sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Papa Francisco: Dom Bosco, portador da alegria do Evangelho

No prefácio do livro "Evangelii gaudium com Dom Bosco", o Papa Francisco enfatiza que a proposta de São João Bosco às periferias sociais e existenciais foi uma medida alta de vida cristã.

"Ele não era um santo com a cara de Sexta-Feira Santa, triste, mas sim" do Domingo de Páscoa ". Ele era um "portador saudável" da "alegria do Evangelho", sempre "alegre, acolhedor, apesar das mil fadigas que tinha todos os dias". Para ele, "a santidade consistia em ser muito feliz". Este é o retrato de Dom Bosco delineado pelo Papa Francisco no prefácio do livro"Evangelii gaudium com Dom Bosco".

O padre dos jovens pobres e abandonados
A mensagem de Dom Bosco, escreve o Papa, era "uma mensagem revolucionária em uma época em que os padres viviam longe da vida do povo". Em Turim, uma cidade industrial "que atraia centenas de jovens em busca de trabalho", ele levava seu impulso missionário à "periferia social e existencial": "saía às ruas, entrava nos canteiros de obras, nas fábricas e nas prisões" e levava a "alegria e o cuidado do verdadeiro educador a todos os jovens que tirava das ruas".

Francisco e os carismas salesianos
O "clima de alegria e de família" em Turim de 1800, ligado à obra de Dom Bosco, foi vivido e desfrutado por muitos jovens formados pelos salesianos. Esta foi também a experiência pessoal do Papa Francisco quando frequentou o sexto ano no 'Colégio Wilfrid Barón de los Santos Angeles', em Ramos Mejía, cidade argentina localizada na província de Buenos Aires. "Os salesianos - escreve o Papa – formaram-me à beleza, ao trabalho e a ser muito feliz". "Eles me ajudaram a crescer sem medo, sem obsessões". "Eles me ajudaram a avançar na alegria e na oração".

Nas periferias do mundo e da história
No prefácio, intitulado "Queridos Salesianos", o Papa Francisco faz em particular uma pergunta: "Que salesiano de Dom Bosco devemos ser para os jovens de hoje?" "Um salesiano que sabe olhar ao seu redor - escreve o Papa - vê situações críticas e os problemas, que as confronta, as analisa e toma decisões corajosas ". "Ele é chamado a ir ao encontro de todas as periferias do mundo e da história, as periferias do trabalho e da família, da cultura e da economia, que precisam ser curadas".

A identidade do salesiano
"O salesiano – lê-se no prefácio do Pontífice - é um educador que abraça as fragilidades dos jovens que vivem marginalizados e sem futuro, se inclina sobre suas feridas e cuida delas como um bom samaritano". O salesiano é também "um otimista por natureza, sabe olhar para os jovens com realismo positivo". "Como ensina ainda hoje Dom Bosco, o salesiano reconhece em cada um deles, mesmo os mais rebeldes e descontrolados," aquele ponto de acesso ao bem sobre o qual trabalhar com paciência e confiança ".

Deus nos ama e nos perdoa
O salesiano, escreve ainda o Papa, é "portador da alegria, da alegria que nasce da notícia que Jesus Cristo ressuscitou e é inclusiva em todas as condições humanas". "Deus não exclui ninguém". "Para nos amar, ele não nos pede para sermos bons". "E ele nos pede permissão para nos amar". "Ele nos ama e nos perdoa". Se nos deixarmos surpreender pela simplicidade daqueles que não têm nada a perder - sublinha Francisco - sentiremos o nosso coração inundado de alegria ". "Quando essas características faltam, eis então os rostos carrancudos e tristes".

VaticanNews

Papa: para amar a Deus, é preciso amar o irmão

Francisco afirmou que o Senhor nos pede concretude no amor.

Para amar a Deus concretamente, é preciso amar os irmãos, isto é, rezar por eles, simpáticos e antipáticos, inclusive pelo inimigo. Na homilia de quinta-feira (10) na capela da Casa Santa Marta, o Papa fez um forte apelo ao amor. Quem nos dá a força para amar assim é a fé, que vence o espírito do mundo.

O espírito do mundo é mentiroso
A reflexão de Francisco se inspirou na Primeira Carta de São João apóstolo (1Jo 4,19 - 5,4) proposta pela Liturgia do dia. O apóstolo João, de fato, fala de “mundanidade”. Quando diz: “Quem foi gerado por Deus é capaz de vencer o mundo” está falando da “luta de todos dias” contra o espírito do mundo, que é “mentiroso”, é um “espírito de aparências, sem consistência”, enquanto “o Espírito de Deus é verdadeiro”.

“O espírito do mundo é o espírito da vaidade, das coisas que não têm força, que não têm fundamento e que acabarão”, destacou Francisco. Como os doces de Carnaval, os crêpes – chamados em dialeto de “mentiras” – não são consistentes, mas “cheios de ar”, isto é, do espírito do mundo.

O espírito do mundo divide sempre
O apóstolo nos oferece o caminho da concretude do espírito de Deus: dizer e fazer são a mesma coisa. “Se você tem o Espírito de Deus” – recordou o Papa –, fará coisas boas. E o apóstolo João diz uma coisa “cotidiana”: “Quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê”. “Se você não é capaz de amar algo que vê, como conseguirá amar algo que não vê? Isso é a fantasia”, destacou o Papa, exortando a amar “o que se vê, se pode tocar, que é real. E não as fantasias, que não se veem”.

Se você não é capaz de amar a Deus no concreto, não é verdade que você ama a Deus. E o espírito do mundo é um espírito de divisão e quando se infiltra na família, na comunidade, na sociedade sempre cria divisões: sempre. E as divisões crescem e vêm o ódio e a guerra … João vai além e diz: “Se alguém diz ‘Amo a Deus', mas entretanto odeia o seu irmão, é um mentiroso”, isto é, é filho do espírito do mundo, que é pura mentira, pura aparência. E isso é algo sobre o qual nos fará bem refletir: eu amo a Deus? Mas vamos fazer uma comparação e ver como você ama o seu irmão: vamos ver como você o ama.

O Papa então indicou três sinais que indicam que não amo o irmão. Antes de tudo, Francisco exortou a rezar pelo próximo, também por aquela pessoa que é antipática e sei que não me quer bem, também por aquela que me odeia, pelo inimigo, como disse Jesus. Se não rezo, “é um sinal que você não ama”:

O primeiro sinal, pergunta que todos devemos fazer: eu rezo pelas pessoas? Por todas, concretas, as que são simpáticas e antipáticas, por aquelas amigas e não são amigas. Primeiro. Segundo sinal: quando eu sinto dentro de mim sentimentos de ciúme, de inveja e quero desejar o mal ou não... é um sinal que não ama. Pare ali. Não deixar crescer esses sentimentos: são perigosos. Não deixá-los crescer. E depois o sinal mais cotidiano de que eu não amo o próximo e, portanto, não posso dizer que amo a Deus, é a fofoca. Vamos colocar no coração e na cabeça: se eu faço fofocas, não amo a Deus porque com as fofocas estou destruindo aquela pessoa. As fofocas são como balas de mel, que são saborosas, uma chama a outra e depois o estômago se consuma, com tantas balas... Porque é bom, é “doce” fofocar, parece uma coisa bela, mas destrói. E este é um sinal de que você não ama.

A necessidade da fé
Se uma pessoa deixa de fofocar na sua vida, “eu diria que é muito próxima a Deus”, porque – explicou Francisco – não fofocar “protege o próximo, protege Deus no próximo”.

E o espírito do mundo se vence com este espírito de fé: acreditar que Deus está no meu irmão, na minha irmã. A vitória que venceu o mundo é a nossa fé. Somente com tanta fé é possível percorrer esta estrada, não com pensamentos humanos de bom senso … não, não: não são necessários. Ajudam, mas não servem nesta luta. Somente a fé nos dará a força para não fofocar, para rezar por todos, inclusive pelos inimigos e de não deixar crescer os sentimentos de ciúme e de inveja. O Senhor, com este trecho da Primeira Carta de São João apóstolo, nos pede concretude no amor. Amar a Deus: mas se você não ama seu irmão, não pode amar a Deus. E se você diz amar o seu irmão, mas na verdade não o ama, o odeia, você é um mentiroso.

VaticanNews

Juventude floco de neve ou raiz?

A juventude precisa ser forte para se tornar madura 

Como você definiria o jovem de hoje? Perguntei nas redes sociais e as respostas vieram de várias formas, e algumas demonstraram conflitos. Na verdade, a juventude em si é a fase de inconstâncias e transbordantes emoções.

Gostaria de fazer uma pergunta para vocês refletirem: como vocês são conhecidos na sua realidade? Quais são as recomendações que você daria de si mesmo?

Hoje, os jovens são considerados a Geração Y, ou seja, a geração conectada, que nasceu no meio digital, que não tolera muitas frustrações. Existem estudiosos que dizem que é a geração “Floco de Neve”, ou seja, que se derrete por qualquer coisa! No ambiente digital, são fortes, mas quando confrontados pessoalmente, os argumentos são fracos.

Deus o faz forte
Muitos jovens procuram Deus para ficar de boa e ter um bem-estar psicológico. O cristianismo, no entanto, é a cruz, ou seja, é amar sem esperar nada em troca, porque a eternidade nos espera.

Papa Francisco nos diz que a juventude é uma fase que precisa acabar, ou seja, precisamos passar por ela e viver um processo de amadurecimento.

A infância é o período dos alicerces e valores, já a juventude é a fase das construções e projetos que estarão no futuro para a consolidação da fase adulta.

Lidando com os sentimentos
Os sentimentos não são tudo isso que achamos que ele é, porque, depois que a euforia e a serotonina baixam, pode até vir uma sensação de depressão ao ver que nada mudou, mas é preciso se lembrar desses sentimentos bons e ter coragem para mudar.

Devemos aprender a ordenar os nossos sentimentos e não deixar que eles controlem as nossas ações.

Comprometimento
Quais são as batalhas que vamos travar e quais são os seus pontos fracos? O que é mais desafiador na sua vida? Os meios e as ações que fazemos justificam nossas ações para alcançarmos o céu, por isso precisamos potencializar o bem na nossa vida.

A juventude precisa se comprometer, ou seja, precisa ser melhor naquilo que está fazendo.

Geração forte em Cristo
Os jovens precisam ser virtuosos, e a Palavra de Deus diz para a juventude por meio do autor sagrado João: “Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, porque sois fortes, e a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o maligno”.

Se você se abre para a graça de Deus e faz o seu esforço, vencerá qualquer coisa! E a maior batalha que você tem de vencer é contra si mesmo.

Tenha a disposição de assumir a Palavra de Deus em sua vida. Seja forte! Não seja geração “floco de neve”. Seja forte!

Adriano Gonçalves
Comunidade Canção Nova

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Papa diz que devemos insistir na oração, Deus atende sempre

"Rezar é desde agora a vitória sobre a solidão e o desespero. É como ver cada fragmento da criação que fervilha no torpor de uma história que às vezes não entendemos o por quê. Mas está em movimento, no caminho, e no final de cada estrada há um Pai que espera por tudo e todos com os braços bem abertos”. Deus sempre responde à nossa oração, disse o Papa em sua catequese.

“Podemos estar certos de que Deus responderá. Talvez tenhamos que insistir por toda a vida, mas Ele responderá.” Dando sequência à sua série de catequeses sobre o Pai Nosso, o Papa falou na Audiência Geral desta quarta-feira sobre a oração perseverante, inspirando-se na passagem de São Lucas 11, 9-13: “Batei e vos será aberto”.

Dirigindo-se aos 7 mil peregrinos presentes na Sala Paulo VI, Francisco começa recordando que o evangelista descreve “a figura de Cristo em uma atmosfera densa de oração. Nele estão contidos os três hinos que marcam ao longo do dia a oração da Igreja: o Benedictus, o Magnificat e o Nunc dimittis”.

“ Jesus é sobretudo um orante ”

“Na catequese sobre o Pai Nosso vemos Jesus como orante. Jesus reza", enfatiza o Pontífice. Cada passo na sua vida “é como que movido pelo sopro do Espírito que o guia em todas as suas ações”. E o Papa recorda a Transfiguração, o batismo no Jordão, a intercessão por Pedro. Nas decisões mais importantes – observa - Jesus “retira-se frequentemente para a solidão, para rezar. Até a morte do Messias está mergulhada em um clima de oração, tanto que as horas da Paixão parecem marcadas por uma calma surpreendente.”

Jesus consola as mulheres, reza pelos que o crucificam, promete o Paraíso ao bom ladrão, expira dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”:

“ A oração de Jesus parece abranda as emoções mais violentas, os desejos de vingança, reconcilia o homem com seu mais amargo inimigo: a morte ”

Dirigir-se a Deus como Pai
É no Evangelho de Lucas – chama a atenção o Papa – que um de seus discípulos pede que o próprio Jesus os ensine a rezar (...). Também nós podemos dizer isto ao Senhor: ensina-me a rezar, para que também eu possa rezar".

E deste pedido dos discípulos – explica – “nasce um ensinamento bastante extenso, através do qual Jesus explica aos seus com que palavras e com que sentimentos devem dirigir-se a Deus”. E “a primeira parte deste ensinamento é justamente a oração ao Pai (...). O cristão dirige-se a Deus chamando-o antes de tudo de 'Pai'". Nós podemos estar em oração "somente com esta palavra, Pai, e sentir que temos um Pai, não um patrão, nem um padrinho, mas um pai".

Mas neste ensinamento que Jesus dá aos seus discípulos – prossegue Francisco - é interessante insistir em algumas instruções que coroam o texto da oração. Para dar confiança à oração, Jesus explica algumas coisas: “Elas insistem nas atitudes do crente que reza”.

E ilustra isso com “a parábola do amigo inoportuno que vai perturbar toda uma família que dorme, porque de forma inesperada uma pessoa chegou de uma viagem e não tem pão para oferecer a ela. Jesus explica que se ele não se levantar para dar o pão porque é seu amigo, ao menos se levantará por causa da importunação. "Com isto, Jesus quer ensinar a rezar, a insistir na oração". E ilustra também com “o exemplo de um pai que tem um filho faminto: "Qual pai entre vós - pergunta Jesus - se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra em vez de peixe?".

A oração sempre transforma a realidade
Com estas parábolas – diz o Papa – Jesus faz entender que Deus responde sempre, que nenhuma oração fica sem ser ouvida, “que Ele é Pai e não esquece seus filhos que sofrem”:

“Certamente, essas afirmações nos colocam em crise, porque muitas das nossas orações parecem não ter resultado algum. Quantas vezes pedimos e não obtemos - todos temos experiência disto - batemos e encontramos uma porta fechada? Jesus recomenda a nós, nesses momentos, para insistir e a não nos darmos por vencidos. A oração sempre transforma a realidade, a oração sempre transforma, sempre, transforma a realidade: se não mudam as coisas à nossa volta, pelo menos muda a nós, muda o nosso coração. Jesus prometeu o dom do Espírito Santo a todo homem e mulher que reza”.

Perseverar na oração, Deus responde sempre
“Podemos estar certos – diz o Francisco - de que Deus responderá. A única incerteza – ressalta - é devida aos tempos, mas não duvidamos que Ele responderá”:

“Talvez tenhamos que insistir por toda a vida, mas Ele responderá. Ele o prometeu: Ele não é como um pai que dá uma serpente em vez de um peixe. Não há nada de mais certo: o desejo de felicidade que todos nós trazemos no coração, um dia se cumprirá. Jesus diz: "Não fará Deus justiça aos seus eleitos, que clamam dia e noite a ele?" Sim, fará justiça, nos escutará. Que dia de glória e ressurreição será!”

“ Rezar é desde agora a vitória sobre a solidão e o desespero ”

"É como ver cada fragmento da criação que fervilha no torpor de uma história que às vezes não entendemos o por quê. Mas está em movimento, no caminho, e no final de cada estrada, da coração, de um tempo que estamos rezando, ao fim da vida, há um Pai que espera por tudo e todos com os braços bem abertos. Olhemos para este Pai”.
VaticanNews

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Papa Francisco: Maria é remédio para a solidão e a desagregação

"Nossa Senhora introduz na Igreja a atmosfera de casa, duma casa habitada pelo Deus da novidade", disse o Papa em sua homilia.

O Papa Francisco celebrou a missa, na terça-feira (1º), Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, na Basílica de São Pedro.

O Pontífice iniciou sua homilia partindo do capítulo 2, versículo 18 do Evangelho de Lucas: «Todos os que ouviam os pastores, ficaram maravilhados com aquilo que contavam».

“Maravilhar-nos: a isto somos chamados hoje, na conclusão da Oitava de Natal, com o olhar ainda fixo no Menino que nasceu para nós, pobre de tudo e rico de amor. Maravilha: é a atitude que devemos ter no começo do ano, porque a vida é um dom que nos possibilita começar sempre de novo.”

Segundo o Papa, “hoje é também o dia para nos maravilharmos diante da Mãe de Deus: Deus é um bebê nos braços duma mulher, que alimenta o seu Criador. A imagem que temos à nossa frente mostra a Mãe e o Menino tão unidos que parecem um só”.

Mãe que gera a maravilha da fé
“Tal é o mistério de hoje, que suscita uma maravilha infinita: Deus uniu-se à humanidade para sempre. Deus e o homem sempre juntos: eis a boa notícia no início do ano. Deus não é um senhor distante que habita solitário nos céus, mas o Amor encarnado, nascido como nós duma mãe para ser irmão de cada um. Está nos joelhos de sua mãe, que é também nossa mãe, e de lá derrama uma nova ternura sobre a humanidade. Nós compreendemos melhor o amor divino, que é paterno e materno, como o duma mãe que não cessa de crer nos filhos e nunca os abandona. O Deus-conosco nos ama independentemente dos nossos erros, dos nossos pecados, do modo como fazemos caminhar o mundo. Deus crê na humanidade, da qual sobressai, primeira e incomparável, a sua Mãe.”

“No início do ano, pedimos-Lhe a graça de nos maravilharmos perante o Deus das surpresas”, disse ainda Francisco. “Renovamos a maravilha das origens, quando nasceu em nós a fé. A Mãe de Deus nos ajuda: a Theotokos, que gerou o Senhor, gera-nos para o Senhor. É mãe e gera sempre de novo, nos filhos, a maravilha da fé. A vida, sem nos maravilharmos, torna-se cinzenta, rotineira; e de igual modo a fé. Também a Igreja precisa renovar a sua maravilha por ser casa do Deus vivo, Esposa do Senhor, Mãe que gera filhos; caso contrário, corre o risco de assemelhar-se a um lindo museu do passado. Mas, Nossa Senhora introduz na Igreja a atmosfera de casa, duma casa habitada pelo Deus da novidade. Acolhamos maravilhados o mistério da Mãe de Deus, como os habitantes de Éfeso no tempo do Concílio lá realizado! Como eles, aclamemos a «Santa Mãe de Deus»! Deixemo-nos olhar, deixemo-nos abraçar, deixemo-nos tomar pela mão… por Ela.”

Deixemo-nos olhar
“Deixemo-nos olhar”, frisou ainda o Papa, “sobretudo nos momentos de necessidade, quando nos encontramos presos nos nós mais intrincados da vida, justamente olhamos para Nossa Senhora. Mas é lindo, primeiramente, deixar-se olhar por Nossa Senhora. Quando nos olha, Ela não vê pecadores, mas filhos. Diz-se que os olhos são o espelho da alma; os olhos da Cheia de Graça espelham a beleza de Deus, refletem sobre nós o paraíso. Jesus disse que os olhos são «a lâmpada do corpo» (Mt 6, 22): os olhos de Nossa Senhora sabem iluminar toda a escuridão, reacendem por todo o lado a esperança. O seu olhar, voltado para nós, diz: «Queridos filhos, coragem! Estou aqui Eu, a sua mãe».”

Segundo o Pontífice, “este olhar materno, que infunde confiança, ajuda a crescer na fé. A fé é um vínculo com Deus que envolve a pessoa inteira, mas, para ser guardado, precisa da Mãe de Deus. O seu olhar materno ajuda a vermo-nos como filhos amados no povo fiel de Deus e a amarmo-nos entre nós, independentemente dos limites e opções de cada um.”

“Nossa Senhora nos enraíza na Igreja, onde a unidade conta mais que a diversidade, e nos exorta a cuidarmos uns dos outros. O olhar de Maria lembra que, para a fé, é essencial a ternura, que impede a apatia. Quando há lugar na fé para a Mãe de Deus, nunca se perde o centro: o Senhor. Com efeito, Maria nunca aponta para Si mesma, mas para Jesus e os irmãos, porque Maria é mãe.”

“Olhar da Mãe, olhar das mães. Um mundo que olha para o futuro, privado de olhar materno, é míope. Aumentará talvez os lucros, mas jamais será capaz de ver, nos homens, filhos. Haverá ganhos, mas não serão para todos. Habitaremos na mesma casa, mas não como irmãos. A família humana fundamenta-se nas mães. Um mundo, onde a ternura materna acaba desclassificada a mero sentimento, poderá ser rico de coisas, mas não rico de amanhã. Mãe de Deus, ensina-nos o seu olhar sobre a vida e volte o seu olhar para nós, para as nossas misérias.” “Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”, disse o Papa, citando um trecho da oração da Salve Rainha.

Deixemo-nos abraçar
“Deixemo-nos abraçar”, sublinhou ainda Francisco. “Depois do olhar, entra em cena o coração, no qual Maria, diz o Evangelho de hoje , «conservava todas estas coisas, meditando-as» (Lc 2, 19). Por outras palavras, Nossa Senhora tinha tudo no coração, abraçava tudo, eventos favoráveis e contrários. E tudo meditava, isto é, levava a Deus. Eis o seu segredo. Da mesma forma, tem no coração a vida de cada um de nós: deseja abraçar todas as nossas situações e apresentá-las a Deus.”

“Na vida fragmentada de hoje, onde nos arriscamos a perder o fio à meada, é essencial o abraço da Mãe. Há tanta dispersão e solidão por aí! O mundo está todo conectado, mas parece cada vez mais desunido. Precisamos nos confiar à Mãe. Na Sagrada Escritura, Ela abraça muitas situações concretas e está presente onde há necessidade: vai encontrar a prima Isabel, socorre os esposos de Caná, encoraja os discípulos no Cenáculo... Maria é remédio para a solidão e a desagregação. É a Mãe da consolação, a Mãe que “consola”: está com quem se sente só. Ela sabe que, para consolar, não bastam as palavras; é necessária a presença. E Maria está presente como mãe. Permitamos-lhe que abrace a nossa vida. Na Salve Rainha, chamamos Maria de «vida nossa»: parece exagerado, porque a vida é Cristo (cf. Jo 14, 6), mas Maria está tão unida a Ele e tão perto de nós que não há nada melhor do que colocar a vida em suas mãos e reconhecê-la «vida, doçura e esperança nossa».

Deixemo-nos tomar pela mão
Por fim, “deixemo-nos tomar pela mão”, disse o Papa. “As mães tomam pela mão os filhos e os introduz amorosamente na vida. Mas hoje, quantos filhos, seguindo por conta própria, perdem a direção, creem-se fortes e extraviam-se, livres e tornam-se escravos! Quantos, esquecidos do carinho materno, vivem zangados e indiferentes a tudo! Quantos, infelizmente, reagem a tudo e a todos com veneno e maldade! Mostrar-se maus, às vezes, até parece um sinal de força; mas é só fraqueza! Precisamos aprender com as mães que o heroísmo está em doar-se, a força em ter piedade, e a sabedoria na mansidão.”

“Deus não prescindiu da Mãe: por esta razão nós precisamos dela”. Ele nos doou a sua Mãe “e não num momento qualquer, mas quando estava pregado na cruz: «Eis a tua mãe» (Jo 19, 27), disse Ele ao discípulo, a cada discípulo. Nossa Senhora não é opcional: deve ser acolhida na vida. É a Rainha da paz, que vence o mal e guia pelos caminhos do bem, que devolve a unidade entre os filhos, que educa para a compaixão.”

Francisco concluiu, pedindo a Maria para que nos tome pela mão, nos ajude a superar “as curvas mais fechadas da história”, a “descobrir os laços que nos unem”, a nos reunir “sob o seu manto, na ternura do amor verdadeiro, onde se reconstitui a família humana”.
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Papa: é um escândalo ir à igreja e odiar os outros

A oração feita em silêncio, do fundo do coração, e que gera mudanças na vida, e não aquela que desperdiça palavras. Na Audiência Geral desta quarta-feira, o Papa Francisco deu continuidade a seu ciclo de catequeses sobre a oração do Pai Nosso.

Na primeira Audiência Geral do ano de 2019, o Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Pai Nosso, iniciado em 5 de dezembro, inspirando-se nesta quarta-feira (02) na passagem de Mateus 6, 5-6.

O Evangelho de Mateus – explicou Francisco aos 7 mil presentes na Sala Paulo VI – coloca o texto do “Pai Nosso” em um ponto estratégico, no centro do Sermão da Montanha (Mt 6, 9-13). Reunidos em volta de Jesus no alto da colina, uma “assembleia heterogênea” formada pelos discípulos mais íntimos e por uma grande multidão de rostos anônimos é a primeira a receber a entrega do Pai Nosso.

O Evangelho é revolucionário
“Jesus coroa de felicidade uma série de categorias de pessoas que em seu tempo - mas também no nosso! – não eram muito consideradas. Bem-aventurados os pobres, os mansos, os misericordiosos, os humildes de coração ... Esta é a revolução do Evangelho. Onde está o Evangelho há uma revolução. O Evangelho não deixa quieto, nos impulsiona, é revolucionário".

"Todas as pessoas capazes de amar, os pacíficos que até então ficaram à margem da história, são, ao contrário, construtores do Reino de Deus”. É como se Jesus - explica o Papa - estivesse dizendo: “em frente, vocês que trazem no coração o mistério de um Deus que revelou sua onipotência no amor e no perdão!”

Desta porta de entrada, que inverte os valores da história, brota a novidade do Evangelho:

“A lei não deve ser abolida, mas precisa de uma nova interpretação, que a leve de volta ao seu significado original. Se uma pessoa tem um bom coração, predisposto a amar, então compreende que cada palavra de Deus deve ser encarnada até suas últimas consequências. O amor não tem limites: pode-se amar o próprio cônjuge, o próprio amigo e até mesmo o próprio inimigo com uma perspectiva completamente nova”.

Este é “o grande segredo que está na base de todo o Sermão da Montanha: sejam filhos de vosso Pai que está nos céus”, disse o Pontífice, chamando a atenção para o fato de que em um primeiro momento, estes capítulos do Evangelho de Mateus podem parecer um discurso moral, evocar uma ética tão exigente a ponto de parecer impraticável. Mas pelo contrário, “descobrimos que são sobretudo um discurso teológico:

“O cristão não é alguém que se esforça para ser melhor do que os outros: ele sabe que é pecador como todos. O cristão é simplesmente o homem que para diante da nova Sarça Ardente, da revelação de um Deus que não traz o enigma de um nome impronunciável, mas que pede a seus filhos que o invoquem com o nome de "Pai", para deixar-se renovar por seu poder e de refletir um raio de sua bondade por este mundo tão sedento de bem, tão à espera de boas notícias”.

Coerência cristã
E Jesus – explica o Papa – introduz o ensinamento da oração do “Pai Nosso” distanciando dois grupos de seu tempo, começando pelos hipócritas”, que rezam nas praças e sinagogas para serem vistos. “Há pessoas – disse o Francisco - que são capazes de tecer orações ateias, sem Deus: fazem isso para serem admiradas pelos homens”, completando:

“E quantas vezes nós vemos o escândalo daquelas pessoas que vão à igreja, estão lá todo o dia, ou vão todos os dias, e depois vivem odiando os outros e falando mal das pessoas. Isto é um escândalo. Melhor não ir à igreja. Viva assim como ateu. Mas se você vai à igreja, viva como filho, como irmão e dá um verdadeiro testemunho. Não um contratestemunho”.

A oração cristã, pelo contrário, não tem outro testemunho crível senão a própria consciência, onde se entrelaça intensamente um diálogo contínuo com o Pai.

Rezar com o coração
Jesus então, continuou Francisco – “toma distância das orações dos pagãos” - que acreditavam ser ouvidos pela força das palavras. O Papa recorda a cena do Monte Carmelo, onde diferentemente dos sacerdotes de Baal que gritavam, dançavam, pediam tantas coisas, é ao Profeta Elias, que fica calado, que o Senhor se revela:

“Os pagãos pensam que falando, falando falando, se reza. Também eu penso aos tantos cristãos que acreditam que rezar – desculpem-me – é falar a Deus como um papagaio. Não! Rezar se faz do coração, de dentro”.

O Pai Nosso – reitera o Santo Padre - “poderia ser também uma oração silenciosa: basta no fundo colocar-se sob o olhar de Deus, recordar-se de seu amor de Pai, e isto é suficiente para serem ouvidos”.

Deus não precisa de sacrifícios para conquistar seu favor
“Que bonito pensar que o nosso Deus não precisa de sacrifícios para conquistar o seu favor! Ele não precisa de nada, nosso Deus: na oração pede somente que tenhamos aberto um canal de comunicação com ele, para nos descobrirmos sempre seus amados filhos”, disse o Papa ao concluir.

Após o resumo da catequese nas diversas línguas, um grupo circense cubano fez uma apresentação com danças e malabarismos, envolvendo o Papa Francisco em algumas brincadeiras.
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Catequese: quando desmontar o presépio e a árvore de Natal?

É hora de desmontar o presépio e a árvore, mas preservar viva a manjedoura do nosso coração

Depois das festividades de fim de ano, é hora de desfazer a decoração natalina e desmontar a tradicional árvore de natal, mas quando fazer?

De acordo com frei Faustino Paludo, o dia correto para desmontar a árvore e o presépio é em 06 de janeiro, quando é comemorado o Dia dos Reis Magos. No entanto, o tempo do Natal só se conclui com a festa do Batismo do Senhor.

“A festa dos Reis é a última grande festa do ciclo de Natal. Depois da festa do batismo de Jesus e festa dos Reis, inicia um novo tempo litúrgico. A primeira parte do tempo comum que se estende até a terça-feira de carnaval”, diz frei Faustino.

O dia 06 de janeiro, marca o momento em que os três Reis Magos encontraram o menino Jesus, revelando seu nascimento para o restante do mundo.

Enquanto o Ocidente celebra o Natal no dia 25 de dezembro, é nesta data em que o Oriente celebra o Natal. Com a importância dessa data no Oriente, a Igreja de Roma passou então a celebrar a Festa dos Reis Magos. É a festa da manifestação de Jesus como salvador da humanidade – de todos os povos. Epifania que quer dizer manifestação.

“Para os cristãos, essa festa significa a acolhida da proposta salvadora de Deus para todos os povos. Três magos, representa o reconhecimento, acolhida da ação salvadora de Deus Pai que se realizará por meio de Jesus Cristo”, ressalta o religioso. 

Quem eram os reis magos?
Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos “três Reis Magos”, denominados Melchior, Baltasar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII.

No Brasil, as festividades ganham tom com as tradicionais "Folia de Reis", que segundo frei Faustino, em pesquisa literária, a tradição chegou ao Brasil por intermédio dos portugueses, ainda no período da colonização. Essa manifestação cultural era realizada em toda a Península Ibérica e era comum a ocorrência de doação e recebimento de presentes enquanto eram entoados cantos e danças nas residências da época. Baseado nessa argumentação, a Folia de Reis teria vindo ao Brasil no século XVI, cerca do ano de 1534, trazido pelos Jesuítas, e servindo como um instrumento na catequização dos índios e, posteriormente, dos negros escravos.

Festa da Epifania 
A festa da Epifania surgiu no Oriente como a festa do nascimento de Jesus. É o Natal do Oriente. A exemplo de Roma, no Oriente, nos primeiros dias de janeiro celebrava-se a festa da concepção do deus Hélio (deus sol) pela virgem deusa Coré. No século IV, esta festa chega ao Ocidente e é celebrada de forma diferente. Passa a ser a festa dos Reis Magos.

Nesta época, a Igreja não celebrava nenhuma das duas festas: dos Reis Magos e a manifestação de Jesus às nações. A Epifania transformou-se numa festa popular na Idade Média. Na época em que as supostas relíquias dos Reis foram transferidas de Milão para Colônia, na Alemanha. O Evangelho de Mateus (2, 1-12), não fala de reis, mas de magos. E nem revela o nome e quantos eram. Os nomes de Gaspar, Melquior e Baltazar são conhecidos no século IX. No fim da Idade Média, havia o costume de se abençoar as casas com água e incenso bentos no dia 6 de janeiro. As casas abençoadas eram assinaladas nas portas com as letras C + M + B = Christus Mansionem Benedicat (Cristo abençoe esta casa). A piedade do povo associou as letras ao nome dos Reis Magos (cf A.ADAM. O Ano Litúrgico, p.145).

Batismo de Jesus
No domingo após a Epifania, a Igreja celebra o Batismo de Jesus no rio Jordão. Nesse dia, seria aconselhável que as comunidades, refletindo sobre o Batismo de Jesus, renovassem as promessas batismais. “A celebração do Batismo de Jesus encerra o tempo do Natal e abre as portas para os domingos do Tempo Comum”, ressalta o frei.

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