quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Igreja Católica: Em busca de definição de sua vida e de sua missão na sociedade e no mundo

Na segunda metade do século XX o nosso Brasil e o continente latino-americano viveram diversos acontecimentos que levaram à transformação da estrutura físico-temporal da Igreja, especialmente a partir da década de 1950. Sobre alguns desses acontecimentos falaremos agora.

Criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB 
Isso aconteceu em 1952. A ideia veio de Monsenhor Montini (futuro papa Paulo VI) que propôs criar no Brasil uma conferência episcopal. Foi Dom Hélder Câmara, então auxiliar do Rio de Janeiro, que deu os primeiros passos nessa direção. A CNBB seria o órgão representativo da Igreja no Brasil e se tornaria, em nossos dias, uma das maiores conferências episcopais do mundo.

Objetivos da CNBB:

- Aprofundar a comunhão entre os bispos;
- Promover uma ação pastoral conjunta;
- Analisar assuntos da teologia e de pastoral;
- Interagir com as outras conferencias episcopais;
- Assumir uma postura político-transformadora;
- Trabalhar o relacionamento entre poderes os públicos e os serviços do bem comum.

A partir da década de 1950 outros acontecimentos eclesiais ajudariam a implantar mudanças profundas na organização da Igreja, acompanhando as mudanças que já aconteciam em toda a sociedade.

O Pontificado de João XXIII
O cardeal Ângelo José Roncalli foi escolhido papa em 1958 para suceder a Pio XII, o que surpreendeu a todos, pois era bem idoso e considerado um papa de transição. Ele nasceu no dia 22 de Novembro de 1881; sua ordenação sacerdotal se deu a 14 de agosto de 1904. Foi sagrado Bispo em 1924 e escolhido cardeal da Igreja em 28 de Outubro de 1958 (com 77 anos)

Em 25 de janeiro de 1959 convocou o Concílio Vaticano II, a maior obra da Igreja do século XX. O Concílio Vaticano II começou no dia 11 de outubro de 1962 e foi encerrado em 08 de dezembro de 1965, com participação média de 2.400 bispos. Além disso, João XXIII escreveu diversas importantes encíclicas, destacando-se a Mater e Magistra (1961) sobre a questão social e a Pacem in Terris (1963) sobre a Paz no mundo. 

Novidades trazidas pelo Vaticano II
Ao contrário do que uma corrente de Igreja mais conservadora queria, o Vaticano II não foi um concílio dogmático ou condenatório. Sua finalidade: Pastoral e Ecumênica com o desejo de renovar espiritualmente a Igreja e promover a unidade dos cristãos prevaleceu. Os muitos esquemas de trabalho propostos na fase de preparação foram sendo condensados e no final, através de importantes documentos, reunidos ainda hoje no Compêndio do Vaticano II diversos pontos de destaque vão levar à concretização de um novo modo de Ser Igreja:

- Valorização do leigo, que deve ocupar seu lugar na Igreja e assumir sua missão na sociedade, como sal da terra e luz do mundo. E o leigo tem primazia não pela falta de clero, mas pelo original de sua vocação batismal.Ao contrário do que uma corrente de Igreja mais conservadora queria, o Vaticano II não foi um concílio dogmático ou condenatório. Sua finalidade: Pastoral e Ecumênica com o desejo de renovar espiritualmente a Igreja e promover a unidade dos cristãos prevaleceu. Os muitos esquemas de trabalho propostos na fase de preparação foram sendo condensados e no final, através de importantes documentos, reunidos ainda hoje no Compêndio do Vaticano II diversos pontos de destaque vão levar à concretização de um novo modo de Ser Igreja:

- Colocação da Santíssima Trindade acima dos santos e das santas, pois a Igreja estava ainda bastante carregada de devocionalismos.
- A liturgia ganhou um sentido pascal: Mais consciente, mais encarnada na realidade, mais direcionada ao sentido comunitário.
- A Igreja tornou-se menos moralista e jurídica e mais bíblica e profética.
- A Bíblia passou a ser mais lida, mais estudada e mais conhecida, destacando-se como fonte de pregação e fundamento da catequese da Igreja.
- A Igreja despertou nos fiéis o sentido do serviço e corresponsabilidade, buscando ser mais ministerial e serviçal, com a consequente organização de diversas pastorais.

O papa Paulo VI que sucedeu a João XXIII deu prosseguimento às reformas do Concílio Vaticano II. Entre outras conquistas de seu pontificado ele instituiu a Pontifícia Comissão de Justiça e Paz, publicou a Encíclica “Populorum Progressio” sobre os problemas modernos dos povos (1967), publicou a Encíclica “Humanae Vitae” sobre a vida humana e sua concepção (1968) e ainda deu à Igreja a exportação pastoral (“Evangelli Nuntiandi”) sobre a evangelização do mundo contemporâneo (1975) que, mesmo passado tantos anos, continua sendo a grande cartilha da evangelização da Igreja. Além disso, trabalhou ativamente pelo ecumenismo, percebendo a real intenção de seu antecessor Papa João XXIII.

Foi Paulo VI que visitou a América Latina, mais precisamente a Colômbia, por ocasião da 2ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano realizada em Medellim. Foi a primeira vez que um papa esteve em nosso continente.

As Conferências Episcopais promovidas pelo CELAM representam uma página especial na história da Igreja latino-americana e por isso, têm o seu destaque.Foi Paulo VI que visitou a América Latina, mais precisamente a Colômbia, por ocasião da 2ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano realizada em Medellim. Foi a primeira vez que um papa esteve em nosso continente.

A Igreja na América Latina
Aqui em nosso continente merecerão destaque as Conferências Episcopais a partir da criação do CELAM em 1955.

1ª Conferência: Aconteceu durante o Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro em 1955, coordenado por Dom Hélder Câmara. Decidiu criar o CELAM, Conferência Episcopal Latino Americana.

2ª Conferência: Aconteceu de 26 de agosto a 06 de setembro 1968 em Medellín, Colômbia, com discurso de abertura feito por Paulo VI. Assumiu o homem latino-americano em sua realidade e propôs que a Igreja da América Latina deveria denunciar os erros e injustiças que agravam a situação de pobreza.

3º Conferência: Foi realizada no ano de 1979 em Puebla – México. Fez uma analise da realidade Latino-Americana diante de Deus, à luz do Evangelho e pregou a necessidade de uma sociedade mais humana e mais cristã. Assumiu o compromisso concreto com a opção preferencial pelos pobres, para libertar o povo de todos os tipos de escravidão e assumiu ainda a opção preferencial pelos jovens. Contou com a presença do papa João Paulo II, que estava há apenas um ano a frente do governo da Igreja.Esta conferência superou a de Medellín e nela teve destaque a participação destacada de alguns bispos do Brasil, sobretudo, Dom Aloísio Lorscheider.

4ª Conferência: Foi realizada em Santo Domingo, América Central em 1992. Tinha como finalidade comemorar os 500 anos da Evangelização na América e contou com a presença do Papa João Paulo II (abertura).

5ª Conferência: Foi realizada em Aparecida no mês de maio de 2007 e contou com a presença do Papa Bento XVI na sua abertura.

Estas conferências episcopais vieram acompanhadas de outras mudanças importantes na Igreja e na sociedade.

A partir do pontificado de João Paulo II a Igreja passou a viver algumas preocupações e a enfrentar alguns desafios que, em grande parte, foram assumidos pela Igreja de Roma:

- Esvaziamento da postura política da Igreja, sobretudo do clero mais identificado com os setores sociais;
- Romanização das dioceses e seminários, e centralização administrativa e doutrinal, com a consequente perda da riqueza promovida pela diversidade das igrejas locais;
- Retorno à disciplina com documentos proibitivos ligados à liturgia, principalmente os que são referentes à comunhão e confissão;
- Negação da participação dos padres na política e mudança nos critérios de indicação de pessoas aos cargos do episcopado;
- Apoio aos movimentos pentecostais e às novas comunidades;
- Romanização do clero diocesano e do clero Religioso com o retorno à vida conventual.

Paralelo a isso surgiam outras preocupações:
- Invasão das periferias das cidades pelas Igrejas e seitas protestantes neopentecostais;
- Multiplicação de igrejas que se baseiam fortemente na teologia da prosperidade com sua presença marcante nos meios de comunicação.

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