segunda-feira, 27 de abril de 2015

CNBB e a vida do povo

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conclui nesta sexta-feira, 24 de abril, sua 53ª Assembleia Geral, que reuniu temas de grande relevância para a vida da Igreja Católica na tarefa missionária de anunciar, a todos, o Evangelho de Jesus Cristo. Durante a Assembleia, a CNBB - força da Igreja Católica de reconhecida credibilidade a serviço do povo brasileiro - elegeu a sua nova presidência para o quadriênio 2015-2018. Um competente corpo de presidentes de comissões episcopais levará adiante projetos e programas de evangelização. Os trabalhos serão desenvolvidos com o apoio de assessorias eficientes, em diálogo permanente com os segmentos diversos da sociedade. Em cooperação, busca-se construir uma sociedade mais justa e solidária.



Especialmente nesse tempo de Assembleia, compartilhamos ricas experiências e reforçamos o compromisso de sempre buscar o diálogo, a inovação interna e, permanentemente, caminhar com o povo, particularmente ao lado dos mais pobres. Deste modo, investimos para ser sempre uma “Igreja em saída”, conforme orienta o Papa Francisco. Essas importantes metas estão desenhadas pelo horizonte das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas durante a Assembleia. As Diretrizes orientam o caminhar da Igreja na realidade sociocultural diversificada da sociedade brasileira. As definições de projetos, programas e planos de pastoral, em cada lugar do país com a presença da Igreja, têm nestas Diretrizes ricos parâmetros e efetivas linhas de ação.

Ao definir seus planejamentos, a Igreja está consciente de que para além de aspectos técnicos, são fundamentais o testemunho e a disponibilidade para o encontro. Como diz o Papa Francisco, é imprescindível a coragem de ser uma Igreja “acidentada” e, até, “enlameada”, jamais autocentrada. No horizonte desse desafio, a Assembleia Geral da CNBB analisou a complexidade da realidade social e política que interpela a fé cristã a dar a sua indispensável contribuição. Por isso, foi incluído um segundo passo no Projeto Pensando o Brasil, criado em 2014 no contexto das eleições. A Igreja Católica olha, com preocupação e apreensão, a realidade da desigualdade social no país. Os avanços e conquistas alcançados até hoje não são suficientes para apaziguar o coração de cada cidadão brasileiro. É uma situação grave e a sociedade brasileira será julgada pelo modo como trata os mais pobres.

O tratamento equivocado imposto aos mais pobres traz consequências lamentáveis como a perda da indispensável humanização. Certo é que não se pode acostumar e acomodar-se com as situações de desigualdades e injustiças sociais. A Igreja sabe que a fé vivida e testemunhada tem força para remover esses espectros desoladores do contexto social. A paz verdadeira só se efetivará quando a cidadania e a fé impulsionarem novas posturas, sensíveis ao clamor dos pobres, que respeitem o direito dos povos. Daí nascerá a paz verdadeira. A condição humana e o exercício da cidadania precisam ser reconfigurados por meio de densa espiritualidade e mística fecunda. Por isso, os bispos do Brasil aprofundaram o estudo e o planejamento de ações determinantes no âmbito da fé vivida e testemunhada.

O grande dom da fé é o tesouro da Igreja, com as riquezas inesgotáveis de conceitos e conteúdos, particularmente presentes na Palavra de Deus e na Tradição. Esse tesouro desafia permanentemente a Igreja a revitalizar suas instituições, dinâmicas e funcionamentos, para se alcançar novas respostas. Nesta perspectiva, a Liturgia é o sustentáculo da ação evangelizadora. A Igreja, quando transmite a fé, ajuda a humanidade a abrir-se ao amor inesgotável de Deus, fonte da sabedoria necessária para reequilibrar a vida e encontrar as saídas urgentes para as crises em curso na sociedade.

A vivência dessa tarefa tem como horizonte inspirador e esperançoso a convocação feita pelo Papa Francisco ao anunciar a celebração do Ano da Misericórdia. Um momento especial, promovido pela Igreja, que interpela a sociedade a compreender e a viver mais intensamente o amor de Deus. Será um jubileu, tempo de graça, de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016. A sociedade, pelo testemunho e anúncio da Igreja, precisa conhecer mais Jesus Cristo, o rosto misericordioso de Deus, a misericórdia encarnada. Vivenciar, de modo profundo, a espiritualidade do perdão, da justiça e da misericórdia pode ser contraponto à vigente cultura hedonista e materialista que retarda avanços. A sociedade precisa de qualificação que não é meramente técnica. A misericórdia é um saber vivencial e experiencial imprescindível.

De modo coerente com essa perspectiva, a CNBB renovou em sua Assembleia Geral o compromisso de trabalhar para construir uma sociedade mais justa e solidária, sem medo dos desafios e pronta a dialogar com o pluralismo de ideias. Assim, está decidida a inovar-se para anunciar com autenticidade o Evangelho, sempre a serviço da vida do povo.

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