sexta-feira, 19 de maio de 2017

CNBB emite nota sobre as graves denúncias de corrupção política

Bispos recordam Constituição Federal: “é dever de todo servidor público, principalmente os que detêm elevadas funções, manter conduta íntegra” (Art. 37)

Os membros da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiram na manhã desta sexta-feira (19) uma Nota Oficial com o título “Pela Ética na Política”. Segundo o A12.com, os religiosos afirmam que a Conferência está “unida aos bispos e às comunidades de todo o país” e acompanha “com espanto e indignação” as graves denúncias de corrupção política acolhidas pelo Supremo Tribunal Federal.

Na nota, os bispos afirmam que “tais denúncias exigem rigorosa apuração, obedecendo-se sempre as garantias constitucionais. Apurados os fatos, os autores dos atos ilícitos devem ser responsabilizados. A vigilância e a participação política das nossas comunidades, dos movimentos sociais e da sociedade, como um todo, muito podem contribuir para elucidação dos fatos e defesa da ética, da justiça e do bem comum”.

“Além disso, é necessário que saídas para a atual crise respeitem e fortaleçam o Estado democrático de direito. Pedimos às nossas comunidades que participem responsável e pacificamente da vida política, contribuam para a realização da justiça e da paz e rezem pelo Brasil”, concluem os membros da Presidência.

Leia a Nota:

Brasília-DF, 19 de maio de 2017 P – Nº 0291/17
Pela Ética na Política
Nota da CNBB sobre o Momento Nacional


“O fruto da justiça é semeado na paz” (Tg 3,18)


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, por meio de sua Presidência, unida aos bispos e às comunidades de todo o país, acompanha, com espanto e indignação, as graves denúncias de corrupção política acolhidas pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo a Constituição, Art. 37, é dever de todo servidor público, principalmente os que detêm elevadas funções, manter conduta íntegra, sob pena de não poder exercer o cargo que ocupa.

Tais denúncias exigem rigorosa apuração, obedecendo-se sempre as garantias constitucionais. Apurados os fatos, os autores dos atos ilícitos devem ser responsabilizados. A vigilância e a participação política das nossas comunidades, dos movimentos sociais e da sociedade, como um todo, muito podem contribuir para elucidação dos fatos e defesa da ética, da justiça e do bem comum.

A superação da grave crise vivida no Brasil exige o resgate da ética na política que desempenha papel fundamental na sociedade democrática. Urge um novo modo de fazer política, alicerçado nos valores da honestidade e da justiça social. Lembramos a afirmação da Assembleia Geral da CNBB: “O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre os interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção”. Recordamos também as palavras do Papa Francisco: “Na vida pública, na política, se não houver a ética, uma ética de referimento, tudo é possível e tudo se pode fazer” (Roma, maio de 2013). Além disso, é necessário que saídas para a atual crise respeitem e fortaleçam o Estado democrático de direito.

Pedimos às nossas comunidades que participem responsável e pacificamente da vida política, contribuam para a realização da justiça e da paz e rezem pelo Brasil.

Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, nos ajude a caminhar com esperança construindo uma nova sociedade.

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília 
Presidente da CNBB

Dom Murilo S. Ramos Krieger 
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner 
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Nossa Senhora de Fátima, graça e misericórdia

A Virgem de Fátima nos convoca à vivência do Evangelho, centralizado no mistério da Eucaristia

Segundo as memórias da Irmã Lúcia, podemos dividir a mensagem de Fátima em três ciclos: Angélico, Mariano e Cordimariano.

O Ciclo Angélico se deu em três momentos: quando o anjo se apresentou como o Anjo da Paz, depois como o Anjo de Portugal e, por fim, o Anjo da Eucaristia.

Depois das aparições do anjo, no dia 13 de maio de 1917, começa o ciclo Mariano, quando a Santíssima Virgem Maria se apresentou mais brilhante do que o sol a três crianças: Lúcia, 10 anos, modelo de obediência e seus primos Francisco, 9, modelo de adoração e Jacinta, 7, modelo de acolhimento.

Na Cova da Iria aconteceram seis aparições de Nossa Senhora do Rosário. A sexta, sendo somente para a Irmã Lúcia, assim como aquelas que ocorreram na Espanha, compondo o Ciclo Cordimariano.

Em agosto, devido às perseguições que os Pastorinhos estavam sofrendo por causa da mensagem de Fátima, a Virgem do Rosário não pôde mais aparecer para eles na Cova da Iria. No dia 19 de agosto ela aparece a eles então no Valinhos.

Algumas características em todos os ciclos: o mistério da Santíssima Trindade, a reparação, a oração, a oração do Santo Rosário, a conversão, a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Enfim, por intermédio dos Pastorinhos, a Virgem de Fátima nos convoca à vivência do Evangelho, centralizado no mistério da Eucaristia. A mensagem de Fátima está a serviço da Boa Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Virgem Maria nos convida para vivermos a graça e a misericórdia. A mensagem de Fátima é dirigida ao mundo, por isso, lá é o Altar do Mundo.

Expressão do Coração Imaculado de Maria que, no fim, irá triunfar é a jaculatória ensinada por Lúcia: “Ó Meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu; socorrei principalmente as que mais precisarem!”

Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!

terça-feira, 9 de maio de 2017

Por que maio é o Mês de Maria?

Essa ideia de dedicar todo um mês a Nossa Senhora não é nova. De fato, podemos remontar já na idade média uma devoção parecida que nos meses de agosto e setembro dedicava-se trinta dias nos quais se faziam exercícios piedosos para honrar Maria. Essa devoção se chamava Tricesimum. Mas com o passar do tempo, deslocou-se essa devoção para o mês de maio por uma razão muito bonita. A primavera.

Em primeiro lugar, lembremos que no hemisfério sul maio não é primavera, mas outono. No hemisfério norte, portanto, é que se celebra a chegada da primavera nesse mês. E desse hemisfério é que vem tal devoção. Depois de ter isso claro, podemos pensar na primavera como fenômeno e ver as razões pelas quais é muito bonito e conveniente que seja na chegada da primavera que se celebre uma especial devoção dedicada a Maria.

A primavera é a estação que segue o inverno que pode ser muito rigoroso em algumas partes. Nesse inverno rigoroso a vida é difícil, nada cresce, é preciso viver em uma maior austeridade. No inverno vive-se, de alguma forma, em espera. Em espera da primavera que virá com seu calor e vida nova. Primavera na qual florescerão novamente as plantas, na qual o solo se tornará fértil mais uma vez para produzir o sustento do homem. Se o inverno é o tempo da espera, a primavera é o tempo da promessa, da realização da espera. Muitos são os artistas que buscaram plasmar em suas obras esse frescor primaveril. Para citar um exemplo, podemos nos remeter a famosíssima obra de Vivaldi, as quatro estações. Certamente todos já estamos familiarizados com essa obra, mas talvez possamos voltar a escutá-la buscando perceber essa alegria que o autor trata de mostrar.

E são tantas as relações que podemos fazer da primavera com Maria. Antes de Maria o povo de Israel vivia como em um inverno, esperando a vinda do Salvador. Passaram por momentos difíceis como a escravidão no Egito, os anos que passaram no deserto em caminho da terra prometida ou o exílio dessa mesma terra para viverem na Babilônia. Mas no meio dessa dificuldade toda, havia esperança na promessa de Deus, de uma salvação, de uma libertação. Essa salvação veio por Jesus, que por sua vez escolheu vir até nós por Maria. Por ela nos vem a alegria total, por ela nos vem a reconciliação. Pelo seu sim generoso a terra dá o melhor dos frutos e o homem que estava na terra da dessemelhança volta à amizade com Deus.

É claro que, se formos ser bem estritos, Jesus é, nesse sentido, a verdadeira primavera. Mas que bonito é louvar a Jesus enaltecendo aquela que foi instrumento para sua vinda ao mundo. Maria não é a promessa, mas é nela que a promessa se realiza. Maria não é o fruto novo que alimenta o povo, mas é a terra fértil que permitiu o crescimento da semente e a produção do alimento. Maria é a porta pela qual a primavera entra no mundo espantando o inverno seco e frio.

Nesse mês dedicado a Maria também celebramos a cada uma de nossas mães. E é muito interessante que assim o seja porque é como se Maria, com todo um mês de celebrações, fosse o modelo para cada uma de nossas mães. Que Nossa Senhora possa interceder por cada uma dessas mulheres que assumem sua missão maternal com amor e que ela as forme para serem cada vez mais santas mães, espelhando sua própria santidade.

Ir.João Antônio
A12.com

quarta-feira, 3 de maio de 2017

A Igreja Católica e as imagens

O errado é a idolatria, não as imagens. Ou seja, o errado é o ato de idolatrar imagens e não fabricá-las!

É verdade que algumas pessoas da Igreja Católica erraram nos quase dois mil anos de sua história. É de se esperar também que uma Igreja com um bilhão e meio de seguidores tenha mais erros que uma com um milhão de membros. Na verdade, somos santos e pecadores. Santos enquanto instituição e pecadores enquanto membros. No entanto, se há uma coisa que erroneamente se divulga é que os católicos praticam a idolatria.

Idolatria, segundo o dicionário, quer dizer adorar ídolos.

A Igreja Católica Apostólica Romana sempre ensinou com base Bíblica: “Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás” (Dt 6,13). Não adoramos nem devemos adorar qualquer coisa ou pessoa além do único e Supremo Deus Trino.

Se um médico erra, não podemos culpar a medicina por seu erro. Da mesma forma que, se um advogado erra, não é culpa da lei. Assim, se infelizmente muitos católicos, por ignorância, exageram no respeito às imagens a culpa não é da doutrina católica, que lembra que desde o Antigo Testamento o próprio Deus ordenou ou permitiu a instituição das imagens que conduziriam a salvação através do Verbo Encarnado, Jesus Cristo, como por exemplo a serpente de bronze (Nm 21,4-9; Sb 16,5-14; Jo 3,14-15), a arca da Aliança e os querubins (Ex 25,10-22; 1Rs 6,23-28).

As imagens são sinais
Os católicos sabem que imagens são simplesmente imagens, não tem poder em si mesmas, pois são somente sinais. Seria uma bobeira ao ir para praia ficar em frente à placa que diz “Praia a 10 km” como se tivesse chegado ao lugar desejado. Sabemos que semelhante a uma placa, as imagens somente indicam a verdadeira pessoa digna de admiração e louvor. Isto não quer dizer que as placas são desnecessárias, porque apontam para o lugar certo.

Semelhante a isso, é pegarmos uma foto de um ente querido e acharmos que essa foto é o próprio ente querido. Se eu destruir a foto, evidentemente, não destruo a pessoa da foto. Se eu pisar na foto, evidentemente não piso na pessoa representada na foto. Mas como você se sentiria se pegassem uma foto de um ente querido seu e, na sua frente, cuspissem nela, destruíssem-na ou pisassem nela? Certamente, não ficaria muito felizes, porque, embora a foto não seja a pessoa, o gesto de destruí-la fere gravemente a sua dignidade.

Ora, a mesma escritura, que em Deuteronômio capítulo 4 proíbe imagens, é a mesma escritura que mostra que Moisés, Salomão e outros cunharam ou talharam imagens. Teria Deus enlouquecido? Poderia a Bíblia contradizer-se?

Quando o povo no deserto foi picado por serpentes, Deus mandou Moisés cunhar um cajado de bronze (portanto, uma imagem) com uma serpente e todo o que olhasse para este cajado seria curado. Ora, foi o cajado que curou as pessoas? Não, o cajado de serpente representava ao Senhor Jesus Cristo elevado na cruz. É Ele quem cura as pessoas e não a imagem da serpente.

“Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida” (Nm 21,9).

Tanto é que o povo começa a adorar a imagem como se ela fosse a responsável pela cura e o Senhor manda Moisés destruí-la: “Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até então queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã)” (2 Rs 18,4).

Onde está o verdadeiro erro?
Vemos então que o errado é a idolatria e não as imagens. Ou seja, o errado é o ato de idolatrar imagens e não as fabricar!

“Guardai-vos, pois, de fabricar alguma imagem esculpida representando o que quer que seja, figura de homem ou de mulher, representação de algum animal que vive na terra ou de um pássaro que voa nos céus, ou de um réptil que se arrasta sobre a terra, ou de um peixe que vive nas águas, debaixo da terra. Quando levantares os olhos para o céu, e vires o sol, a lua, as estrelas, e todo o exército dos céus, guarda-te de te prostrar diante deles e de render um culto a esses astros, que o Senhor, teu Deus, deu como partilha a todos os povos que vivem debaixo do céu” (Dt 4,16-20).

Não esqueçamos que, na época, havia o politeísmo, ou seja, a crença em vários deuses. A proibição de Deus se refere ao culto de adoração a alguma imagem que fosse tratada como o próprio Deus. Como, por exemplo, o povo que faz um bezerro de ouro para adorá-lo no deserto como se fosse o próprio Deus.

“Tiraram todos os brincos de ouro que tinham nas orelhas e trouxeram-nos a Aarão, o qual, tomando-os em suas mãos, pôs o ouro em um molde e fez dele um bezerro de metal fundido. Então exclamaram: ‘Eis, ó Israel, o teu Deus que te tirou do Egito'” (Ex 32,3-4).

Veja que Salomão, o homem mais sábio que já existiu e existirá segundo o próprio Deus, também fez imagens de madeira: “Fez no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez côvados de altura. Cada uma das asas dos querubins tinha cinco côvados, o que fazia dez côvados da extremidade de uma asa à extremidade da outra. Revestiu também de ouro os querubins. Mandou esculpir em relevo em todas as paredes da casa, ao redor, no santuário como no templo, querubins, palmas e flores abertas. Nos dois batentes de pau de oliveira, mandou esculpir querubins, palmas e flores desabrochadas, e cobriu-as de ouro; cobriu de ouro tanto os querubins como as palmas” (1 Rs 6,23-32).

Algumas coisas que a Igreja ensina sobre imagens:
“A imagem sacra representa principalmente Cristo. Ela não pode representar o Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova economia das imagens: ‘Antigamente, Deus, que não tem corpo nem aparência, não podia em absoluto ser representado por uma imagem. Mas agora, que se mostrou na carne e viveu com os homens, posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus (…) Com o rosto descoberto, contemplados a glória do Senhor'”. (São João Damasceno)

“O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento que proíbe ídolos. De fato ‘a honra prestada a uma imagem é prestada na verdade a pessoa a ela representada'” (São Basílio).

“O culto da religião não se dirige às imagens em si mesmas como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem, enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é a imagem.” (Santo Tomás de Aquino)


Daniel Godri Junior
Canção Nova