os fiéis a examinarem a sua consciência e a celebrarem o “Sacramento da Penitência”.

O Santo Padre fez ainda uma referência à Solenidade da Imaculada Conceição da próxima quinta-feira, dia 8:

“Vemo-nos na quinta-feira para a Festa de Maria Imaculada. Nestes dias rezemos unidos pedindo a sua materna intercessão para a conversão dos corações e o dom da paz.”

A12.com 

Catequese: Conheça a história e o significado do presépio

Saiba qual a origem do presépio e o significado de cada personagem na cena que retrata o nascimento de Jesus

Montar um presépio em casa já é tradição entre as famílias católicas. É um gesto que ajuda a preparar a celebração do nascimento de Jesus, lembrado em cada Natal.

O presépio deve ser montado no primeiro domingo do Advento e desmontado no dia seis de janeiro, data em que a Igreja celebra a Solenidade da Epifania do Senhor.

O termo vem do latim Praesaepe, que significa estrebaria ou curral. A presença do Menino Jesus no estábulo demonstra a grandeza de Deus representada na fragilidade de uma criança.

Origem
Foi criado por São Francisco de Assis em 1223. Ele montou o primeiro presépio em uma gruta, na Itália. Na época, a Igreja não permitia a realização de representações litúrgicas nas paróquias, mas São Francisco pediu a dispensa da proibição, para relembrar ao povo a natividade de Jesus Cristo.

O objetivo de São Francisco era facilitar a compreensão do nascimento de Jesus.

No Brasil, a cena do presépio foi apresentada pela primeira vez aos índios e colonos portugueses em 1552, por iniciativa do padre José de Anchieta.

Cada figura do presépio tem sua importância:

Os animais
Representam a natureza a serviço do homem e de Deus. No nascimento de Jesus forneceram calor ao local e simbolizam a simplicidade do local onde Jesus quis nascer.

Pastores
Depois de Maria e José, os pastores foram os primeiros a saberem do nascimento do Salvador. Os pastores também simbolizam a humildade, pois naquele tempo a profissão de pastor era uma das menos reconhecidas.

O anjo
Representa o céu que celebra o nascimento de Jesus. É o mensageiro de Deus, comunicador da Boa Notícia. O anjo do presépio, normalmente, segura uma faixa com a frase: “Gloria in excelsis Deo”, que significa: Glória a Deus nas alturas.

Estrela
Simboliza a luz de Deus que guia ao encontro do Salvador e orientou os Reis Magos onde estava Jesus. É a indicação do caminho que se deve percorrer para encontrar o Menino Jesus.

Reis Magos
Belchior, Gaspar e Baltazar eram homens da ciência. Conheciam astronomia, medicina e matemática. Eles representam a ciência que vai até o Salvador e o reconhece como Deus. Segundo São João Paulo II, “a verdadeira ciência nos leva à fé”, pois nos revela a grandeza da criação.

Ouro, incenso e mirra
São os presentes que os magos oferecem ao Menino Jesus. O ouro significa a realeza; era um presente dados aos reis. O incenso significa a divindade, um presente dado aos sacerdotes. Sua fumaça simboliza as orações que sobem ao céu. Dando este presente a Jesus, os magos reconhecem que o Menino é divino. E a mirra simboliza o sofrimento e a eternidade. É um presente profético: anuncia que Jesus vai sofrer, mas também que seu reinado será eterno.

São José
É o pai adotivo de Jesus, o homem que o assumiu como filho, que lhe deu um nome, um lar, que ensinou a Jesus uma profissão: a de carpinteiro. São José deu ao Menino Jesus a experiência de ser filho de um pai terreno.

Maria
É a Mãe do Menino Jesus, a escolhida para ser a mãe do Salvador. É aquela que disse ‘sim’ à vontade de Deus, e por ela a humanidade recebeu Jesus.

Menino Jesus
É o Filho de Deus que Se fez homem, para dar sua vida pela humanidade. “Sendo ele de condição divina, não Se prevaleceu de Sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-Se aos homens” (Filipenses 2, 6-7).

Canção Nova

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Por que cometemos sempre os mesmos pecados?

Saiba por que temos a tendência de cometer sempre os mesmos pecados

O encontro pessoal com Cristo ressuscitado provoca uma transformação em nosso interior. O amor de Deus é responsável pelo nascimento de homens e mulheres novos, gerados na água e no Espírito (cf. Jo 3,3-5). Nossas aspirações passam a ser de enveredar pelo caminho da santidade, procurar o arrependimento dos pecados, para não ofender o Senhor, que revelou o quanto nos ama.

A esperança renasce, uma força contagia e, principalmente, um novo conceito de si, a partir da dignidade de filho de Deus, abrange nossos corações. Porém, decorrido algum tempo, pode acontecer de voltarmos a cometer alguns pecados. Mesmo com luta e vigilância, acabamos por cair, vez ou outra, nos mesmos erros. São os chamados “pecados de estimação”.

O que acontece conosco?
Temos a consciência e a inspiração de não pecar, então, por que nos percebemos fracos diante de certos impulsos? A primeira coisa a entender é que o Senhor criou o homem todo no bem, para o bem e pelo bem. “E viu (Deus) que tudo era muito bom” (Gn 1,31). São Tomás de Aquino diz que “o homem, ao seguir qualquer desejo natural, tende à semelhança divina, pois todo bem naturalmente desejado é uma certa semelhança com a bondade divina”. Ainda citando São Tomás de Aquino, ele diz: “O pecado é desviar-se da reta apropriação de um bem”.

O que leva o ser humano a pecar sempre será o desejo de alcançar o bem que nele foi constituído. Pecamos quando usamos esses bens – dons e talentos depositados em nós por Deus de forma incorreta. Esse anseio pelo bem nunca será extirpado, e ainda que a forma de buscar alcançá-lo seja errada “o pecado tende a reproduzir-se e a reforçar-se, mas não consegue destruir o senso moral até a raiz” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1865). O dom nunca morrerá, mesmo que o estejamos usando para o pecado. “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (Rm 11,29).

Se todas as nossas faculdades humanas foram criadas para o bem, mas, por nossa livre iniciativa ou porque aprendemos as coisas de forma pecaminosa, nós ainda não conseguimos nos livrar de uma prática ruim, significa que estamos lidando com um traço da nossa personalidade– criada para o bem; –porém, durante a história pessoal, foi habituado na forma de pecado e não de virtude.

Aí entra satanás, o autor do pecado com suas artimanhas. A tentação será maior em uma área do que em outra, pois o demônio conhece nossas fraquezas, ou melhor, conhece nossos traços e quer acabar com o que temos de melhor. Jesus, no deserto, foi tentado justamente em Sua mais sagrada particularidade, naquilo que só Ele é: “Se és Filho de Deus!” (Mt 4,3-6). De Jó, o demônio pediu contas de seu maior mérito: a fé (cf. Jó 1,21; 2,9-10).

Também nossa maior luta será nas maiores características do nosso ser, no que diz respeito ao núcleo íntimo de cada um. É por isso que voltamos à prática do pecado, pois foi afetado um traço da sacra individualidade do ser, está selado em nós e não há como lançar fora o que somos. Exemplo disso: uma grande habilidade de comunicar-se, em vez de ser usufruída para levar a Boa Nova pode estar sendo desenvolvida para a maledicência.

Se uma fraqueza persiste, há ali um forte traço da nossa humanidade. É um valioso dom, mas não o percebemos como riqueza, pois estamos lutando para sufocá-lo, já que está manifesto na forma de pecado. O homem que enterrou seu único talento, no fim perdeu-o, exatamente por não ter investido corretamente (cf. Mt 25, 14-30). O livro “Pecados e Virtudes Capitais”, do professor Felipe Aquino, salienta que os erros e os bens capitais têm todos uma mesma raiz, apenas que um é inverso do outro.

O que se deve fazer agora é direcionar essas forças para o bem, descobrindo em que ponto nos apropriamos, aprendemos ou canalizamos essa característica individual de forma errada e potencializá-la de maneira que venha à tona toda riqueza que o Altíssimo deu a cada um de nós.

Também é essencial não lutarmos sozinhos! Tanto para detectar em que ponto da nossa vida o dom foi se inclinando para o pecado como para bem canalizá-lo será importante a ajuda de uma outra pessoa. Busque auxílio: biológico (se for patologia ou vício), psicológico e espiritual (alguém ministeriado).

Nessa descoberta, que é permeada pela luta, acima de tudo devemos ter paciência conosco. Sendo humanos, somos limitados e sempre conviveremos com nossas misérias, porém, não podemos nos render a elas. A busca da santidade não é atingir a perfeição, mas lutar contra nossas fraquezas. Nisso o ser humano avança, torna-se humanamente melhor e mais próximo de Deus.

São Francisco de Sales ensinava: “Considerai os vossos defeitos com mais dó do que indignação, com mais humildade do que severidade, e conservai o coração cheio de um amor brando, sossegado e terno”.

Caiu? Levante-se! Não se conforme com o pecado nem desanime. Você vai vencer! O Catecismo da Igreja Católica afirma, no número 943: “os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si mesmos e no mundo”. Além de o Senhor dotar-nos com essa força interior, que é mais potente que nossas faltas, ainda podemos recorrer à Sua graça. “Mas Ele [Jesus] me disse: Basta-te a minha graça”.

Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, necessidades, perseguições e no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. “Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte” (II Cor 12,9a-10).

A graça de Deus também se manifesta em nossa pobreza. Quando nos percebemos impotentes diante de um fato, só podemos recorrer à Misericórdia Divina, que, neste mundo, manifesta-se por excelência no sacramento da confissão. Confessar-se será sempre a melhor via de libertação.

Deus o abençoe!

Sandro Arquejada - Canção Nova

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Porta estreita: esforce-se para ajustar sua vida

A porta estreita nos revela o quão importante é ter uma vida de intimidade com Cristo

Ao refletirmos o Evangelho de Lucas 13,23 temos, sem dúvida, a oportunidade de crescer fortalecendo as nossas decisões, como também, a virtude da vigilância. Em Lucas 13,23, nós encontramos alguém que faz uma pergunta a Jesus: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Diante da pergunta, Cristo a responde com uma forte afirmação no versículo seguinte: “Fazei todo o esforço possível para entrar pela porta estreita. Por que eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”.


A exigência do Evangelho deve, portanto, questionar-nos se a vida que levamos, verdadeiramente, forma-nos e prepara para as diversas “portas estreitas da vida”, inclusive, para a porta estreita, por excelência, que é o julgamento final. É muito significativo e profundo o fato de Jesus afirmar que muitos tentarão e não conseguirão entrar.

O que isso pode significar para nós? Será que esses levavam uma vida de completa ilusão acerca do seu preparo? Ou seja, viviam uma ilusão de seguimento de Jesus, de estar preparados, contudo, sem as condições necessárias para responder à exigência da porta estreita. Estar com Nosso Senhor Jesus Cristo, mas não ser inteiramente d’Ele constitui a ilusão que mais frustra o homem.


Porta estreita revela a intimidade com Cristo

A porta estreita nos revela o quão importante é ter uma vida de intimidade com Cristo, que compromete o ser, ou seja, a vida na sua totalidade. Em I João 2,4, colhemos o critério que nos prova: aquele que diz ‘eu conheço’, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele”. Tal dimensão nos encaminha para um exame de consciência intenso, por meio do qual percebemos que –sem a prática dos ensinamentos de Jesus – no concreto da vida, nosso preparo revela-se ilusório e fantasioso. Se a consciência, o conhecimento e a fé não se revelam capazes de governar a vida, a existência torna-se mentira e falsidade.

De fato, tudo aquilo que não é construído na verdade sempre cairá por terra um dia, o tempo é o seu maior adversário, pois, este [tempo] sempre vence aquilo que não possui raiz profunda e substancial.

Agora, quem pode nos preparar para a exigência da porta estreita? Constatamos que somente Alguém pode nos formar para tal realidade: Deus, que nos criou! Por esse motivo, a Carta aos Hebreus afirma que não podemos desprezar a educação do Senhor, que nos repreende e corrige em vista da salvação. Contudo, sem o “fazei todo o esforço possível”, acaba-se por não viver o comprometimento e o dinamismo do ser melhor, da mudança, que nos faz vir para fora, inserindo-nos nessa realidade de purificação e preparação.

Nesse Evangelho, Jesus coloca ainda um outro questionamento no versículo 25a e 26: “”Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’. Ele responderá: ‘Não sei de onde sois'”.

É, sem dúvida, muito triste seguir um caminho e ver as esperanças frustradas, mas isso é justamente o resultado de uma vida feita de “meias medidas”, de “jeitinhos” aqui e lá, enfim, de meras aparências. Precisamos ser responsáveis, reconhecendo que Deus nos conhece inteiramente e que o improviso e a imprudência não são salvíficos. Portanto, não nos enganemos, sigamos um caminho permitindo que o “Dono da Porta” nos ajuste na medida da “porta estreita”, pois, a medida correta está em Deus, não em nós mesmos.

Infelizmente, vivemos em um mundo onde a busca de muitos é pela “porta larga”, ou seja, pelo mais fácil e rápido. Que tipo de pessoas podem surgir de uma formação que busca a facilidade e a falsa proteção? Pessoas desanimadas e excessivamente sensíveis, que tendem à perda de sentido da vida, pelo simples fato de não conseguirem enfrentar as exigências naturais da vida e da fé. Por isso, decida-se por um caminhar no qual a referência seja a Palavra de Deus, que além de nos revelar Jesus, também nos desvela a verdade de nós mesmos.

O que precisamos fazer e deixar Deus fazer em nós? Que o Senhor nos abençoe, prepare-nos e ajuste-nos na medida da “porta estreita”. O tempo da graça, o Kairos de Deus para ser estreitado é hoje!

Padre Eliano Luiz Gonçalves, SJS - Canção Nova

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Papa: proteger a esperança, não à religião do espetáculo

Na Missa desta quinta-feira, Santo Padre destacou que o Reino de Deus cresce com a esperança de cada dia


É preciso vencer a tentação de uma religião do espetáculo, que procura sempre revelações novas, como fogos de artifício, disse o Papa Francisco na Missa desta quinta-feira, 10, na Casa Santa Marta. O reino de Deus, destacou, cresce quando protegida a esperança na vida de cada dia. 

No Evangelho, Jesus responde aos fariseus que lhe perguntam com curiosidade: “Quando virá o reino de Deus?”. “Já veio – diz o Senhor – está no meio de vós!” é como uma pequena semente que é semeada e cresce sozinha, com o tempo. É Deus que a faz crescer mas sem chamar a atenção.

“O Reino de Deus não é uma religião do espetáculo, que sempre procura coisas novas, revelações, mensagens… Deus falou em Jesus Cristo: esta é a última Palavra de Deus. As outras são como fogos de artifício que te iluminam por um instante e depois, o que fica? Nada. Não há crescimento, não há luz, não há nada: um instante”.

Francisco considerou ainda que, muitas vezes, as pessoas são tentadas por esta religião do espetáculo, tentados em procurar coisas estranhas à revelação, à mansidão do Reino de Deus, mas isto não é esperança: é a vontade de possuir algo em mãos. “A nossa salvação se dá na esperança, a esperança que tem o homem que semeia o grão ou a mulher que prepara o pão, misturando fermento e farinha: a esperança que ela cresça. Ao contrário, esta luminosidade artificial se concentra em um momento e depois acaba, como os fogos de artifício. Não são suficientes para iluminar uma casa; é um espetáculo”.

Proteger o Reino
Enquanto se espera que chegue a plenitude do reino de Deus, é preciso cuidar com paciência, advertiu o Santo Padre, do trabalho, dos sofrimentos, cuidar como o homem que plantou a semente e protege a planta para que não seja afetada por uma erva daninha.

“Cuidar da esperança. E aqui está a pergunta que eu faço a vocês hoje: se o Reino de Deus está no meio de nós, se todos nós temos esta semente dentro, temos o Espírito Santo ali, como eu cuido dele? Como discirno, como posso discernir a planta boa do grão da intriga? O Reino de Deus cresce e nós o que devemos fazer? Cuidar. Crescer na esperança, cuidar da esperança. Porque na esperança fomos salvos. E este é o elo: a esperança é o elo da história da salvação. A esperança de encontrar o Senhor definitivamente”.

O Reino de Deus se fortalece justamente na esperança, disse o Papa, por isso ele convidou os fiéis a se perguntarem como anda a esperança dentro de si. “Interroguemo-nos sobre a nossa esperança nesta semente que está crescendo em nós, e sobre como protegemos a nossa esperança. O Reino de Deus está no meio de nós, mas nós devemos com o repouso, com o trabalho, com o discernimento proteger a esperança deste Reino de Deus que cresce, até o momento em que virá o Senhor e tudo será transformado. Num instante: tudo! O mundo, nós, tudo. E como diz Paulo aos cristãos de Tessalônica, naquele momento permaneceremos todos com Ele”.


Canção Nova - Rádio Vaticano

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Papa: sede de poder e deslealdade são incompatíveis com o serviço

Santo Padre reiterou na Missa que não se pode servir Deus e o mundo

Para servir bem o Senhor, não se pode ser desleal nem buscar o poder. Essa é a síntese da homilia do Papa Francisco na Missa celebrada nesta terça-feira, 8, na Casa Santa Marta. O Pontífice reiterou que não se pode servir Deus e o mundo.

“Somos servos inúteis”, disse o Papa, reiterando que “todo verdadeiro discípulo do Senhor deve repetir esta afirmação repetir a si mesmo”. Mas quais são, questiona o Papa, os obstáculos que impedem de servir o Senhor com liberdade? São muitos, constata com amargura, e um é a sede de poder.

“Quantas vezes vimos, até em nossas casas: ‘aqui sou eu que comando!’. E quantas vezes, sem dizê-lo, fizemos ouvir aos outros ‘que aqui eu comando’, não? Mostrar isso… A sede de poder… E Jesus nos ensinou que aquele que comanda se torna como aquele que serve. Ou se alguém quiser ser o primeiro, seja servidor de todos. Jesus reverte os valores da mundanidade, do mundo. E este desejo de poder não é o caminho para se tornar um servo do Senhor, ao contrário: é um obstáculo, um destes obstáculos que rezamos ao Senhor para que afaste de nós”.


Não à deslealdade de quem quer servir Deus e o dinheiro

O outro obstáculo, segundo o Papa, se verifica também na vida da Igreja e é a deslealdade. Isto acontece quando alguém quer servir o Senhor enquanto serve outras coisas que não são o Senhor.

“O Senhor nos disse que nenhum serviço pode ter dois patrões. Ou serve Deus ou serve o dinheiro. Foi Jesus que o disse. E este é um obstáculo: a deslealdade; que não é o mesmo de ser pecador. Todos somos pecadores e nos arrependemos disso, mas ser desleais é fazer jogo duplo, não? Jogar à direita e à esquerda, jogar com Deus e jogar com o mundo, não? Isto é um obstáculo. Aquele que tem sede de poder e aquele que é desleal dificilmente podem servir ou serem servos livres do Senhor”.

Estes obstáculos, a sede de poder e a deslealdade, retomou Francisco, tiram a paz e causam um tremor no coração que não deixa em paz, mas sempre ansioso. E isto leva a viver na tensão da vaidade mundana, viver para aparecer.

Quanta gente vive somente para ser vitrina, ponderou o Papa, para aparecer, para que digam: ‘Ah, como ele é bom…’, tudo pela fama. Fama mundana”. E assim não se pode servir o Senhor”. Por isso, acrescentou o Santo Padre, “pedimos ao Senhor para remover os obstáculos para que com serenidade, seja do corpo, seja do espírito, possamos dedicar-nos livremente ao seu serviço”.

“O serviço de Deus é livre: nós somos filhos, não escravos. E servir Deus em paz, com serenidade, quando Ele mesmo tirou de nós os obstáculos que tiram a paz e serenidade, é servi-Lo com a liberdade. E quando servimos o Senhor com liberdade, sentimos a paz ainda mais profunda, não é verdade? Da voz do Senhor: ‘Oh, vem, vem, vem, servo bom e fiel’. E todos nós queremos servir o Senhor com bondade e fidelidade, mas precisamos de sua graça: sozinhos não podemos. E por isso, pedir sempre esta graça, que seja Ele a remover esses obstáculos, que seja Ele a nos dar essa serenidade, essa paz do coração para servi-Lo livremente, não como escravos: mas como filhos”.

“Liberdade no serviço”. Francisco evidencia, assim, que também quando o serviço é livre, deve-se repetir que “somos servos inúteis” conscientes de que sozinhos não se pode fazer nada. “Somente devemos pedir e dar espaço para que Ele faça em nós, e Ele nos transforme em servos livres, em filhos, não em escravos. Que o Senhor nos ajude a abrir o coração e deixar trabalhar o Espírito Santo, para que remova de nós esses obstáculos, especialmente o desejo de poder que faz tanto mal, e a deslealdade, a dupla face de querer servir Deus e o mundo. E assim nos dê essa serenidade, essa paz para poder servi-Lo como filho livre, que no final, com muito amor, Lhe diz: ‘Pai, obrigado, mas o Senhor sabe: eu sou um servo inútil”.

Canção Nova - Rádio Vaticano

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Dia de Finados celebra vida

O Dia de Finados é uma antiga tradição dentro da Igreja Católica e fora dela. Por acreditarem na vida depois da morte, alguns povos procuravam conservar os corpos dos falecidos ou pelo menos os seus ossos. Outros enterravam os mortos acompanhados de suas armas e troféus. Outros povos procuravam destruir completamente os ossos do defunto, porque acreditavam que somente deste modo a alma poderia passar para a nova vida.


Alguns povos antigos também acreditavam que os mortos continuavam a viver entre os vivos, a não ser que fossem afastados com danças e cerimônias especiais. O costume de se colocar o cadáver em posição como se ele estivesse dormindo prova a crença na vida depois da morte. Sepulturas feitas já há 70 ou 80 mil anos mostram a crença na vida eterna. É por isso que os egípcios e outros povos embalsamavam e conservavam os corpos.


O missionário redentorista padre Inácio Medeiros explica que desde o começo da Igreja já havia o costume de se celebrar e rezar pelos mortos, recomendando-os à misericórdia de Deus. Mas no começo não havia um dia especialmente dedicado aos mortos. “Somente a partir do século VII é que encontramos referência ao dia dos mortos, mas esse dia era celebrado em datas variadas, dependendo de cada região. Somente por volta do século XI é que começou a ser celebrado no dia 2 de novembro. Daí o costume foi se espalhando rapidamente e uns 300 anos depois foi adotado em Roma”, detalha.

Ele salienta que o principal desse dia é celebrar a vida e não a morte. “Celebramos a comunhão dos santos e a nossa caminhada como Igreja, seja na união com os que estão ainda nesta vida, como os que já faleceram. Celebramos a certeza da ressurreição de Cristo e se com ele vivemos também com ele ressuscitaremos. Os cristãos, a partir da morte e ressurreição de Jesus Cristo, passam a ter a certeza na vida eterna e por causa disso sabem que a morte é apenas uma passagem, é uma separação apenas parcial e limitada.”

O Catecismo da Igreja lembra que: “Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primevos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos”. Essa data tem por objetivo principal relembrar a memória dos mortos, dos entes queridos que já se foram, bem como, para os católicos, rezar pela alma deles, haja vista que, de acordo com a doutrina da Igreja Católica, a alma da maioria dos mortos está no Purgatório passando por um processo de purificação. Por essa razão, a alma necessita de orações dos para que intercedam a Deus pelo sofrimento que as aflige.

Para o missionário redentorista padre Anísio Tavares celebra-se a vida que é transformada pelo amor misericordioso de Deus. “A celebração leva a compreender o amor de Deus por todos. São filhos e filhas amados, criados segundo a sua imagem e semelhança. Foi por amor e para o amor que Ele deu o dom da vida. Viver bem e em plenitude é o desejo que o Criador tem para todos e cada um de nós.”

Segundo o missionário, a realidade da morte, no entanto, vem nos fazer olhar além do imediatismo do dia a dia para ver que o amor de Deus é ainda maior do que se pensa. “Vida e morte são dois grandes mistérios que ultrapassam nossa compreensão. O nascimento e o falecimento nos levam a fazer as três perguntas: De onde viemos? Onde estamos? Para onde vamos? Pela fé, cremos que a primeira e a última questão têm uma única resposta. Nossa origem e nosso destino é o coração de Deus. Nele temos a plenitude da vida”, explica.

De acordo com padre Anísio, saber onde se está faz lembrar que a vida deve ser vivida com intensidade, pois há uma origem e um fim sublimes. “Aprendemos, pois, que a eternidade já começa aqui e agora! Cada um tem um tempo de vida. Não cabe a nós dizer que certa pessoa viveu muito ou viveu pouco. A vida não se mede pela quantidade dos anos, mas pela capacidade de amar, perdoar, doar etc”.

Ele aponta que se deve rezar pelos irmãos e irmãs que partiram. “Façamos memória agradecida por tudo de bom que eles significaram para nós. Assim, a dor da saudade vai cedendo lugar ao verdadeiro amor que nos faz ofertar a vida de cada um deles ao Senhor. Que o amor infinito de Deus nos conforte e nos dê força para vivemos na alegria do Evangelho, firmes na esperança da ressurreição”, conclui.

Um pouco de história e cultura
Você sabia que o feriado de Finados, celebrado em de novembro, embora originado do cristianismo, foi nomeado de forma diversa à celebração cristã?

Desde o século 1º, os cristãos rezam pelos falecidos. Costumavam visitar os túmulos dos mártires nas catacumbas para rezar pelos que morreram sem martírio. No século 4, já encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa. Desde o século 5, a Igreja dedica um dia por ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém já se lembrava. Desde o século XI, os Papas Silvestre II (1009), João XVIII (1009) e Leão IX (1015) suscitam a comunidade a dedicar um dia por ano aos mortos. Desde o século XIII, esse dia anual por todos os mortos é comemorado no dia 2 de novembro, porque no dia 1º de novembro é a festa de "Todos os Santos".

Padre Inácio Medeiros orienta que o dia de todos os Santos celebra todos os que morreram em estado de graça, mas não foram canonizados. Já o dia de finados celebra todos os que morreram não estando em estado de graça total, mais precisamente os que se encontram em estado de purificação de suas faltas e, assim, necessitam de nossas orações.

Contudo, você sabia que o feriado de Finados, celebrado em 2 de novembro, embora originado do cristianismo, foi nomeado de forma diversa à real celebração cristã? Na realidade, o cristianismo, ao contrário do feriado brasileiro, celebra a lembrança dos fiéis defuntos e não o dia de finados. Mas qual a diferença?

Padre Inácio explica que se adentrando a fundo no significado e na origem das palavras, podemos notar que há sim uma diferença, e relevante. “A palavra finado significa, em sua origem, aquele que se finou, ou seja, que teve seu fim, que se acabou, que foi extinto. A palavra defunto, por sua vez, originada no latim, era o particípio passado do verbo defungor, que significava satisfazer completamente, desempenhar a contento, cumprir inteiramente uma missão. Mais tarde, foi utilizada e difundida pelo cristianismo, para dizer que uma pessoa morta era aquela que já havia cumprido toda a sua missão de viver. Modernamente, porém, tornou-se sinônimo de cadáver.”

Dentre desse contexto o dia dos fiéis defuntos, portanto, é o dia em que a Igreja celebra o cumprimento da missão das pessoas queridas que já faleceram, por meio da elevação de preces a Deus por seu descanso junto a Ele. “É o Dia do Amor, porque amar é sentir que o outro não morrerá nunca, mesmo que esteja distante; amar é saber que o outro necessita de nossos cuidados e de nossas preces mesmo quando já não o podemos ver. Pois a vida cristã é viver em comunhão íntima com Deus e com os irmãos, agora e para sempre”, opina padre Inácio.


A12.com

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Chamado à santidade é para todos, reforça Papa

Em Missa na Suécia no Dia de Todos os Santos, Papa falou dos santos de hoje e propôs novas bem-aventuranças para a época atual

Antes de deixar a Suécia nesta terça-feira, 1º, Solenidade de Todos os Santos, o Papa Francisco presidiu a Missa para a pequena comunidade católica do país no estádio de Swedbank, em Malmo. Enfatizando que o chamado à santidade é para todos, o Santo Padre falou do exemplo dos santos e beatos de hoje, pessoas comuns que vivem plenamente a fé.

“Os santos nos encorajam com sua vida e sua intercessão junto a Deus e nós precisamos uns dos outros para nos tornarmos santos, para nos ajudarmos a tornar santos”.

Francisco recordou que nesta solenidade não se recordam apenas os que foram proclamados santos ao longo da história, mas também aqueles que viveram sua vida cristã na plenitude da fé e do amor através de uma existência simples e escondida. “Seguramente, entre esses, estão muitos dos nossos parentes, amigos, conhecidos”.

Esta é, então, a festa da santidade, disse o Papa. Uma santidade que às vezes não se manifesta em grandes obras, mas que sabe viver fielmente e cotidianamente as necessidades do batismo. “Uma santidade feita de amor por Deus e pelos irmãos. Amor fiel ao ponto de se esquecer de si mesmo e doar-se totalmente aos outros, como a vida daquelas mães e daqueles pais que se sacrificam por suas famílias sabendo renunciar voluntariamente, embora não seja sempre fácil, a tantas coisas, a tantos projetos ou programas pessoais”.

O Santo Padre destacou a felicidade como uma característica dos santos. Ele explicou que os santos descobriram o segredo da felicidade autêntica que tem como fonte o amor de Deus. Por isso mesmo os santos são chamados bem-aventurados, destacou Francisco.

Assim também os fiéis de hoje são chamados a ser bem-aventurados e seguidores de Jesus, disse o Papa, indicando novas situações para viver com espírito renovado e sempre atual.

“Bem-aventurados aqueles que suportam com fé os males que lhe infligem e perdoam de coração; bem-aventurados os que olham nos olhos dos descartados e marginalizados mostrando a eles proximidade; bem-aventurados aqueles que reconhecem Deus em cada pessoa e lutam para que também outros o descubram; bem-aventurados aqueles que protegem e cuidam da casa comum; bem-aventurados os que renunciam ao próprio bem pelo bem dos outros; bem-aventurados os que rezam e trabalham pela plena comunhão dos cristãos”.


Canção Nova 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Catequese: Por que preciso de direção espiritual?

A direção espiritual nos instrui e nos ilumina nas decisões

Buscar uma direção espiritual é importante, porque, desde que nascemos, precisamos da ajuda do outro. No nascimento, precisamos dos cuidados de nossos pais, precisamos do alimento, do leite materno que não pode ser descartado ou substituído por outro, pois este tem sua riqueza em vitaminas. Para a criança recém-nascida, não tem jeito, ela precisa do leite humano.

Deve ser por isso que Deus quis criar o ser humano. O Senhor quis que as pessoas se relacionassem; então, criou a mulher, a fim de que ela fosse companheira, uma “auxiliar que correspondesse a ele” (Gn 2,20).

Isso também se aplica à vida espiritual. Por mais que já tenhamos um bom tempo de caminhada ao lado de Deus – sejam cinco, dez, vinte anos servindo num grupo, numa pastoral –, para que possamos dar algo precisamos também receber, precisamos de alguém que nos instrua, que nos ilumine nas decisões. Por isso, há a necessidade não só de formação, mas de alguém que caminhe conosco e nos ajude a discernir quais passos devem ser dados.

Vamos usar alguns termos para que essa reflexão fique clara: “acompanhador” e “acompanhado”. Acompanhador é o diretor espiritual; acompanhado aquele que é dirigido.

No acompanhamento espiritual, pode haver um momento de “tirar as dúvidas”; contudo, nesse sentido, o acompanhado deve buscar formação, por isso o acompanhamento trata-se de um diálogo, uma partilha entre acompanhado e acompanhador, para que tal situação seja iluminada. Por essa razão, a vida de oração é imprescindível. Atenção! A vida de oração precisa ser vivida pelo acompanhador e pelo acompanhado; senão, fica muito fácil cobrar o acompanhador e jogar a responsabilidade sobre ele.

Por que preciso de um acompanhador espiritual? Porque preciso dos outros não só nas realidades básicas, humanas e profissionais, mas também na realidade espiritual. Muitas vezes, erramos, porque não temos alguém ao nosso lado para nos escutar, para dar uma luz sobre esse ou aquele assunto.

Preciso de direção espiritual, porque necessito de ajuda, porque sou falho, porque não sou perfeito. A busca por um acompanhador espiritual é também uma atitude de humildade, um remédio contra a autossuficiência, contra o orgulho. Preciso de um acompanhador, porque nem sempre estou certo. Se precisei de alguém quando criança, quando adolescente e até adulto para realizar algumas tarefas, mesmo com alguma autonomia e autoridade, preciso do outro para continuar acertando ou para errar menos.

Por fim, o acompanhador é uma boa ajuda para que se viva bem a vida espiritual e, consequentemente, para que se viva bem as outras realidades da vida, pois estão estreitamente ligadas. Quando eu estiver bem com Deus, estarei bem com o outro, estarei bem com a vida profissional e todas as outras coisas deslancharão. E mesmo que as outras realidades não estejam bem, o fato de estar bem espiritualmente, de estar sendo acompanhado, faz com que eu tenha paciência, sobriedade e calma com as confusões ao meu redor, “mesmo que a figueira não renove seus brotos, a parreira deixe de produzir, se as ovelhas desaparecerem dos pastos, estarei feliz no Senhor (Hab 3,17-18). Não significa ser passivo, mas, sendo acompanhado, terei calma para ver tal situação como um desafio a ser vencido à luz do Espírito Santo com diálogo e esperança.

Padre Márcio de Padro
Canção Nova

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O rosto misericordioso de Maria

Estamos no Ano Santo da Misericórdia. Pouco a pouco o mundo vai tomando consciência da necessidade de se viver a proposta de Jesus: “Sede misericordiosos, como o Pai é misericordioso”. Se as pessoas estão carentes de gestos concretos, podemos dizer também que não faltam exemplos de homens e mulheres que encarnaram o pedido do mestre e fizeram de suas vidas uma verdadeira fonte de amor fraterno. Sem dúvida, uma dessas mulheres foi a Mãe do Redentor, Maria Santíssima. Por isso, atendendo aos apelos do Santo Padre, o Papa Francisco, durante a Novena e Festa da Rainha e Padroeira do Brasil, de 3 a 12 de outubro de 2016, convidamos todos os devotos de Nossa Senhora Aparecida para contemplar 'O Rosto Misericordioso de Maria'.

Estamos também às vésperas de completar os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora, nas águas do Rio Paraíba do Sul. Dia 12 de Outubro iniciamos o Ano Jubilar e, para preparar este grande momento, há quatro anos os Missionários Redentoristas que trabalham no Santuário Nacional e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) definiram que a novena de 2016 fosse dedicada às principais devoções marianas praticadas no Brasil.

Por isso, unindo essas duas motivações (misericórdia e devoção mariana), durante os nove dias preparatórios, nossa oração repetiu com a Igreja a saudação à Rainha, Mãe de Misericórdia. Em cada um dos encontros da novena destacamos um aspecto da ação misericordiosa de Maria em favor dos seus filhos e filhas, manifestado em uma das devoções marianas mais cultivadas pelo povo brasileiro. Assim, fixamos nosso olhar e nosso coração na Rainha: Mãe da Misericórdia (Aparecida); Senhora da Esperança e da Vida (Medianeira); Senhora dos pobres e dos excluídos (Rosário); Senhora dos humildes e abandonados (Fátima); Senhora e auxílio da Igreja (Perpétuo Socorro); Senhora e amparo dos sofredores (Dores); Senhora e mãe missionária (Nazaré); Senhora e modelo da juventude (Auxiliadora); Senhora e Mãe da Igreja peregrina (Glória).

Neste dia da festa da Padroeira, com toda a Igreja do Brasil, lembraremos a razão pela qual Maria se tornou reflexo do amor de Deus e modelo de discípula missionária. No prefácio que antecede o momento da consagração do pão e do vinho, o presidente da celebração anunciará: “A fim de preparar para o vosso Filho mãe que fosse digna dele, preservastes a Virgem Maria da mancha do pecado original, enriquecendo-a com a plenitude da vossa graça. Nela, nos destes as primícias da Igreja, esposa de Cristo, sem ruga e sem mancha, resplandecente de beleza. Puríssima, na verdade, devia ser a Virgem que nos daria o Salvador, o Cordeiro sem mancha, que tira os nossos pecados. Escolhida, entre todas as mulheres, modelo de santidade e advogada nossa, ela intervém constantemente em favor de vosso povo”.

Aí está o rosto misericordioso de Maria: foi escolhida entre todas as mulheres e preparada para uma missão especial; nasceu imaculada porque seria a mãe daquele que iria tirar o pecado do mundo. Como se não bastasse, tornou-se defensora de todos os que acreditam na sua intercessão. Essa é a razão que nos faz dizer: SOU DEVOTO. Essa palavra que os dicionários não definem tem um significado muito importante na vida de milhões de brasileiros. Quando alguém diz ‘Sou Devoto’, está declarando amor por uma causa, dizendo-se devedor de uma graça alcançada, manifestando seu desejo de imitar o exemplo do santo ou santa a quem manifesta sua devoção.

Creio que o Ano Jubilar, que se inicia neste dia 12 de Outubro, é uma boa oportunidade para você se encher de ânimo e colar na porta de sua casa: SOU DEVOTO. Com certeza, fazendo isso você também fará resplendecer o rosto misericordioso de Maria para todos os que enxergarem a sua manifestação de amor pela Rainha, Mãe da Misericórdia.


A12.com 

Santuário de Aparecida dá início ao Ano Jubilar Mariano

Celebração em homenagem à Padroeira do Brasil marcou a abertura do Ano Jubilar

Milhares de fiéis participaram, nesta quarta-feira, 12, da Missa em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

A Celebração, que também deu início ao Ano Jubilar pelos 300 anos da aparição da imagem nas águas do Rio Paraíba, foi presidida pelo Cardeal arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno de Assis, no Santuário Nacional, às 9h.

Na homilia, Dom Damasceno lembrou que o tema escolhido para a novena deste ano “O Rosto Misericordioso de Maria””, esteve em sintonia com o Ano da Misericórdia.

“Deus é amor, afirma São João Evangelista, e sua misericórdia abraça todos os cantos da Terra. Não há espaço, nem pessoas que ela não possa tocar. Maria é a mãe da Misericórdia. Ela tem a chave do coração de Deus”, destacou.

O cardeal disse ainda que a abertura das celebrações dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida é um acontecimento de fé.

“Começou em 2014, com a peregrinação da imagem de Aparecida, que tem sido acolhida nas dioceses, em todos os recantos do Brasil, e a peregrinação continuará durante todo o Ano Jubilar, até outubro de 2017”.

Dom Damasceno recordou também o Ano Mariano, instituído pela CNBB, para ajudar na vivência deste Ano Jubilar de Aparecida. “A Igreja no Brasil está convidada durante o Ano Mariano, a agradecer a Deus pelos inúmeros benefícios que Ele, pela intercessão da padroeira do Brasil, tem derramado sobre o país nestes 300 anos”.

E destacou que, desde o início da evangelização no Brasil, a devoção a Maria tem sido uma porta aberta para o encontro com Jesus Cristo.

“Ela é a realização mais perfeita e a expressão mais concreta do Evangelho. Por isso se diz, Maria é o Evangelho do povo, e por isso aquele que permanece nesta escola de Maria, aprende também a conhecer a Jesus Cristo, amá-lo, a imitá-lo, a testemunhá-lo em sua vida. Este é o papel, a função e a alegria de Maria: conduzir todos os seus filhos a Jesus Cristo”, afirmou Dom Damasceno.

Em outubro de 1717, quando os três pescadores retiraram a imagem de Nossa Senhora da Conceição das águas do Rio Paraíba do Sul, Maria veio em socorro deles, que após horas de trabalho, não pescavam nada. De maneira simples, ela se deixou encontrar. “Ou melhor, Deus ofereceu ao Brasil a sua própria mãe, como disse o Papa Francisco”, lembrou o cardeal.

E após este milagre do encontro da imagem, seguiu-se o segundo milagre, da grande pesca realizada por estes três pescadores.

“Jesus é o rosto misericordioso do Pai, Maria é o reflexo humano do coração materno de Deus. As palavras de Maria, ‘fazei tudo o que ele vos disser’, são as únicas palavras relatadas pelo evangelista João e soam como um testamento de Maria, para todos nós seus filhos e filhas, e por isso, continuam sempre válidas”, explicou.

Dom Damasceno fez votos ainda de que o Jubileu dos 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Senhora Aparecida e que o Ano Nacional Mariano ajudem os fiéis a se tornarem cada vez mais discípulos missionários de Jesus Cristo, acolhendo com alegria o Seu Evangelho.

Por fim, leu a mensagem enviada pelo Papa Francisco para a Semana da Criança:

“Queridos amigos,
guardando viva no coração a grata lembrança da inauguração do monumento dedicado à Nossa Senhora Aparecida, nos Jardins do Vaticano, é com muita alegria que dirijo uma saudação por ocasião da Semana Nacional da Criança.

Organizado pelo Santuário Nacional da Padroeira do Brasil, em parceria com os Tribunais Regionais do Trabalho e da Procuradorias Gerais do Trabalho do Estado de São Paulo, tem por finalidade promover a luta pela erradicação do Trabalho Infantil e proporcionar às crianças uma educação de qualidade que lhes garanta um futuro melhor.

Neste sentido, é preciso lembrar que as crianças são um sinal. Sinal de esperança, sinal de vida, mas também sinal de diagnóstico para compreender o estado de saúde de uma família, de uma sociedade, do mundo inteiro.

Quando as crianças são acolhidas, amadas, protegidas, tuteladas, a família sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais humano. Por isso, devemos estar sempre renovando a nossa disposição em acolher mais e melhor as crianças, perguntando-nos: ‘somos capazes de permanecer junto delas? De ‘perder tempo’ com elas? sabemos ouvi-las? Defendê-las? Rezar por elas e com elas? Ou negligenciamo-las, preferindo ocuparmo-nos de nossos interesses.

Assim, faço votos de que o Fórum para a Erradicação do Trabalho Infantil possa ser frutuoso nos seus propósitos, e para tal, peço as luzes do Espírito Santo, ilumine a todos os participantes, ao mesmo tempo em que, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida lhes concedo a Bênção Apostólica, pedindo que não deixem de rezar por mim.

Papa Francisco”

Ao longo de todo o dia, o Santuário Nacional espera receber cerca de 160 mil fiéis de todo o país que se dirigem à Basílica para prestar sua homenagem à Padroeira do Brasil.

Canção Nova

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Papa: só quem sabe agradecer experimenta alegria plena

Em Missa no Jubileu Mariano, Papa destacou necessidade de agradecer e louvar a Deus pelos benefícios de Sua misericórdia

O Papa Francisco presidiu nesse domingo, 9, a Santa Missa por ocasião do Jubileu Mariano realizado no Vaticano de 7 a 9 de outubro. O Jubileu se insere no quadro de celebrações do Ano da Misericórdia.

A homilia foi inspirada no trecho do Evangelho que relata a cura de dez leprosos por Jesus. Francisco enfatizou que esse é um convite para reconhecer, com maravilha e gratidão, os dons de Deus.

Dos dez leprosos, apenas um voltou para agradecer Jesus, e foi justamente o samaritano, ou seja, o estrangeiro que vivia às margens da sociedade da época. O Santo Padre destacou que é muito importante saber agradecer e louvar a Deus por tudo o que Ele faz e convidou os fiéis a refletirem em que medida têm feito isso em suas vidas. “É fácil ir ter com o Senhor para Lhe pedir qualquer coisa, mas voltar para Lhe agradecer…”, disse.

O Santo Padre falou então do exemplo de Maria, que depois de ter recebido o anúncio do Anjo, louvou e agradeceu a Deus, no canto do Magnificat. “Peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a entender que tudo é dom de Deus e a saber agradecer: então – garanto-vos eu – a nossa alegria será completa. Só aquele que sabe agradecer, experimenta a plenitude da alegria”.

Mas para saber agradecer, é preciso ter humildade, observou o Papa. Nesse ponto, novamente ele recordou Maria, que tem coração humilde e capaz de acolher os dons de Deus.

“Para Se fazer homem, Deus escolheu-A precisamente a Ela, uma jovem simples de Nazaré, que não vivia nos palácios do poder e da riqueza, que não realizou feitos extraordinários. (…) Conservemos intimamente esta fé simples da Santíssima Mãe de Deus; peçamos-Lhe a graça de saber voltar sempre a Jesus e dizer-Lhe o nosso obrigado pelos inúmeros benefícios da sua misericórdia”, concluiu o Papa.


Vigília

Também por ocasião do Jubileu Mariano, o Papa presidiu neste sábado, 8, uma vigília no Vaticano, reunindo milhares de fiéis na Praça São Pedro.

Na ocasião, ele convidou os fiéis a aprender com Maria a alegria da partilha.

Canção Nova

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Diocese prepara criação do Museu Sacro Histórico de Campos dos Goytacazes


A criação do Museu Sacro Histórico de Campos dos Goytacazes é um dos projetos da Comissão de Bens Culturais recém criada na Diocese de Campos. O objetivo é incentivar o conhecimento da história sacra do município, que tem tudo a ver com o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, através dos trabalhos praticados pelos Jesuítas, Beneditinos, Franciscanos. O projeto está sendo incentivado pela Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, que se singulariza por ser um patrimônio histórico sacro e artístico.

Desde 1978, a Igreja de São Francisco — localizada na rua Treze de Maio, na área central de Campos — passa por obras de restauração do seu conjunto arquitetônico e pela recuperação do seu acervo sacro a fim de instituir um museu de arte sacra. 
O projeto tem como objetivos guardar, preservar e divulgar a memória da história sacra e, na visão de seus idealizadores, apresentar-se como a solução mais adequada para a proteção dos acervos sacros. O templo nos fornece um exemplo único do estilo artístico barroco tropical.

A expectativa de Zenilson Coutinho, membro da Ordem Terceira Franciscana e responsável pela Igreja de São Francisco, é que com a criação do museu, o patrimônio artístico presente nas igrejas possa ser preservado, catalogado e conhecido, passando a cumprir sua finalidade de evangelizar.

— Campos dos Goytacazes tem uma das mais ricas e interessantes histórias do Brasil, com cenas de bravura, resistência, aventura e muita religiosidade. Mesmo assim, até hoje não tem um local que preserve e exponha esta história, disse.


Com informações da Pascom - Diocese de Campos

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Papa: Espírito Santo é o protagonista do caminhar da Igreja

Na Missa desta quinta-feira, Francisco falou de três comportamentos com relação ao Espírito Santo, Aquele que de fato leva a Igreja adiante

O Espírito Santo foi o destaque da homilia do Papa Francisco nesta quinta-feira, 6, na capela da Casa Santa Marta.

As leituras do dia falam do Espírito Santo. “É o grande dom do Pai. É a força que faz a Igreja sair com coragem para chegar aos confins da terra. O Espírito é o protagonista deste caminhar da Igreja. Sem Ele, há fechamento, medo”, disse o Pontífice.

O Papa indicou três comportamentos que se pode ter com o Espírito. O primeiro é a reprovação que São Paulo faz aos Gálatas: o crer de serem justificados pela Lei e não por Jesus “que dá sentido à Lei”. E assim, eram muito rígidos. São os mesmos que atacavam Jesus e que o Senhor chamava de hipócritas.

“Este apego à Lei faz ignorar o Espírito Santo. Não deixa que a força da redenção de Cristo se sobressaia com o Espírito Santo. Ignora. Existe somente a Lei. É verdade que existem os Mandamentos e nós devemos seguir os Mandamentos, mas sempre pela graça deste grande dom que o Pai nos deu, seu Filho, dom do Espírito Santo. Assim, se entende a Lei, e não reduzir o Espírito e o Filho à Lei. Este era o problema daquela gente: ignoravam o Espírito Santo e não sabiam ir adiante. Eram fechados, fechados nas prescrições: se deve fazer isso, se deve fazer aquilo. Às vezes, pode nos acontecer de cair na mesma tentação”.

Os Doutores da Lei, afirma o Papa, encantam com as ideias. “Porque as ideologias encantam e Paulo diz, aqui: Ó gálatas insensatos, quem é que vos fascinou? Aqueles que pregam com ideologias: é tudo justo! Encantam: tudo claro! Mas, a revelação de Deus não é clara? A revelação de Deus se encontra todos os dias, mais e mais. A caminho sempre. É clara? Sim! Claríssima! É Ele, mas nós devemos encontrá-la a caminho. Aqueles que creem que possuem toda a verdade nas mãos não são ignorantes, Paulo diz: Insensatos! Pois se deixaram encantar.”

A segunda atitude, segundo o Papa, é entristecer o Espírito Santo, o que acontece quando as pessoas não deixam que Ele as inspire, as leve avante na vida cristã, quando não deixam que Ele as diga, não com a teologia da Lei, mas com a liberdade do Espírito, o que devem fazer. Assim – explica o Papa – “nos tornamos mornos, caímos na mediocridade cristã, porque o Espírito Santo não pode fazer a grande obra em nós”.

Ao invés disso, a terceira atitude é abrir-se ao Espírito Santo e deixar que seja Ele a levar adiante. É o que fizeram os Apóstolos: a coragem do dia de Pentecostes. Perderam o medo e se abriram ao Espírito Santo. Para entender, para acolher as palavras de Jesus – afirmou o Papa – é necessário abrir-se à força do Espírito Santo. E quando um homem, uma mulher se abre ao Espírito Santo é como um barco à vela que se deixa levar pelo vento e vai avante e não para mais. Mas é preciso rezar para abrir-se ao Espírito Santo.

“Nós podemos nos perguntar hoje, num momento do dia, eu ignoro o Espírito Santo? E sei que se vou à Missa aos domingos, se faço isso, se faço aquilo é suficiente? Segundo: a minha vida é uma vida pela metade, morna, que entristece o Espírito Santo e não deixa em mim a força de ir avante, de abrir-me, ou a minha vida é uma oração contínua para abrir-se ao Espírito Santo, para que Ele me leve avante com a alegria do Evangelho e me faça entender a doutrina de Jesus, a verdadeira doutrina, aquela que não encanta, aquela que não nos faz tolos, mas a verdadeira? E nos faça entender onde está a nossa fraqueza, aquela que O entristece; e nos leve avante, levando avante também o nome de Jesus aos outros e ensinando o caminho da salvação. Que o Senhor nos dê esta graça: abrir-nos ao Espírito Santo para não nos tornar tolos, encantados, nem homens e mulheres que entristecem o Espírito”.

Canção Nova - Rádio Vaticano

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Céu: o que a Igreja ensina sobre ele?

Conheça os ensinamentos da Igreja Católica sobre o Céu

O ser humano, naturalmente, busca respostas para suas questões existenciais. As perguntas surgem normalmente: “De onde eu vim? Por que ou para que estou nesta Terra? Para onde vou após a vida terrestre?”. Diante dessas indagações, uma muito frequente são as questões relacionadas ao Céu.

Na oração do Pai-Nosso, rezamos que Deus está nos Céus. Mas onde é esse Céu? A Igreja instrui que “essa expressão bíblica não significa um lugar – “o espaço”–, mas uma maneira de ser. Não o afastamento de Deus, mas Sua majestade. Nosso Pai não está “em outro lugar”, Ele está “para além de tudo” quanto possamos conceber a respeito de sua Santidade. Porque Ele é três vezes Santo, está bem próximo do coração humilde e contrito” (Catecismo da Igreja Católica 2794).

O Céu é mistério de amor eterno
“Esse mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo supera toda compreensão e toda imaginação” (CIC 1027). Por isso, por mais que nos aproximemos do conceito que possa ter o Céu, nossa inteligência jamais conseguirá esgotar o mistério celeste, pois nossa razão é finita e limitada, e as questões celestes são infinitas e ilimitadas por estarem no grau supremo de eternidade, que transcende todo e qualquer conhecimento humano. Porém, podemos entender o Céu por comparação ou analogia, e claro, por experiências com Deus.

O próprio Catecismo conduz o significado de Céu para uma linguagem mais acessível e compreensível ao dizer que “o céu ou céus pode designar o firmamento, mas também o ‘lugar’ próprio de Deus: ‘nosso Pai nos céus’ (Mt 5,16) e, por conseguinte, também o ‘céu’, que é a glória escatológica. Finalmente, a palavra ‘céu’ indica o ‘lugar’ das criaturas espirituais – os anjos – que estão ao redor de Deus” (CIC 326). Essa é uma forma de ilustrar a noção de Céu para nosso restrito entendimento, pois esse é um mistério que o homem não consegue findar, porque transcende sua razão.

Jesus Cristo venceu a morte e nos concedeu o Céu
“Por sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos abriu os Céus. A vida dos bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associou a sua glorificação celeste os que creram nele e que ficaram fiéis á sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele” (CIC 1026).

Diante da pergunta, como será habitar no Paraíso Celeste? A Igreja nos ensina que “viver no Céu é viver com Cristo. Os eleitos vivem nele, mas lá conservam – ou melhor, lá encontram – sua verdadeira identidade, seu próprio nome” (CIC 1025). Pois, “o céu, a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para onde nos dirigimos e à qual já pertencemos” (CIC 2802).

Assim, a morte não é o fim para os que creem, pelo contrário, “os que morrem na graça e na amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o veem “tal como Ele é” (1 Jo 3,2), face a face. […]. O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva” (CIC 1023-1024).

O Céu e a Glória de Deus
Viemos de Deus e somos Seus filhos, estamos aqui, nesta Terra, para viver em Deus, e um dia voltaremos para Ele. Lá, o que Ele “preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9).

Enquanto não se vai para junto do Pai, no Céu, ou ao encontro com Jesus Cristo, quando em sua segunda vinda gloriosa e definitiva, cabe a cada um de nós proclamar, em nosso caminho nesta terra, que “o Reino dos Céus está próximo” (Mt 10,7). Anunciar o tempo da graça e a novidade de vida pela experiência pessoal com Jesus Cristo no poder do Espírito Santo.

Nesse gloriosíssimo dia da Segunda Vinda de Jesus, que “ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu nem mesmo o Filho, só o Pai” (1Cor 13,32), não haverá mais dor, sofrimento, doença, angústia, tristeza, abatimento e desespero, porque “agora nós vemos num espelho, confusamente; mas, então, veremos face a face” (1Cor13,12), porque estaremos eternamente na Glória de Deus.

Márcio Leandro Fernandes
Canção Nova

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Descobrindo o tesouro na Igreja: a Bíblia

Para a Igreja a Bíblia é fonte de sabedoria e riqueza sobre a vida de Jesus


Neste mês dedicado à Bíblia, a Igreja quer nos treinar para vivermos todos os dias da nossa vida buscando o tesouro que está no Livro Sagrado, pois “O Reino dos Céus é comparável a um tesouro que estava escondido num campo, e um homem descobre” (Mt 13,44).

Jesus, quando contou a parábola do tesouro, sabia que, no Seu tempo, existia um procedimento jurídico: se alguém fosse trabalhar numa terra que não lhe pertencesse e encontrasse um cofre, um baú ou até uma moeda preciosa no solo, era preciso comprar o terreno para merecer o achado. Na tradição dos nossos pais da fé (patrística), esses viram, nesse tesouro, o símbolo, principalmente, do Cristo, portador das riquezas do Reino e o Reino em pessoa. Agora, onde entra a Bíblia nessa parábola? Ela, podemos dizer, é o baú ou o cofre portador de Jesus. É por isso que podemos, com e como a Igreja, afirmar: “”A fé cristã não é uma religião do livro! O Cristianismo é a religião da Palavra de Deus, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo”” (CIC 108).

Conheça a Palavra de Deus
Os santos doutores da Igreja foram a fundo nessa religião da Palavra de Deus, a ponto de poderem testemunhar, em sermões escritos e com a própria vida, a exemplo de São Lourenço de Bríndisi, do século XVI, que nos diz: a Palavra de Deus é luz para a inteligência, fogo para a vontade, para que o homem possa conhecer e amar a Deus. A Palavra é tesouro espiritual de méritos para a alma, por isso diz-se ouro e pedra preciosíssima. É martelo contra a dura obstinação do coração nos vícios e contra a carne, o mundo e o demônio, espada que mata todo pecado”.

A Mestra Igreja foi quem gerou uma multidão de santos e santas para a salvação de muitos, isso pela força da Palavra e dos sacramentos. Já no Concílio Vaticano II (1962 a 1965), por saber da necessidade de santos contemporâneos, deixou registrado três critérios, que se encontram no Novo Catecismo (CIC 112 a 114), para uma interpretação da Sagrada Escritura, conforme o Espírito Santo, e não segundo o perigoso subjetivismo moderno, que têm dividido o Cristianismo aos milhares:

1. É preciso prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira;
2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira;
3. Estar atento à analogia da fé.

Graças a Deus, esse Concílio foi Ecumênico e Pastoral, isso porque Deus está convocando todo o Seu povo a uma interpretação mística da Palavra, que gere comunhão entre os cristãos e salvação para todos. Por isso, a família Canção Nova quer, com você, neste mês de setembro, contemplar, de modo novo, esse cofre de Cristo que, desde a descoberta da imprensa, por João Gutemberg (1396-1460), já atingiu mais de 1.685 idiomas, mas ainda precisa chegar a muitos analfabetos da fé, principalmente por meio do Evangelho Vivo, que é cada um de nós.

Padre Fernando Santamaria
Canção Nova

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A verdadeira história de São Cosme e São Damião, mártires

São Cosme e São Damião são santos dedicados a salvação da vida


“Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!”
Hoje, dia 26 de setembro, lembramos dois dos santos mais citados na Igreja: São Cosme e São Damião, irmãos gêmeos, médicos de profissão e santos na vocação da vida. Viveram no Oriente (Cilícia, Ásia Menor entre os séculos III e IV), e, desde jovens, eram reconhecidos por sua habilidade como médicos. Com a conversão, passaram a ser também missionários, ou seja, ao unirem a ciência à confiança no poder da oração, levavam a muitos a saúde do corpo e da alma.

Viveram na Ásia Menor, até que, devido à perseguição de Diocleciano, no ano 300 da Era Cristã, foram presos por serem considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas. Tendo em vista essa acusação, a resposta deles era sempre: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”

Diante da insistência dos perseguidores da fé cristã, com relação à adoração aos deuses, responderam: “Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!”.


Atenção para este recado:
Na Igreja, muitos santos são estigmatizados pelo misticismo devido ao choque de culturas. Nada contra outras culturas, mas é sempre muito bom lembrar a verdadeira origem dos fatos. Muitos de nossos santos são cultuados também no candomblé e em outras religiões, mas a história é bem diferente. Na época da escravatura no Brasil, os escravos africanos criaram uma maneira criativa e inteligente de enganar os senhores de Engenho. Invocavam os seus deuses Orixá, Oxalá, Ogum como São Sebastião, São Jorge e Jesus, e os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os orixás Ibejis em um sincretismo religioso. E fizeram o mesmo com outros santos também, como São Jorge, Santa Bárbara entre outros. O sincretismo religioso é um fenômeno que consiste na absorção de influências de um sistema de crenças por outro.

Os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os Ibejis: divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos [Cosme e Damião]. A grande cerimônia dedicada a Ibeji acontece, no dia 27 de setembro, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros. Para nós, católicos, este é o dia de São Vicente de Paulo. Por isso, há o costume de distribuir doces e comidas às crianças no dia 27, que também foi um costume introduzido pelo candomblé.

São Cosme e São Damião jamais abandonaram a fé cristã e foram decapitados no ano de 303. São considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.

Senhor, dai-nos uma fé viva, livre de todas as misturas, uma fé nova, traduzida na vida e no amor aos irmãos. Por isso, proclamamos o Senhorio de Jesus em nossas vidas, pois os santos não precisam de alimentos, pois eles já contemplam o Alimento da Vida, que é o próprio Senhor.

Oração:

São Cosme e Damião, que, por amor a Deus e ao próximo, vos dedicastes à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes. Abençoai os médicos e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal. Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranquila, que sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração. Que vossa proteção, São Cosme e Damião, conserve meu coração simples e sincero. Senhor nosso Deus, que dissipais as trevas da ignorância com a luz de Cristo, vossa Palavra, fortalecei a fé em nossos corações, para que nenhuma tentação apague a chama acesa por vossa graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

São Cosme e São Damião, rogai por nós!

Padre Luizinho
Canção Nova

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Papa Francisco fala sobre ressurreição em Cristo

Francisco comentou a dificuldade que se tem de pensar no futuro e na ressurreição: “ressuscitaremos como Cristo ressuscitou, com a nossa carne”

“Se Cristo não ressuscitou, tampouco nós ressuscitaremos”. A partir deste trecho da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, o Papa Francisco desenvolveu sua homilia na Missa desta sexta-feira, 16, na Casa Santa Marta. O Santo Padre enfatizou a “lógica da redenção até o final”.

O Pontífice notou, com um pouco de amargura, que quando se recita a última parte do Credo, isso é feito com pressa, porque amedronta o homem pensar no futuro, na ressurreição dos mortos. Francisco comentou que é fácil para todos entrar na lógica do passado, porque é concreta, e também é fácil entrar na lógica do presente, porque ele é visto, mas não é fácil entrar na totalidade desta lógica do futuro.

“A lógica de ontem é fácil. A lógica do hoje é fácil. A lógica do amanhã é fácil: todos morreremos. Mas a lógica do depois de amanhã, esta é difícil. E isto é aquilo que Paulo quer anunciar hoje: a lógica do depois de amanhã. Como será? Como será isso? A ressurreição. Cristo ressuscitou. Cristo ressuscitou e está bem claro que não ressuscitou como um fantasma. No trecho de Lucas sobre a ressurreição: ‘Toquem-me’. Um fantasma não tem carne, não tem ossos. ‘Toquem-me. Deem-me de comer’. A lógica do depois do amanhã é a lógica na qual entra a carne”.

Francisco disse que às vezes as pessoas se perguntam como será o céu, se estarão lá, mas não se entende aquilo que Paulo quer que elas entendam, esta lógica do depois do amanhã. E aqui, advertiu, as pessoas acabam traídas por um certo “agnosticismo” quando pensam que “será tudo espiritual” e têm medo da carne.

Não esqueçamos, disse o Papa, que esta foi a primeira heresia que o apóstolo João condena: ‘Quem diz que o Verbo de Deus não se fez carne, é do anticristo’. “Temos medo de aceitar e levar às últimas consequências a carne de Cristo. É mais fácil uma piedade espiritualista, uma piedade de nuances; mas entrar na lógica da carne de Cristo, isto é difícil. E esta é a lógica do depois do amanhã. Nós ressuscitaremos como Cristo ressuscitou, com a nossa carne”.

Transformação da carne
O Papa recordou que os primeiros cristãos se perguntavam como Jesus ressuscitou e observou que “na fé da ressurreição da carne, estão enraizadas as mais profundas obras de misericórdia, porque há uma conexão contínua”. De outro lado, prosseguiu, São Paulo sublinha com ênfase que todos serão transformados, o corpo e a carne serão transformados.

O Senhor fez-se ver e tocar e comeu junto com os discípulos após a ressurreição, lembrou o Pontífice. E esta é a lógica do depois do amanhã, aquela que as pessoas têm dificuldade de entender, na qual todos encontram dificuldades para entrar.

“É um sinal de maturidade entender bem a lógica do passado, é um sinal de maturidade se mover na lógica do presente, aquela de ontem e aquela de hoje. É também um sinal de maturidade ter a prudência para enxergar a lógica do amanhã, do futuro. Mas é preciso uma grande graça do Espírito Santo para entender esta lógica do depois do amanhã, depois da transformação, quando Ele virá e nos levará às nuvens, todos transformados, para permanecer sempre com Ele. Peçamos ao Senhor a graça desta fé”.

Canção Nova - Rádio Vaticano