quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Com dia e hora marcada: a renúncia de Bento XVI

Depois de oito anos de pontificado, Joseph Ratzinger, Bento XVI, apresentou sua renúncia a toda a Igreja Católica. Na manhã do dia 11 de fevereiro de 2013, na presença de muitos dos seus amigos cardeais que o acompanharam nos últimos anos, em latim, leu a seguinte declaração:

“Bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”. 

A notícia foi dada durante a realização do consistório ordinário para a causa de três canonizações. No dia, o Decano do Colégio Cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, considerou o ato de Bento XVI como “um trovão em céu sereno”.

A renúncia de um papa é prevista pela Igreja, mas o último a pedir o afastamento de sua posição foi Gregório XII no século XV. Entretanto, o ato de Bento XVI foi carregado de coragem. Aos 85 anos, renunciou por sentir que “suas forças” já não eram mais “idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino”.

No Brasil, como em todo o mundo, a Igreja recebeu com surpresa a notícia da renúncia. Numa segunda-feira de carnaval, o fato mudou o tom dos noticiários brasileiros.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil destacou em nota que o papa renunciante entraria para a história como o “Papa do amor” e o “Papa do Deus Pequeno”, e assinalou que durante o curto período em que esteve à frente da Igreja, contribuiu para o diálogo entre as diversas religiões e para conduzir os fiéis ao encontro com Deus criador e Senhor da vida.

O Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer destacou em uma mensagem aos fiéis, dois dias depois da renúncia, os feitos de Bento XVI durante seu ministério:

“Ao papa Bento XVI, nossa admiração e nosso agradecimento, pelo bem que fez à Igreja, mesmo em meio a tantos sofrimentos e até incompreensões. Somos gratos ao papa Bento XVI por seus numerosos, ricos e profundos ensinamentos, pelas suas catequeses e documentos magisteriais, pelas suas encíclicas sobre a caridade, a esperança e a encíclica social - Caritas in Veritate -, sobre as novas questões que o mundo e a Igreja enfrentam”.

Em seus últimos compromissos, fez questão de frisar que não abandonava a Igreja, mas iria se recolher em oração, a exemplo do apóstolo Pedro.

A grande despedida de Bento XVI aconteceu na última audiência geral realizada na véspera de sua renúncia. Cerca de 150 mil fiéis lotaram a Praça de São Pedro para se despedir do papa alemão. Faixas e cartazes demonstravam o amor do povo ao fiel servidor de Cristo.
No dia 28 de fevereiro, último dia do pontificado, os fiéis católicos, bem como todo o mundo, acompanharam a sua saída do Vaticano até o Palácio de Castel Ganfolfo. Um aceno e um agradecimento foram os seus últimos gestos.

“Sabeis que hoje é um dia diferente dos outros” disse o papa. “Já não sou Sumo Pontífice da Igreja Católica. Sou simplesmente um peregrino que inicia a última etapa da sua peregrinação nesta terra. Obrigado.”, foram as últimas palavras de Bento XVI na sacada do palácio.

Às 20h do dia 28 de fevereiro de 2013, A Igreja Católica entrou em Sé Vacante, aguardando o Conclave que elegeria o seu futuro pontífice. 

Foi nesse início do tempo de Quaresma, momento em que toda Igreja se abria para a vivência da espiritualidade penitencial, o recolhimento interior e a reflexão dos mistérios da vida e do sofrimento de Cristo, que Bento XVI apresentou sua renúncia.  

Com dia e hora marcada, Bento XVI recolheu-se a uma vida de oração, para ficar cada vez mais próximo daquele que foi o centro de sua vida: Jesus Cristo. 

Fatos marcantes do pontificado de Bento XVI
Joseph Ratzinger realizou 24 viagens internacionais. No total, as viagens pontifícias tiveram como destino prioritário a Europa (16), seguindo-se a América (3), o Médio Oriente (2), a África (2) e a Oceânia (1); e mais 30 visitas em solo italiano.

Bento XVI assinou três encíclicas: ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), ‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) e ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade).

Também presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude (Colônia, Sidney e Madrid), e convocou cinco Sínodos dos Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.

Em 2012, Bento XVI encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo, dois anos após a publicação do livro-entrevista 'Luz do Mundo', resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald.

No pontificado de Bento XVI foram canonizados 44 santos em 10 cerimônias, incluindo o primeiro santo brasileiro, santo Antônio de Sant´Anna Galvão, o frei Galvão.

Desde a sua renúncia, o Papa emérito tem mantido uma vida reservada no Mosteiro ‘Mater Eclesiae’, do Vaticano.
A12.com / Agências Rádio Vaticano e Ecclesia

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Dom Roberto Francisco completa dez anos de Ordenação Episcopal

Dom Roberto Francisco completa na próxima quinta-feira (22) dez anos de ordenação episcopal. A data será marcada com uma Santa Missa em ação de graças, às 19h, na Catedral Basílica Menor do Santíssimo Salvador, em Campos dos Goytacazes. A Diocese de Campos esta enviando convite a todas as comunidades para participarem deste dia de agradecimentos pela vida do Pastor Diocesano.

Com um pastoreio voltado a preservar o legado dos antecessores, Dom Roberto Francisco assumiu muitos desafios para um governo em comunhão com as diretrizes do Papa Francisco de uma igreja em saída e voltada a defesa da vida e dos direitos dos cidadãos. E neste tempo na Diocese de Campos aceitou trabalhar na coordenação de pastorais sempre pautado na ética do evangelho e numa ação profética anunciando a boa nova do evangelho, mas nunca se omitindo na denuncia a estruturas que são contrárias a cidadania plena com direitos a saúde, educação. Uma das dimensões do episcopado de Dom Roberto é o diálogo com toda a sociedade e com o mundo da cultura.

Entre as frentes pastorais atualmente é o coordenador da Pastoral da Saúde na CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. E com coragem vem denunciando o grande perigo de uma reforma que coloque o atual SUS – Sistema Único de Saúde como um sistema que não promova ações que respeitem o direito do cidadão à saúde pública de qualidade, com investimentos governamentais que garantam ao cidadão seus direitos adquiridos. Mas a luta de Dom Roberto vai além. Defende uma política que tenha como projeto a formação de políticos que tenham como meta o bem comum.

— Chegando a realização dos primeiros dez anos do meu pastoreio episcopal, me sinto embargado por uma grande alegria e entusiasmo, não tanto pelas poucas obras realizadas, mas por caminhar com o Povo de Deus da minha Diocese, minha querida esposa de Campos. É de veras gratificante tratar com o presbitério como se fossemos uma família de irmãos e amigos que crescem juntos, com o apoio e a liderança de muitos e numerosos leigos das comunidades que muito edificam a Igreja. Com a oração e proteção das Monjas, Irmãs, Virgens e Consagradas Seculares que são um bálsamo confortante e incentivador — relata o bispo.

Dom Roberto confidencia que o tempo passou muito rápido e fala de seus projetos e sonhos por uma sociedade mais justas que aprenda a respeitar a dignidade e direitos básicos que devem ser garantidos a todo cidadão, em especial o direito a vida, saúde e educação. Uma igreja que seja acolhedora e defensora do pobre e em saída.

— Descubro que nestes anos que passaram tão rapidamente, estamos mais organizados e mais posicionados em diversos âmbitos. Cresce a presença na comunicação, na educação, na sociedade civil com o protagonismo do laicato. Chegamos a fazer uma Romaria da Água e da Terra e foram dados passos de uma Pastoral Ambiental a serviço da vida e integridade do Planeta. O Sínodo Diocesano marcou profundamente a vida das Paróquias, estabelecendo rotinas administrativas e contábeis mais seguras e transparentes. – conta Dom Roberto Francisco.

Dom Roberto Francisco tem sido o profeta dos tempos modernos, anunciando a Boa Nova, mas com coragem denunciando as estruturas que atentam contra a vida. Um pastor que acolhe bem seu rebanho e se dedica a grandes projetos de uma igreja missionária e em saída. 

— É um bispo politizado, prático e engajado. Outro ponto importante do nosso bispo é a sua abertura e sua constante convocação dos leigos para a messe. É um grande incentivador do povo à busca pelas Coisas do Alto. – disse Marta Martins, pertencente a Comunidade Santa Teresinha, em Aperibé.

Manter o diálogo com o mundo da cultura e inter-religioso tem sido uma das propostas do episcopado de Dom Roberto Francisco. Ano passado promover o encontro com os comunicadores, dentro da programação do Ano Mariano. Foram visitas aos veículos de comunicação e fechando o programa iniciaram as visitas as prefeituras das cidades no território diocesano. 

— A sua marca é de ser atuante nos debates políticos e culturais em Campos, e acima de tudo na promoção do bem-estar de todos, em especial dos menos favorecidos. Com muita alegria, celebramos este momento e desejo força nesta grande missão de nos liderar na compreensão e na busca por um mundo melhor que encontramos em Deus — afirmou o prefeito de Campos dos Goytacazes, Rafael Diniz.


— Os parabéns meus e de toda a Administração Apostólica, agradecendo a Deus pela nossa amizade e comunhão, vivida e sempre concretizada pela nossa comum presença nos principais eventos da Igreja e da cidade. Deus abençoe Dom Roberto e lhe dê muitos anos de vida e de profícuo ministério episcopal. – disse o bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, Dom Fernando Arêas Rifam.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Um itinerário para aprofundar a Espiritualidade Quaresmal

O tempo quaresmal deve ser para o cristão, um momento oportuno para recordar, na vida pessoal, as ações de Jesus, pois convida a dar um salto qualitativo, à luz da vida do Doador de Vida que convoca a cada um de nós a um itinerário de seguimento e a fazer a experiência da via amorosa e reconciliadora, presente no mistério pascal.

Esta realidade tem implicações profundas na vida e não é uma tarefa fácil, uma vez que pede de cada um, certos elementos que rompem com o comodismo, com a passividade e requer nova postura frente à realidade e um modo novo de vivenciar a fé. Deve superar a concepção de que basta somente o jejum, a caridade e a oração, muitas vezes vistos de um modo banal, pela sociedade de hoje e por muitos cristãos, como cumprimento de um preceito.

Diante da proposta litúrgica da Quaresma, cada um deve se perguntar: O que significa este tempo para mim? Como o vivo? Quais são os frutos espirituais conquistados e que repercutem na vida cristã? Como estou me preparando para celebrar o grande mistério pascal de Cristo? Ou será que este é mais um período proposto pelo calendário litúrgico e nada me diz?

É bom que à luz destas interrogações, cada um se ponha a perguntar e a refletir sobre a vida espiritual pessoal. Para ajudar, neste artigo, vão alguns elementos para que cada pessoa, na quaresma, e para a vida, possa fazer seu próprio itinerário espiritual.

Neste tempo profundo proposto ao crente para a preparação à Grande Festa da Páscoa,não se pode esquecer-se da Sagrada Escritura, especialmente daqueles textos que ajudam a refletir sobre o sentido da misericórdia, da conversão e do amor de Deus na vida do ser humano; sobre a libertação, a aliança com Deus e a humanidade e aqueles que se referem à criação, ou a nova criação, à profecia, ao testemunho e as ações de Jesus: sua vida de anúncio da Boa Nova, oração, contato com as pessoas e seu modo de fazer o bem.

Propositalmente, não colocarei nenhuma citação para direcionar, é importante que cada um sinta-se estimulado a buscar estes temas é lê-los em sintonia com a realidade e à vida.

Alguém pode perguntar: por que buscar estes temas? O aprofundamento deles, no período quaresmal, ajudará a celebrar melhor a Páscoa.

A Quaresma é como um tempo de enamoramento, à espera do grande festa de casamento, em que se celebra o mais profundo mistério de fé, de humanização de Deus e a mais fiel aliança da história, realizada na Cruz de Cristo e na sua ressurreição.

Neste sentido, a Escritura é nossa testemunha, é porta-voz de todo o evento divino-humano e redemptivo da história da humanidade e que fornece um itinerário à fé. Não é um itinerário tranquilo, pois desinstala, coloca em movimento, em caminho para encontrar a razão da fé e o sentido para a existência.

Além da Escritura, é importante ler a vida dos Santos e Santas da Igreja ou se há oportunidade, alguma obra que escreveram. Vale recordar a vida de João da Cruz, Teresa de Jesus, Teresinha de Lisieux, Edith Stein, Santo Antão, Santo Afonso, e outros que fizeram uma profunda experiência de fé: Madre Teresa de Calcutá, Dorothy Stang, Margarida Alves, pessoas que doaram sua vida por causa da fé em Jesus, em favor dos mais frágeis. Importante recordar os santos e santas das comunidades que, no silêncio, expressam a força para a missão da Igreja.

A preparação quaresmal requer uma mística e nos leva a uma mística, leva o crente a transfigurar-se em Jesus. Essa transfiguração tem um elo na vida contemplativa e prática, fé e ação e, neste sentido, a vida dos Santos e Santas e daqueles que doaram suas vidas em favor do Reino e das vidas fragilizadas, nos faz cada repensar o nosso itinerário de vida e de fé, porque nos remete as raízes de nossas promessas batismais e as implicações que o batismo tem na vida cristã.

Quando se espera alguém para uma festa, antes há uma preparação. Na Quaresma também não é diferente, precisa preparar o coração - centro das decisões morais, lugar onde cada um é o que é. Uma das maneiras propostas pela Igreja é o Sacramento da Reconciliação. Infelizmente, hoje, este sacramento vem sendo desvalorizado, tanto por parte de muitos sacerdotes, bem como dos fiéis.

Para este momento, sacerdote e fiel devem estar preparados, pois é um sacramento que toca lá nas profundezas da pessoa, nas suas luzes e sombras e, busca, trazê-la à luz que emana do mistério pascal de Cristo.

O sacerdote deve ser um mistagogo, aquele que ajude o penitente a fazer a experiência do mistério redentor de Jesus, na vida; e a pessoa a reencontrar novos caminhos de vida e santidade.

Além do sacramento da reconciliação é imprescindível, a participação na Eucaristia, a grande oração da Igreja, momento em que celebramos a nossa páscoa na páscoa de Jesus.

São Tiago, em algumas linhas recorda que a fé se expressa em atos concretos: meus irmãos, se alguém diz que tem fé, mas não tem obras, que adianta isso? Por acaso a fé poderá salvá-lo? Por exemplo: um irmão ou irmã não têm o que vestir e lhes falta o pão de cada dia.

Então alguém de vocês diz para eles: ‘Vão em paz, se aqueçam e comam bastante’; no entanto, não lhes dá o necessário para o corpo. Que adianta isso? Assim também é a fé: sem as obras, ela está completamente morta. (Tg 2, 14-17)

É comum ouvir alguém dizer que a Quaresma é tempo de “fazer caridade”. Não é incorreto, porém, se a nossa caridade termina com a Quaresma algo vai muito mal e é sinal de uma espiritualidade débil. O agir caritativo e solidário deve continuar na dimensão da pascalidade de Jesus, isto é, deve ganhar tonalidade, vigor e estímulo para que a dimensão pascal da fé cristã torna-se um imperativo ético, porque impõe um olhar crítico à realidade, questionando as estruturas envelhecidas do pecado e da morte.

Não se trata de um falso moralismo, sim de um viver angustiado, que interroga o mundo, para ajudá-lo a ser o lugar, onde as pessoas possam plenificar-se humanamente.

Um exemplo de ação é envolver-se com as propostas da Campanha da Fraternidade, que é uma convocação da Igreja do Brasil, à comunidade de fé a olhar com cuidado certos problemas e desafios, refletir sobre eles e buscar uma ação concreta, à luz da fé, da esperança e da caridade.

A espiritualidade quaresmal se faz seguindo os passos de Jesus. Para isso, é preciso recordar (deixar passar pelo coração) bem de sua pessoa e caminhar com ele, fazer os seus êxodos, sofrer com ele as tentações, as incompreensões, a sua experiência de intimidade com o Pai e com os mais abandonados da sociedade.

Entregar-se, de fato, esvaziar-se para que se faça a vontade do Pai e experimentar a força da ressurreição como resposta à morte, ao egoísmo, à indiferença e a tudo aquilo que afasta do projeto de realização do Reino na vida humana.

A12.com

Viver o tempo da Quaresma com Nossa Senhora

Podemos afirmar que não há tempo litúrgico na Igreja em que a Virgem Maria esteja ausente. Há, porém, alguns tempos, como o Advento, em que é mais fácil associá-los à presença de Nossa Senhora. Cabe lembrar, que Maria é a Mãe da Igreja (Mater Ecclesiae), portanto, está vinculada, intrinsecamente aos mistérios de Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por ser um tempo marcado essencialmente pela penitência e pela conversão, muitos talvez não associem a Quaresma à presença de Maria Santíssima porque Ela foi criada por DEUS, Imaculada e Santa. Além disso, Sua vida sempre foi fazer a vontade de Deus. Dessa forma, Ela não teve que praticar a Quaresma. Entretanto, a perspectiva da Quaresma é mais ampla e a participação de Maria pode ser compreendida sob outra ótica: ensinar-nos a viver o tempo quaresmal.

A Quaresma inicia-se na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa. Com o rito da imposição das cinzas em nossa fronte, iniciamos um tempo espiritual muito relevante para todo o cristão católico que quer se preparar dignamente para viver o Mistério Pascal. Com a imposição das cinzas, o Sacerdote pronuncia as palavras “Convertei-vos e crede no Evangelho” ( Mc 1,15) e com a expressão “Lembra-te de que és pó e ao pó retornarás”( Gn 3,19), e nos exorta à reflexão sobre a real necessidade de conversão, recordando-nos a inexorável senilidade e a efêmera fragilidade da vida humana, que é sujeita à morte. Por isso, a Igreja, sabiamente, nos convida a viver esse período de preparação para a Páscoa, durante o qual buscamos nossa conversão a Deus.

Quaresma é tempo de conversão e sacrifício (jejum), de revisão e mudança de vida; de escutar com mais atenção a palavra de DEUS (oração); tempo de viver o amor de DEUS traduzido em obras (a caridade e a esmola); é o tempo de cumprir as promessas que fizemos no dia do nosso Batismo.

Esse período nos recorda as diversas “quarentenas” citadas na Bíblia, por exemplo: os 40 dias em que Jesus passou no deserto; os 40 dias do dilúvio e dos 40 anos de caminhada do povo israelita pelo deserto rumo à Terra Prometida etc.

A cor litúrgica deste tempo é o roxo que simboliza a penitência e a contrição.

A Santa Madre Igreja nos orienta três práticas penitenciais para vivermos esse período (jejum, oração e esmola) as quais estão profundamente enraizadas nas Escrituras (ex:Tb 12,8, Mt 6,1-18) e na Tradição da Igreja. Dessa forma, nós católicos devemos nos preparar para vivermos, da melhor maneira, este tempo.

Sabemos que é bem mais difícil nos prepararmos para viver a Quaresma do modo que realmente agrada o coração de Deus, se estivermos sozinhos porque, como seres humanos limitados, facilmente nos esquecemos dos nossos propósitos e logo abandonamos a busca constante da nossa conversão. Por essa razão é que procuramos viver a Quaresma acompanhados por Maria Santíssima. A vivência da quaresma em Sua companhia materna nos auxiliará a participar mais frutuosamente do mistério da Páscoa, que é o mistério central da nossa fé: Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Muito embora a figura de Maria apareça de forma discreta e silenciosa, por meio de Seu exemplo,podemos notar, imediatamente em Maria, as três virtudes essenciais que estão diretamente ligadas às práticas da Quaresma:

1- Silêncio (escutar e colocar em prática a Palavra de DEUS);

2- Caridade ou solidariedade (Maria Santíssima parte apressadamente a caminho da casa de Isabel para ajudá-la);

1- Penitência (participou do rito de Purificação, mesmo estando desobrigada).

Importante, também, observar a associação tão perfeita das orientações para a Quaresma com a mensagem de Nossa Senhora em Fátima aos três pastorinhos, em sua última aparição em 13 de outubro de 1917 e também na mensagem de Nossa Senhora Rosa Mística, em 3 de julho de 1947 em Montichiari a Pierina Gilli:

“Quero que continuem sempre a rezar o terço todos os dias… é preciso que se emendem que peçam perdão dos seus pecados… Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”.

“…Enquanto Santa Maria Crucifixa falava, a linda Senhora aproximou-se de mim, diz Pierina, então pude enxergar duas espessas lágrimas que corriam de seus olhos e percebi a sua doce voz que dizia:“Oração, sacrifício e penitência”.”

Lembremo-nos de que a Quaresma é um tempo de livre empenho no seguimento de Cristo e de que Nossa Senhora nos chama à mudança de vida. Maria Santíssima é o exemplo de quem medita e ouve a Palavra de Deus. Maria é obediente à vontade do Pai. Ela também caminha em direção à cruz. Maria é a premissa e o modelo de atitude que devemos tomar não somente na Quaresma, mas em todos os tempos de nossas vidas. Com Ela aprenderemos andar no caminho da oração, do jejum, da caridade, do recolhimento e do silêncio. Maria é o caminho que nos leva a Jesus.

Que nesta Quaresma, cresça em nós o amor filial Àquela que, aos pés da Cruz, nos deu seu Filho Amado para nossa salvação. Caminhemos com Maria meditando os mistérios do Santo Rosário, praticando a devoção das sete dores da Virgem Maria, rezando a Ladainha de Nossa Senhora e outras orações que honrem Nossa Senhora e Nosso Senhor Jesus Cristo!

Salve Maria Imaculada!

Academia Marial de Aparecida - A12.com

Papa: "Quaresma é um tempo de penitência, mas não de tristeza"

Antes de rezar o Angelus, Francisco frisou que "somente Deus pode nos dar a verdadeira felicidade: é inútil perder tempo procurando-a em outros lugares, em riquezas, prazeres, poder ou carreira".

Sob muita chuva, mas com a Praça São Pedro repleta de fiéis, turistas e romanos, o Papa Francisco rezou a oração do Angelus de domingo (18) e a precedeu com algumas palavras de reflexão sobre a Quaresma.

Inspirado no Evangelho de Marcos, Francisco propôs os três temas mencionados na leitura do dia: tentação, conversão e Boa Nova.

Assim como Jesus se preparou 40 dias no deserto, posto à prova por Satanás, para vencer as tentações nós devemos fazer o nosso ‘treinamento’ espiritual, disse o Papa.

“Somos chamados a enfrentar o mal mediante a oração para sermos capazes, com a ajuda de Deus, de derrotá-lo em nosso dia a dia. Infelizmente, o mal está à obra em nossa existência e ao nosso redor, aonde existem violências, negação do próximo, fechamentos, guerras e injustiças”.

Boa Nova exige do homem conversão e fé 
“Em nossa vida, precisamos sempre de conversão; não somos suficientemente orientados a Deus e devemos continuamente dirigir nossa mente e nosso coração a Ele. Para isto, é preciso ter a coragem de rechaçar tudo o que nos conduz fora do caminho, os falsos valores que atraem o nosso egoísmo”.

Frisando que “a Quaresma é um tempo de penitência, mas não de tristeza”, o Papa lembrou que é um compromisso alegre e sério para nos despojarmos de nosso egoísmo e de velhos ranços, e renovarmo-nos na graça do Batismo.

“Somente Deus pode nos dar a verdadeira felicidade: é inútil perder tempo procurando-a em outros lugares, em riquezas, prazeres, poderes, carreira. ”

"O reino de Deus é a realização de todas as nossas aspirações mais profundas e autênticas porque é, ao mesmo tempo, salvação do homem e glória de Deus”.

O apelo de Jesus à conversão
“Que Maria Santíssima nos ajude a viver esta Quaresma com fidelidade à Palavra de Deus e com oração incessante, como fez Jesus no deserto. Não é impossível! Trata-se de viver os dias desejando intensamente acolher o amor que vem de Deus e que quer transformar nossa vida e o mundo inteiro!”.

VaticanNews

Papa convida jovens do mundo inteiro a se unirem ao Sínodo

Quem não puder vir a Roma poderá participar ‘on line’, pelo "site" ou "Facebook" do Sínodo 2018, em seis grupos linguísticos: português, inglês, espanhol, francês, italiano e alemão.

No último domingo (18), o Papa Francisco pediu aos jovens que participem ativamente, pela Internet, na preparação do Sínodo dos Bispos previsto para outubro que tratará da Juventude.

Assembleia pré-sinodal de março
Cerca de 300 jovens dos 5 continentes, de várias religiões e também ateus, participarão de uma reunião pré-sinodal convocada de 19 a 24 de março em Roma. Neste encontro, eles serão ouvidos e suas colaborações utilizadas para preparar o Sínodo, cujo tema será “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

O Papa Francisco, logo após rezar o Angelus na Praça São Pedro, estendeu o convite aos jovens de todo o mundo, animando-os a serem protagonistas desta preparação.

Participação no site e em redes sociais
Quem não puder vir a Roma “poderá participar ‘on line’ em seus grupos linguísticos (português, inglês, espanhol, francês, italiano e alemão), que serão moderados por outros jovens”.

Francisco afirmou que as propostas destes ‘grupos da rede’ se unirão às da reunião de março e que todas as informações estão na página web da Secretaria do Sínodo do bispos.

O Sínodo se ocupará dos problemas dos jovens e buscará adequar sua linguagem ao uso das novas tecnologias para aproximar-se a eles, segundo o documento preparatório divulgado em 2017.

VaticanNews

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Papa na Quaresma: oração, esmola e jejum contra os falsos profetas

Divulgada a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2018: um convite a todos os fiéis a voltarem ao Senhor.

Oração, esmola e jejum: este é o convite do Papa Francisco contido na mensagem para a Quaresma deste ano.

O texto, publicado na terça-feira (07), foi inspirado no Evangelho de Mateus “Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos” (Mt 24, 12).

Esta frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos fiéis: diante de fenômenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a muitos, a ponto de ameaçar apagar-se, nos corações, o amor que é o centro de todo o Evangelho.

Falsos profetas
O Papa Francisco adverte para as inúmeras formas que os falsos profetas podem assumir. Podem ser “encantadores de serpentes”, ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde querem.

“Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si mesmos e caem vítimas da solidão!”

Outros falsos profetas são aqueles "charlatães" que oferecem soluções simples e imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente ineficazes: droga, relações passageiras e virtuais, lucros fáceis mas desonestos.

“Estes impostores, ao mesmo tempo que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a dignidade, a liberdade e a capacidade de amar.”

Por isso, escreve o Pontífice, cada um de nós é chamado a discernir e verificar se está ameaçado pelas mentiras destes falsos profetas. Essas mentiras acabam apagando o amor. A própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento: “a terra está envenenada por resíduos lançados por negligência e por interesses; os mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam a sua glória – são sulcados por máquinas que fazem chover instrumentos de morte”.

Que fazer?
Neste tempo de Quaresma, diante desses sinais de resfriamento, a Igreja oferece o remédio da oração, da esmola e do jejum.

Dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras secretas com que nos enganamos a nós mesmos para procurar finalmente a consolação em Deus.

A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão. “Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos!”

Por fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário.

Na mensagem, o Papa expressa o desejo de que a sua voz ultrapasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando todos os homens e mulheres de boa vontade

O fogo da Páscoa
Por fim, Francisco cita a iniciativa “24 horas para o Senhor”, que convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração eucarística. Em 2018, será celebrada nos dias 9 e 10 de março, inspirando -se nestas palavras do Salmo 130: “Em Ti, encontramos o perdão”. Em cada diocese, pelo menos uma igreja ficará aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade de adoração e da confissão sacramental.

“Ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor.”

Vatican News

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Nossa Senhora dos Navegantes: A estrela do mar

Nossa Senhora dos Navegantes passa a receber muitos pedidos de intercessão na Idade Média, na época das Cruzadas, quando os portugueses e espanhóis cruzavam o mar Mediterrâneo rumo à Palestina para protegerem os lugares sagrados dos infiéis. Nesta devoção Maria é chamada também de Estrela do Mar, aquela que protege os navegantes mostrando-lhes sempre o melhor caminho e um porto seguro para a chegada. Antes das travessias os navegantes participavam da Santa Missa pedindo proteção a Nossa Senhora dos Navegantes, para poderem ter mais coragem de enfrentar o mar e suas tempestades com aqueles pequenos barcos. É a padroeira dos navegantes e dos viajantes.

As grandes navegações
Quando os Portugueses e Espanhóis deram início às grandes navegações, aos descobrimentos de novas rotas e novas terras pelo mundo, a devoção a Senhora dos Navegantes, Estrela do Mar, começou a ser difundida e nunca mais parou.

As invocações a Nossa Senhora eram gravadas no próprio casco dos barcos. Quase todos os barcos traziam uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes entalhada na proa dos barcos, com uma lâmpada de fogo, que os marujos nunca deixavam se apagar.

Nossa Senhora dos Navegantes no Brasil
Quando os primeiros colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, com eles também desembarcou a devoção a Nossa Senhora dos Mares, da Boa Viagem, a Estrela do Mar, a Nossa Senhora dos Navegantes. Pescadores simples e valentes, sempre faziam as orações a Nossa Senhora dos Navegantes antes de irem para o mar buscar o sustento para a família e o trabalho para sobreviverem.

Prova disso é que a grande maioria das Igrejas e Capelas dedicadas a Nossa Senhora dos Navegantes estão situadas no litoral do Brasil. Em Fortaleza, Ceará, Penedo em Alagoas, Porto Alegre no Rio Grande do Sul, em Santos e Cananéia no litoral de São Paulo. Em Santa Catarina são várias cidades que mantém a devoção com Igrejas ou capelas dedicadas a Senhora dos Navegantes como no balneário Arroio do Silva, balneário Barra do Sul, as cidades de Laguna, Mondai, Bombinhas e a principal, a cidade de Navegantes. Está, já tinha uma capela dedicada à Santa em 1896. No ano de 1996 o então Bispo Auxiliar de Florianópolis, Dom Murilo Krieger, fez a dedicação do altar da Igreja. Por isso, ela foi elevada a Santuário Arquidiocesano, sob a invocação de SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES.

Em todos esses lugares, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes é celebrada no começo do fevereiro, com Missas e grandes procissões de barcos, no mar ou nos rios. A imagem de Nossa Senhora dos Navegantes é representada por Maria em pé dentro de um barco segurando o Menino Jesus no colo.

Oração a Nossa Senhora dos Navegantes. Rezemos juntos:
Ó Nossa Senhora dos Navegantes, Santíssima filha de Deus, criador do céu, da terra, dos rios, lagos e mares; protegei-me em todas as minhas viagens.

Que ventos, tempestades, raios ou ressacas não perturbem a minha embarcação, e que nenhuma criatura, nem incidentes imprevistos causem alteração e atraso na minha viagem, ou me desviem da rota traçada.

Virgem Maria, Senhora dos Navegantes, minha vida é a travessia de um mar furioso. As tentações, os fracassos e as desilusões são ondas impetuosas que ameaçam afundar minha frágil embarcação n o abismo do desânimo e do desespero.

Nossa Senhora dos Navegantes, nas horas de perigo eu penso em vós e o medo desaparece; o ânimo e a disposição de lutar e de vencer, torna a me fortalecer. Com vossa proteção e a benção de vosso Filho Jesus, a embarcação da minha vida, há de ancorar segura e tranquila no porto da eternidade. Amém. Nossa Senhora dos Navegantes, rogai por nós.

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