Eleições 2014, segundo turno no Rio de Janeiro
Uma questão de tolerância
Analisando o segundo turno das eleições 2014, desde a perspectiva da educação, desponta claramente diante dos dois projetos vencedores no primeiro turno, uma questão de tolerância. Isto significa que face a uma sociedade pluralista, democrática e laica (porém não laicista), não há lugar para o discurso exclusivista e intolerante que é representado pelo candidato da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Marcelo Crivella. Muito embora ele argumente que existe separação de Igreja e Estado desde o diploma 19 A de 1891, sabemos que esta agrupação religiosa tem confessadas intenções de dirigir o Estado como atesta nitidamente o livro do fundador Edir Macedo sobre a política. Mais, conselhos tutelares, presídios, e obras assistenciais tem sido usadas como aparelho desta instituição. Não é casual que quando no Brasil se fala de intolerância vem imediatamente a data do 21 de janeiro (dia nacional de luta contra a intolerância religiosa), dia que morreu a Babalorixá Gilda, após ter o seu retrato estampado na Folha da Igreja Universal de 02 de outubro de 1999, com o título: macumbeiros que exploram o povo; fato que levou a depredação total do seu terreiro na Bahia. Todos vimos também quando no dia 12 de outubro de 1995 o Bispo da IURD, Von Helde chutou 22 vezes a imagem de Nossa Senhora Aparecida, sendo punido por este ato. O ministério público federal da Bahia requisitou o livro de Edir Macedo sobre orixás e caboclos por demonizar os cultos afro-brasileiros, e incitar a violência contra as religiões africanas. Além destes casos quantos irmãos brasileiros tiveram guias arrancadas pela força, imagens quebradas, Igrejas pichadas, Terreiros depredados? O próprio candidato mostra sua incapacidade de juízo independente quando defende que todos os homosexuais pelo fato de sê-lo estão em situação de pecado. A educação afirmava Paulo Freire, visa a verdadeira tolerância que se constrói no diálogo e reconhecimento das diferenças, na esperança cristã, e no amor incondicional a dignidade da pessoa humana. Uma educação integral do ser humano tem que ter uma janela para o transcendente, impulsionando o respeito, a liberdade religiosa e uma autêntica laicidade que promova um relacionamento de autonomia e colaboração entre a Igreja e o Estado. Deus seja louvado!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 10 de Outubro de 2014.
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