domingo, 28 de fevereiro de 2016

Cinco conselhos para oração e meditação com a bíblia

Dom José Gómez, Arcebispo de Los Angeles, nos Estados Unidos, deu cinco conselhos para meditar com uma passagem bíblica, de preferência com o Evangelho do dia. De acordo com o Prelado, o método perfeito para falar com Deus através da oração é a “Lectio divina”.

“A lectio divina transforma nossa leitura das Escrituras em uma audiência privada com o Deus vivo que vem a nós com amor e nos fala nas páginas dos textos sagrados… Se a oração for conversação, então temos que escutar Deus tanto como falamos com Ele. ‘Ao ler a Bíblia, Deus fala conosco’, disse Santo Agostinho. ‘Quando rezamos falamos com Deus’”, assinalou.

Acompanhe as dicas de Dom José Gómez:

1. Procurar um lugar tranquilo
Antes de ler as Sagradas Escrituras devemos procurar estar na presença de Deus. Portanto, Dom Gómez recomenda procurar um lugar tranquilo, onde ninguém interrompa, e apagar todas as “telas”: computador, celular, televisão. E, assim poder estar no mínimo 15 minutos “a sós com o Senhor”.

Depois, “peçam que seu Espírito Santo abra seus corações. Peçam a nossa Mãe Santíssima que nos ajude a meditar em nosso coração os mistérios de Cristo, como Ela o fez”.

2. Deter-se nos detalhes
Depois da oração, “comecem a ler devagar o texto do Evangelho desse dia. Podem ler uma e outra vez. E conforme leem, observem os detalhes. O que está acontecendo? Quais são os personagens principais? Detenham-se nas palavras ou nas frases que lhes chamaram a atenção. Prestem atenção especialmente no que Jesus está dizendo e fazendo”.

Deste modo, Dom Gómez assinalou que não devemos ler a Bíblia como se estivéssemos lendo um romance. “Trata-se de um encontro com o Deus vivo. Jesus vive nos textos sagrados. Deus está falando com vocês de maneira pessoal”.

3. Meditar sobre a leitura
Depois de identificar a passagem que lhes chamou a atenção, o Prelado indicou que deve-se perguntar a Deus o que está tentando dizer através destas palavras específicas.

“Existe aqui uma promessa para vocês? Uma ordem? Uma advertência? Como se pode aplicar este texto na situação que está vivendo neste momento?”, propôs.

“Permitam que a Palavra de Deus se transforme em um desafio para vocês. Se tiverem dificuldade para entender o que estão lendo, peçam ajuda ao Espírito Santo”, sobretudo para compreender os ensinamentos que “não estão de acordo com a nossa maneira de pensar, com nossas expectativas e nossos preconceitos”.

4. Orar
Depois de compreender o que Deus quis dizer, Dom Gómez indicou que é preciso responder-lhe. Isto se faz por meio da oração.

“Pode ser uma oração de agradecimento ou de louvor. A oração de vocês pode ser uma prece, podem pedir que Deus lhes dê a força para seguir em frente ou a fim de que lhes conceda alguma graça ou uma virtude”, explicou.

Também acrescentou que “quanto mais rezamos com os Evangelhos, mais conseguiremos pensar segundo ‘a mente de Cristo’, mais nos apropriaremos dos seus pensamentos e sentimentos; poderemos ver mais a realidade conforme Ele vê”.

Do mesmo modo, ao rezar mais, experimenta-se com maior intensidade “o chamado de Cristo a mudar o mundo, para que desta forma possamos mudar a sociedade e a história de acordo com o desígnio amoroso de Deus”.

5. Contemplar
A lectio divina termina com a contemplação. Este momento se trata de permanecer em silêncio e “contemplar Deus”.

“Na contemplação, somos como crianças que buscam conhecer a maneira de pensar e a vontade do Pai que nos ama. Com nossa mente tranquila, descansa na presença de seu olhar. ‘Eu olho para Ele e Ele olha para mim’”, comentou o Arcebispo de Los Angeles.

Com a contemplação, “a lectio divina nos leva a tomar resoluções concretas e levá-las para a ação”.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Para que realmente foram criados os contraceptivos?

Os contraceptivos foram criados para evitar gravidez indesejada. Será?

Essa é uma pergunta que, à primeira vista, parece óbvia: os contraceptivos foram inventados para evitar uma gravidez indesejada. Será? Para evitar uma gravidez, sempre existiu um método cem por cento seguro e eficaz, chamado abstinência. Portanto, a única conclusão possível é que os métodos contraceptivos foram criados para justificar nossa entrega à luxúria, pois querem nos poupar do trabalho que experimentamos ao ter de optarmos pela abstinência. Os animais não possuem controle sobre a sua vontade e seus instintos, por isso precisamos castrá-los caso não desejemos que se reproduzam. Ao utilizar os contraceptivos, estamos nos rebaixando aos animais, pois estamos dizendo que, porque não conseguimos controlar o nosso instinto sexual, precisamos nos “castrar” (temporária ou permanentemente) para não procriarmos.

Nega a liberdade do autodomínio
Dessa forma, a contracepção está nos negando a liberdade que nos foi dada para amar, pois está afirmando que a pessoa não pode se abster. Esses métodos são ilícitos, porque desvirtuam as leis da natureza e podem também prejudicar a saúde, e alguns deles chegam a provocar o aborto. Por isso, São João Paulo II diz que “os métodos anticoncepcionais são algo profundamente ilícito, que nunca, por nenhuma razão, poderão ser justificados” (Audiência de 17.09.83) Os meios contraceptivos ainda facilitam a infidelidade conjugal, cooperam para o descontrole sexual ou fomentam a falta de domínio dos impulsos mais primários; propiciam o perigo de instrumentalizar a mulher, colocando-a a serviço do egoísmo masculino; facilita à autoridade pública invadir, com diferentes métodos, a intimidade conjugal. “Portanto, se não se quer expor ao arbítrio dos homens a missão de gerar a vida, devem-se reconhecer necessariamente limites intransponíveis no domínio do homem sobre o próprio corpo e sobre as suas funções; limites que a nenhum homem, seja ele simples cidadão privado ou investido de autoridade, é lícito ultrapassar. Esses mesmos limites não podem ser determinados senão pelo respeito devido à integridade do organismo humano e das suas funções.” (Paulo VI, no n.º 17 da Encíclica Humanae vitae)

Abrir portas para uma sexualidade egoísta
Os métodos contraceptivos abriram a porta a uma sexualidade cada vez mais egoísta e impessoal. Usa-se e abusa-se da relação sexual “segura”, pois já não existe o “perigo” de uma gravidez indesejada. Isso ajudou a aumentar a trágica realidade que se dá na vida íntima dos esposos, na qual o ato conjugal se pratica desligado da comunicação pessoal, do diálogo e da afetividade.

A Igreja Católica não se opõe ao controle da natalidade
Ao contrário da crença popular, a Igreja Católica não se opõe ao controle da natalidade, porque é artificial. Ela se opõe, porque é contraceptivo. Contracepção é a escolha que, por qualquer meio, impede o potencial procriativo de um ato sexual. Em outras palavras, o casal que escolhe a contracepção opta por ter uma relação sexual, e vendo que seu ato pode gerar uma nova vida, eles intencionalmente suprimem sua fertilidade. Isso pode ser feito ao empregar uma grande variedade de dispositivos artificiais e hormônios, ou a esterilização por procedimentos cirúrgicos. Isso pode ser feito sem usar nada artificial, como o caso do coito interrompido.

Espaçar a gravidez é um ato de responsabilidade
Além disso, a Igreja ensina a Paternidade Responsável quando há justa razão para espaçar a gravidez; não porque é “natural” como oposto a “artificial”, mas porque não é, de maneira nenhuma, contraceptivo. Um casal que vive a paternidade responsável não escolhe impedir o potencial procriativo de um ato sexual, não se trata de uma “contracepção natural”, não é, de nenhuma forma, contracepção.

A promiscuidade sexual tem conexão direta com a cultura atual, onde se vende a relação sexual como algo que se deve ter e sem qualquer limite ou barreira. Tudo é permitido, desde que a pessoa tenha prazer. Partindo dessa premissa, se devemos ter a relação sexual quando queremos, devemos também ter a contracepção para atender essa demanda. Seguindo os passos da contracepção, temos o aborto como plano alternativo caso a contracepção falhe. As mulheres são as que mais sofrem as consequências nefastas desse comportamento; e o advento da pílula anticoncepcional foi o catalisador do aumento de outros grandes males sociais, como o divórcio, as doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez fora do casamento e o aborto.[2]

Usar a contracepção é ter a mentalidade do “toma lá da cá” dentro do casamento, tornando-o mais como um relacionamento contratual do que um matrimônio fundado na vontade de tornarem-se “uma só carne”. “(…) um ato conjugal imposto ao próprio cônjuge, sem consideração pelas suas condições e pelos seus desejos legítimos, não é um verdadeiro ato de amor, pois nega uma exigência da reta ordem moral nas relações entre esposos. Assim, quem refletir bem deverá reconhecer, de igual modo, que um ato de amor recíproco, que prejudique a disponibilidade para transmitir a vida que Deus Criador de todas as coisas nele inseriu segundo leis particulares, está em contradição com o desígnio constitutivo do casamento e com a vontade do Autor da vida humana. Usar desse dom divino, destruindo seu significado e sua finalidade, ainda que só parcialmente, é estar em contradição com a natureza do homem, bem como com a da mulher e da sua relação mais íntima; e, por conseguinte, é estar em contradição com o plano de Deus e sua vontade.” (Humanae Vitaeno. 13)

O Papa Paulo VI fez ainda previsões muito acertadas, em 1968, pois, na Encíclica Humanae Vitae, disse que aconteceriam quatro grandes problemas sociais caso a contracepção fosse disponível amplamente:

(1) haveria um rebaixamento generalizado da moralidade;
(2) o respeito à mulher decairia dramaticamente;
(3) os governos adotariam políticas coercitivas de controle da natalidade;
(4) nós “perderíamos a reverência ao organismo como um todo e suas funções naturais”.

Infelizmente, todas essas previsões se concretizaram, como facilmente se comprova hoje.

Fabiana Azambuja - Flávia Gherlardi
Comunidade Canção Nova

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Papa: o Cristianismo é a religião do fazer, não do dizer

Na Missa dessa terça-feira, Papa Francisco se concentrou na diferença entre dizer e fazer, alertando fiéis sobre o risco de ser “cristão de aparência”


Depois da viagem ao México, o Papa Francisco retomou nessa terça-feira, 23, a celebração da Missa na Casa Santa Marta. Na homilia, ele frisou que o cristianismo é uma religião concreta, que age fazendo o bem, não uma “religião do dizer”, feita de hipocrisia e vaidade.

Deus é concreto, afirmou, mas são muitos os cristãos de aparência, que fazem da pertença à Igreja um adorno sem compromisso, uma ocasião de prestígio, ao invés de uma experiência de serviço aos mais pobres.

O Papa se concentrou na dialética evangélica entre o dizer e o fazer. A ênfase recai sobre as palavras de Jesus, que desmarcara a hipocrisia dos escribas e fariseus, convidando os discípulos e a multidão a observarem aquilo que eles ensinam, mas não a se comportarem como eles.

“O Senhor nos ensina o caminho do fazer. E quantas vezes encontramos pessoas – também nós, eh! – na Igreja: ‘Oh, sou muito católico!’. ‘Mas o que você faz?’ Quantos pais se dizem católicos, mas nunca têm tempo para falar com os próprios filhos, para brincar com eles, para ouvi-los. Talvez seus pais estejam num asilo, mas estão sempre ocupados e não podem ir visitá-los e os abandonam. ‘Mas sou muito católico, eh! Eu pertenço àquela associação’. Esta é a religião do dizer: eu digo que sou assim, mas faço mundanidade”.

O “dizer e não fazer”, segundo o Papa, é uma enganação. As palavras de Isaías, destacou, indicam o que Deus prefere: “Deixai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem”. “Socorrei o oprimido, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva”. E demonstram também a infinita misericórdia de Deus, que diz à humanidade: “Vinde, debatamos. Ainda que vossos pecados sejam como púrpura, tornar-se-ão brancos como a neve”.

Fazer a vontade de Deus
“A misericórdia do Senhor vai ao encontro daqueles que têm a coragem de discutir com Ele, mas discutir sobre a verdade, sobre as coisas que fazem ou não fazem, só para corrigir. E este é o grande amor do Senhor, nesta dialética entre o dizer e o fazer. Ser cristão significa fazer: fazer a vontade de Deus. E, no último dia – porque todos nós teremos um, né? – naquele dia, o que o Senhor nos pedirá? Dirá: ‘O que disseram de mim?’. Não! Ele nos perguntará sobre as coisas que fizemos”.

Neste ponto, o Papa mencionou o capítulo do Evangelho de Mateus sobre o juízo final, quando Deus pedirá contas ao homem sobre o que fez em relação aos famintos, sedentos, encarcerados, estrangeiros. “Esta é a vida cristã. Dizer, somente, nos leva à vaidade, a fazer de conta de ser cristão. Mas não, não se é cristão assim”.

“Que o Senhor nos dê esta sabedoria de entender bem aonde está a diferença entre dizer e fazer e nos ensine o caminho do fazer e nos ajude a percorrê-lo, porque o caminho do dizer nos leva ao lugar aonde estavam os doutores da lei, os clérigos, que gostavam se vestir e ser como majestades, não? E esta não é a realidade do Evangelho! Que o Senhor nos ensine este caminho”.

Canção Nova

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Catequese: Por que fazer jejum?

A prática do jejum nos ajuda a estarmos prontos para a renúncia

Não existe uma forma menos “sofrida” de adquirir a virtude da temperança? São João Cassiano (370-435) explica por que é necessário que o corpo sofra um pouco. A razão é muito simples: não é possível cometer o pecado da gula sem a cooperação do corpo. E isso é evidente, já que os anjos, por exemplo, não podem pecar por gula, no sentido próprio da palavra. Ora, se é com o corpo que acontece o pecado, o combate à doença da gastrimargia só pode acontecer caso o corpo entre na luta. Por isso, deve-se fazer jejum. Esses dois vícios [a gula e a luxúria], por não se consumarem sem a participação da carne, exigem, além dos remédios espirituais, a prática da abstinência.

Não basta o propósito do espírito
Na verdade, para quebrar os seus grilhões, não basta o propósito do espírito (como acontece em relação à ira, à tristeza e às outras paixões que, sem afligir o corpo, a alma sozinha consegue vencer), mas é imprescindível a mortificação corporal pelos jejuns, as vigílias e os trabalhos que levam à contrição, podendo-se acrescentar também a fuga das ocasiões insidiosas. Sendo tais vícios oriundos da colaboração da alma e do corpo, não poderão ser vencidos sem ambos se empenharem nesse processo. Nós, medíocres que somos, não temos a maturidade necessária para a santidade, por isso não seríamos capazes de nos manter em ordem, naquele equilíbrio que “tempera” a vida, sem o auxílio do jejum. Com o jejum somos capazes de rechaçar as incursões hostis da sensualidade e libertar o espírito para que se eleve a regiões mais altas, onde possa ser saciado com os valores que lhes são próprios. É a imagem cristã do homem quem exige esses voos.

Fazer jejum não é passar fome
Devemos estar prontos para a renúncia e a severidade de um caminho que termina com a instauração da pessoa moral completa, livre e dona de si mesma, porque um dever natural nos impulsiona a ser aquilo que devemos ser por definição. Nunca é demais insistir no fato de que o jejum não nasce de corações ressentidos e que odeiam a vida. A Igreja e seus santos sempre reconheceram a bondade fundamental desta vida e dos alimentos que a sustentam. Um santo não é um faquir, e o ideal ascético cristão nunca foi o de deitar numa cama de pregos ou engolir cacos de vidro. Desde o Novo Testamento, a Igreja sempre condenou o “destempero” dos santarrões e das suas seitas. Jejuar não é simplesmente passar fome. Se assim o fosse, a anorexia das modelos seria virtude heroica e os famélicos da história poderiam ser canonizados. Mas a simples fome não santifica ninguém. Para que dê o seu fruto, o jejum deve ser acompanhado de uma atitude espiritual adequada, pois a doença espiritual que desejamos curar é, seja permitida a redundância, espiritual.

A intenção não é detalhe
O pecado não está no alimento, mas no desejo. São Doroteu de Gaza (século VI) explica isso a partir de uma comparação com o casamento. O ato sexual realizado por um devasso pode ser externamente idêntico ao de um esposo, mas sua natureza é completamente diferente. Nos atos humanos, a intenção não é um mero detalhe.

Assim também é na alimentação. O homem sadio e o homem que sofre de gastrimargia podem comer os mesmos alimentos nas mesmas quantidades, mas somente o doente comete idolatria. Quando, diante dos alimentos, nos esquecemos de Deus e começamos a desejar o nosso próprio bem, mais do que a glória de Deus, geramos uma desordem no nosso próprio ser.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

“O Santuário de Deus são as nossas famílias”, diz Papa Francisco

“O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, especialmente dos jovens sem futuro e dos idosos sem reconhecimento”, disse o Papa na Missa celebrada, no último sábado (13) no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, num dos eventos mais aguardados desta sua 12ª viagem apostólica internacional, qual peregrino da misericórdia e da paz em terras mexicanas.

Uma visita à casa da Mãe expressamente desejada pelo Pontífice. De fato, o motivo principal da visita de Francisco ao México era venerar o ícone de Nossa Senhora de Guadalupe, diante do qual se deteve longamente em oração após a Santa Missa.

“O santuário de Deus são as nossas famílias que precisam do mínimo necessário para se poderem formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho”, afirmou o Pontífice.


Nossa Senhora nos visita
Partindo do Evangelho da liturgia própria da Santíssima Virgem de Guadalupe, Francisco havia iniciado a homilia recordando o episódio da visita de Nossa Senhora a sua prima Isabel para traçar em seguida a figura de Maria como a mulher do sim, um sim de entrega a Deus e aos irmãos.

“Escutar essa passagem do Evangelho, nesta casa, tem um sabor especial. Maria, a mulher do sim, também quis visitar os habitantes desta terra da América na pessoa do índio São Juan Diego. Assim como se moveu pelas estradas da Judeia e da Galileia, da mesma forma alcançou Tepeyac, com as suas roupas, usando a sua língua, para servir esta grande nação. Assim como acompanhou a gravidez de Isabel, acompanhou e acompanha a gestação desta abençoada terra mexicana.”

Francisco acrescentou que também hoje Maria continua a fazer-se presente junto de todos nós, especialmente daqueles que sentem que «não valem nada».

Referindo-se à apresentação de Maria ao humilde Juanito, o Papa disse que “naquela madrugada de dezembro de 1531, tinha lugar o primeiro milagre que se tornará depois a memória viva de tudo o que guarda este Santuário. Naquele amanhecer, naquele encontro, Deus despertou a esperança de seu filho Juan, a esperança do seu povo”.

“Naquele amanhecer, Deus aproximou-se e aproxima-se do coração atribulado, mas resistente, de tantas mães, pais, avós que viram os seus filhos partirem, viram-nos perdidos ou mesmo arrebatados pela criminalidade.”

Na construção do outro santuário – o santuário da vida, o das nossas comunidades, sociedade e culturas –, ninguém pode ser deixado de fora. “Todos somos necessários – observou o Papa –, sobretudo aqueles que normalmente não contam, porque não estão à altura das circunstâncias ou não contribuem com o capital necessário para a sua construção.”

“O santuário de Deus é a vida dos seus filhos, de todos e em todas as condições, especialmente dos jovens sem futuro, expostos a uma infinidade de situações dolorosas e arriscadas, e dos idosos sem reconhecimento, esquecidos em tantos cantos. O santuário de Deus são as nossas famílias, que precisam do mínimo necessário para se formar e sustentar. O santuário de Deus é o rosto de tantos que encontramos no nosso caminho.”

As lágrimas dos que sofrem não são estéreis
Após citar um Hino Litúrgico dedicado a Maria, que expressa a proteção consoladora da Virgem, Francisco lembrou as palavras asseguradoras da Mãe, que nos dão a certeza de que “as lágrimas daqueles que sofrem, não são estéreis. São uma oração silenciosa que sobe até ao céu e que, em Maria, encontra sempre lugar sob o seu manto”. N’Ela e com Ela, Deus faz-se irmão e companheiro de estrada, carrega conosco as cruzes para não deixar as nossas dores esmagar-nos.

Francisco concluiu ressaltando que também hoje Maria volta a enviar-nos; hoje repete para nós: “Sê o meu mensageiro, sê o meu enviado para construir muitos santuários novos, acompanhar tantas vidas, consolar tantas lágrimas”:

“Sê o meu mensageiro – diz-nos – dando de comer aos famintos, de beber aos sedentos; oferece um lugar aos necessitados, veste os nus e visita os doentes. Socorre os prisioneiros, perdoa a quem te fez mal, consola quem está triste, tem paciência com os outros e sobretudo implora e invoca o nosso Deus.”

Os milhares de fiéis e peregrinos presentes, mais de 40 mil ao todo, viveram com grande emoção e participação a visita do Papa Francisco ao maior santuário mariano do mundo, todos os anos visitado por vinte milhões de peregrinos. A celebração marcou o ponto alto e último compromisso deste primeiro dia de atividades do Santo Padre em terras mexicanas.

Canção Nova

Catequese: Qual o sentido das tentações que Jesus sofreu no deserto?

O deserto nos leva a perguntar a nós mesmos: o que é mais importante na minha vida?


Jesus começou sua vida pública, para inaugurar o Reino de Deus entre nós, e levar a cabo a nossa salvação, sendo batizado no rio Jordão pelo Batista, apesar dos protestos de João, fazendo-se solidário com os pecadores, e assumindo a figura de Servo de Javé” (Is 53), sofredor, para cumprir toda a justiça. É o que o mesmo João já tinha anunciado a seus discípulos: “Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

Como chefe de um Corpo Místico, Ele assume sobre si os pecados da humanidade diante da Justiça divina; e começa a expiá-los nos quarenta dias de jejum e oração que passa no deserto. Ali Ele enfrenta Satanás, o mesmo que tinha vencido Adão e Eva no Paraíso; agora Jesus, como o novo Adão, vai vencê-lo e começar a nos arranjar de seu jugo.

O Evangelista no diz que “cheio do Espírito Santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo demônio” (Lc 4,1). Ali Jesus o venceu, e nos ensinou como nós também devemos vencer as tentações: com jejum, mortificação, oração e a Palavra de Deus que Ele lançou três vezes no rosto de Satanás, sem que este pudesse resisti-la, e recua.

No deserto Jesus fez penitência por nós. A Carta aos hebreus diz que “Ele mesmo foi provado em tudo como nós, exceto no pecado” (Hb 4,15). O deserto, para onde Jesus se retira, é o lugar do silêncio, da pobreza, onde não há recursos materiais e o homem se encontra diante das questões fundamentais da existência, e por isto lhe é mais fácil encontrar a Deus. Mas o deserto é também o lugar de morte, porque onde não tem água, não tem vida, é o lugar da solidão, onde o homem sente mais a tentação, como nos ensinaram os Padres do deserto. O demônio disse a Santo Antão que ali era o seu lugar. O deserto nos leva a perguntar a nós mesmos: o que é mais importante na minha vida?

Jesus vai para o deserto, como homem, como o novo Adão que assume nele toda a humanidade, como o primeiro; e lá é tentado a desviar-se do caminho indicado pelo Pai para seguir outros caminhos mais fáceis e mundanos (cf. Lc 4,1-13). Assim, Ele assume as nossas tentações, leva consigo a nossa miséria, para vencer o maligno e para abrir-nos o caminho para Deus, o caminho da conversão. Sem dúvida Jesus se questionou profundamente, como nós, quando somos tentados.

É isso que o demônio vai por no coração de Jesus, como faz conosco. Vem propor a Jesus ser esse Messias temporal, glorioso, que o povo enganado esperava. Sugere, então, que Ele faça grandes milagres, começando a transformar pedras em pães, no momento da fome, para mostrar que é o Filho de Deus. Mas Jesus o afasta com a força da Palavra de Deus: “Está escrito, nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Dt 8,3; Mt 4,4). Jesus conhecia bem as Escrituras, e de cor. Ele não fará milagres inúteis, mas se abandonará nas mãos do Pai. Não será por meio de prodígios extraordinários que Ele estabelecerá seu Reino na terra, mas pela pregação, pelo sacrifício dele e dos seus, pela paciência, humildade, bondade…

São João Paulo II disse um dia que “o povo tem mais fome de Deus do que de pão”. Sem uma resposta à fome da verdade, à fome de Deus, o homem não pode ser salvo. Não adianta dar pão ao homem, sem dar Deus, ele se torna pior.

Na segunda tentação, o diabo propõe a Jesus o caminho do poder: o conduz, em espírito, ao alto de uma montanha, e lhe oferece o domínio sobre todos os reinos do mundo, desde que Ele o adore. Mas este não é o caminho de Deus: Jesus tem muito claro que não é o poder mundano que salva o mundo, mas o poder da cruz, da humildade, do amor. Jesus o afasta novamente no poder da Palavra: “Está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás” (Mt 4,10). É um risco aceitar “adorar o demônio”, aceitando tudo que o mundo nos oferece contra a lei de Deus. “De que vale ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma”. Não será por meios humanos que Jesus estabelecerá o Seu Reino, mas suportando com paciência a vontade do Pai.

Para entender a tentação de Jesus é precioso entender também o seguinte: o povo judeu esperava um Messias triunfante, que por grandes milagres restabeleceria o Reino de Israel, político e terreno, como no tempo de Davi e o estenderia até os confins da terra. Acreditavam que na solenidade da Páscoa judaica, a maior festa religiosa, o Messias se lançasse do Pináculo do Templo de Jerusalém e desceria rodeado de anjos, como diz o Salmo 90; “eles te sustentarão em suas mãos para que teus pés não tropecem em alguma pedra”. E ali na cidade santa, seria, então, acolhido como o Rei de todo os povos.

Na terceira tentação, o diabo propõe a Jesus atirar-se do ponto mais alto do Templo de Jerusalém e fazer-se salvar por Deus mediante seus anjos, isto é, de fazer algo de sensacional para colocar à prova o próprio Deus; mas a resposta de Jesus é que não podemos impor a Deus as nossas condições: Ele é o Senhor de tudo. É interessante que o demônio cita o Salmo 90 para Jesus; ele também conhece a Sagrada Escritura, e a usa para a nossa perdição. Mas Jesus novamente saca da Palavra de Deus e lança-lhe no rosto: “Está escrito; não tentarás o Senhor teu Deus” (Dt 6,16; Lc 4,12). Então o demônio se afastou depois de tê-lo tentado de todos os modos, diz São Lucas.

Bento XVI disse em uma de suas homilias que “o núcleo das tentações que Jesus sofreu é a proposta de manipular a Deus, de usá-Lo para os próprios interesses, para a própria glória e para o próprio sucesso. De colocar a si mesmo no lugar de Deus, retirando-O da própria existência e fazendo-O parecer supérfluo. Cada um deveria perguntar-se: qual é o lugar de Deus na minha vida? É Ele é o Senhor ou sou eu?”

Dar a Deus o primeiro lugar, é um caminho que temos de percorrer sempre de novo. Diz Bento XVI: “Converter-se significa seguir Jesus de modo que o seu Evangelho seja guia concreto da vida; significa deixar que Deus nos transforme, parar de pensar que somos os únicos construtores da nossa existência; é reconhecer que somos criaturas, que dependemos de Deus, do seu amor, e apenas “perdendo” a nossa vida Nele podemos ganhá-la… Mesmo quem nasceu em uma família cristã, a cada dia, renovar a escolha de ser cristão, ou seja, dar a Deus o primeiro lugar, diante das tentações que uma cultura secularizada.”

Prof. Felipe Aquino
Canção Nova

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Campanha da Fraternidade: Qual é o meu papel?

Todos os anos a Campanha da Fraternidade nos traz à mente um tema para refletir e ajudar a construir uma sociedade melhor a partir dos valores que o Evangelho de Jesus nos convida a viver. Esse ano ela nos convida a pensar sobre a “Casa comum, nossa responsabilidade”, colocando em evidência a preocupação de que é preciso caminhar para que todos os brasileiros possuam o saneamento básico necessário para uma vida digna.

Para sabermos como podemos nos comprometer melhor com esse ideal, podemos ler a página sobre a Campanha da Fraternidade no site da CNBB, aqui vou deixar um parágrafo que penso sintetizar de alguma maneira o texto:

A Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 apresenta o tema 'Casa Comum, nossa responsabilidade' e tem como lema 'Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca' (Am 5,24). O objetivo principal é assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum. ”

Essa Campanha vem também com a clara intenção de seguir os passos do Papa Francisco que em sua última encíclica,Laudato si, falou justamente sobre o cuidado da casa comum. É interessante notar também que essa é uma edição da Campanha da Fraternidade que está sendo levada em conjunto com outras denominações cristãs e com a Igreja católica na Alemanha. Isso mostra como a missão de cuidar do dom que Deus deu aos homens tem o poder de unir pontos de vista diferentes em torno a algo que urge, que precisa de atenção agora. O Papa Francisco mesmo nos lembra da importante contribuição de outras organizações não católicas para o tema:

"Estas contribuições dos Papas recolhem a reflexão de inúmeros cientistas, filósofos, teólogos e organizações sociais que enriqueceram o pensamento da Igreja sobre estas questões. Mas não podemos ignorar que, também fora da Igreja católica, em outras Igrejas e Comunidades cristãs – bem como em outras religiões – se tem desenvolvido uma profunda preocupação e uma reflexão valiosa sobre estes temas que a todos nos estão a peito".

Levanto tudo isso em consideração, a cada um de nós, juntamente com a comunidade na qual participamos, que precisa encontrar o seu lugar e estar aberto e disposto a comprometer-se com as propostas que surgirão em torno à Campanha da Fraternidade. E como toda atividade que busca ser cristã, ela precisa ter uma dimensão também espiritual, ou seja, é preciso rezar sobre o tema e sobre o lema, participar dos encontros de formação buscando ter um entendimento maior sobre o assunto e aportar quando nos vemos capazes para tanto. É preciso lembrar que Igreja somos cada um de nós e que precisamos assumir nossa vocação de cristãos.

Que essa Campanha da Fraternidade nos leve mais perto de Jesus na medida em que nos aproximamos daqueles irmãos mais necessitados. O Papa Francisco também insiste muito na verdade bíblica de que Deus está particularmente presente nos pobres, doentes e necessitados de alguma ajuda, espiritual ou material. Em conjunto com o Ano da Misericórdia, a Campanha da Fraternidade nos direciona justamente a eles, para que saiamos ao seu encontro e cooperemos para que tenham uma vida mais digna, mais parecida com a que Jesus quer que tenhamos.

Ir. João Antônio Leão 
A12.com

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Catequese: Qual o sentido da Quarta-feira de Cinzas?

A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma


A Quarta-feira de Cinzas foi instituída há muito tempo na Igreja; marca o início da Quaresma, tempo de penitência e oração mais intensa. Para os antigos judeus se sentar sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus. As Cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos morrer; que somos pó e que ao pó da terra voltaremos (cf. Gn 3, 19) para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa para não mais perecer.

Qual é o sentido?

A intenção deste sacramental é levar-nos ao arrependimento dos pecados, marcando o início da Quaresma; e fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida achando que a felicidade plena possa ser construída aqui. É uma ilusão perigosa. A morada definitiva é o céu.

A maioria das pessoas, mesmo os cristãos, passa a vida lutando para “construir o céu na terra”. É um grande engano. Jamais construíremos o céu na terra; jamais a felicidade será perfeita no vale em que o pecado transformou num vale de lágrimas. Devemos, sim, lutar para deixar a vida na terra cada vez melhor, mas sem a ilusão de que ficaremos sempre aqui.

Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim aqui nesta vida. Qual seria o desígnio do Senhor nisso? A cada dia de nossa vida temos de renovar uma série de procedimentos: dormir, tomar banho, alimentar-nos, etc… Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias. A própria manutenção da vida depende do bater interminável do cora­ção e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete, sem cessar, suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório… nada eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha; todo dia que nasce logo se esvai… e assim tudo passa, tudo é transi­tório.

Por que será? Qual a razão de nada ser duradouro?Com­pra-se uma camisa nova e, logo, já está surrada; compra-se um carro novo e, logo, ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos, e assim por diante.

A razão inexorável dessa precariedade das coisas também está nos planos de Deus. A marca da vida é a renovação. Tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre. A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que o Senhor nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna, perene.

Em cada flor que murcha e em cada homem que falece, sinto Deus nos dizer: “Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, quando tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia.”

E isso mostra-nos também que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence.

Ainda assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus. Ele abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12,19b); ao que o Senhor lhe disse: “Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma” (Lc 12,20).

A efemeridade das coisas é a maneira mais prática e cons­tante encontrada por Deus para nos dizer, a cada momento, que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos e, principalmente, para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfei­ção da alma buscada na longa caminhada de uma vida de me­ditação, de oração, de piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, nos abrirão as portas da vida eterna e definitiva, quando “Deus será tudo em todos” (cf. 1 Cor 15,28).

A transitoriedade de tudo o que está sob os nossos olhos deve nos convencer de que só viveremos bem esta vida se a vivermos para os outros e para Deus. São João Bosco dizia que “Deus nos fez para os outros”. Só o amor, a caridade, o oposto do egoísmo, pode nos levar a compreender a verdadeira di­mensão da vida e a necessidade da efemeridade terrena.

E se a vida fosse incorruptível?
Se a vida na terra fosse incorruptível, muitos de nós jamais pensaríamos em Deus e no céu. Acontece que o Todo-poderoso tem para nós algo mais excelente, aquela vida que levou São Paulo a exclamar:

“Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).

A corruptibilidade das coisas da vida deve nos convencer de que Deus quer para nós uma vida muito melhor do que esta – uma vida junto d’Ele. E, para tal, o Senhor não quer que nos acostumemos com esta [vida], mas que busquemos a outra com alegria, onde não have­rá mais sol porque o próprio Deus será a luz, nem haverá mais choro nem lágrimas.

Aqueles que não creem na eternidade jamais se confor­marão com a precariedade desta vida terrena, pois sempre so­nharão com a construção do céu nesta terra. Para os que creem a efemeridade tem sentido: a vida “não será tirada, mas transformada”; o “corpo corruptível se revestirá da incorrupti­bilidade” (cf 1Cor 15,54) em Jesus Cristo.

A expectativa do céu
Santa Teresinha não se cansava de exclamar:

“Tenho sede do Céu, dessa mansão bem-aventurada, onde se amará Jesus sem restrições. Mas, para lá chegar é preciso sofrer e chorar; pois bem! Quero sofrer tudo o que aprouver a meu Bem Amado, quero deixar que Ele faça de sua bolinha o que Ele quiser”.

São Paulo lembrou aos filipenses: “Nós somos cidadãos do Céu!. É de lá que também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará nosso corpo miserável, para que seja conforme o seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de submeter a si toda a criatura” (Fl 3, 20-21).

A esperança do Céu e da Sua glória fazia o Apóstolo dizer:

“Os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), o que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).

E essa esperança lhe dava as forças necessárias para vencer as tribulações: “Tenho para mim que os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rom 8,18).

Este é o sentido das Cinzas.

Felipe Aquino
Canção Nova

Quaresma: Concentre-se na sua conversão!

Estamos iniciando o tempo da Quaresma, e por isso nada melhor do que este tempo para ajudar – nos em nosso caminho de conversão pessoal para Deus.

O tempo da Quaresma é sempre marcado como um tempo forte para a meditação da Palavra de Deus, Oração e Jejum. É o tempo em que a igreja reforça a necessidade de uma renovação espiritual em cada um de nós!

O belo deste tempo, é que também o Senhor faz com que por meio de todas estas práticas de oração e penitência, aconteça um desvincular – se do pecado e do Mal. Com isso nos enchemos de Deus e nos esvaziamos de nós mesmos e ainda quebramos muitas vezes o círculo vicioso que o pecado criou dentro de nós, dentro dos nossos corações…

Na Quarta Feira de Cinzas, na oração da Missa de Cinzas, a igreja reza assim:

“ Concedei-nos ó Deus todo poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma para que a penitência nos fortaleça contra o espírito do Mal.”
Portanto este caminho da Quaresma se torna também um caminho de combate espiritual, de luta contra a tentação e contra o tentador; e nos impulsiona a sermos cada vez mais Livres de todo o Mal!

Não percamos tempo, mas sim entremos de cheio neste tempo de conversão pessoal e de preparação para a Páscoa do Senhor.

Aqui ficam algumas dicas para que possamos viver bem este tempo:

Façamos uma boa revisão de vida: Rever como tem sido os nossos passos, rever o que temos escolhido em nosso caminho, refletirmos por quais brechas temos permitido que a tentação se instale em nosso interior: seja pelo orgulho, pela soberba, vaidade, arrogância, mentira, pornografia, ira, preguiça… Não tenhamos medo de nos colocarmos frente à nossa verdade, e a partir desta verdade encontrada termos o propósito de mudarmos de atitude pela graça do Senhor, mas também pelo nosso esforço pessoal!

Façamos uma boa confissão: A confissão é o meio mais eficaz para nos livrarmos de todo o pecado, e como nos ensina o Padre Gabriele Amorth: “A confissão é mais eficaz que qualquer exorcismo.” Aqui recomendo um artigo, que certamente lhe ajudará a fazer esta revisão de vida:

– Como tradição, a igreja nos convida ao sacrifício e a penitência: Podemos fazer a escolha de vivermos também sobre a prática de alguma penitência ou mortificação neste tempo. Penitência esta que nos ajudará a nos desvincularmos dos apetites de nossa carne. Essa mortificação e penitência pode ser: Abster – se de carne, de doces em geral, de chocolate, deixar a bebida, o cigarro, deixar de ver novelas, abster – se de alguns passeios, de refrigerante; de hábitos que temos e que nos fazem constantemente cair no pecado, enfim, aquilo que o Senhor lhe inspirar ao coração, mas tudo isso com a intenção de fortalecer o espirito e vencer as fraquezas da carne.

Práticas que nos ajudarão viver este tempo: A via Sacra rezada e meditada; Oração e Meditação da Palavra de Deus, o Silêncio como meio de encontro com Deus; a Esmola; o Jejum as Quartas e Sextas Feiras…

– Sempre que possível o Santo Sacrifício do Senhor que é a Santa Missa, mas ao menos no Domingo temos como cristãos a obrigação não é meu povo?!

Aqui são somente algumas sugestões para poder lhes ajudar neste tempo da Quaresma. Mas que o Senhor te ilumine neste tempo Sagrado em que entramos e lhe possa fazer viver intensamente este tempo.

A graça de Deus opera se o homem coopera…”, façamos então a nossa parte e creiamos que Deus é sempre Fiel e fará aquilo que Lhe cabe.

Gostei muito da expressão que ouvi e que para mim se resume o tempo Quaresmal: A Quaresma é um tempo de nos concentrarmos em nossa conversão!
Deus abençoe você e seus propósitos!

Danilo Geraldo
Canção Nova

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Paróquia realiza mais um casamento comunitário

Com o apoio do Cartório Ofício Único de São Francisco de Itabapoana e da Pastoral Familiar, a Paróquia realizou na noite do último sábado (30), na Matriz, o segundo casamento comunitário. Desta vez, doze casais foram assistidos pelo nosso pároco, padre Lucas Mendes. O terceiro casamento comunitário está marcado para o dia 30 de março, dentro das festividades do padroeiro São Francisco de Paula, comemorado no dia dois de Abril. 


Padre Lucas contou que a iniciativa de realizar casamentos comunitários partiu de Manuele Rangel, até então chefe de expediente do Cartório Ofício Único. "Ela queria fazer uma parceria com a Igreja. Chegando o novo chefe, Rafael Ximenes, ele abraçou de imediato a ideia e assim prosseguimos", disse.

O pároco destacou que essa ação é extramente positiva, uma vez que evidencia o crescimento de casais que querem viver sob as bênçãos de Deus, levando a graça de tamanha dádiva aos demais familiares. Ele explicou que, os casais, após comprovarem renda, não tem nenhum custo com o processo matrimonial. 

— Esse é apenas um exemplo da contribuição da Igreja Católica para a sociedade — ressaltou.