Que nossos olhos se abram para ver os anjos. “Não tenhas medo! Os que estão conosco são em maior número do que os que estão com eles” (2Rs 6,16). Todas as vezes que oramos ou cantamos em línguas, somos rodeados por miríades e miríades de anjos. Para entender melhor, vamos ler um trecho do Segundo Livro dos Reis, que fala a respeito de Eliseu. O rei de Aram estava em guerra contra Israel, e cada vez que ele deliberava com seus oficiais a colocação de uma emboscada, o homem de Deus mandava alguém avisar ao rei de Israel:
“Cuidado! Não passes por aquele lugar, pois os arameus estão ali emboscados”. O rei de Israel enviava então gente ao lugar acerca do qual o homem de Deus o avisara e ficava espreitando. Isso aconteceu nem uma nem duas, mas várias vezes. (cf. 2Rs 6,8-10) Ora, o rei da Síria estava enfurecido contra o povo de Deus e queria exterminá-lo. Começa, então, a armar ciladas.
Eliseu ia e avisava o rei de Israel: “Não vá por aquele lugar, pois o rei da Síria armou uma cilada”. O povo de Israel obedecia o que o Senhor falava pelo profeta, e o rei sírio fazia papel de bobo. Perturbado diante de tantas tentativas frustradas, mandou chamar seus servos e disse-lhes: “Há algum traidor em nosso meio. Toda emboscada que eu armo contra o povo de Deus é desfeita: o povo de Israel não passa por lá. Há alguém nos traindo aqui, porque eu não conto a ninguém os meus planos; apenas mando realizar as emboscadas, e o povo de Israel acaba sabendo”. Os servos explicaram: “Não, meu Senhor, não se trata de nenhum traidor; mas é o homem de Deus, Eliseu, que sabe todas essas coisas. O Deus de Israel lhe revela, e ele conta ao rei. Será inútil lutar contra eles, porque tem, em seu meio, o homem de Deus”.
O rei, em vez de se render diante da ação do Senhor, ficou mais enfurecido ainda e esbravejou: “Vamos cercar esse tal homem de Deus, Eliseu”. Então, ordenou que seus guerreiros procurassem pelo profeta e o cercassem. Isso, segundo o rei, deveria ser feito à noite, para que ninguém o soubesse. No dia seguinte, iniciaram o ataque. A Escritura nos conta assim: “Mandou para lá cavalos e carros e a parte mais forte do exército. Chegaram à noite e cercaram a cidade. Levantando-se ao amanhecer, o criado do homem de Deus saiu e viu o exército cercando a cidade, e os cavalos e os carros, e comunicou lhe: ‘Ai, meu senhor, o que faremos?’ Ele respondeu: ‘Não tenhas medo. Os que estão conosco são em maior número do que os que estão com eles’. Eliseu orou: ‘Senhor, abre-lhe os olhos para que veja’. E o Senhor abriu os olhos do criado, de modo que ele viu a montanha cheia de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu. (2Rs 6,14-17)
O que vemos aqui relatado não é uma exceção, é regra! Quando o povo é do Senhor, invoca-O e é fiel a Ele, acontece o mesmo que aconteceu com o profeta Eliseu. O que ele disse a seu servo, hoje o Senhor diz a nós: “Não tenhas medo! Os que estão conosco são mais numerosos do que os que estão com eles”.
Devemos saber que as forças do mal estão a nosso redor e o que querem é acabar conosco, atingir nossas famílias, desviar nossos filhos, destruir nossos casamentos e nossas comunidades. É um jogo sujo: o demônio semeia discórdia – um fala uma coisa, o outro entende ao contrário. Astuto, ele assim cria confusão e nos divide.
O diabo e seus anjos decaídos agem como o rei da Síria. Não fazem guerra, mas guerrilha; armam ciladas. Ninguém pode ser ingênuo. Covardemente, o inimigo atinge nossa família ou a nós mesmos em pontos fracos que, infelizmente, possuímos. Se seu ponto fraco é o “pavio curto”, você facilmente perde a paciência e se encoleriza. Se é a fragilidade no campo da pureza, da castidade, ele vai rastejar por aí até jogar você no chão. Porém, “Não tenhas medo! Os que estão conosco são mais numerosos do que os que estão com eles”. Guardemos essa certeza no coração.
Quem está conosco são os anjos de Deus. Enquanto os anjos malignos estão a nosso redor, querendo destruir-nos, assediando nossas casas e famílias, assediando-nos na rua, no trânsito, em nosso serviço e nos colocando em perigo, graças a Deus os que estão conosco, e em número maior, são os anjos de Deus. Veja como se deu o fato: percebendo que seu servo não estava tendo a visão espiritual e sentia medo, Eliseu pediu a Deus: “Abre-lhes os olhos, e que ele veja”. O Senhor abriu os olhos do servo e este viu um número imenso de carros de fogo e cavalos na montanha, ao redor de Eliseu. Se tivéssemos visão espiritual, iríamos nos ver rodeados de anjos, louvando a Deus, intercedendo e lutando a nosso favor.
Infelizmente, fomos os primeiros a relaxar e começamos a pensar que os anjos são coisas de criança. No momento em que deixamos de contar com eles a ponto de desacreditar de sua existência, abrimos espaço para a tentação, que entra para dominar e mentir. É urgente o resgate de nossa fé a respeito dos anjos.
O céu não é um lugar, mas é onde Deus está. E onde Ele está, os anjos e os santos estão próximos a nós. Nosso físico foi criado para viver num ambiente envolvido de oxigênio. Sem ele, começamos a nos sentir mal, perdemos forças, não temos mais reflexos. Igualmente, fomos feitos para viver num ambiente espiritual, respirando o “oxigênio espiritual”. Se não tomarmos posse dessa atmosfera sobrenatural, que está a nosso redor, daremos ao inimigo toda liberdade de usar falsificações.
Nossa própria sede das realidades espirituais – que foi posta em nós por Deus – acaba nos levando a procurar, em lugares errados, o sobrenatural de que necessitamos. É por isso que muita gente acaba se “bandeando” para o espiritismo em todas as suas formas, para as religiões afro, para o ocultismo e todo o tipo de práticas esotéricas.
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