A Quaresma é o tempo propício para conhecermos essas verdades, tempo de reflexão, tempo de meditação, tempo de silenciar o coração. Temos em Maria o maior exemplo deste silêncio, a vida da Mãe pode ser comparada ao tempo da Quaresma. Atenta a tudo, ela sabia silenciar, escutar e refletir em seu coração. Assim fez Maria, desde a anunciação do Anjo Gabriel, sua primeira atitude foi de escuta da vontade do Pai. Em seguida, de acolhimento : “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim a tua Palavra” (Lc 1,38).
No nascimento de Jesus, envolvida no mistério daquela noite, apesar de todas as dificuldades do ambiente, manteve-se serena. No fecundo silêncio da Gruta de Belém, só ela, iluminada pela luz do Menino, tinha a certeza que Ele era o Cristo Deus. Enquanto os pastores contavam que viram aos anjos anunciando: "Nasceu o Salvador!", a Mãe já sabia. Tudo lhe foi sendo revelado, meditado e acolhido. Como diz o evangelista: “Maria guardava todas estas coisas, meditando-as no coração”.(Lc 2, 19)
Em outra passagem, o menino se perde dos pais, que o procuram incansavelmente até que o encontram entre os doutores: “Porque me procuráveis? Não sabiam que devo me ocupar das coisas de meu Pai!” (Lc 2, 49). Novamente Maria guarda no coração, cheia de paz e confiança, identifica a vontade de Deus. Meditando os mistérios da vida, caminhando na fé, vai construindo uma intimidade vertiginosa com Deus. Inegavelmente já grande, pois foi a escolhida para gerar Jesus, como anunciou o anjo Gabriel: “Encontraste graça diante de Deus…”.
E Jesus foi crescendo em graça e sabedoria diante dos homens e de Deus. Foi numa festa de casamento que a Mãe faz Jesus realizar o seu primeiro milagre: a transformação da água em vinho (Jo 2, 1-11). Atenta às necessidades dos demais, pois o seu silêncio não é ausência passiva, mas uma presença ativa. Vendo a falta do vinho, confiante em seu Filho, pede: “Fazei tudo o que ele vos disser”, são palavras da Mãe, antecipando o próprio momento de Cristo. Mesmo se não pedirmos, se ela é nossa convidada e está presente em nossa vida, ela intercederá por nós. Podemos convidá-la então para que ela esteja ao nosso lado durante este tempo de silêncio e contemplação, ajudando-nos a transformar a água de nossa vida espiritual no mais precioso vinho.
Mas foi no Calvário que sua fé atingiu o ponto mais alto: ‘Faça sua vontade’. Maria permaneceu em silêncio, sem se exaltar, sabendo que ali se cumpria a vontade do Pai. “Junto à cruz, estava de pé, sua mãe.” (Jo 19,25). Naquele silêncio ninguém melhor do que ela sabia, o quanto era importante aquela morte para a salvação da humanidade.
Pela sua atitude e pelo seu silêncio frutuoso, Maria é modelo para todos que fazem parte do povo de Deus e querem fazer uma bela e santa Quaresma. Ela nos ensina com humildade e acolhimento que para a santificação do homem e da mulher é necessário conhecer as verdades divinas. E ainda, é no silêncio, colocando-nos em sintonia com o Senhor atentos à Sua palavra, que melhor podemos escutá-Lo.
Como seus filhos, ouvimos hoje novamente: “Fazei tudo que Ele vos disser”. E Ele sempre nos fala, basta silenciar…
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