sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Cinco atitudes para viver bem o Ano do Laicato

O cristão leigo é chamado a viver como discípulo de Jesus Cristo em seu dia a dia. Como cristãos batizados e pessoas de bens, no Ano do Laicato devemos viver intensamente esta vocação e estar a serviço do Reino de Deus.

O Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes convoca os cristãos para serem Sal na Terra e Luz no Mundo, especialmente nesse ano de 2018, Ano do Laicato na Igreja do Brasil, estabelecido pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).

Dom Orlando recorda os exemplos do Papa Francisco, afirmando que "é de tempo de dar testemunha de vida ao próximo, assumindo a graça de sermos igreja", inspirados também pelos exemplos da primeira discípula de Cristo, Maria.
Atente-se para as cinco atitudes necessárias para viver bem o Ano do Laicato:

1- Assuma seu compromisso batismal
Seja testemunha do Evangelho no seu cotidiano, exercitando sua espiritualidade e missão através de pequenas atitudes diárias. Em sua casa, em seu trabalho, com seus amigos; empenhe-se para fortalecer o Reino de Deus.

2- Participe efetivamente da Igreja
São muitos os ministérios e pastorais em que o leigo pode participar de forma ativa, como membro efetivo da Igreja. Algumas das tarefas que podem ser desempenhadas por leigos: catequista, ministro da Eucaristia, agente das diferentes pastorais, serviço aos pobres e aos doentes. Já dizia Pe. Vitor Coelho de Almeida: “Quem ajuda na pregação tem merecimento de pregador. ”

3- Participe de questões políticas e sociais
O cristão leigo deve cumprir seu papel como cidadão no mundo da política, da cultura, nos movimentos populares e sindicais. Em todos os âmbitos deve testemunhar a palavra de Jesus Cristo. Conheça o projeto Eu Sou o Brasil Ético.

4- Incentive a participação do jovem na Igreja
“A Igreja precisa de vocês, do entusiasmo, da criatividade e da alegria que lhes caracterizam! Um grande apóstolo do Brasil, o Bem-aventurado José de Anchieta, partiu em missão quando tinha apenas dezenove anos! Sabem qual é o melhor instrumento para evangelizar os jovens? Outro jovem! Este é o caminho a ser percorrido por vocês! ” Papa Francisco na Santa Missa pela XXVIII Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.

5- Exercite a caridade
O exercício da caridade permite que de diversas formas, o cristão possa viver uma experiência missionária e misericordiosa. Através da caridade demonstramos o Amor de Deus para com o próximo.

“É dever de cada batizado conhecer Jesus Cristo, viver seus sentimentos de amor e ajudar os mais necessitados a serem felizes e a todos se santificarem para a glória de Deus”. 
Dom Severino Clasen
Presidente da Comissão Episcopal Especial para o Ano do Laicato

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12 conselhos de São Paulo para a juventude

Pense numa parceria firmeza... Era exatamente assim que acontecia com São Paulo e São Timóteo, parceiros de missão. Juntos evangelizaram várias cidades da Grécia, Turquia e até mesmo Roma.

Timóteo havia sido educado na fé judaica, mas quando tinha cerca de 20 anos se converteu ao Cristianismo. Acredita-se que Paulo foi um de seus mentores na fé cristã, o que explica os conselhos preciosos que ele dá ao seu jovem amigo em suas duas cartas.

Foi daí que surgiu essa lista com os 12 conselhos de São Paulo pra você:

1- Não duvide de sua capacidade
“Que ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, mostra-te um modelo para os fiéis pela palavra, pela conduta, pelo amor, pela fé, pela pureza.” (I Tim 4,12)

2- Cuide bem de sua família
“Se alguém não cuida dos seus, sobretudo dos que vivem com ele, este renegou a fé e é pior que um infiel.” (I Tim 5, 8)

3- Contente-se com o essencial
“A piedade é, de fato, grande fonte de lucro para quem se contenta com o que tem. Pois nada trouxemos a este mundo e assim também nada dele podemos levar. Tendo, pois, comida e roupa, fiquemos contentes com isso.” (I Tim 6, 6-8)

4- Evite discussões bobas
“Lembra-te de tudo isto, atestando diante de Deus que é preciso evitar as discussões de palavras, que de nada servem, a não ser para perder os que as ouvem.” (II Tim 2, 14)

5- Não fale palavrões
“Evita o palavreado vão e profano; os que o praticam progredirão sempre mais na impiedade.” (II Tim 2, 16)

6- Seja intenso, mas com equilíbrio
“Foge das paixões da juventude; busca a justiça, a fé, o amor, a paz em união com aqueles que de coração puro invocam o Senhor.” (II Tim 2, 22)

7- Não tenha vergonha de ser cristão
“Eu te exorto a reavivar o dom de Deus que está em ti pela imposição de minhas mãos. Pois não foi um espírito de timidez que Deus nos deu: foi um espírito de coragem, de amor e de autodomínio. Por isso, não te envergonhes do testemunho que deves dar de nosso Senhor.” (II Tim 1, 6-8a)

8- Seja constante na Fé e leia a Bíblia
“Tu, porém, continua firme no que aprendeste e aceitaste como certo, sabendo de quem o aprendeste e que desde criança conheces as Sagradas Escrituras; elas podem dar-te a sabedoria que leva à salvação pela fé em Cristo Jesus.” (II Tim 3, 14-15)

9- Respeite os outros mesmo que estejam errados
“Não repreendas duramente um velho; ao contrário, exorta-o como a um pai; aos jovens, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às jovens, como a irmãs em toda pureza.” (I Tim 5, 1-2)

10- Reze pelo governo
“Eu te recomendo que se façam pedidos, súplicas, orações e ações de graças por todos: pelos reis e pelos que estão no poder, para que possamos levar uma vida calma e tranquila, com toda piedade e honestidade. Isto é uma boa coisa e agrada a Deus, nosso Salvador.” (I Tim 2, 1-3)

11- Zele por seu comportamento na Igreja
“É preciso que saibas como comportar-te na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.” (I Tim 3,15)

12- Busque a pureza
Conserva-te puro. (I Tim 5, 22c)

Que os dois intercedam por nós para que saibamos viver bem nossa juventude.

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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Carnaval: É possível se divertir sem pecar?

Uma maneira caricaturada de pensar, comum para os que estão fora da Igreja, é a que enxerga no católico uma pessoa amargurada com a vida, reprimida por medo ou por um sentido do dever que obedece cegamente a normas e preceitos vazios. Nesse contexto, parece bem difícil falar que uma pessoa assim pode realmente se divertir, ainda mais quando divertimento nos dias de hoje parece ser dar rédea solta para os apetites e desejos. Chegando na época do carnaval, a coisa fica ainda mais evidente.

Pascal, pensador do século XVII, refletiu sobre o divertimento e como ele se mostra como um mecanismo para escapar de um contato mais profundo consigo mesmo. Ele diz em sua obra chamada pensamentos: “Nada é mais insuportável para o homem do que estar em pleno repouso, sem paixões, sem afazeres, sem divertimento, sem aplicação”. O homem aparece como um ser inquieto, que está sempre em busca de algo. Notemos que a palavra utilizada é “insuportável”, ou seja, é impossível, segundo Pascal, que o homem não esteja em busca de algo.

Se estamos sempre buscando algo e não sabemos bem o que procuramos, é porque não sabemos bem quem somos. E Pascal também se atém a esse ponto. Ele diz que mesmo se nos permitimos entrar em nosso interior e descobrir quem realmente somos, cairíamos novamente no tédio e na fuga para o divertimento. Isso acontece pois quando nos conhecemos, conhecemos também a nossa condição de pecadores, a nossa miséria, as nossas falhas. E isso é algo que não é fácil de assimilar. Por isso, ao ver tudo o que somos, escaparíamos de novo ao divertimento.

No carnaval não é difícil identificar nos outros e, com um pouco de honestidade, em si mesmo, as motivações do divertimento. É uma fuga dos problemas do dia a dia? É uma fuga da própria identidade? É uma fuga das incertezas de nossas decisões? É a fuga de um relacionamento que não está dando certo? De um diálogo que não se está tendo? Podem ser muitas coisas que nos atraem para o divertimento e cada um precisa fazer um exame do momento em que vive. Para Pascal, o divertimento nos atrapalha a fazer essas perguntas realmente importantes para o homem.

Seria, então, todo divertimento um desvio? Como ser um católico alegre como nos pede tanto o Papa Francisco?Aqui temos que deixar um pouco Pascal de lado e afirmar que junto a nossa grande miséria, a nossa condição de pecadores, ao descobrir a nossa identidade, descobrimos que Deus nos ama a tal ponto de nos dar o seu Filho único em expiação pelos nossos pecados. Ou seja, somos realmente pecadores, mas se estamos em comunhão com Deus, vivendo uma vida de Graça, somos pecadores perdoados, e esse é um motivo muito grande de alegria. Na verdade, é o maior motivo que podemos pensar para estarmos alegres. E é isso que festejamos, que celebramos, que nos dá a alegria de viver.

É claro que um católico pode se divertir sem pecar. Sempre que esteja afirmando a sua identidade de filho amado e reconciliado por Deus. Uma grande dificuldade de hoje é que até mesmo nós, católicos, queremos nos alegrar com outras coisas, nos assemelhar demais ao mundo a ponto de nos mesclar com o mundano. É preciso sempre lembrar que estamos no mundo, mas não somos do mundo.

Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4,4) É o convite de São Paulo para os filipenses e para nós também. As duas partes da frase são importantes, alegrai-vos e no Senhor. Porque fora dele não há verdadeira alegria, só euforia passageira.

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Catequese: O que é ter fé?

Poderíamos gastar todo o espaço deste texto trazendo algumas definições de fé mais ou menos bonitas que foram dadas ao longo da história da Igreja. O autor da carta aos Hebreus, por exemplo, nos diz de forma muito bela: “A fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se veem” (Hb 11,1). De acordo com essa definição, a fé é uma posse. Mas uma posse de que? O que é que esperamos e que ao mesmo tempo já possuímos? Isso não é contraditório em si mesmo?

Em outra passagem São Paulo diz aos romanos que a fé vem pelo ouvir e o ouvir a palavra de Cristo (Rm 10, 17). Se você está lendo esse texto, provavelmente já ouviu falar de Jesus e já ouviu Jesus falar por meio da sua Igreja, seja nas Sagradas Escrituras, seja em uma participação na Liturgia. Mas muitas vezes nossos ouvidos já estão acostumados com essas palavras e elas acabam tendo dificuldade de chegar ao mais profundo do nosso ser.

Um bom exercício é tentar fazer memória daquele anúncio original que nos foi feito. Aquele que fez nascer em nós a chama da fé. Pode ser que esse anúncio original esteja em nossa família, assim como para o jovem Timóteo que escutou falar da fé por meio de sua vó e de sua mãe. Pode ser que esse anúncio original esteja nas experiências de infância de ir à missa sem entender muito, mas que proporcionaram uma escuta de um anúncio de Cristo. As possibilidades são infinitas.

Porque o exercício da fé é importante?
Porque ele traz a fé para o âmbito do pessoal. Muitas vezes a fé é vista como um conteúdo com o qual prestamos o assentimento. Nesse sentido a fé não seria muito diferente de uma adesão a um partido político ou a um grupo de filosofia. Mas ela é muito mais do que isso, embora esse assentimento esteja também compreendido pela fé. Ela é, antes de qualquer coisa, um deparar-se com a realidade de Jesus, vivo e encarnado. De uma maneira misteriosa encontramos sua presença no mundo e sua divindade, mesmo que velada, nos leva a aderir-nos à Vida Crista que Ele nos propõe. A vida de oração, se partimos desse encontro real com Cristo, se prolonga em renovar e aprofundar esse primeiro encontro.

Jesus Cristo é realmente Deus feito homem. Essa é a realidade que nos é anunciada e que ao escutar, assentimos com a fé. Junto com a esperança e a caridade, a fé forma o grupo de virtudes teologais, ou seja, que são dons diretos de Deus. É esse dom que precisamos descobrir em nossas vidas. E ele com certeza está lá, porque Deus sai ao encontro de todas as suas criaturas com o desejo de salvá-las do pecado e inseri-las na vida da Graça. Enquanto peregrinamos nessa terra, vivemos pela fé, em uma espécie de penumbra, mas confiantes porque nossa fé é em um Deus que não defrauda.

Sabemos, no entanto, que a fé vai se acabar em um sentido positivo. Juntamente com a esperança, quando Jesus se manifestar novamente no final dos tempos e o Reino de Deus for definitivamente instaurado, só sobrará a caridade, o amor. Fé e esperança terão cumprido já o seu papel e não serão mais necessárias porque já estaremos em posse (não mais só antecipadamente) daquilo que o nosso coração mais deseja: O encontro real e definitivo com Deus.

Ter fé é, então, muito mais do que acreditar que Deus existe ou que ele vai me dar coisas. É assentir a verdade de Cristo que nos foi anunciada. É viver desse encontro com Ele cada vez mais renovado e profundo. É verdadeiramente estar no mundo sem ser do mundo. É apostar tudo por Cristo, queimando todos os navios que poderiam nos levar de volta a uma vida sem Ele. É um salto em um clarão ainda meio escuro, como o sol que de manhã já começa a clarear o dia sem se mostrar ainda em todo seu esplendor.

Jovens de Maria - A12.com

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Paróquia promove Assembleia Paroquial no próximo dia 27


Todos os coordenadores de pastorais e movimentos juntamente com representantes de todas as comunidades da Paróquia São Francisco de Paula estarão reunidos no próximo dia 27, na Matriz. Neste dia, acontecerá a Assembleia Paroquial. 


É necessário realizar a inscrição até o dia 23, na Secretaria Paroquial. Para quem desejar almoçar, será cobrada uma taxa de R$ 10.

De acordo com o pároco, padre Lucas Mendes, o evento ocorrerá de 8h30 até 12h. "O palestrante deste ano será Romário Teixeira Bernardo, que irá falar sobre o tema da Fraternidade deste ano: 'Fraternidade e Superação da Violência', que terá como lema 'Em Cristo somos todos irmãos.' (Mt 23, 8)", afirmou. 

O palestrante é presidente do Conselho Comunitário de Segurança de São Francisco de Itabapoana (Conseg), além de ser bacharel em Direito e pós-graduado em Direito Penal, Direito Cível e Segurança Pública. 

Quanto a presença na Assembleia:
Matriz
É indispensável a presença de todos os coordenadores de pastorais e movimentos.

Comunidades
É indispensável a presença de um jovem, um ministro e um membro responsável pelo Dízimo.

Ministros
Todos da Paróquia devem comparecer.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Catequese: Amar a Virgem Maria exige conhecê-La

A honra que a Igreja sempre deu à Mãe de Deus foi muito especial, partindo dos personagens presentes dentro dos evangelhos até aos grandes autores que olharam com atenção para ela no decorrer dos séculos.

Santo Agostinho de Hipona em um dos seus sermões na solenidade do Natal, procurou mostrar a dignidade desta Mulher e a complexidade em que ela estava envolvida, chegando à conclusão de que não podermos excluí-la da centralidade do Evangelho, por mais que alguns queiram fazer isto; vejamos: “Aquele que, nascido do Pai, criou todos os séculos, consagrou este dia, nascido de uma mãe, nesta terra. Naquele nascimento (do alto) não pode ter mãe; neste, não buscou pai humano. Em poucas palavras: Cristo nasceu de um pai e de uma mãe; e ao mesmo tempo, sem pai e sem mãe. Enquanto Deus, nasceu do Pai; enquanto homem, de mãe. Enquanto Deus, sem mãe, enquanto homem, sem pai”. Aqui encontramos o motivo pelo qual a Igreja honra a genitora na carne de Cristo, mesmo se a ela não houvesse uma profecia sobre a louvação que lhe seria tributada, a Comunidade cristã assim o faria: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada porque o Todo-Poderoso fez em mim Maravilhas” (Lc 1, 48). Outro dado importante que não podemos esquecer é a união hipostática de Cristo, acreditado e difundido também por Santo Agostinho, tirando aqui qualquer sombra de dúvida sobre o assunto.

A verdadeira devoção à Santíssima Virgem consiste em dedicar-se e entregar-se ao Reino de Deus de forma total e sem descanso, tendo sempre presente em todas as suas ações, o exemplo de vida e fé dela; assim agradaremos plenamente ao Senhor que “a escolheu, entre todas preferida”.

Repito, a Virgem Maria, mesmo que alguns não queiram, ocupa um lugar privilegiado na Criação, começando na sua Concepção, terminando na Assunção, não por causa de seus méritos, pois mérito nenhum a humanidade dela teria, mas pelos méritos de Jesus Cristo, o Puro, o Santo, o Imaculado que não deveria nascer de uma pessoa infectada com o germe do pecado.

A eleição de Nossa Senhora antes da fundação dos tempos está atestada na Sagrada Escritura – “Antes da fundação do mundo, fomos eleitos nele” (Ef 1, 4-12): Por Jesus ser quem é, Deus o Pai pôde eleger para si, Maria para ser mãe de seu Filho e também um a povo antes mesmo da criação. Com base nos méritos de Cristo existentes na eternidade, a Trindade glorificará a si mesma pela redenção de Maria, já na sua conceição ou nascimento.

O próprio evangelista João, inspirado por Deus afirmou em sua carta: “Deus é luz, nele não há trevas” (Jo 1, 1). A luz é uma metáfora comum na Sagrada Escritura. Em Provérbios 4,18 simboliza a justiça como a “luz da aurora”; São Paulo aos Filipenses 2,15 compara os filhos de Deus como a luz, pois devem ser “puros e irrepreensíveis” como as estrelas brilhantes no universo.

Já Nosso Senhor usou a luz como uma imagem de boas obras: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai que está nos céus” (cf. Mt 5,16). O fato de que Deus é luz estabelece um contraste natural com a escuridão do pecado, sendo assim, não poderia ser gerado na carne corrompida pelas trevas. Se a luz é uma metáfora para a justiça e bondade, então a escuridão significa o mal e o pecado. A luz faz parte da essência de Deus, assim como o amor (1Jo 4, 8). Eis a mensagem: Deus é completamente, absolutamente e incondicionalmente Santo, sem qualquer mistura com o pecado, qualquer mancha de iniquidade ou qualquer indício de injustiça. Eis a grandiosidade de Deus em Maria! Aqui, todos os que têm fé no Deus dos cristãos se curvam diante deste fato extraordinário.

A importância do culto mariano não nasce de uma vontade humana, é parte da herança deixada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Para os cristãos, o ponto principal de referência é Jesus e sua palavra, pois fazem parte do mistério que não é teorético ou palavra humana, mas é uma realidade que supera toda a Igreja.

Os irmãos separados fazem uma acusação sem fundamento, afirmando que “o culto mariano se baseia em uma ‘tradição’ que não parte dos Evangelhos”, porém, a Tradição por meio da Sagrada Escritura nos revela que a pessoa de Maria é inserida por escolha e vontade de Deus como realidade, na estrutura e na harmonia da fé na história da salvação dentro do Evangelho.

Não é porque Paulo não fala de Maria diretamente, ele como doutor da fé, que Ela deve ser esquecida por nós hoje. No entanto, Paulo faz referência a Maria em um texto que fundamenta todo o desenvolvimento do pensamento sobre Nossa Senhora e a Mariologia na Igreja (Gal 4, 4-6). É um texto que nos faz entrar dentro da profundidade do mistério de Deus, ainda que de uma forma meio contida. Entrar no mistério significa que “ser discípulo da Palavra”, não nos apossamos ou possuímos o Mistério, mas entramos na realidade enquanto crente, recebendo aquilo que Deus quer nos dar por meio desta mesma palavra. Estas questões são bem simples, mas ao longo do tempo, em muitos lugares perdemos esta sensibilidade dentro do campo da fé. Um exemplo podemos trazer aqui está no próprio culto cristão, nele celebramos o mistério da nossa fé! Em determinadas comunidades, infelizmente esta visão de culto está eclipsada, sendo ele transformado mais em um encontro de “desconhecidos” em busca de ações divinas que satisfaçam as suas carências afetivas, do que um encontro com o Mistério. Isto fere a Palavra porque a modificamos, obrigando que nossas palavras humanas, cubram as palavras e as ações de Deus dentro da liturgia.

A “plenitude do tempo”
À luz de Gálatas, já que estamos falando de São Paulo, também percebemos que esta “plenitude dos tempos” em que Deus veio, está quase esquecida ou perdida nas catequeses atuais. Isto causa um grande mal à fé cristã e impede o povo de Deus de usufruir das riquezas do Depósito da Fé da Igreja, porque os fiéis se perdem na história que passa a não ter sentido. Cria-se uma infantilização (1Cor 13, 11) da Religião que se desenvolve a partir de uma rejeição à Doutrina oficial da Igreja, chegando até ter repulsa de seus ensinamentos, principalmente no campo da Moral e da Ética. Em outras palavras, a comunidade dos irmãos transforma-se em uma reunião de pessoas que não veem sentido de pautar suas vidas a partir daquele Senhor que dá a vida e que veio (Jo 1, 14), e está presente no tempo e na história (Ap 22, 13). Aqui, Maria, Mãe de nosso Senhor, a perfeita discípula que peregrina ao longo do tempo, encontrada “cheia de graça”(4) na eternidade de Deus, chama a atenção dos homens para que não se percam no caminho de volta até o Senhor.

"Plenitude dos tempos” ao lado da “plena de graça”, eis no interior do mistério de Cristo ambas completudes, fundando aquilo que é hoje o culto a Maria. Em outras palavras, a partir daquilo que Deus oferece do mistério primordial, temos Maria no meio deste Mistério. Neste sentido, qualquer pessoa dentro do Cristianismo, seja católico ou não, deve aceitar esta visão ou realidade sobre aquilo que Deus nos deixa como verdade contida na sua Palavra. Nela está Maria ocupando o lugar de colaboradora eminente. Se temos fidelidade e percebemos o dom de Deus, nele encontramos a Nazarena.

Hoje concluímos que o culto a Nossa Senhora nos foi dado por Nosso Senhor Jesus Cristo quando entregou sob o cuidado de João sua mãe: “Eis ai tua mãe” (Jo 19, 26-27)! Não foi um invencionismo partido do povo, mas da própria vontade de Deus. Nestas últimas palavras de Jesus na Cruz vemos a teologia da filiação. Ele se volta ao Pai para entregar o seu Espírito e ao mirar com os olhos da carne à João, entrega a sua Mãe. Quer dizer, se entrega completamente: corpo na cruz, Espírito ao Pai e sua mãe aos irmãos. Ali reconheceram que “ele de fato era o Filho de Deus” (Mt 27, 54).

Uma vez reconhecendo Jesus como Filho, obrigatoriamente deve-se reconhecer sua Mãe! Aqui não só temos um vocábulo que nasce do afeto, mas algo nascente a partir das palavras de Jesus. Pedido de aceitação que a própria Maria e a Igreja obedeceram, abrindo seus corações para que ambas acolhessem uma a outra. Temos um mistério neste episódio da cruz! Por que Jesus não entregou sua mãe às mulheres ali presentes, nem a própria Maria Madalena, por ser mulher também? A resposta que temos está na própria passagem da Sagrada Escritura: Ele a “entregou ao discípulo a quem amava” (Jo 19, 26). Até nesta hora, o laço da afetividade esteve presente. Jesus tinha certeza: o discípulo amado a cuidaria muito bem porque ele “muito amava” o Mestre e demonstrou este amor permanecendo junto à Cruz.

No episódio do Calvário o Crucificado estabelece novas relações de amor entre Maria e os cristãos. Aqui está selada uma “Nova e Eterna Aliança”, tendo presente uma “Mulher”, fazendo cumprir a primeira profecia proclamada pelo próprio Deus no Antigo Testamento: “Porei inimizade entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e o seu Descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu Lhe ferirás o calcanhar”. O relato do Gênesis aponta para o papel tríplice de Jesus Cristo no que tange à nossa salvação.

(1) Profetiza a encarnação do Senhor no seio da Virgem Maria, “Mulher” que não faria pacto com o pecado (preservada do pecado);

(2) Note que a Semente é de uma mulher, não de um homem. A cultura judaica acreditava que só os homens tinham semente. A imagem é uma clara alusão ao nascimento virginal de Jesus;

(3) A via de Gênesis revela o sofrimento de Jesus Cristo e Sua morte na cruz. Satanás “feriria” o “calcanhar”;

(4) Finalmente, a promessa proclama a vitória da “Descendência da Mulher” sobre a serpente. Cristo “ferirá” ou esmagará a cabeça da serpente. A estratégia do demônio de provocar a morte de Jesus surtiu efeito contrário! A cruz constituiu um golpe de morte sobre a cabeça do inimigo enganador – sua destruição tornou-se uma certeza! Bendito seja Deus pela presença de Maria ao pé da cruz! Isto reporta-nos à passagem do Paraíso: uma mulher, um homem, uma árvore e uma serpente enganadora. Os Padres da Igreja já desvendaram o significado de tudo isto: Adão=Cristo, Eva=Maria, árvore=cruz, serpente=o mal. Jesus novo Adão sem o pecado, Maria livre do pecado pelos méritos de Cristo, a árvore da vida substituída pelo dom precioso da Cruz e o mal derrotado pela força e o poder de Deus.

Este foi um artigo extenso, mas procuramos mostrar o quanto a Mariologia pode ajudar na nossa compreensão no conhecimento de Deus e de sua relação com a humanidade. 

Côn. José Wilson Fabrício da Silva, crl
Membro da Academia Marial - A12.com

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Catequese: Posso me casar na Igreja com alguém não católico?

Reflita sobre o posicionamento da Igreja em relação ao casamento de pessoas de religiões diferentes

Cresce o número de jovens católicos e protestantes, ou de outras religiões, que namoram, desejam se casar na Igreja Católica e perguntam se podem fazê-lo. Antes de tudo é preciso compreender que há duas situações diferentes: uma é o “casamento misto”, entre um católico e uma pessoa não católica, porém, batizada em uma comunidade eclesial cristã. Um outro caso é quando há “disparidade de culto”, isto é , o casamento entre um católico e uma pessoa não batizada, não cristã. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que:

“Em muitos países, a situação do casamento misto (entre católico e batizado não-católico) se apresenta com muita frequência. Isso exige uma atenção particular dos cônjuges e dos pastores. O caso dos casamentos com disparidade de culto (entre católico e não batizado) exige uma circunspeção maior ainda” (CIC §1634).

A Igreja pode autorizar o matrimônio, desde que, obedeçam a certas exigências. Sobretudo, é preciso que se amem e cada um respeite o outro e a sua fé, vivendo cada um, a seu modo, a fidelidade a Cristo. A Igreja não deixa de lembrar as dificuldades que podem surgir nessa união, pois, a fé é um ponto básico na unidade do casal. O católico, por exemplo, gostará de ter em sua casa o crucifixo e outras imagens para venerar; bem como rezar o Rosário de Nossa Senhora, entre outros. Já a outra parte pode não aceitar isso. Mais difícil ainda, quando o outro cônjuge, não-cristão, não aceita a fé em Cristo do outro, ou até mesmo, se ele quiser praticar cultos que a fé da Igreja não aceita. E a grande preocupação da Igreja é com relação à educação dos filhos.

O que diz o Catecismo?
“A diferença de confissão entre os cônjuges não constitui obstáculos insuperável para o casamento, desde que consigam pôr em comum o que cada um deles recebeu em sua comunidade e aprender um do outro o modo de viver sua fidelidade a Cristo. Mas nem por isso devem ser subestimadas as dificuldades dos casamentos mistos. Elas se devem ao fato de que a separação dos cristãos é uma questão ainda não resolvida. Os esposos correm o risco de sentir o drama da desunião dos cristãos no seio do próprio lar. A disparidade de culto pode agravar ainda mais essas dificuldades. As divergências concernentes à fé, à própria concepção do casamento, como também mentalidades religiosas diferentes, podem constituir uma fonte de tensões no casamento, principalmente no que tange à educação dos filhos. Uma tentação pode então apresentar-se: a indiferença religiosa” (CIC §1635.)

A Igreja exige, nos casos acima citados, a autorização expressa da autoridade eclesiástica, normalmente do bispo. E exige que os noivos se comprometam a educar os filhos na fé católica. Afirma o Catecismo:

“Conforme o direito em vigor na Igreja Latina, um casamento misto exige, para sua liceidade, a permissão expressa da autoridade eclesiástica. Em caso de disparidade de culto, requer-se uma dispensa expressa do impedimento para a validade do casamento. Esta permissão ou esta dispensa supõem que as duas partes conheçam e não excluam os fins e as propriedades essenciais do casamento, e também que a parte católica confirme o empenho, com o conhecimento também da parte não-católica, de conservar a própria fé e assegurar o batismo e a educação dos filhos na Igreja católica” (CIC §1636).

O diálogo precisa existir
Portanto, para um (a) jovem católico (a) que namora uma pessoa de outra religião, esta será a primeira questão a ser discutida com o (a) companheiro (a). Será que ele (a) aceita isso? O Código de Direito Canônico da Igreja afirma:

Cân. 1124 § “O matrimônio entre duas pessoas batizadas, das quais uma tenha sido batizada na Igreja católica ou nela recebida depois do batismo, e que não tenha dela saído por ato formal, e outra pertencente a uma Igreja ou comunidade eclesial que não esteja em plena comunhão com a Igreja católica, é proibido sem a licença expressa da autoridade competente”.

E sobre a disparidade de culto confirma o Código o seguinte:

Cân. 1086 § 1. “É inválido o matrimônio entre duas pessoas, uma das quais tenha sido batizada na Igreja católica ou nela recebida e que não a tenha abandonado por um ato formal, e outra que não é batizada.
§ 2. Não se dispense desse impedimento, a não ser cumpridas as condições mencionadas nos cân. 1125 e 1126”.

Cân. 1125 § “O Ordinário local [Bispo] pode conceder essa licença, se houver causa justa e razoável; não a conceda, porém, se não se verificarem as condições seguintes:

1°- a parte católica declare estar preparada para afastar os perigos de defecção da fé, e prometa sinceramente fazer todo o possível a fim de que toda a prole seja batizada e educada na Igreja católica;

2°- informe-se, tempestivamente, desses compromissos da parte católica à outra parte, de tal modo que conste estar esta verdadeiramente consciente do compromisso e da obrigação da parte católica;

3°- ambas as partes sejam instruídas a respeito dos fins e propriedades essenciais do matrimônio, que nenhum dos contraentes pode excluir”.

Cân. 1126 § “Compete à Conferência dos Bispos estabelecer o modo segundo o qual devem ser feitas essas declarações e compromissos, que são sempre exigidos, como também determinar como deve constar no foro externo e como a parte não-católica deve ser informada”.

E como deve ser celebrado o matrimônio nesses casos? O Código de Direito exige o seguinte:

Cân. 1127 § 1. “No que se refere à forma a ser empregada nos matrimônios mistos, observem-se as prescrições do cân. 1108; mas, se a parte católica contrai matrimônio com outra parte não-católica de rito oriental, a forma canônica deve ser observada só para a liceidade; para a validade, porém, requer-se a intervenção de um ministro sagrado, observando-se as outras prescrições do direito.

§ 2. Se graves dificuldades obstam à observância da forma canônica, é direito do Ordinário local da parte católica dispensar dela em cada caso, consultado, porém o Ordinário do lugar onde se celebra o matrimônio e salva, para a validade, alguma forma pública de celebração; compete à Conferência dos Bispos estabelecer normas, pelas quais se conceda a dispensa de modo concorde.

§ 3. Antes ou depois da celebração realizada de acordo com o § 1, proíbe-se outra celebração religiosa desse matrimônio para prestar ou renovar o consentimento matrimonial; do mesmo modo, não se faça uma celebração religiosa em que o assistente católico e o ministro não-católico, executando simultaneamente cada qual o próprio rito, solicitam o consentimento das partes”.

Cân. 1128 § “Os Ordinários locais e os outros pastores de almas cuidem que não faltem o cônjuge católico e aos filhos nascidos de matrimônio misto o auxílio espiritual para as obrigações que devem cumprir, e ajudem os cônjuges a alimentarem a unidade da vida conjugal e familiar”.

Cân. 1129 § “As prescrições dos cân. 1127 e 1128 devem aplicar-se também aos matrimônios em que haja o impedimento de disparidade de culto, mencionado no cân. 1086, § 1”.

Como nem sempre é fácil interpretar essas normas da Igreja, a providência primeira, será procurar o pároco e conversar com ele sobre o seu caso.

Felipe Aquino
Canção Nova

Você sabe o dia do seu Batismo?

Geralmente sabemos as datas importantes que marcaram a nossa vida. Lembramos o dia de nosso aniversário, do casamento ou da ordenação presbiteral, sabemos inclusive algumas datas importantes das pessoas que amamos. A data do nosso Batismo, no entanto, geralmente não está entre essas datas conhecidas. Talvez seja por falta de uma boa memória ou simplesmente porque não temos esse dia como realmente importante para as nossas vidas. Mas ele é, e a celebração do batismo de Jesus nos relembra isso.

Depois das celebrações de Natal e da Epifania do Senhor, a Igreja nos propõe celebrar essa outra grande festa de Jesus, o dia do seu Batizado. Se bem que Jesus não foi batizado logo depois que nasceu, mas por seu primo João aos 30 anos, é interessante que a festa esteja próxima do Natal e mais precisamente na transição do tempo do Natal para o tempo ordinário da liturgia. O Batismo nos insere na vida da Igreja, nos faz filhos e filhas de Deus, nos infunde a fé que é chamada a crescer justamente no dia a dia do nosso tempo ordinário.

E é justamente pelo batismo que passamos “a vela da fé de mão em mão” como disse o Papa Francisco em sua homilia dessa festa no ano passado. E essa luz vem desde os tempos de Cristo, dos inícios da Igreja. A fé que recebemos hoje é a mesma fé dos apóstolos, guardada e cuidada pela Igreja durante todos esses anos. No dia do nosso batizado entramos para a família de Deus, herdeiros dessa tradição de fé.

No dia do nosso batizado entramos para a família de Deus, herdeiros dessa tradição de fé. E se nesse dia ainda somos crianças demais para entender o que está acontecendo, isso não quer dizer que não seja bom receber essa graça de Deus, da mesma maneira que ninguém espera a criança crescer para dar-lhe de comer, mas justamente o contrário, dá-lhe de comer para que cresça e fique forte fisicamente.

No Batismo, recebemos a fé que precisa ser amadurecida e formada para que seja um dia assentida, ou seja, que chegue o dia em que cada um livremente possa se aderir a ela com o seu próprio sim a Deus. Em termos de sacramento, esse é o dia da Confirmação ou da Crisma.

Com relação a isso, sempre me lembro do começo da segunda carta de São Paulo a Timóteo que mostra a importância dessa transmissão da fé autêntica em família. Ela diz o seguinte: “Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti”. (2 Tim 1,5). Em Timóteo, o batismo deu o fruto que precisa dar em todos nós, uma fé não fingida, mas viva e autêntica.

Por que então valorizar o dia do nosso batizado?
Por exemplo, sabendo que dia foi esse, é um primeiro passo para retomar o caminho dessa fé autêntica. Podemos fazer-nos a seguinte pergunta: “Como cresceu a fé que eu recebi desde lá? Eu posso dizer que a fé da Igreja é também a minha fé?” E vale lembrar que essa fé nunca pode ser uma imposição, mas só é verdadeira se é fruto de um assentimento livre e maduro.

Peçamos ao Espírito Santo, que veio a Jesus no dia do seu batizado, que ilumine também a fé que cada um de nós recebeu, para que ela cresça cada dia e que o nosso próprio Batismo dê os frutos de santidade que Deus deseja para nós e para o mundo que tanto precisa.

Jovens de Maria - A12.com