segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

"Igreja mesmo com manchas e rugas, é sempre Mãe", diz Papa Francisco

Na oração do Angelus, o Papa disse que a Igreja não é apenas uma instituição religiosa, mas uma Mãe que deixa transparecer o perfil de Esposa amada por Cristo

Em seu último encontro dominical com os fiéis antes do Natal, o Papa Francisco rezou a oração do Angelus da sacada de seu escritório, no Palácio Apostólico. Na Praça São Pedro, milhares de pessoas participaram do encontro, ouvindo suas palavras e unindo-se a ele na prece mariana.

Como sempre, Francisco fez uma breve reflexão sobre o Evangelho do dia, que neste domingo, 20, o quarto do Advento, evidencia a figura de Maria. A Mãe de Deus, que concebeu na fé e traz em seu ventre Jesus, viaja de Nazaré aos montes da Judeia para visitar Isabel, idosa e no sexto mês de gestação. E se surpreende quando sua prima, ao vê-la exclama: “A que devo a visita da mãe de meu Senhor?”.

Inspirando-se neste episódio, o Papa convidou os fiéis e turistas presentes na Praça a refletir sobre os “lugares” da surpresa.

Nascemos com as feições de Jesus
“O primeiro lugar é o outro, no qual reconhecer um irmão, porque desde que Jesus nasceu, cada rosto tem em si as feições do Filho de Deus. Principalmente quando o rosto é o do pobre, porque como pobre Deus entrou no mundo e dos pobres, antes de tudo, se deixou aproximar.”

Deus ‘mistura as cartas’
O Papa afirma que outro lugar ao qual, se todos olharem com fé se surpreenderão, é a história. “Muitas vezes acreditamos vê-la no sentido correto, mas corremos o risco de entendê-la ao contrário. Isso acontece quando ela é determinada pela economia do mercado, regulamentada pelas finanças e pelos negócios, dominada pelos poderosos da vez”, disse.

Francisco lembrou que o Deus do Natal, ao invés, é um Deus que “mistura as cartas” e como narra o Evangelho de Lucas, “é o Senhor que derruba os poderosos dos tronos e exalta os humildes, sacia de bens os indigentes e despede de mãos vazias os ricos”.

O Senhor não é propriedade da Igreja
Enfim, o terceiro lugar de surpresas é a Igreja, “que não é apenas uma instituição religiosa, mas uma Mãe que, mesmo com todas as suas manchas e rugas, deixa transparecer o perfil da Esposa amada e purificada por Cristo Senhor. Uma Igreja que tem sempre os braços abertos e as portas escancaradas para acolher todos. Uma Igreja que saia das próprias portas para buscar todos os que estão distantes e conduzi-los à misericórdia de Deus. Esta é a surpresa do Natal”.

O Pontífice prossegue dizendo: “uma Igreja para qual o Senhor Jesus não seja nunca um dom custodiado como uma propriedade, mas sempre Aquele que lhe vai ao encontro e que ela sabe aguardar com confiança e alegria, dando voz à esperança do mundo: Vinde, Senhor Jesus”.

Benção dos ‘Bambinelli’
Após conceder a todos a sua bênção, Francisco fez felizes as crianças romanas na Praça, chamando-as de ‘barulhentas’ e dedicando a elas a sua saudação. “Queridas crianças, quando rezarem diante de seus presépios, lembrem-se também de mim, como eu me lembro de vocês.”

Faz parte da tradição que o Papa abençoe as pequenas imagens do Menino Jesus trazidas pelos grupos paroquiais, na chamada “Benção dos Bambinelli”.

Canção Nova 

sábado, 12 de dezembro de 2015

Catequese: O que é a Crisma?

Crismar significa fazer um acordo com Deus



O Catecismo da Igreja Católica ensina que a Confirmação – Crisma, pertence, juntamente com o batismo e a Eucaristia, aos três sacramentos da iniciação cristã da Igreja Católica. Nesse sacramento, tal como ocorreu no Pentecostes, o Paráclito desceu sobre a comunidade dos discípulos, então reunida. Assim como neles, o Espírito Santo também desce em cada batizado que pede à Igreja esse dom [Espírito Santo]. Dessa forma, o sacramento encoraja o fiel e o fortalece para uma vida de testemunho de amor a Cristo.

A Confirmação é o sacramento que completa o batismo e pelo qual recebemos o dom do Espírito Santo. Quem se decide livremente por uma vida como filho de Deus e pede o Paráclito, sob o sinal da imposição das mãos e da unção do óleo do Crisma, obtém a força para testemunhar o amor e o poder do Senhor com palavras e atos. Essa pessoa agora é membro legítimo e responsável da Igreja Católica.

O significado da palavra Crisma
Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do rito essencial que é a unção. Chama-se Confirmação, porque confirma e reforça a graça batismal. O óleo do Crisma é composto de óleo de oliveira (azeite) perfumado com resina balsâmica. Na manhã da Quinta-feira Santa, o bispo o consagra para ser utilizado no batismo, na confirmação, na ordenação dos sacerdotes e dos bispos e na consagração dos altares e dos sinos. O óleo representa a alegria, a força e a saúde. Quem é ungido com o Crisma deve difundir o bom perfume de Cristo (cf. II Cor 2,15).

O efeito da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como no Pentecostes. Tal efusão imprime na alma um carácter indelével e traz consigo um crescimento da graça batismal: enraíza mais profundamente na filiação divina, une mais firmemente a Cristo e a Sua Igreja, revigora na alma os dons do Espírito Santo e dá uma força especial para testemunhar a fé cristã.


Acordo com Deus
O YOUCAT – Catecismo Jovem da Igreja Católica – afirma que ser Confirmado-Crismado significa fazer um acordo com Deus. O confirmado diz: “Sim, eu creio em Ti, meu Deus! Dá-me o Teu Espírito para que eu te pertença totalmente, nunca me separe de Ti e te testemunhe com o corpo e com a alma, durante toda a minha vida, em obras e palavras, em bons e maus dias!”. E Deus diz: “Sim, Eu também creio em ti, Meu filho, e te darei o Meu Espírito e até a mim mesmo, pertencer-te-ei totalmente, nunca me separarei de ti, nesta e na vida eterna, estarei no teu corpo e na tua alma, nas tuas obras e nas tuas palavras mesmo que me esqueças, estarei sempre aqui, em bons e maus dias”.

Quem pode receber o sacramento do Crisma?Pode e deve receber esse sacramento qualquer cristão católico que tenha recebido o sacramento do batismo e esteja em estado de graça, isto é, não ter cometido nenhum pecado mortal (pecado grave). Mediante um pecado grave, separamo-nos de Deus e só podemos nos reconciliar com Ele por meio do sacramento da Penitência-Confissão.

O sacramento da Confirmação normalmente é presidido pelo bispo. Por razões pastorais, ele [bispo] pode incumbir determinado sacerdote de celebrá-lo. No rito litúrgico da Santa Missa do Crisma, o bispo dá ao crismando um suave sopro para que se lembre de que está se tornando um soldado de Cristo, a fim de perseverar com bravura na fidelidade ao Senhor.

Portanto, esse belíssimo sacramento da Confirmação completa o batismo. Por meio dele, o fiel recebe o dom do Espírito Santo, faz um acordo com Deus e, cheio dos dons do Espírito, é chamado a testemunhar o amor ao Senhor. Se preciso for, a dar a vida, uma vez que recebeu uma força especial para seguir Cristo até o fim de sua vida.

Canção Nova

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Papa aos jovens: querem me fazer feliz? Leiam a Bíblia

Papa Francisco escreveu prefácio de uma edição da Bíblia voltada para os jovens; Francisco conta como lê sua “velha Bíblia”

A Bíblia não é uma “obra de arte literária”, mas um livro no qual Deus fala. Essas são palavras do Papa Francisco no prefácio de uma edição da Bíblia destinada aos jovens e por eles comentada. A versão publicada em alemão é fruto de um projeto que teve colaboração diversa, como a de alguns jesuítas austríacos, professores de Antigo Testamento.

O prefácio em italiano escrito pelo Papa foi publicado no último número da revista Civiltà Cattolica, desta semana. Francisco explica para os jovens o significado da Bíblia, Palavra de Deus pela qual a luz veio ao mundo e jamais poderá ser apagada. Ele enfatiza, portanto, que este não é um livro para ser colocado na prateleira, mas para estar sempre em mãos e ser lido todos os dias.

Até Mahatma Gandhi, que não era cristão, reconheceu o valor da Bíblia. O Papa recorda aos jovens uma fala do líder pacifista: “A vocês foi confiado um texto que tem em si uma quantidade de dinamite suficiente para explodir em mil pedaços toda a civilização, por colocar o mundo de cabeça pra baixo e levar a paz a um planeta devastado pela guerra. Vocês o tratam, porém, como se fosse simplesmente uma obra literária, nada mais”.

O Papa e sua velha Bíblia
Francisco fala aos jovens sobre sua “velha Bíblia”, companheira de longa data que ele não troca por nada nesse mundo. “Se vocês vissem a minha Bíblia…Diriam: ‘O que? Essa é a Bíblia do Papa? Um livro tão velho, tão desgastado!’”, brincou o Papa. Mas mesmo que quisessem te dar uma nova, ele não aceitaria, porque a sua Bíblia, apesar de velha, viu suas alegrias e tristezas, é seu “grande tesouro”.

E como será que o Papa lê a Bíblia? Ele mesmo respondeu aos jovens no prefácio: pega o livro, lê, depois coloca-o de lado e se deixa olhar por Deus, que está verdadeiramente ali presente. Ele se deixa observar e percebe o que Deus o diz.

“Às vezes não fala, então não sinto nada, somente vazio, vazio, vazio…Mas, paciente, permaneço ali e O espero assim, lendo e rezando. Rezo sentado, porque me faz mal ficar de joelhos. Às vezes, rezando, até adormeço, mas não faz mal: sou como um filho próximo ao seu pai e isso é o que conta. Vocês querem me fazer feliz? Leiam a Bíblia”, pede o Papa.

Cristãos perseguidos por terem a Bíblia
Francisco também fala aos jovens que, depois de lida, a Bíblia não deve ficar nas estantes se enchendo de poeira. Ele lembrou que hoje, mais que no início da Igreja, os cristãos são perseguidos porque dão testemunho de Cristo, são condenados por terem uma Bíblia.

“Evidentemente a Bíblia é um livro extremamente perigoso, tanto que em certos países quem possui uma Bíblia é tratado como se escondesse granadas no armário”, disse o Papa fazendo alusão à perseguição que os cristãos sofrem em tantos lugares no mundo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Catequese: O que é indulgência plenária? Como alcançá-la no Ano da Misericórdia?

A doutrina e o uso das indulgências na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, e vem dos Apóstolos.

“Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”. (Norma 1 do Manual das Indulgências).

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que: “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados.

O pecado tem duas consequências: a culpa e a pena. A culpa é perdoada na Confissão; a pena, que é a desordem que o pecado provoca no pecador e nos outros, e que precisa ser reparado, é eliminada pela indulgência que pode ser plenária (total) ou parcial.

De acordo com o Manual das Indulgências, para se ganhar uma indulgência plenária (uma vez por dia apenas), para si mesmo ou para as almas, deve-se fazer:

a) uma Confissão individual rejeitando todos os pecados (basta uma Confissão para várias indulgências);
b) receber a Sagrada Eucaristia;
c) rezar pelo Papa ao menos um Pai-nosso e uma Ave-Maria.

Não é necessário que tudo seja feito no mesmo dia. Além disso, escolher uma dessas práticas:

1- Adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora (concessão n. 3)
2- Leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora (concessão n. 50);
3- Piedoso exercício da Via Sacra (concessão n. 63);
4- Recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação (concessão n. 63).

Para o Ano da Misericórdia o Papa Francisco autorizou outros meios de “alcançar misericórdia” por meio da indulgência plenária. Esta prática pode, então, substituir uma das quatro opções citadas acima: Rosário, ou Adoração do Santíssimo, ou Via Sacra, ou leitura bíblica meditada.

Segundo a carta do Papa Francisco a D.Rino Fisichella, presidente do pontifício conselho para a promoção da nova evangelização, se concede a indulgência para o Ano Santo:

1- Peregrinação até a Porta Santa
“Para viver e obter a indulgência os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, aberta em cada Catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo Bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão”.

2- Doentes e pessoas impossibilitadas
“Penso também em quantos, por diversos motivos, estiverem impossibilitados de ir até à Porta Santa, sobretudo os doentes e as pessoas idosas e sós, que muitas vezes se encontram em condições de não poder sair de casa. Viver com fé e esperança jubilosa este momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa Missa e na oração comunitária, inclusive através dos vários meios de comunicação, será para eles o modo de obter a indulgência jubilar”.

3- Encarcerados
“O meu pensamento dirige-se também aos encarcerados, que experimentam a limitação da sua liberdade. Nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também transformar as grades em experiência de liberdade”.

4- Obras de Misericórdia Espirituais ou Corporais
“Todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar. Daqui o compromisso a viver de misericórdia para alcançar a graça do perdão completo e exaustivo pela força do amor do Pai que não exclui ninguém. Portanto, tratar-se-á de uma indulgência jubilar plena, fruto do próprio evento que é celebrado e vivido com fé, esperança e caridade”.

5- Fiéis falecidos 
“A indulgência jubilar pode ser obtida também para quantos faleceram. A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na celebração eucarística, também podemos, no grande mistério da comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim”.

6- Fiéis que frequentarem Igrejas da Fraternidade São Pio X
[A Indulgência também] “é dirigida aos fiéis que por diversos motivos sentem o desejo de frequentar as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade São Pio X. Movido pela exigência de corresponder ao bem destes fiéis, estabeleço por minha própria vontade que quantos, durante o Ano Santo da Misericórdia, se aproximarem para celebrar o Sacramento da Reconciliação junto dos sacerdotes da Fraternidade São Pio X, recebam validamente e licitamente a absolvição dos seus pecados”.

Que neste Ano Santo que se iniciará, saibamos aproveitar a oportunidade para vivê-lo intensamente e buscar ir ao encontro dessa fonte inesgotável de misericórdia que nasce do Coração de Deus.
Prof. Felipe Aquino
Canção Nova

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Papa Francisco responde a cartas de crianças em novo livro

As respostas do Papa Francisco a 31 cartas e desenhos de crianças do mundo inteiro serão publicadas em um livro.

A publicação “Caro Papa Francisco, gostaria de lanchar com você”, será lançada em março do próximo ano pela Loyola Press, dos Estados Unidos, em uma versão bilíngue em inglês e espanhol.

O volume é o resultado final de um projeto internacional da Companhia de Jesus e será publicado contemporaneamente na Itália, Espanha, México, Polônia, Indonésia, Filipinas e Índia. Não há data oficial para a publicação em língua portuguesa.

As crianças de 6 a 13 anos que escreveram ao Papa vivem nos 6 continentes e representam 26 países, entre eles Albânia, Síria, China, Quênia e Estados Unidos. No livro emergem muitos temas e preocupações comuns: o grande amor pelo Papa Francisco e as curiosidades em relação à vida do Pontífice, preocupações transcendentais, um forte senso de justiça, social e teológico, a importância da família e o desejo de serem vistas e escutadas.

As respostas do Papa confirmam a sua convicção de que as crianças são o futuro e que suas vozes devem ser ouvidas.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Papa Francisco: Jesus chora por ver que o mundo rejeitou o caminho da paz

Na Santa Missa desta quinta-feira, 19, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco falou do cenário de guerras no mundo e de como isso entristece Jesus. Segundo o Papa, não há justificativa para a guerra, os conflitos são uma rejeição ao caminho de paz e Jesus chora por essa situação.

O Santo Padre comentou o Evangelho de Lucas, em que Jesus se comove e chora sobre Jerusalém. Jesus se aproximou, e quando viu a cidade, começou a chorar. Depois diz: “Se também você compreendesse hoje o caminho da paz! Agora, porém, isso está escondido aos seus olhos”. Na Missa de hoje, Francisco repetiu as palavras de Jesus:

“Mas também hoje, Jesus chora. Porque nós preferimos o caminho das guerras, o caminho do ódio, o caminho das inimizades. Estamos próximos ao Natal: teremos luzes, festas, árvores luminosas e presépio. Tudo falso: o mundo continua fazendo guerras. O mundo não entendeu o caminho da paz”.

Francisco recordou as celebrações recentes sobre a II Guerra Mundial, as bombas de Hiroshima e Nagasaki, a sua visita a Redipuglia no ano passado para o aniversário da Grande Guerra. “Tragédias inúteis”, repetiu o Papa usando as palavras de Bento XVI. “Em todo lugar existe guerra, hoje, existe ódio. O que permanece de uma guerra, desta, que estamos vivendo agora?, questionou o Papa, dando ele mesmo a resposta.

“O que resta? Ruínas, milhares de crianças sem educação, tantos mortos inocentes: tantos!, e muito dinheiro nos bolsos dos traficantes de armas. Jesus disse uma vez: ‘Você não pode servir a dois senhores: ou Deus ou as riquezas’. A guerra é a escolha pelas riquezas: ‘Vamos construir armas, assim a economia vai equilibrar um pouco, e vamos continuar com os nossos interesses’’.

“Há uma palavra feia do Senhor: ‘Malditos’. Porque Ele disse: ‘Bem-aventurados os pacificadores!’. Estes que trabalham a guerra, que fazem as guerras, são malditos, são criminosos. Uma guerra pode ser justificada – entre aspas – com muitas, muitas razões. Mas quando todo o mundo, como é hoje, está em guerra, todo o mundo: é uma guerra mundial em pedaços: aqui, ali, lá, em todos os lugares … – não há nenhuma justificação. E Deus chora. Jesus chora”, acrescentou o Papa.

Enquanto os traficantes de armas fazem seu trabalho, Francisco lembrou a situação dos pobres pacificadores que dão a vida para ajudar apenas uma pessoa. Como exemplo, ele citou Madre Teresa de Calcutá. Aos olhos do cinismo dos poderosos

“Fará bem também a nós pedir a graça das lágrimas, por este mundo que não reconhece o caminho da paz. Quem vive para fazer a guerra, com o cinismo de dizer para não fazê-la. Peçamos a conversão do coração. Precisamente às portas deste Jubileu da Misericórdia, que o nosso júbilo, a nossa alegria sejam a graça que o mundo reencontre a capacidade de chorar pelos seus crimes, por aquilo que faz com as guerras”.


Canção Nova 

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Já imaginou rezar 137 anos sem parar?

Você é daquelas pessoas que ficam com preguiça de rezar um terço completo? E o rosário, então, que é equivalente a quatro terços, totalizando 200 Ave-Marias? Até mesmo alguns católicos não praticantes acham essa quantidade bastante cansativa.

Agora tente imaginar o seguinte: ficar 137 anos rezando sem parar! É isso o que está acontecendo no convento das Irmãs Franciscanas da Adoração Perpétua, em La Crosse, no estado norte-americano de Wisconsin. Claro que essa não é uma tarefa para apenas uma pessoa – é feito um revezamento entre as enclausuradas.

Elas rezam continuamente desde as 11h da manhã do dia 1º de agosto de 1878! Dá para acreditar? Atualmente, pouco mais de 100 freiras fazem parte dessa congregação e a tarefa, mesmo assim, não é nada mole. Elas contam com a ajuda de cerca de 180 fiéis para não deixarem nunca que a reza acabe.

A busca por ajudantes começou em 1997, quando o número de irmãs no convento ficou mais reduzido. Elas atendem pedidos da comunidade e estimam que só na última década foram feitas orações para mais de 150 mil pessoas diferentes! Você pode, inclusive, mandar seu pedido de oração através do site oficial do convento.

Jovens de Maria - A12.com

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

De Copo cheio e Coração vazio

“Copo cheio e Coração vazio” é uma metáfora para dizer que há quem procura encher-se de coisas a fim de adiar um encontro consigo mesmo

Estava numa festa com amigos e, dentre tantas músicas que tocavam, ouvi uma cujo refrão dizia: “De copo sempre cheio e coração vazio, ‘tô’ me tornando um cara solitário e frio”. Até então, nada fora do comum; uma música amplamente conhecida no cenário nacional como tantas outras que haviam tocado e outas que viriam a tocar. Contudo, num posterior momento de observação, pude notar o quanto aquela letra era cantada com propriedade pelas pessoas que ali estavam, inclusive por mim, talvez pelo grande sucesso que a referida música tem feito atualmente. Mas será que é só isso?

Analisando com um pouco mais de profundidade, não é difícil concluir que, em alguns aspectos, essa música reflete a realidade de muitos que, de fato, encontram-se de “copo cheio e coração vazio”. Não quero, entretanto, reduzir tal reflexão a uma questão meramente afetivo-emocional, como sugere a canção, seria muito pouco diante do que realmente podemos questionar.

Para início de conversa, por meio da metáfora do “copo cheio”, gostaria de fazer alusão a tudo o que toma nosso tempo, nossa energia, emoção e atenção, “esvaziando nosso coração”. Agendas, cabeças e vidas cheias, e por que não o “copo cheio” literalmente? Muitos problemas, compromissos, projetos, promessas, desilusões e expectativas acabam por nos tomar de quem realmente somos. O barulho e tamanha movimentação de uma vida cheia são um ótimo esconderijo para quem foge do encontro consigo; daí, torna-se comum encher-se de coisas, a fim de adiar esse encontro.Ostentam-se rotinas agitadas, vidas sociais badaladas, luxo, baladas, currículos, influência, corpos esculturais e notoriedade; mas e o coração, como está? Essa é a questão! Quem é e como está a pessoa por trás de tudo isso?

Em tempos de total exposição de nossas vidas nas diversas redes sociais, nas quais fazemos nada mais nada menos que uma autopromoção de nossas personas, questiono-me: Somos quem e o que ostentamos? Parafraseando Antonie de Sain-Exupéry em ‘O Pequeno Príncipe’, que diz “o essencial é invisível aos olhos”, levanto a questão: O que nos é essencial? O que determina, de fato, a essência do que somos? O que apresentamos: nossa verdade ou uma personagem de fácil aceitação geral?

Na condição de filhos de Deus, somos criados à imagem e semelhança do Amor e para Ele vivemos. Em Sua busca nos encontramos desde o momento em que nos entendemos por gente. Cada um buscando da sua forma, com o seu jeito, usando do livre-arbítrio a nós concedido para alcançar essa meta, o que me leva à conclusão de que nosso coração se preenche à medida que nos aproximamos daqueles nos “devolvem” a nós mesmos e, consequentemente, aproximam-nos de Deus.

Na minha opinião, a verdadeira ostentação é ter ao nosso lado pessoas que nos aceitam, acolhem e amam por quem somos de fato, que marcam presença nas tempestades, quando o “copo” está quase transbordando; pessoas que, mesmo diante de nossos defeitos, preenchem nosso coração e nossa vida. A verdadeira ostentação é ter ao nosso lado alguém que nos conduz a Deus.

Higor Brito
Canção Nova

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Catequese: Como viver bem as fases do luto?

Ninguém está preparado para perder o outro, mas viver bem as fases do luto é indispensável


Todas as pessoas, quando sofrem alguma grande perda na vida (seja a morte de um ente querido, o diagnóstico de uma doença grave, um processo de falência ou a traição de uma pessoa muito próxima, uma separação, uma punição criminal etc.), passam em maior ou menor intensidade por aquilo que chamamos de processo de luto.

Para lidar com essa situação, a falecida psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross pesquisou sobre esse tema e descreveu cinco fases do processo de luto.

A reação psíquica determinada pela experiência da morte (perda) foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross em seu livro ‘Sobre a morte e o morrer’, no qual explica que esses estágios nem sempre ocorrem na mesma ordem, nem todos são experimentados pelas pessoas. Ela afirmou que uma pessoa sempre apresentará, pelo menos, duas dessas fases.


São elas:

1) Negação
Surge na primeira fase do luto. É o momento em que nos parece impossível a perda, quando não somos capazes de acreditar nela. A dor da perda é tão grande, que parece não ser possível nem real.

A negação é uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acabe negando o problema, tentando encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade, seja da morte de um ente querido ou da perda de algo importante. É comum que a pessoa também não queira falar sobre o assunto.

Nessa fase, a pessoa nega a existência do problema ou da situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tenta esquecê-la, não pensar nela ou ainda busca provas ou argumentos de que o fato não é real.
• “Isso não é verdade!”
• “Vai passar”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também”.

A pessoa continua se comportando como antes (ignorando a situação), não consegue aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

2) Raiva
A raiva surge depois da negação. Mesmo assim, apesar da perda já consumada, negamo-nos a acreditar nela. É quando surge o pensamento: “Por que comigo?”. É comum que surjam, nessa fase, sentimentos de inveja e raiva, quando qualquer palavra de conforto nos parece falsa, custando acreditar na sua veracidade.

Nessa fase, a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorreu. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente, essas emoções são projetadas no ambiente externo, percebendo o mundo, os outros e Deus como causadores de seu sofrimento. A pessoa se sente inconformada e vê a situação como uma injustiça.
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

Ela perde a calma quando fala sobre o assunto, evita o tema e se recusa a ouvir conselhos.

3) Negociação
A negociação surge quando o indivíduo começa a encarar a hipótese da perda e, diante disso, tenta negociar para que esta não seja verdade. Ele busca fazer algum tipo de acordo, de maneira que as coisas possam voltar a ser como eram antes. Essa negociação, geralmente, acontece dentro do próprio indivíduo ou, às vezes, voltada para a religiosidade.

As negociações com Deus são normalmente sob forma de promessas ou sacrifícios, pactos e outros similares, são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo. No caso de uma traição, a pessoa buscar agradar o outro.

• “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, terei uma vida saudável.”
• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)
• “Vou mudar minhas atitudes, meu comportamento, e tudo se resolverá”.

4) Depressão
A depressão surge quando o indivíduo toma consciência de que a perda é inevitável e incontornável. Ele sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu e percebe que não há como escapar da perda. Toma consciência de que nunca mais verá aquela pessoa (ou coisa); e com o desaparecimento dela, todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.

Nessa fase, ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É o momento em que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento. A pessoa se retira para seu mundo interno, isolando-se, sentindo-se melancólica e impotente diante da situação.

• “Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

Afastar-se das pessoas e comportar-se de maneira autodestrutiva são situações comuns nessa fase.

5) Aceitação
Última fase do luto. É quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero ou negação. Nessa fase, o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. É um período que depende muito da capacidade da pessoa de mudar a perspectiva e preencher o vazio. Voltando-se para a religiosidade, para a fé ou a ajuda de um profissional num processo de psicoterapia.

Nessa fase, percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

• Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isso.”
• “Posso aprender com isso e melhorar.”

Ela busca ajuda para resolver a situação, conversar com outros sobre o assunto e consegue planejar estratégias para lidar com a questão.
É importante entender que:

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Porém, sabe-se que, comumente, a fase mais longa é da depressão para a aceitação.

Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais. A única saída, então, é ter coragem, enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e emoções.”
O papel de um psicólogo num processo de luto:

O papel de um psicólogo num processo de luto pode ser muito útil para ajudar o indivíduo a identificar o estágio em que se encontra. A resolução do estágio exige a vivência de sentimentos e pensamentos que o indivíduo tenta evitar. A tarefa do psicólogo é permitir que o paciente vivencie o luto. Entendendo que superar não é esquecer nem fingir que nada aconteceu, significa aceitar e continuar a viver, retomar sua rotina, seu trabalho, voltar-se para seus amigos e demais familiares.

Nesse processo, a vivência da fé, para aqueles que creem, é de fundamental importância, pois ajuda a entender que o sofrimento faz parte da condição humana, e a morte e as perdas acontecem para todos.

Jesus veio para nos ensinar que estará sempre junto de nós em todos os momentos, ajudando-nos a carregar a cruz de cada dia, lembrando-nos sempre de que tudo nesta vida é passageiro e que Sua morte na cruz nos dá todos os dias a graça de, juntos com Ele, vivermos por toda a eternidade.

O Dia de Finados

A Comemoração na História
Os primeiros vestígios de uma comemoração coletiva de todos os fiéis defuntos são encontrados em Sevilha (Espanha), no séc. VII, e em Fulda (Alemanha) no séc. IX.

O fundador da festa foi Santo Odilon, abade de Cluny, o qual a introduziu em todos os mosteiros de sua jurisdição, entre os anos 1.000 e 1.009. Na Itália em geral, a celebração já era encontrada no fim do séc. XII e, mais precisamente em Roma, no início do ano de 1.300. Foi escolhido o dia 2 de novembro para ficar perto da comemoração de todos os santos.

Neste dia, a Igreja especialmente autoriza cada sacerdote a celebrar três Missas especiais pelos fiéis defuntos. Essa prática remonta ao ano de 1915, quando, durante a Primeira Guerra Mundial, o Papa Bento XV julgou oportuno estender a toda Igreja esse privilégio de que gozavam a Espanha, Portugal e a América Latina desde o séc. XVIII.

Na Tradição da Igreja 
Tertuliano (†220) – Bispo de Cartago – afirma: “A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os dias aniversários de sua morte” (“De monogamia”, 10).

O prelado atesta o uso de sufrágios na liturgia oficial de Cartago, que era um dos principais centros do Cristianismo no século III: “Durante a morte e o sepultamento de um fiel, este fora beneficiado com a oração do sacerdote da Igreja” (“De anima” 51; PR, ibidem).

Falando da vida de Cartago, no século III, afirma Vacandart, sobre a vida religiosa: “Aí vemos o clero e os fiéis a cercar o altar […] ouvimos os nomes dos defuntos lidos pelo diácono e o pedido de que o bispo ore por esses fiéis falecidos; vemos os cristãos […] voltar para casa reconfortados pela mensagem de que o irmão falecido repousa na unidade da Igreja e na paz do Cristo” (“PR”, ibidem).

- São Gregório Magno (540-604), Papa e Doutor da Igreja, declara:
“No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma Aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver cometido uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (cf. Mt 12,31). Dessa afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro” (dial. 4, 39).

- São João Crisóstomo (349-407), Bispo e Doutor da Igreja, afirma:
“Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelos sacrifícios de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (Hom. 1Cor 41,15). E “Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e esta lhes presta grande auxílio e real utilidade” (“In Philipp”. III 4, PG 62, 204).

“Da mesma forma, rezando nós a Deus pelos defuntos, ainda que pecadores, não lhe tecemos uma coroa, mas apresentamos Cristo morto pelos nossos pecados, procurando merecer e alcançar propiação junto a Deus clemente, tanto por eles como por nós mesmos” (idem).

“- Santo Epifânio (†403), Bispo da ilha de Chipre, diz:
“Sobre o rito de ler os nomes dos defuntos (no sacrifício) perguntamos: que há de mais nisso?Que há de mais conveniente, de mais proveitoso e mais admirável que todos os presentes creiam viverem ainda os defuntos, não deixarem de existir, e sim existirem ao lado do Senhor? Com isso se professa uma doutrina piedosa: os que oram por seus irmãos defuntos abrigam a esperança (de que vivem), como se apenas casualmente estivessem longe. E sua oração ajuda aos defuntos, mesmo se por elas não fiquem apagadas todas as dívidas […]. A Igreja deve guardar este costume, recebido como tradição dos Pais […] a nossa Mãe, a Igreja, nos legou preceitos, os quais são indissolúveis e definitivos” (“Haer”. 75, c. 8: pág. 42, 514s).

Os “Cânones de Santo Hipólito (160-235)”, que se referem à Liturgia do século III, contêm uma rubrica sobre os mortos […] “[…] Caso se faça memória em favor daqueles que faleceram […]” (“Canones Hippoliti, em Monumenta Ecclesiae Liturgica; PR”, 264, 1982).

Serapião de Thmuis (século IV), Bispo, no Egito, compôs uma coletânea litúrgica, na qual se pode ver a intercessão pelos irmãos falecidos:

“Por todos os defuntos dos quais fazemos comemoração, assim oramos: “Santifica essas almas, pois Tu as conheces todas; santifica todas aquelas que dormem no Senhor; coloca-as em meio às santas Potestades (anjos); dá-lhes lugar e permanência em teu reino” (“Journal of Theological Studies” t. 1, p. 106; PR , 264, 1982).

“Nós te suplicamos pelo repouso da alma de teu servo (ou de tua serva); dá paz a seu espírito em lugar verdejante e aprazível, e ressuscita o seu corpo no dia que determinaste” (“PR”, 264,1982).

As Constituições Apostólicas, do fim do século IV, redigidas com base em documentos bem mais antigos, no livro VIII da coleção, relata:

“Oremos pelo repouso de (citar nome), a fim de que o Deus bom, recebendo a sua alma, lhe perdoe todas as faltas voluntárias e, por sua misericórdia, lhe dê o consórcio das almas santas”.

Sobre as Indulgências:
Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências – Papa Paulo VI, 1967, diz:

“A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, a qual vindo dos Apóstolos “se desenvolve na Igreja sob a assistência do Espírito Santo”, enquanto “a Igreja no decorrer dos séculos, tende para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus (“Dei Verbum”, 8) e ( DI, 1).

“Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (“Norma” 1).

“Assim nos ensina a revelação divina que os pecados acarretam como conseqüência penas infligidas pela santidade e justiça divina, penas que devem ser pagas ou neste mundo, mediante os sofrimentos, dificuldades e tristezas desta vida e, sobretudo, mediante a morte, ou então no século futuro […]” (DI, 2).

“Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos pecados” (Catecismo da Igreja Católica, 1498).

Condições para ganhar a Indulgência Plenária
Para si ou para uma alma

1 – Confessar-se bem, rejeitando todo pecado;
2 – Participar da Santa Missa e comungar com esta intenção;
3 – Rezar pelo Papa ao menos um Pai Nosso, Ave Maria e Glória e
4 – Visitar o cemitério e rezar pelo falecido.

Obs.: – Fora da semana dos falecidos, o item 4 pode ser substituído por: Terço em família diante de um oratório, Via-Sacra na igreja; meia hora de adoração do Santíssimo ou meia hora de leitura bíblica meditada.


Felipe Aquino 
Canção Nova

Aos pés da cruz Maria acolheu o corpo falecido de Jesus

No dia 02 de novembro a liturgia católica comemora os “fiéis defuntos”. Na linguagem civil é dia de finados. A origem desse feriado civil é cristã. A palavra finados e defuntos significam: aqueles que tiveram um fim. A nossa fé nos une em oração aos falecidos. Lembrados, eles por sua vez nos lembram o que somos: peregrinos, caminheiros da jornada da vida terrena vocacionados para a habitação de Deus. O céu, a felicidade eterna é o destino para o qual Ele nos criou. No Credo professamos a fé na ressurreição da carne e na vida eterna. Às vezes, o progresso tecnológico, o avanço e as conquistas das ciências, ou até mesmo o ateísmo agressivo enchem de orgulho certo tipo de pessoas. Todavia, ninguém pode eliminar a realidade da morte. Nem impedir ou criticar a celebração dela. Progresso algum pode obstar a dignidade do morrer. Não adianta querer ignorar, ou fazer de conta que a morte não é problemática. Trata-se da passagem de todos para o futuro absoluto. Um futuro definitivo, cheio de interrogações, e prova do inevitável limite humano. A certeza da fragilidade do ser humano quanto à vida.

Presente em todas as épocas, povos e raças, o culto aos mortos é universal. Jesus morreu e nós adoramos a sua morte e ressurreição: o mistério da sua páscoa. Vivemos na esperança de já estar ressuscitando com Ele desde o batismo em seu nome. Se morremos com Cristo (para o pecado), escreve São Paulo, com Ele ressuscitaremos. Maria foi a primeira a experimentar esta realidade da fé! Ela presenciou a morte do Filho nos tormentos do Calvário. Embora a Bíblia nada diga, sem dúvida ela chorou a morte de seu casto esposo José. Bem como na morte de seus pais Ana e Joaquim e demais familiares próximos. Viveu a dor da separação dos entes queridos. Enfim, seu coração de mãe agonizou com o coração do Filho na cruz enquanto Ele a dava como mãe a nós na pessoa do “discípulo amado”.


Também por isso a Igreja a invoca em diversos títulos: Nossa Senhora da Boa Morte. Da Boa Viagem. Nossa Senhora da Glória. Da Assunção. Do Paraíso. A Ave Maria, oração antiquíssima, termina invocando-a: rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte! A teologia cristã não tem um pensamento definido sobre se a Virgem experimentou também a última agonia. Desde tempos antigos fala-se em: dormição de Maria. De todo o modo, sua glorificação junto ao Filho significa o estágio final e supremo de conformaçãocom o mistério de Cristo. Na maternidade e no discipulado fiel. Pelo teor dos Evangelhos deduzimos esta inserção total de Maria no mistério pascal. Por isso, ela nos ajuda a confiar no poder do Senhor da vida e da morte. A ressurreição já está efetivada nos que se comprometem de fato com sua Boa Nova.

A12.com

domingo, 1 de novembro de 2015

Dia de Todos os Santos: Um dia para a esperança!

Se perguntamos na rua quantos santos existem, provavelmente vamos escutar como resposta algo do tipo: “Vários; Não sei, um monte; São tantos que não tenho nem ideia.” Talvez comecem a enumerar alguns deles: “São Francisco, São Paulo, Santa Teresa, São Sebastião...” e assim por diante.

É verdade que existem muitos santos conhecidos e reconhecidos pelos feitos que fizeram, pela importância que tiveram em uma determinada época e lugar. Mas existem outros muitos santos que não estão nos altares. E eles são muito mais numerosos dos que os que conhecemos.

São pessoas comuns que buscaram viver a vida como Jesus viveu e nos convidou a viver. São os que levaram a sério o chamado de Jesus no silêncio de suas próprias vidas.

Porque celebramos na Igreja o dia de todos os santos?
No dia de hoje lembramos de toda essa “grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” que nos fala o livro do Apocalipse. É como se o céu se abrisse para nós, para que os possamos contemplar vivendo felizes na Glória de Deus.

Celebramos esse dia para que todos os santos possam “despertar em nós o grande desejo de ser como eles: felizes por viver próximos de Deus, na sua luz, na grande família dos amigos de Deus”, como nos diz o Papa emérito Bento XVI em uma homilia na festividade de todos os santos.

Olhando para os santos, lembramos que estamos nessa terra como peregrinos, com um destino, o Céu, e não como errantes, perdidos nesse mundo. A nossa vida teve um começo, mas não terá um final porque somos chamados a viver eternamente com Deus. Jesus, com sua vida, paixão, morte e ressurreição, nos abriu as portas do Céu. Cabe a cada um de nós acolher esse dom em nossas vidas.

Um dia para a esperança!
Acolher esse dom não é uma tarefa sempre fácil. Muitas vezes somos tentados pela desesperança por causa dos vários trabalhos que precisamos realizar, pelas contradições que vivemos interiormente, por nossos pecados e pelas injustiças que presenciamos.

Os Santos estão também no céu para mostrar que realmente é possível, com a Graça de Deus, viver como filhos e filhas de Deus apesar de todas as dificuldades. Nos santos, vemos que o poder de Deus é mais forte que o poder desse mundo. Os santos nos dão esperança! Uma esperança que nunca vai nos desiludir.

O Papa Francisco, no dia de todos os Santos do ano passado lembrou uma figura antiga que usavam os primeiros cristãos para falar da esperança. Eles a comparavam com uma âncora que estava ancorada no Céu. Por mais que o barco da nossa vida possa passar por tempestades violentas, se temos a nossa âncora lá junto com os santos, esse barco nunca vai afundar.

Façamos a pergunta que o Papa nos fez naquela ocasião: “Onde tenho posta a âncora da minha vida?” Será que a tenho posta nas coisas deste mundo, que vão passar e que portanto não são um lugar seguro?

Sejamos Santos!
Lembremos hoje do insistente chamado a santidade que Deus têm feito a cada um de nós. O Papa Bento XVI define assim a santidade: “Ser santo significa: viver na intimidade com Deus, viver na sua família. Esta é a vocação de todos nós”. Sejamos santos nessa vida para poder viver com Deus eternamente no Céu.

Certamente não é uma tarefa fácil, mas não estamos sozinhos, todos os nossos irmãos que nos precederam em santidade intercedem por nós para que cheguemos ao final dessa jornada. E o próprio Deus nunca nos deixa de assistir com a sua Graça para que nos conformemos cada vez mais com seu Filho Jesus.

sábado, 31 de outubro de 2015

A Campanha da Fraternidade Ecumênica em 2016

Está à venda nas livrarias católicas e evangélicas os materiais da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. O Tema da Campanha: “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5, 24). O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) é responsável pela CF 2016.

O CONIC é composto pelas seguintes igrejas: A Igreja Católica Apostólica Romana; A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil; A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil; A Igreja Presbiteriana Unida do Brasil; e A Igreja Sirian Ortodoxo de Antioquia. Além dessas Igrejas três organizações participaram na Comissão da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: O Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), Visão Mundial, Aliança de Batistas do Brasil.

As Igrejas que integram o CONIC assumem como missão expressar em gestos e ações o mandato evangélico da unidade, que diz: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em Ti; que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste”(Jo 17,21). Seria importante mencionar também a contribuição da Misereor dos católicos da Alemanha para a CF 2016, que desde uma perspectiva de fé, significa também assumir a responsabilidade comum pelo futuro da Terra.

Entre várias importantes fontes que marcaram o ano 2015 preocupadas com as mudanças climáticas precisamos mencionar duas: “Peregrinação por justiça e paz” do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) que destaca a necessidade urgente da superação desse modelo de desenvolvimento que está baseado no consumo e na ganância; e a Encíclica do Papa FranciscoLaudato Sí sobre o cuidado da Casa Comum. O Objetivo Geral da Campanha é: “Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum”.

Os oito Objetivos Específicos da CF mostram a preocupação com o saneamento básico no Brasil:

a) Unir Igrejas, diferentes expressões religiosas e pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico;
b) Estimular o conhecimento da realidade local em relação aos serviços de saneamento básico;
c) Incentivar o consumo responsável dos dons da natureza, principalmente da água;
d) Apoiar e incentivar os municípios para que elaborem e executem o seu Plano de Saneamento Básico;
e) Acompanhar a elaboração e a excussão dos Planos Municipais de Saneamento Básico;
f) Desenvolver a consciência de que políticas públicas na área de saneamento básico apenas tornar-se-ão realidade pelo trabalho e esforço conjunto;
g) Denunciar a privatização dos serviços de saneamento básico, pois eles devem ser política pública como obrigação do Estado;
h) Desenvolver a compreensão da relação entre ecumenismo, fidelidade à proposta cristã e envolvimento com as necessidades humanas básicas.

De fato, as noventa páginas do texto-Base da CF 2016 são realmente uma enciclopédia sobre saneamento básico.


Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Catequese: Católico pode participar do Halloween?

O cristão católico pode participar do Halloween? Essa é apenas uma prática cultural inofensiva?
O Halloween é uma festa comemorada no dia 31 de outubro, véspera do Dia de Todos os Santos. É realizada em grande parte nos países ocidentais, sendo mais forte nos Estados Unidos, para onde foi levada por imigrantes irlandeses em meados do século XIX. Na valorização da cultura americana, especialmente nas escolas de inglês e nos filmes de Hollywood, essa festa tem se espalhado pelo mundo.

A Origem do Halloween
A prática do Halloween vem do povo celta, o qual acreditava que, no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saíam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos, visitar as famílias e levar as pessoas ao mundo dos mortos. Sacerdotes druístas (religião celta) atuavam como médiuns evocando os mortos. Parece que, para espantar esses fantasmas, os celtas tinham o costume de colocar objetos assustadores nas casas, como caveiras, ossos decorados, abóboras enfeitadas entre outros. O termo “Halloween” surge mais tarde, no contato da cultura celta com o Cristianismo. Da contração do termo escocês “Allhallow-eve” (véspera do Dia de Todos os Santos), que era a noite das bruxas, surge o “Halloween”.

O Católico pode participar do Halloween?
É aí que surge a dúvida: hoje essa festa tem algum significado espiritual? O cristão pode participar dela? É apenas uma prática cultural inofensiva?

São Paulo diz: “Não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6,12). O apóstolo também exorta: “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1Pd 5,8). Embora não os vejamos, os espíritos malignos são seres inteligentes que agem tentando perder as almas. Não os vemos, mas sofremos suas investidas. Isso é Doutrina da Igreja Católica.

Significado espiritual
Será que uma festa pagã, que praticava um ato abominável por Deus – a evocação dos mortos (Dt 18,10-11) –, enculturada hoje, não tem significado espiritual nenhum? É difícil que não tenha! Mas onde está o maligno nessa brincadeira de criança? Nós não o vemos, assim como não vemos o vírus ebola que começa a apavorar o mundo. Você faria uma festa numa região que pode estar contaminada com esse vírus? Uma doença que pode roubar sua vida temporal? Eu não! Da mesma forma, e com muito mais razão, é questionável envolver-se numa festa que possa nos deixar sujeitos a um “vírus” que pode roubar nossa vida eterna. Na dúvida, eu me resguardo. Bem, mas essa é uma reflexão para quem tem fé católica e procura ser coerente com ela.

Outra pergunta que me faço é se o contato e a identificação com imagens horríveis de bruxas e monstros não tem significado algum na formação dos jovens. Desconsiderando a expressão de um satanismo evidente, mas indo para reflexão mais cultural, aí também não acredito que o Halloween seja tão inofensivo.

O mal quando vira brincadeira torna-se inofensivo?
O ser humano é chamado a contemplar o belo, porque é manifestação da harmonia de tudo que é bom e verdadeiro. Deus é belo, mas o ser humano tem uma estranha atração pelo mórbido, o oculto e suas expressões naquilo que tem de horrível. Não tenha dúvida de que educar uma pessoa humana significa, dentre tantas outras coisas, ensiná-la a apreciar, valorizar e identificar o belo com o bom. Não seria o Halloween mais uma forma, dentre tantas outras hoje em dia, de roubar a referência do belo, do verdadeiro, do bom e do honesto? Será que o mal e o monstruoso, quando viram brincadeira, são tão inofensivos à cultura e aos valores do ser humano?

Até o “doces ou travessuras” não surgiu de forma muito pura. Parece que sua origem está na época em que os países anglo-saxônicos se tornaram protestantes, e as crianças protestantes iam às casas das famílias católicas, oprimidas pelo governo, impor suas exigências. Em um mundo onde os jovens diariamente curtem nas roupas, nos filmes e nas festas o mórbido das caveiras e dos zumbis, o horrível dos monstros e das bruxas, é fácil entender uma sociedade tão pobre em cultura e tão abundante em violência e promiscuidade. Se a expressão do mal é brincadeira e moda, que mal faz torná-lo coisa séria?
Festejar os demônios

Voltando ao lado religioso, é curioso que o Halloween se avizinhe da festa católica de Todos os Santos. Não parece que alguém, tão incomodado com os santos, resolveu festejar os demônios?

Não se trata de supervalorizar do mal em detrimento do bem. Menos ainda de uma visão puritana das coisas deste mundo. O mundo é maravilhoso, a vida é bela. O cristão precisa saber acolher essa maravilha, valorizar a vida do homem e cultivar a alegria da criança e do jovem. Contudo, para semear a vida e colher a alegria é preciso saber: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (1Cor 6,12).


André Botelho
Canção Nova

CNBB celebra envio de missionária ao Haiti

Os bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participaram, no fim da tarde da última terça-feira, 27, da missa de envio da irmã Zenaide Laurentina Mayer. A religiosa fará parte do Projeto Missionário Intercongregacional, que a Igreja no Brasil desenvolve no Haiti desde 2010, quando um terremoto devastou o país.

A celebração eucarística foi presidida pelo bispo auxiliar de São Luís (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da CNBB, dom Esmeraldo Barreto de Faria.

Em sua homilia, dom Esmeraldo recordou o evangelho do dia, tirado do livro de São Lucas, em que Jesus compara o Reino de Deus a uma semente e ao fermento. “Reunidos nessa celebração, guardemos no coração essa importância da vivência da missão, esse chamado de Deus para nossa vida, para vivenciarmos esse Reino que é de Deus, que Jesus disse que é semelhante à semente e ao fermento”, motivou o bispo.

Dom Esmeraldo falou sobre a missão considerando que cada pessoa é uma “semente de Deus e uma terra de Deus que acolhe a semente, e, ao mesmo tempo, a pessoa que semeia”.

“Em nome de Deus e como vocação e missão, somos chamados a semear e a colocar no coração e na vida das pessoas essa semente que traz a força de Deus, mas ao mesmo tempo a missão nos implica de tal forma que nós nos tornamos terra, nos tornamos lugar que recebe a semente de Deus que vem das outras pessoas”, explicou.

À missionária, dom Esmeraldo indicou que deve ser uma semeadora que possui a “semente de Deus”. Entretanto, ela não deve se esquecer o que irá encontrar no país caribenho. “Lá no Haiti tem um povo que grita pela força do Espírito, a natureza com todas as pessoas de lá, eles gritam esperando esta semente, mas lá também já está essa semente, lá também já tem semeadores e semeadoras, não só as irmãs que a senhora vai encontrar e conviver”, recordou.

Além de semeadora, a missionária será, de acordo com dom Esmeraldo, terreno. “Que a senhora possa acolher toda semente de Deus que vem para sua vida e para o seu coração”, disse.

A comparação com o fermento também acontece da mesma maneira. “A senhora vai ser a pessoa que vai colocar esse fermento, que vai levar esse fermento, mas a senhora vai ser farinha. Com certeza, no Haiti, não vai ser só farinha pronta, mas vai ser um trigo que vai ser moído, moído, para se tornar uma farinha”, afirmou o bispo.

O presidente da celebração ainda exortou aos presentes a não terem medo de se aproximarem das periferias e “tocar nas feridas de Cristo”.

Ao final de sua fala, dom Esmeraldo ressaltou o fato da missa de envio ocorrer durante a reunião do Conselho Permanente da CNBB. “A evangelização não é um ato isolado, já lembrava Paulo VI na Evangelii Nuncianti, mas é um ato fundamentalmente eclesial. A senhora lá vai viver como Igreja, vai ser um sinal da Igreja aqui do Brasil que está em união com a senhora”, disse.

Envio

A celebração seguiu com a bênção que pede a Deus que a missionária seja guiada e fortalecida “para que não se deixe abater pelo trabalho e pela fadiga”. A prece também roga que “suas palavras sejam eco da voz de Cristo” e atraia para a observância do evangelho os que a escutarem.

Dom Esmeraldo benzeu e entregou à religiosas a Cruz, que simboliza o amor de Cristo e a missão “para qual a Igreja a escolheu”. Irmã Zenaide também recebeu das mãos da presidente da CRB, irmã Maria Inês Ribeiro, a bandeira do Haiti.

O arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB, dom Sergio da Rocha, entregou uma vela. "É com muita esperança, mas também com uma gratidão muito sincera que nós te entregamos esta chama da fé em Cristo, luz da palavra, luz que é Cristo. Vá compartilhar esta luz, esta chama com aqueles irmãos e irmãs, um povo irmão, acolhido, lá do Haiti", disse dom Sergio.

Também foi entregue, pela coordenadora do Conselho Missionário Diocesano (Comidi) da arquidiocese de Brasília, Cláudia, e pela pequena Yasmin, integrante da infância Missionária, o cartaz da Campanha Missionária. Dom Esmeraldo pediu que a irmã Zenaide levasse o material em sua viagem.


Expectativa
Natural de Witmarsum (SC), irmã Zenaide fez sua profissão religiosa em Presidente Getúlio (SC), na congregação das Irmãs Franciscanas de São José. Ela comentou sobre suas expectativas para a missão. “A expectativa é que a gente possa conviver, ser fraterno e realmente fazer um trabalho de irmão para irmão e em comunhão com as irmãs que já estão lá e também com o povo, com a cultura. E que a gente possa realmente fazer um trabalho do Evangelho junto às pessoas que estão lá”, espera.

Durante a missa de envio, estiveram presentes religiosas da Congregação que atuam em Nova Alvorada do Sul (MS), Rio Verde (GO), Curitiba (PR), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC) e Presidente Getúlio (SC).

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Deus não condena, só pode amar, diz Papa Francisco

Na Missa desta quinta-feira, o Papa lembrou que a impotência de Deus é o amor pela humanidade; Deus pode tudo, menos deixar de amar

Deus não condena, Ele só pode amar e o amor é a sua fraqueza e a vitória do homem. Essa foi, em resumo, a reflexão do Papa Francisco na Missa desta quinta-feira, 29, na Casa Santa Marta.

Da primeira Leitura, Francisco destacou a fala de São Paulo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. O Papa explicou que é como se o cristão tivesse em mãos essa força da segurança de vencedor, como uma propriedade, e pudesse dizer “sou campeão”. Mas o sentido é outro, disse. O que faz o cristão vencedor é o fato de que nada poderá separá-lo do amor de Deus.

“Não é que nós somos vencedores sobre os nossos inimigos, sobre o pecado. Não! Nós estamos tão ligados ao amor de Deus que ninguém, nenhum poder, nada poderá nos separar deste amor. Paulo viu no dom, viu mais, aquilo que dá o dom: é o dom da recriação, é o dom da regeneração em Cristo Jesus. Viu o amor de Deus. Um amor que não se pode explicar”.

A impotência de Deus é a sua incapacidade de não amar
Francisco explicou que cada pessoa pode até rejeitar esse dom, preferindo a sua vaidade, o seu orgulho, o seu pecado. Mas mesmo assim o dom está ali.

“O dom é o amor de Deus, um Deus que não pode se separar de nós. Essa é a impotência de Deus. Nós dizemos: ‘Deus é poderoso, pode fazer tudo!’. Menos uma coisa: separar-se de nós! No Evangelho, aquela imagem de Jesus que chora sobre Jerusalém nos faz entender algo desse amor. Jesus chorou! Chorou sobre Jerusalém e naquele choro está toda a impotência de Deus: a sua incapacidade de não amar, de não se separar de nós”.

A segurança do homem: Deus não condena, só pode amar
Sobre esse episódio do Evangelho, o Papa explicou que Jesus chorou sobre Jerusalém que matou os seus profetas, aqueles que anunciavam a sua salvação. E Deus disse: “Quantas vezes quis reunir os teus filhos como uma galinha e os seus pintinhos sob suas asas e vocês não quiseram”. Essa é uma imagem de ternura, lembrou o Papa, e por isso São Paulo entende e diz que foi convencido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos e nem nada pode separar o homem desse amor divino.

“Deus não pode não amar! E essa é a nossa segurança. Eu posso rejeitar aquele amor, posso rejeitar como fez o bom ladrão, até o fim da sua vida. Mas ali o esperava aquele amor. O pior, o que mais diz blasfêmias é amado por Deus com uma ternura de pai. E como diz Paulo, como diz o Evangelho, como diz Jesus: ‘Como uma galinha com os pintinhos’. E Deus, o Poderoso, o Criador pode fazer tudo: Deus chora! Neste choro de Jesus sobre Jerusalém, naquelas lágrimas, está todo o amor de Deus. Deus chora por mim, quando eu me afasto; Deus chora por cada um de nós; Deus chora por aqueles malvados, que fazem tantas coisas ruins, tanto mal à humanidade…Espera, não condena, chora. Por que? Porque ama!”.

Canção Nova 

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

São Judas Tadeu e as causas impossíveis

Diante da figura de São Judas Tadeu e conhecendo a grande devoção que esse santo possui, é bom que nos perguntemos sobre o que são essas causas impossíveis que tanto pedimos ajuda a esse santo, buscando aprofundar um pouco mais nessa devoção e tratando de encontrar alguns dos verdadeiros valores de fé que animam essa devoção.

Em uma passagem famosa da Bíblia (Mt, 19, 24-46) encontramos Jesus dizendo que é mais fácil que um camelo passe pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos céus. Isso deixa os discípulos um pouco assustados e perguntam quem é que poderia então se salvar, ao que Jesus responde: "Isso é impossível aos seres humanos, mas para Deus todas as coisas são possíveis". Talvez a maior causa impossível que exista seja exatamente essa, a nossa salvação. Ela é, ao mesmo tempo, a causa mais importante de todas, já que “de que adianta uma pessoa ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8,36). E vemos que Deus sai ao encontro dessa causa impossível, tornando-a possível com Ele.

Mas não existe apenas essa última e mais importante causa impossível. De fato, a busca por viver uma vida cristã autêntica coloca o cristão em diversos desafios que o exigem bastante e, de uma maneira geral, sem a intercessão de Deus, ou seja, sem a sua graça que anima a nossa vida, nós é também impossível perseverar até o fim por nossa fragilidade humana que muitas vezes prefere dar as costas a Deus e buscar ao máximo, na medida em que seja possível, uma vida cômoda, tranquila, longe dos problemas do mundo e fazendo vistas grossas aos nossos próprios problemas.

Verdadeiramente as causas impossíveis estão, se olhamos dessa maneira, por todo lado. Existem ainda causas que não são impossíveis em si mesmas, mas que por vários motivos podem ser impossíveis para mim, em algum determinado momento. Atravessar um rio remando não é impossível, mas para uma pessoa que não possua a força necessária para ir contra a correnteza, pode-se entender uma certa impossibilidade.

Estamos tocando aqui um valor fundamental da fé cristã que o mundo atual quer deixar cada vez mais de lado. O ser humano precisa de ajuda para enfrentar os seus impossíveis, mas o que se vende hoje como êxito de vida é a pessoa independente, autônoma, que não precisa dos outros para levar sua vida adiante, que se completa a si mesma. Em um mundo assim, Deus vai perdendo seu lugar porque já não há nada que nós não possamos resolver por nós mesmos. Vamos nos tornando nossos pŕoprios deuses.

O problema é que os impossíveis não desaparecem realmente, mas ficam apenas camuflados, deixados de lado, esquecidos. Um grande valor que nós católicos não podemos perder é exatamente esse que nos lembra São Judas Tadeu como padroeiro das causas impossíveis. O ser humano é uma criatura maravilhosa e capaz de coisas incríveis, mas não é Deus e precisa dele para se realizar como ser humano, para compreender o sentido sobrenatural da vida e para conseguir perseverar nessa “vida em abundância” que o próprio Deus nos convida a viver.

Hoje é um dia para lembrar que como criaturas não somos capazes de realizar o impossível, mas que Deus vivo em nós e por meio de nós (assim como por meio de São Judas) pode e quer realizar todos os impossíveis que nos atrapalham a viver uma vida feliz e principalmente realizar o impossível de nossa salvação.

A12.com

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Vaticano desmente notícia infundada sobre saúde do Papa

Padre Lombardi afirmou que notícia sobre saúde do Papa é infundada e sua publicação foi um ato irresponsável


O Vaticano desmentiu, nesta quarta-feira, 21, notícias infundadas sobre a saúde do Papa Francisco. Um órgão de imprensa italiano publicou a informação de que o Papa teria um pequeno tumor curável no cérebro, fato negado pela Santa Sé.

“A difusão de notícias totalmente infundadas sobre a saúde do Santo Padre por parte de um órgão de imprensa italiano é gravemente irresponsável e não digna de atenção. Além disso, como todos veem, o Papa desenvolve sempre sem interrupção a sua intensa atividade de modo absolutamente normal”, declarou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, em nota emitida nesta quarta-feira.

Padre Lombardi voltou a falar do assunto na coletiva desta manhã, sobre o andamento dos trabalhos do Sínodo dos Bispos. Ele disse que confirmou com fontes seguras, inclusive com o próprio Santo Padre, que Francisco não realizou nenhum tipo de exame, como consta na notícia publicada pelo jornal italiano. Nenhum médico japonês esteve no Vaticano para visitar o Papa, disse.

Além da falsa notícia, o jornal publicou uma entrevista com um professor sobre o referido tumor. O próprio professor ligou para padre Lombardi e disse que ficou surpreso com as notícias. Ele contou que, realmente, concedeu entrevista ao jornal sobre tumores cerebrais, mas foi algo genérico, sem referências ao Santo Padre.

“Posso confirmar que o Papa goza de boa saúde”, concluiu padre Lombardi.


Canção Nova

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Papa Francisco alerta sobre “vírus” da hipocrisia

Na Missa desta sexta-feira, Papa destacou necessidade de oração para não se contagiar pelo vírus da hipocrisia, que nunca leva à luz de Deus 


É preciso rezar muito para não se deixar contagiar pelo “vírus” da hipocrisia, disse o Papa Francisco em sua homilia nesta sexta-feira, 16, na Casa Santa Marta. A hipocrisia, disse, seduz o ser humano com o fascínio da mentira.

O Papa recordou a cena retratada por Lucas na passagem do Evangelho do dia – Jesus e os discípulos, no meio de uma multidão, que pisa nos próprios pés, de tão numerosa que é –, chamando à atenção para a advertência sincera de Cristo aos Seus discípulos: “Atentos ao fermento dos fariseus”. “O fermento é uma coisa muito pequena”, observa Francisco, mas como Jesus fala sobre ele, é como se quisesse dizer “vírus”. Como um médico que diz para prestar atenção aos riscos de um contágio.

“A hipocrisia é a maneira de viver, agir e falar, que não é clara. Talvez sorria, talvez seja sério… Não é luz, não é escuridão… Move-se de uma forma que parece não ameaçar ninguém, assim como a serpente, mas tem o fascínio do claro-escuro. Tem o fascínio de não ter as coisas claras, de não dizer as coisas claramente; o fascínio da mentira, das aparências … Aos fariseus hipócritas, Jesus dizia também que eles estavam cheios de si mesmos, de vaidade, que eles gostavam de caminhar nas ruas, mostrando que eram importantes, pessoas cultas”.

Jesus, no entanto, tranquiliza a multidão. “Não tenham medo”, diz Ele, porque “não há nada escondido que não será revelado, nem segredo que não será conhecido”. Como se dissesse, observa ainda Francisco, que se esconder não ajuda, embora o fermento dos fariseus leva as pessoas a amar mais as trevas do que a luz.

“Esse fermento é um vírus que fará com que você fique doente e morra. Cuidado! Esse fermento leva você às trevas. Cuidado! Mas há alguém que é maior do que isso: é o Pai que está nos céus. “Cinco pardais não se vendem por duas moedas? No entanto, nenhum deles é esquecido diante de Deus. Até os cabelos de sua cabeça estão todos contados”. E, em seguida, a exortação final: “Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais”. Diante de todos esses medos que nos colocam aqui e ali, e que nos coloca o vírus, o fermento da hipocrisia farisaica, Jesus nos diz: “Há um pai que ama você, que cuida de você”.

E há uma só maneira de evitar o contágio, diz Papa Francisco. É o caminho indicado por Jesus: rezar. A única solução, para evitar cair naquela atitude hipócrita que não é nem luz, nem escuridão, é a metade de um caminho que nunca vai chegar à luz de Deus.

“Rezemos. Rezemos muito. ‘Senhor, protege a tua Igreja, que somos todos nós: protege o teu povo, o que se tinha reunido e se pisoteava entre eles. Protege o teu povo, para que ame a luz, a luz que vem do Pai, que vem do Teu Pai, que Te enviou para nos salvar. Protege o Teu povo, para que não se torne hipócrita, para que não caia na apatia da vida. Protege o Teu povo, para que ele tenha a alegria de saber que existe um Pai que nos ama tanto”.

domingo, 4 de outubro de 2015

Como amar e viver cada dia melhor a Santa Missa?

Vamos refletir sobre um assunto que tem uma importância fundamental na vida espiritual:
Como amar e viver cada dia melhor a Santa Missa?

Você, com certeza, tem esse desejo: quer participar da Missa com mais fé, com mais amor, com mais fruto. Pois bem, para isso precisamos perguntar-nos muito sinceramente: Como é que eu vejo a Missa? O que a Missa é para mim?

Talvez nos ajude a achar a resposta imaginarmos agora que já foi descoberta a "máquina do tempo", sobre a qual fantasiam tantos romances e filmes. Ajudado pela máquina, você consegue recuar mais de dois mil anos, e de repente se encontra em Jerusalém, no ano 33 da nossa era.

Com imensa emoção, nota que está ocupando um lugar à mesa no Cenáculo, na sala onde Jesus, presente, está instituindo a Sagrada Eucaristia, e ouve suas palavras: "Isto é o meu corpo, que será entregue por vós; este é o cálice do meu sangue, que será derramado por vós…". Simultaneamente, você se acha no Calvário, junto de Nossa Senhora e de São João, ao pé da Cruz, e escuta como Jesus diz, pouco antes de morrer: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!" E ainda, sem intervalo de tempo, você está de novo no Cenáculo e vibra com os onze Apóstolos (Judas já se foi), radiantes de alegria porque acaba de se apresentar ali Jesus vivo, ressuscitado, e lhes mostra – a você também – as chagas das mãos e dos pés, enquanto lhes diz: "Não tenham medo, sou eu mesmo!"

Visto num filme, lido num grande romance, isso seria fantástico. Acontece, porém, que não estou falando nem de filme de ficção científica nem de romance de fantasia. Falo de uma realidade, de uma tremenda e total realidade, que talvez você viveu muitas vezes sem reparar, com os olhos da alma cegos, tapados pelo desconhecimento ou pela fraqueza da fé. Porque isso tudo que acabo de falar, acontece de fato, de verdade, todas as vezes que você assiste à Santa Missa.

Para que me preparo?
Sei que agora não é o momento de lhe dar uma aula sobre a Missa, pois não estamos fazendo um curso de doutrina, mas apenas meditando sobre alguns pontos de vida espiritual. Mas, uma vez que tratamos da preparação prática para a Missa, é necessário perguntar-nos: para quê me preparo? Como é lógico, você e eu nos prepararíamos de maneira diferente se fôssemos visitar um simples colega, ou se, por hipótese, fôssemos ter uma entrevista particular com o Papa.

Pois bem, a Missa, como diz um grande teólogo (Guardini), "é uma Pessoa". É Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, no ato máximo do seu amor: naqueles momentos em que, como diz São Paulo, se entregou – morreu – pelos nossos pecados, e ressuscitou para a nossa santificação (cf. Rm 4,25 e 1 Cor 11,26).

Não acha que será útil rever agora brevemente pontos básicos da nossa fé sobre a Missa, a fim de compreender como devemos prepará-la?

Leio no Compêndio do Catecismo da Igreja Católica que a Eucaristia "é o próprio sacrifício do Corpo e Sangue do Senhor Jesus, que ele instituiu para perpetuar pelos séculos o sacrifício da cruz, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua morte e ressurreição" (n. 271).

"Memorial" não quer dizer "lembrança", mas "presença" atual de fatos que aconteceram em outro tempo, e que Deus quer eternizar. Como ensina a Igreja, "tudo o que Cristo fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente" (Catecismo da Igreja, n. 1085). Por isso, "quando a Igreja celebra a Eucaristia [a Santa Missa], memorial da morte e ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente" (João Paulo II, Encíclica sobre a Eucaristia, n. 11).

Sendo assim, é natural que a Igreja proclame que a Eucaristia é "fonte e ápice de toda a vida cristã", e que "ela encerra todo o bem espiritual da Igreja: o mesmo Cristo" (Compêndio, n. 274).

Você vai à Missa? Então vai ter num encontro pessoal com Jesus, no momento – atual! – em que, como diz São João, levou seu amor por nós até o fim, até o extremo (Jo 13,1).

Vai à Missa? Então vai ao encontro de Jesus, vivo e real, que o espera, entregando-se agora na cruz por você, dando-se agora a você como alimento de Vida, esperando agora por você com o coração cheio da maior loucura de amor que se possa imaginar.

Como preparar-se bem
Será que todas as vezes que você vai à Missa, você se prepara? Não? Então, tire as consequências.

A primeira e fundamental, segundo me parece, é a que exprime o ditado "amor com amor se paga". Portanto:

a) Seria terrível ir ao encontro de Jesus na Missa e na Comunhão com um coração que carregasse, sem se importar com isso, ofensas graves contra Deus, pecados mortais não perdoados numa boa confissão. Que falta de amor e de respeito! É lógico que a Igreja tenha ensinado sempre, sem mudar jamais, o que hoje ensina o Catecismo da Igreja:

"Quem quer receber a Cristo na comunhão eucarística deve estar em estado de graça. Se alguém tem consciência de ter pecado mortalmente, não deve comungar a Eucaristia sem ter recebido previamente a absolvição no sacramento da penitência" (n. 1415). A Igreja condena o erro dos que dizem que se pode comungar, ainda que se tenha um pecado mortal, desde que a pessoa se arrependa a se proponha a confessar-se depois. Não, a confissão – fora dos casos de grave impossibilidade e necessidade de comungar – deve ser feita sempre antes de receber a Eucaristia ("necessidade" de comungar é, por exemplo, o caso de perigo de morte; ou a precisão de fazer a comunhão anual, em circunstâncias onde isso só pode ser feito através de um leigo ministro da Comunhão, por falta de padre).

Depois de esclarecer isso, quero que evite uma possível confusão. Quando, infelizmente, uma pessoa não pode comungar por ter algum pecado mortal não confessado, isso não quer dizer que não possa assistir à Missa com muito proveito (pense na Missa pelas almas, que é de grande proveito para os falecidos, ainda que evidentemente eles não possam comungar). A "necessidade" da confissão prévia é para a Comunhão, não para a Missa. Por isso, se tiver a desgraça de algum dia não poder comungar, vá à Missa, não perca esse tesouro! Peça perdão a Jesus no coração, e confie em que aquela Missa lhe dará uma grande ajuda do Céu, forças para melhorar e capacidade de entender melhor o valor da confissão frequente.

b) Voltemos a pensar – como víamos antes – que a Missa é o máximo ato de amor de Cristo, que nela você vai ao encontro de this tremendous lover (esse tremendo amante), como diz o poeta Francis Thompson. Se está convencido disso, sentirá naturalmente o desejo de se preparar fazendo, por dentro, muitos atos de contrição também pelos pecados veniais: "Perdão, Jesus, por essas faltas que não são mortais, mas são indelicadezas!". E fará atos de fé, de esperança e de amor. Antes de ir à Missa, medite bem no que vai fazer, reze algumas das preces que os bons livros de orações trazem para antes da Comunhão.

O melhor mesmo seria fazer, antes da Missa, em casa ou na igreja, uns minutos de oração mental. Às vezes isso será difícil (pois outras pessoas da família se atrasam, ou você viajou e chega em cima da hora, etc.), mas sempre se pode conseguir um pouco de recolhimento interior e dizer breves orações no carro, na condução ou andando pela rua.

c) Antes lhe falava da diferente preparação que deveríamos fazer conforme fôssemos simplesmente encontrar um colega, ou fôssemos visitar o Papa. Pois bem, na Missa e na Comunhão nos espera, nos acolhe, vem a nós, alguém infinitamente maior que qualquer outro ser humano, por importante que seja: Jesus, Deus e Homem. Acha lógico irmos ao encontro d´Ele relaxados, usando por comodismo bermuda, camiseta e chinelos; ou, no caso das mulheres, vestindo um tipo de roupa – ou de escassez de roupa – que em nenhuma hipótese ousariam usar numa visita ao Papa? Então, repito o que antes lhe dizia: tire as consequências.


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O Rosário é um Evangelho simplificado

O Rosário é um ‘Evangelho compendiado’, que dará aos que o rezam rios de paz

O Rosário da Virgem Maria é o resumo das Sagradas Escrituras, o “compêndio do Evangelho”. Nele, contemplamos o rosto de Cristo, no Espírito Santo, escutando a voz do Pai, pois “ninguém conhece o Filho senão o Pai”. Essa fonte nos foi revelada pelo próprio Cristo: “Não foram a carne nem o sangue quem to revelou, mas o meu Pai que está nos céus”. Os mistérios de Deus dependem de uma revelação do alto e só a experiência do silêncio e da oração oferecem o ambiente adequado para a contemplação. O Rosário favorece essa experiência de escuta da voz de Deus e, consequentemente, a contemplação do rosto de Cristo e de Seus mistérios.

Antes de São João Paulo II, o Beato Papa Pio IX já ensinava que o Rosário é um “Evangelho compendiado”, que dará aos que o rezam rios de paz de que nos fala a Escritura. Depois de um longo pontificado, já em seu leito de morte, Pio IX deixou-nos um magnífico e comovente testamento espiritual. Questionado por um clérigo sobre o que pensava naquele momento derradeiro, respondeu: “Que hei de pensar, filho meu! Veja: estou contemplando, calmamente, os quinze mistérios que adornam as paredes deste quarto, que são outros tantos quadros de consolo. Se visses como me animam! Contemplando os mistérios gozosos, não me lembro das minhas dores. Pensando na cruz, sinto-me confortado enormemente, pois vejo que não sou sozinho no caminho da dor, mas que adiante de mim vai Jesus. E quando considero os da glória, sinto grande alegria, e me parece que todos os sofrimentos se convertem em resplendores de glória. Ó, como me consola o Rosário neste leito de morte!”. Depois de dizer tão belas palavras sobre o Rosário, deixa-nos seu testamento espiritual: “Seja este, filhos meus, meu testamento para que vos lembreis de mim na terra”.

O Papa Paulo VI descreveu sabiamente o Saltério Mariano: “Oração evangélica, centrada sobre o mistério da encarnação redentora, o Rosário é, por isso mesmo, uma prece de orientação profundamente cristológica. Na verdade, o seu elemento mais característico – a repetição litânica do “Alegra-te, Maria”– torna-se também ele louvor incessante a Cristo, objetivo último do anúncio do Anjo e da saudação da mãe do Batista”: “Bendito o fruto do teu ventre”. A repetição da Ave-Maria constitui o enredo sobre a qual se desenrola a contemplação dos mistérios. O Jesus que cada Ave-Maria recorda é o mesmo que a sucessão dos mistérios propõe como Filho de Deus e da Virgem Maria: “nascido numa gruta de Belém; apresentado pela mesma Mãe no Templo; um rapazinho ainda, a demonstrar-se cheio de zelo pelas coisas de seu Pai; depois, Redentor, agonizante no horto, flagelado e coroado de espinhos; a carregar a cruz e a morrer sobre o Calvário; por fim, ressuscitado da morte e elevado à glória do Pai, para efundir o dom do Espírito”.

Para reforçar a centralidade de Cristo na oração do Rosário, o Papa João Paulo II inseriu – deixando à livre valorização de cada pessoa e das comunidades – os mistérios da vida pública de Cristo. Pois, nesses mistérios, contemplamos aspectos importantes da pessoa de Cristo como revelador definitivo de Deus. Jesus é declarado Filho dileto do Pai no batismo do Jordão, anuncia a vinda do Reino, testemunha-o com as obras e proclama as suas exigências. Nos anos da vida pública de Cristo, Seu mistério, de forma especial, mostra-se como mistério de luz: “Enquanto estou no mundo, sou a Luz do mundo”.

Assim, para que o Rosário seja mais plenamente o “compêndio do Evangelho”, é conveniente que, depois de recordarmos a Encarnação e a vida oculta de Cristo, nos mistérios gozosos, e antes de meditarmos sobre os sofrimentos da Paixão, nos mistérios dolorosos, e o triunfo da Ressurreição, nos mistérios gloriosos, devemos meditar também sobre alguns momentos particularmente significativos da vida pública de Jesus, nos mistérios luminosos. Esta inserção dos mistérios da luz faz do Rosário um resumo de todo o Evangelho, uma “verdadeira introdução na profundidade do Coração de Cristo, abismo de alegria e de luz, de dor e de glória”. Meditar com o Rosário significa entrar no mistério de Deus e entregar as nossas necessidades aos corações misericordiosos de Jesus e de Maria. “O Rosário ‘marca o ritmo da vida humana’ para harmonizá-la com o ritmo da vida divina, na comunhão da Santíssima Trindade, destino e aspiração da nossa existência”.

Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!

Canção Nova

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Como escolher padrinhos de batismo para os meus filhos?

A escolha dos padrinhos vão além do fato de ser amigo, parente ou rico


“O santo batismo é o fundamento de toda a vida cristã, o pórtico da vida no Espírito e a porta que abre o acesso aos demais sacramentos. Pelo batismo somos libertados do pecado e regenerados como filhos de Deus, tornamos-nos membros de Cristo, e somos incorporados à Igreja e feitos participantes da sua missão: o batismo é o sacramento da regeneração pela água na Palavra” (CIC § 1213).

Veja o quanto é importante esse sacramento! O batismo torna a pessoa filha de Deus e ela passa a fazer parte da família de Jesus, que é a Igreja. O batizado se torna um membro ativo, uma testemunha que vive a missão de anunciar Cristo aos povos. Por isso, aqueles que serão escolhidos para acompanhar os batizados precisam ter algumas características importantes. Não basta ser alguém conhecido, amigo, parente, rico ou “uma pessoa boa que faz parte da minha história”, pode até trazer as caraterísticas citadas, mas vejamos o que o Código de Direito Canônico diz:

Cân. 872 – Ao batizando, enquanto possível, seja dado um padrinho, a quem cabe acompanhar o batizando adulto na iniciação cristã e, junto com os pais, apresentar ao batismo o batizando criança. Cabe também a ele ajudar que o batizado leve uma vida de acordo com o batismo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes.

Cân. 873 – Admite-se apenas um padrinho ou uma madrinha, ou também um padrinho e uma madrinha.

Cân. 874 – Para que alguém seja admitido para assumir o encargo de padrinho, é necessário que:


1º - seja designado pelo próprio batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo;
2º - tenha completado dezesseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo bispo diocesano ou pareça ao pároco ou ministro que se deva admitir uma exceção por justa causa;
3º - seja católico, confirmado (seja crismado), já tenha recebido o sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir;
4º - não se encontre atingido por nenhuma pena canônica legitimamente irrogada ou declarada;
5º - não seja pai nem mãe do batizando;
6º - quem é batizado e pertence a uma comunidade eclesial não-católica só seja admitido junto com o padrinho católico, e apenas como testemunha do batismo;

O sacramento do batismo é tão importante, por isso o cuidado com aquele que vai apadrinhar o batizando. Costuma-se dizer que o padrinho ou a madrinha faz as vezes do pai ou da mãe. O que o pai e a mãe fazem ou deveriam fazer? Educar o filho na fé católica, no bons costumes, nos bons valores, deve educar para a responsabilidade e para a vida. O padrinho deve acompanhar o seu afilhado com a presença, com o bom testemunho de cristão, fazer as vezes dos pais ou auxiliar os pais em suas faltas.

Como é sério ser padrinho ou madrinha, não é verdade? 
Conforme o ensinamento da Igreja, a pessoa precisa viver o batismo, ou seja, ser católica, ser crismada e ter uma vida de comunhão eucarística. Uma pessoa assim está, provavelmente, inserida na vida da igreja paroquial, vai à Missa aos domingos, busca confissão periódica, é uma pessoa que busca, a todo custo, a santidade. Essa pessoa é santa? Não! Mas se percebe nela a sede de ser santa.

Padre Marcio
Comunidade Canção Nova