O folclórico dia da mentira tem sua origem na confusão de um calendário
O fato ocorreu por volta do século XV, quando o então rei da França Carlos IX decretou o início do ano corrente como 1º de janeiro, seguindo o calendário gregoriano.
Alguns camponeses e povoados mais distantes do rei não acreditaram no decreto e continuaram a celebrar o início do ano em 1º de abril. Isso fez com que passassem a ser ridicularizados pelo restante da população com brincadeiras de notícias mentirosas. Essas peças passaram a fazer parte da celebração do dia 1º de abril que, ao longo do tempo, tomou conta de toda a França e do mundo, ora com o nome de dia da mentira, ora como o dia dos tolos.
Hoje, o dia da mentira é tido como uma brincadeira. Com a globalização, a data ganhou destaque em importantes meios de comunicação e, com o advento da internet, agências de notícias famosas fizeram circular notícias bizarras como forma de celebração desse dia.
Brincadeiras e folclore à parte, a verdade é que mentira pode provocar consequências desastrosas para um país, para uma família, uma empresa, uma pessoa. Como dizia Gandhi: assim como uma gota de veneno compromete um balde inteiro, também a mentira, por menor que seja, estraga toda a nossa vida.
No Brasil, por exemplo, sofremos há anos as consequências da falta de transparência de nossos governantes. A mentira está a serviço da corrupção, que é a maior vilã de nossa sociedade. Os princípios que regem a mentira, o juízo falso de valores e o engano proposital são os geradores de grande parte das mazelas sociais que os brasileiros já testemunharam. A impunidade, a violência, principalmente nas cidades de porte médio, antes locais seguros, só têm crescido na última década, ao mesmo tempo em que os investimentos na saúde pública são ainda desproporcionais à demanda, e a educação não é vista como prioridade para o desenvolvimento do país.
A nossa sociedade está sofrendo também as consequências do abandono e do esquecimento da verdade e dos valores cristãos. No dia da mentira, é verdade que não temos mais tempo para nossos filhos, é verdade que não nos reunimos em família, não temos tempo para ir à Igreja, é verdade também que a dignidade e o direito mais básico, o de viver, já não faz tanto sentido. De fato, temos aqui muitos motivos para, neste 1º de abril, lamentar as consequências da mentira em nossa vida.
Mesmo que no dia 1º de abril contemos alguma mentira para não deixar passar em branco essa brincadeira, a verdade é que temos sede de sinceridade, queremos a confiança, queremos reciprocidade, queremos nos manifestar tal como somos, pois não aguentamos por muito tempo a dissimulação, a falsidade e a corrupção. Algo dentro de nós grita pelo verdadeiro e autêntico. No fundo, todo homem anseia viver em comunidade para partilhar a verdade e a justiça.
Jesus disse: E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (João 8, 32). Aprendamos que só a verdade nos torna pessoas livres, o bem mais precioso para o homem. É na liberdade que começa e termina todos os nossos caminhos, ela é a pérola do nosso querer.
No dia da mentira, precisamos redescobrir a nossa vocação de testemunhar e comunicar a verdade. Não suportamos mais o que o Papa Bento XVI classificou como a ditadura do relativismo, queremos mesmo é a liberdade que vem pela verdade. Vivemos tempos de desconfiança e opressão pela mentira, ora lá, ora cá, perguntamo-nos se não estamos sendo enganados, pois quem sabe nos acostumamos com o falso…
No dia da mentira só me resta dizer: Brasil, lute pela verdade!
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