segunda-feira, 16 de abril de 2018

O pecado envelhece o coração, mas Cristo nos renova, diz Francisco

Encontrando os fiéis da Paróquia de São Paulo da Cruz, no bairro Corviale, o Papa Francisco encoraja para que a verdade de Cristo entre no nosso coração. Estimula a comunidade para que seja alegre com a fé e o encontro com Jesus ressuscitado .

Pedimos a graça de acreditar que “Cristo está vivo, ressuscitou”. Esta é a oração do Papa Francisco na homilia da Missa celebrada na Paróquia São Paulo da Cruz, naquela que foi sua 16ª visita pastoral a uma Paróquia romana.

No coração da paróquia da periferia romana, as palavras do Papa assumem um significado particular entre os moradores de um bairro que muitas vezes é relacionado a problemas de marginalização, delinquência e pobreza, como refere o pároco Pe. Roberto Cassano.

Deixar entrar no coração a “verdade de Cristo”
Nas dificuldades do dia a dia, o Pontífice encoraja a deixar entrar “no coração” a verdade de Cristo.

Meditando sobre as Leituras e o Evangelho do domingo, que ainda ressoam o clima de alegria pascal pela ressurreição de Jesus, Francisco recorda como os discípulos, quando viram Jesus depois da Ressurreição, tinham duvidado, porque aquela verdade ainda não tinha “entrado no coração”: é “menos perigoso” – observa – ter uma verdade “na mente” do que “tê-la no coração”. Eles “pela alegria não podiam crer” mas - observa o Papa - no fim “acreditaram”:

E essa, é a renovada juventude que recebemos do Senhor. Na Oração da Coleta falamos: a renovada juventude. Somos acostumados a envelhecer com o pecado… E o pecado envelhece o coração, sempre. Deixa o coração duro, velho e cansado. O pecado cansa o coração e perdemos um pouco da fé em Cristo Ressuscitado.

“Não, não penso. Isso seria muita alegria. Sim, sim, está vivo, mas está no Céu com seus negócios”. Mas os seus negócios sou eu! Cada um de nós!

A força de Jesus ressuscitado
Diante do nosso pecado, prossegue Francisco, temos “um advogado junto do Pai”:

Não tenham medo, Ele perdoa. Ele nos aproxima. O pecado nos envelhece, mas Jesus, ressuscitado, vivo, nos renova. Esta é a força de Jesus ressuscitado. Quando nos aproximamos do sacramento da penitência é para sermos renovados, para rejuvenescer. É isso que faz Jesus ressuscitado.

O encontro com quem sofre
A nossa “verdadeira juventude” é portanto “a vitória de Cristo sobre a morte, a vitória de Cristo sobre o pecado”:

Peçamos ao Senhor a graça que a alegria não nos impeça de crer, a graça de tocar Jesus ressuscitado, tocá-lo no encontro com a oração, no encontro nos Sacramentos, no encontro com o seu perdão que é a renovada juventude da Igreja, no encontro com os doentes, quando vamos visitá-los, com os encarcerados, com os mais necessitados, com as crianças e com os idosos. Se sentimos vontade de fazer o bem, é Jesus que nos leva a esta ação. É sempre a alegria; a alegria que nos faz jovens. Peçamos a graça de ser uma comunidade alegre, porque cada um de nós é seguro, tem fé e encontrou o Cristo ressuscitado.

Saudação final
Enfim, no final da celebração, diante da igreja o Papa fez uma saudação aos moradores do bairro Corviale, repetindo que “todos precisamos uns dos outros”. Um motivo para irmos adiante “juntos”.

VaticanNews

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Papa: o testemunho cristão incomoda e não conhece "meio-termo"

Na homilia na Casa Santa Marta, Francisco falou de três características do cristão para viver a alegria pascal: obediência, testemunho e concretude.

O Papa Francisco retomou as celebrações matutinas na capela da Casa Santa Marta. Na sua homilia da última quinta-feira (12), o Pontífice se inspirou na alegria pascal para ressaltar três características: obediência, testemunho e concretude.

Os 50 dias do tempo pascal foram para os apóstolos um “tempo de alegria” pela Ressurreição de Cristo. Uma alegria verdadeira, mas ainda duvidosa, temerária, enquanto depois, com a descida do Espírito Santo, a alegria se tornou “corajosa”: antes “entendiam porque viam o Senhor, mas não entendiam tudo”, estavam felizes mas não conseguiam entender. “Foi o Espírito Santo que os fez entender tudo”, afirmou o Papa.

Obediência
Como narra a primeira leitura extraída dos Atos (At 5,27-33), os Apóstolos são levados diante do Sinédrio, onde o sumo sacerdote lhes recorda a proibição de ensinar em nome de Jesus. “É preciso obedecer a Deus ao invés do que aos homens”: é a resposta de Pedro. A palavra “obediência” retorna também no Evangelho do dia (Jo 3,31-36).

E o Papa a destaca que “uma vida de obediência” é aquela que caracteriza os apóstolos que receberam o Espírito Santo. Obediência para seguir a estrada de Jesus, que “obedeceu até ao fim” como no Monte das Oliveiras. Obediência que consiste em fazer a vontade de Deus. A obediência é o caminho que o Filho “nos abriu”, disse Francisco, e o cristão, portanto, “obedece a Deus”, assim como fizeram os apóstolos.

Ao invés, os sacerdotes queriam comandar e resolver tudo com uma gorjeta: “a propina chegou até ao Sepulcro”. Assim se resolvem as coisas do mundo, disse o Papa, isto é, “com coisas mundanas”. A primeira é “o dinheiro”, do qual o diabo é o senhor, e sobre o qual o próprio Jesus diz que não se pode servir a dois senhores.

Testemunho
A segunda característica dos apóstolos é “o testemunho”: “o testemunho cristão incomoda”, afirmou o Papa. Um pouco talvez procuramos um “meio-termo” entre o mundo e nós, mas o testemunho cristão não conhece “meio-termo”. “Conhece a paciência de acompanhar as pessoas que não compartilham o nosso modo de pensar, a nossa fé, de tolerar, mas jamais de vender a verdade”, reiterou:

"Primeiro, obediência. Segundo, testemunho, que incomoda tanto. E todas as perseguições que existem, daquela época até hoje... Pensem nos cristãos perseguidos na África, no Oriente Médio… Mas existem mais do que nos primeiros tempos, na prisão, degolados, enforcados por confessar Jesus. Testemunho até o fim".

Concretude
A concretude dos apóstolos é, enfim, o terceiro aspecto sobre o qual reflete o Papa: falavam de coisas concretas, “não de fábulas”. Assim como os apóstolos viram e tocaram, cada um de nós, disse ainda Francisco, “tocou Jesus na própria vida”:

"Acontece que muitas vezes os pecados, os comprometimentos, o medo, nos fazem esquecer este primeiro encontro, do encontro que nos mudou a vida. Eh sim, nos remete a uma lembrança, mas a uma lembrança aguada; nos faz cristãos mas como 'colônia de rosas'. Aguados, superficiais. Pedir sempre a graça ao Espírito Santo da concretude. Jesus passou pela minha vida, pelo meu coração. O Espírito entrou em mim. Talvez, depois, tenha esquecido, mas a graça da memória do primeiro encontro".

Portanto, é tempo de pedir a alegria pascal.

"Vamos pedi-la uns aos outros, mas aquela verdadeira alegria que vem do Espírito Santo, que dá o Espírito Santo: a alegria da obediência pascal, a alegria do testemunho pascal e a alegria da concretude pascal".

VaticanNews

Papa Francisco: o Batismo "cristifica" o fiel

“As promessas batismais devem ser reavivadas todos os dias para que o Batismo 'cristifique' quem o recebeu, tornando-o realmente outro Cristo”, disse Francisco em sua catequese

Na audiência geral da última quarta-feira (11), o Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses, ao concluir semana passada as reflexões sobre a Santa Missa.

O novo tema escolhido pelo Santo Padre é o Batismo, o fundamento da vida cristã. Trata-se do primeiro dos Sacramentos, enquanto é a porta que permite a Cristo Senhor fixar morada na nossa pessoa e, a nós, de nos imergir no seu Mistério.

O verbo grego “batizar” significa “imergir” (cfr CCC, 1214). Banhar-se com água é um rito comum a várias crenças para expressar a passagem de uma condição a outra, sinal de purificação para um novo início.

“Mas para nós cristãos não deve passar desapercebido que se é o corpo a ser imergido na água, é a alma a ser imersa em Cristo para receber o perdão do pecado e resplandecer de luz”, explicou o Papa, citando o escritor romano Tertuliano.

Novo aniversário
Como em outras ocasiões, o Papa perguntou aos fiéis quem sabe a data do próprio batismo, dando uma "lição de casa" a todos: perguntar aos familiares a data em que Cristo entrou em nossa vida. "É outro aniversário", disse Francisco, é o aniversário do renascimento, que também deve ser comemorado agradecendo ao Senhor.

Regeneração
Através do lavacro batismal, quem crê em Cristo é imerso na própria vida da Trindade. A água do batismo, prosseguiu Francisco, não é uma água qualquer, mas a água sobre a qual o Espírito é invocado. Por isso, o batismo é chamado também “regeneração”: acreditamos que Deus nos salvou por sua misericórdia, com uma água que regenera e renova no Espírito.

Por isso, o batismo é sinal eficaz de renascimento, para caminhar em novidade de vida. Imergindo-nos em Cristo, o Batismo nos torna também membro do seu Corpo, que é a Igreja, e partícipes da sua missão no mundo.

Este Sacramento, acrescentou o Papa, permite a Cristo viver em nós e a nós viver unidos a Ele, para colaborar na Igreja, cada um segundo a própria condição, para a transformação do mundo. Recebido uma única vez, o Batismo ilumina a nossa vida, guiando os nossos passos até a Jerusalém do Céu.

Um marco
“Há um antes e um depois do Batismo”, frisou Francisco.

O Sacramento supõe um caminho de fé, que chamamos catecumenato, evidente quando é um adulto a pedir o Batismo. Mas também as crianças, desde a antiguidade, são batizadas na fé dos pais. A este ponto, o Pontífice respondeu a quem questiona o porquê batizar as crianças e não esperar que, uma vez adultas, sejam elas mesmas a pedir o Sacramento. "Isso significa não ter confiança no Espírito Santo", respondeu, porque é Ele que faz crescer e amadurecer as virtudes cristãs. Todos devem ter esta oportunidade, "não esqueçam de batizar as crianças", recomendou o Papa.

"Cristificar"
“Ninguém merece o Batismo”, explicou ainda o Pontífice, pois é sempre um dom gratuito para todos, adultos e recém-nascidos. “As promessas batismais que todos os anos renovamos na Vigília Pascal devem ser reavivadas todos os dias para que o Batismo “cristifique” quem o recebeu, tornando-o realmente outro Cristo.”

VaticanNews

sexta-feira, 6 de abril de 2018

O Papa e a santidade: uma chamada para todos e não para os “super-heróis”

Com o anúncio da publicação da Exortação do Papa “Gaudete et Exsultate” sobre o chamado à santidade no mundo de hoje, o site Vatican News promoveu alguns pronunciamentos significativos do Pontiífice sobre a santidade

A Igreja precisa de Santos, não de super-heróis. Papa Francisco, desde a sua eleição à Cátedra de Pedro deu grande importância à santidade na Igreja e, em várias ocasiões falou sobre o que distingue o ser Santo, assim como indicou o que não é ser Santo. Em 2 de outubro de 2013, em uma das audiências gerais do seu primeiro ano de Pontificado, evidenciou que a Igreja “oferece a todos a possibilidade de percorrer o caminho da santidade, que é o caminho do cristão”, para o encontro com Jesus. A Igreja, observa, “não rejeita os pecadores”, acolhe-os e convida-os para que se deixem “contagiar pela santidade de Deus”. No final da catequese, o Papa citou o escritor francês Léon Bloy que nos últimos momentos da sua vida, dizia: “só existe uma tristeza na vida, a de não ser santo”.

Os Santos não são super-heróis, mas amigos de Deus
Em 1º de novembro de 2013, na primeira Festa de Todos os Santos como Papa, Francisco sublinha que os Santos são “os amigos de Deus”, porque nas suas vidas, “viveram em comunhão profunda com Deus”. Portanto o Santo Padre traça um perfil dos Santos, explicando logo que “não são super-heróis, nem nasceram perfeitos”. Os Santos, continua o Papa, “são como nós, como cada um de nós”, “viveram uma vida normal”, mas “conheceram o amor de Deus” e o “seguiram com todo o coração, sem condições e hipocrisias”. Portanto como se reconhece esta santidade? “Os Santos – responde o Papa – são homens e mulheres que têm a alegria no coração e a transmitem aos outros”. A alegria, é o que distingue os Santos, ao contrário dos cristãos com “cara de funeral” que, como repete muitas vezes, são características dos que não vivem bem a sua fé.

Todos os cristãos são chamados à santidade, sem excluir ninguém
Outra característica dos Santos é a humildade. Na homilia matutina na Casa Santa Marta, em 9 de maio de 2014, Francisco recorda São João Paulo II. E observa que “o grande atleta de Deus” acabou aniquilado pela doença, humilhado como Jesus”. O testemunho de Karol Wojtyla, mostra que a regra da santidade “é diminuir a fim de que o Senhor cresça” e por isso é preciso “a nossa humilhação”. Portanto, bem longe da imagem de pessoas com “superpoderes”. “A diferença entre os heróis e os Santos – explica ainda na homilia – é o testemunho, a imitação de Jesus Cristo: percorrer o caminho de Jesus”. Para o Pontífice há também outro tema muito importante: “a vocação universal à santidade” sobre o qual falou na audiência geral de 19 de novembro de 2014. “Todos os cristãos, enquanto batizados – sublinha – têm igual dignidade diante do Senhor e são irmanados pela mesma vocação que é a santidade”. “A santidade é um dom - continua o Papa – oferecido a todos, sem excluir ninguém, por isso constitui o cunho distintivo de cada cristão”. E acrescenta “para ser Santo, não é preciso ser bispo, sacerdote ou religioso”, “não, todos somos chamados a ser Santos”.

Os Santos também têm seus pecados, mas sabem arrepender-se e pedir perdão
Papa Francisco alerta à ideia dos Santos com “cara de santinho”. É algo muito mais profundo e alimentado por gestos, “muitos pequenos passos”, que cada um pode cumprir no lugar onde vive e trabalha. “Cada condição de vida – são suas palavras – leva à santidade, sempre!”. Um ano depois, em 1º de novembro de 2015, na Missa celebrada no Cemitério de Verano, fala sobre “o caminho para chegar à verdadeira felicidade”, a santidade. E observa que os santos são mansos e pacientes. Um caminho, o da mansidão e paciência, que foi percorrido por Jesus. Em 2016 volta a falar sobre o tema nas missas na Casa Santa Marta. Em 19 de janeiro, falando na homilia sobre Davi, observa que também na vida dos santos há tentações e pecados. A vida do rei de Israel é eloquente sobre isso: Santo e pecador. Tinha os seus pecados, “foi até um assassino”, mas no fim os reconhece e pede perdão. O Papa conclui, uma história que faz pensar que “não existe algum santo sem passado, mas nem pecador sem futuro”. Enquanto que na missa de 24 de maio, adverte que “a santidade não se pode comprar e nem vender”. É um dom a ser acolhido. Um dom e um caminho. “A santidade – sublinha Francisco – é um caminho na presença de Deus” e “não pode ser feita por alguém em meu nome”. “Um caminho – diz ainda – a percorrer com coragem, esperança e com a disponibilidade de receber esta graça”.

Não tenham o medo de ser Santos, evidencia também no Twitter
Os Santos são também “testemunhas e companheiros de esperança”. São palavras do Papa na audiência geral de 21 de junho de 2017. Na ocasião, explicou que para ser santos “não precisa rezar o dia todo”. A santidade está também “na doença e no sofrimento”, no trabalho e na “proteção dos filhos”. “Que o Senhor nos dê a esperança de ser Santos – foi a sua invocação – e não pensemos que é algo difícil, é mais fácil sermos delinquentes do que Santos! Não. Podemos ser Santos porque o Senhor nos ajuda”. O Papa fala de santidade também pelas redes sociais. No Twitter de 1º de novembro do ano passado evidencia que “o mundo precisa de santos e todos nós, sem exceção, somos chamados à santidade”. E não devemos “ter medo” de caminhar no caminho da santidade , que é dos humildes e não dos arrogantes.

O Motu proprio sobre a oferta da vida, caminho de santidade
Uma chamada e uma exortação que ressoa também nas 15 cerimônias de canonizações celebradas por Francisco, a partir de Madre Teresa, João XXIII e João Paulo II. Também na beatificação de Paulo VI, quando Francisco chama a atenção principalmente para a sua humildade, virtude própria das testemunhas e não dos “super-homens”. De modo significativo Francisco abre o caminho da beatificação, também aos que, levados pela caridade, ofereceram a própria vida pelo próximo. É a temática do Motu proprio intitulado Maiorem hac dilectionem, publicado em julho de 2017 que inicia com as palavras de Jesus tiradas do Evangelho de João: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”. Eis a visão de Francisco sobre a Santidade: ser amigos de Deus e do próximo até a dom da vida.

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