terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Presépio: “sinal admirável” para falar à nossa vida

A Carta Apostólica de Francisco sobre o significado do Presépio é um convite à simplicidade e um apelo a seguir pelo caminho da humildade e do despojamento que parte da manjedoura de Belém.

No domingo dia 1 de dezembro, I Domingo do Advento, o Papa Francisco assinou e apresentou a Carta Apostólica “Admirabile Signum”, “Sinal Admirável”, sobre o significado e valor do Presépio. Fê-lo em Greccio, na região do Lazio, na província de Rieti, a cerca de 100 quilómetros de Roma, no local onde, segundo a tradição, S. Francisco animou a representação da natividade a 25 de dezembro de 1223.

Efetivamente, foi nesse ano que S. Francisco de Assis decidiu celebrar a Missa de forma diferente, numa gruta na floresta de Greccio. O santo transportou para essa gruta um boi, um burro, feno e imagens do Menino Jesus, da Virgem Maria e de S. José.

Na sua Carta Apostólica, Francisco assinala que quer “apoiar a tradição bonita” das famílias cristãs que preparam o Presépio “nos dias que antecedem o Natal”. Um costume que Francisco deseja “redescobrir e revitalizar”.

Lugar onde os animais comem
O Papa recorda as palavras do evangelista Lucas que nos relata “alguns pormenores do nascimento de Jesus em Belém” destacando que Maria o “envolveu em panos e recostou numa manjedoura”. “Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra presépio” – frisa Francisco.

“Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer” – sublinha o Santo Padre dizendo que “a palha” foi a “primeira enxerga” de Jesus.

“A mente leva-nos a Greccio, na Valada de Rieti; aqui se deteve S. Francisco, provavelmente quando vinha de Roma onde recebera, do Papa Honório III, a aprovação da sua Regra em 29 de novembro de 1223. Aquelas grutas, depois da sua viagem à Terra Santa, faziam-lhe lembrar de modo particular a paisagem de Belém. E é possível que, em Roma, o «Poverello» de Assis tenha ficado encantado com os mosaicos, na Basílica de Santa Maria Maior, que representam a natividade de Jesus e se encontram perto do lugar onde, segundo uma antiga tradição, se conservam precisamente as tábuas da manjedoura” – refere o Papa.

Na sua Carta sobre o significado do Presépio, o Santo Padre escreve com pormenor, citando as “Fontes Franciscanas”, o que “aconteceu em Greccio” assinalando que na “representação do Natal”, daquele dia 25 de dezembro, as pessoas que a viram “manifestaram uma alegria indescritível”. O Papa escreve que Francisco de Assis “celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura, mostrando também deste modo a ligação que existe entre a Encarnação do Filho de Deus e a Eucaristia”.

Tocar a pobreza
“Com a simplicidade daquele sinal, S. Francisco realizou uma grande obra de evangelização. O seu ensinamento penetrou no coração dos cristãos, permanecendo até aos nossos dias como uma forma genuína de repropor, com simplicidade, a beleza da nossa fé. Aliás, o próprio lugar onde se realizou o primeiro Presépio sugere e suscita estes sentimentos. Greccio torna-se um refúgio para a alma que se esconde na rocha, deixando-se envolver pelo silêncio” – refere o Papa salientando que o Presépio “manifesta a ternura de Deus”.

“Em Jesus, o Pai deu-nos um irmão, que vem procurar-nos quando estamos desorientados e perdemos o rumo, e um amigo fiel, que está sempre ao nosso lado; deu-nos o seu Filho, que nos perdoa e levanta do pecado” – declara o Santo Padre.

Para o Papa, o Presépio é “um convite” a “tocar” a “pobreza” que o “Filho de Deus” “escolheu para Si mesmo”. Torna-se num “apelo” para “seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até à Cruz”. Um caminho para ser vivido no serviço dos “irmãos e irmãs mais necessitados” – afirma.

Luz e novidade
O Papa refere na sua Carta Apostólica as figuras e os “vários sinais do Presépio” para “apreendermos o significado”. Desde logo, “o céu estrelado na escuridão e no silêncio da noite”. Precisamente, na noite que, por vezes, “envolve a nossa vida”. “Deus não nos deixa sozinhos”, mas a sua “proximidade traz luz onde há escuridão”.

As paisagens são também um sinal referido por Francisco, em particular, “as ruínas de casas e palácios antigos” que se tornam “habitação da Sagrada Família” em algumas representações. Estes cenários demonstram que “Jesus é a novidade no meio dum mundo velho” ao qual “veio para curar” a “nossa vida e o mundo”.

Pastores, humildade e coração
Destaque do Papa para a presença dos pastores no Presépio que são “os mais humildes” e os “mais pobres” que se põem a caminho rumo a Jesus, enquanto “tanta gente ocupada” não o faz.

Sinal importante no Presépio, para o Santo Padre, são também algumas figuras de “mendigos e pessoas que não conhecem outra abundância a não ser a do coração”.

“No Presépio, os pobres e os simples lembram-nos que Deus Se faz homem para aqueles que mais sentem a necessidade do seu amor e pedem a sua proximidade” – escreve o Papa sublinhando ainda que no Presépio há espaço para “toda a criatura”.

Maria e José
Na gruta do Presépio relevo essencial para “as figuras de Maria e de José”. “Maria é uma mãe que contempla o seu Menino” – frisa Francisco acentuando que a “sua figura faz pensar no grande mistério que envolveu esta jovem, quando Deus bateu à porta do seu coração imaculado”. Em Maria “vemos a Mãe de Deus” que “pede a todos que obedeçam” à Sua palavra.

S. José por sua vez assume uma “atitude de quem protege o Menino e sua mãe” – refere o Santo Padre. “É o guardião que nunca se cansa de proteger a sua família” que será “o primeiro educador de Jesus, na sua infância e adolescência”. José trazia no coração o grande mistério que envolvia Maria, sua esposa, e Jesus; homem justo que era, sempre se entregou à vontade de Deus e pô-la em prática – sublinha o Papa.

Um Menino nos nossos braços
“O coração do Presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, no Natal, a figura do Menino Jesus. Assim Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher nos nossos braços” – declara Francisco salientando que na sua “fragilidade” Jesus “esconde o seu poder”.

O Papa assinala que Deus renuncia “à sua glória para Se fazer homem como nós” e destaca a surpresa de vermos Deus que adota “os nossos próprios comportamentos” num Menino Jesus que “dorme, mama ao peito da mãe, chora e brinca, como todas as crianças”.

Francisco recorda ainda a figura dos Reis Magos que partem “de muito longe para chegar a Cristo” e visitam o Menino Jesus com “grande alegria” sem se escandalizarem com a “pobreza do ambiente”. Colocam-se mesmo “de joelhos” pois “compreendem que Deus” “guia o curso da história, derrubando os poderosos e exaltando os humildes”. E fazem “refletir sobre a responsabilidade que cada cristão tem de ser evangelizador” – escreve o Papa.

A Carta Apostólica de Francisco “Sinal Admirável” sobre o significado do Presépio sublinha que o que conta no Presépio é que ele “fale à nossa vida” e nos leve a transmitir a fé.

“A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está connosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria” – escreve o Papa.

VaticanNews

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Papa Francisco: a esperança é o ar que o cristão respira

Celebrando a missa na capela da sua residência, o Pontífice dedicou a homilia à esperança: "Um cristão que não é capaz de ser propenso, de estar em tensão pela outra margem, falta alguma coisa: acabará corrompido".

A esperança é como lançar a âncora até a outra margem: o Papa Francisco celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta nesta terça-feira (29) e utilizou esta imagem para exortar a viver “em tensão” rumo ao encontro com o Senhor. Caso contrário, se acaba corrompido e a vida cristã corre o risco de se tornar uma “doutrina filosófica”.

A reflexão partiu da Primeira Leitura da Liturgia de hoje, extraída da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8,18-25), na qual o Apóstolo “canta um hino à esperança”.

Certamente, “alguns romanos” foram se lamentar e Paulo exortou a olhar avante: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós”. O Papa falou depois da Criação “propensa” à “revelação”. “Esta é a esperança: viver voltados para a revelação do Senhor, para aquele encontro com o Senhor”, destacou Francisco. Podem existir sofrimentos e problemas, mas “isto é amanhã”, enquanto hoje “você tem o penhor” de tal promessa, que é o Espírito Santo que “nos espera” e “trabalha” já a partir deste momento.

Lançar a âncora
Com efeito, a esperança é “como lançar a âncora até a outra margem” e agarrar-se à corda. Mas “não somente nós”, toda a Criação “na esperança será libertada”, entrará na glória dos filhos de Deus. E também nós que possuímos as “primícias do Espírito”, o penhor, “gememos interiormente esperando a adoção”.

A esperança é este viver em tensão, sempre; saber que não podemos fazer o ninho aqui: a vida do cristão é “em tensão por”. Se um cristão perde esta perspectiva, a sua vida se torna estática e as coisas que não se movem, se corrompem. Pensemos na água: quando a água está parada, não corre, não se move, se corrompe. Um cristão que não é capaz de ser propenso, de estar em tensão pela outra margem, falta alguma coisa: acabará corrompido. Para ele, a vida cristã será uma doutrina filosófica, viverá assim, dirá que é fé, mas sem esperança.

A mais humilde das virtudes
O Papa afirmou que é difícil entender a esperança. Se falarmos da fé, nos referimos à “fé em Deus que nos criou, em Jesus que nos redimiu e recitamos o Creio e sabemos coisas concretas sobre a fé”; se falarmos de caridade, falamos em “fazer o bem ao próximo, aos outros, muitas obras de caridade que se fazem ao outro”. Mas a esperança é difícil de compreender: “é a mais humilde das virtudes”, que “somente os pobres podem ter”:

Se quisermos ser homens e mulheres de esperança, devemos ser pobres, pobres, não ligados a nada. Pobres. E abertos para a outra margem. A esperança é humilde, é uma virtude que deve ser trabalhada – digamos assim – todos os dias: todos os dias é preciso retomá-la, todos os dias é preciso tomar a corda e ver que a âncora está ali fixa e eu a seguro pela mão; todos os dias é necessário recordar que temos o penhor, que é o Espírito que trabalha em nós com pequenas coisas.

A esperança é a virtude que não se vê
Para explicar como viver a esperança, o Papa fez referência ao ensinamento de Jesus no trecho do Evangelho de hoje, quando compara o Reino de Deus ao grão de mostarda lançado no campo. “Vamos esperar que cresça”, não precisa ir lá todos os dias para ver como está, caso contrário “nunca crescerá”, afirmou Francisco, referindo-se à “paciência” porque, como diz Paulo, “a esperança necessita de paciência”. É “a paciência de saber que nós semeamos, mas é Deus a fazê-lo crescer”. “A esperança é artesanal, pequena, prosseguiu, é “semear um grão e deixar que seja a terra a fazê-la crescer”.


No Evangelho de hoje, para falar de esperança, Jesus usa também a imagem do “fermento” que uma mulher pegou e misturou com três porções de farinha. Um fermento não mantido na geladeira, mas “misturado na vida”, assim como o grão é enterrado sob a terra.

Por isso, a esperança é uma virtude que não se vê: trabalha por debaixo; nos faz olhar por debaixo. Não é fácil viver na esperança, mas eu diria que deveria ser o ar que um cristão respira, ar de esperança; do contrário, não poderá caminhar, não poderá ir avante porque não saberá aonde ir. A esperança – isto sim é certo – nos dá uma segurança: a esperança não desilude. Jamais. Se você espera, não será desiludido. É preciso abrir-se a esta promessa do Senhor, voltados para aquela promessa, mas sabendo que existe o Espírito que trabalha em nós. Que o Senhor nos dê, a todos nós, esta graça de viver em tensão, em tensão mas não para os nervos, os problemas, não: em tensão pelo Espírito Santo que nos lança para a outra margem e nos mantêm na esperança.

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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Papa: a Igreja não é fortaleza, mas tenda que acolhe todos

O Santo Padre reiterou a natureza da Igreja: ou é "em saída" ou não é Igreja.

Em sua catequese nesta quarta-feira (23), o Papa Francisco refletiu sobre os “Atos dos Apóstolos, partindo do versículo 14, 27, onde se lê: "Deus abriu a porta da fé aos pagãos": a missão de Paulo e Barnabé e o Concílio de Jerusalém.

O livro dos Atos dos Apóstolos narra que São Paulo, após seu encontro transformador com Jesus, foi acolhido pela Igreja de Jerusalém, graças à mediação de Barnabé, e começou a proclamar a Boa Nova de Cristo.

No entanto, disse Francisco, devido à hostilidade de alguns, Paulo foi obrigado a se transferir para Tarso, sua cidade natal, seguido por Barnabé, que também foi envolvido na pregação da Palavra de Deus.

O evangelista Lucas diz que a sua pregação começou depois de uma forte perseguição, que não acometeu a evangelização, pelo contrário, foi uma boa oportunidade para ampliar o campo, onde lançar a boa semente da Palavra. Eis o longo itinerário da Palavra de Deus, que deve ser anunciada por todos os cantos da terra.

No entanto, Paulo e Barnabé chegaram, antes, à Antioquia da Síria, onde ficaram um ano inteiro, ensinando e ajudando a comunidade a criar raízes. Assim, Antioquia tornou-se o centro da propulsão missionária, graças à pregação dos dois evangelizadores, que tocou o coração dos fiéis. Precisamente em Antioquia os adeptos de Cristo foram chamados, pela primeira vez, de "cristãos".

Enviados pelo Espírito
Depois de Antioquia, Paulo e Barnabé, foram "enviados pelo Espírito" a outros lugares, anunciando a mensagem de Cristo e atraindo muitas pessoas para a fé cristã.

Esta foi a primeira etapa missionária de Paulo, que passou da pregação do Evangelho nas Sinagogas da diáspora ao anúncio em ambientes pagãos populares. Ao retornarem à Antioquia, Paulo e Barnabé contaram aos seus irmãos “como Deus abriu aos pagãos a porta da fé", cumprindo a “obra" para a qual o Espírito Santo os havia enviado. E o Papa explicou:

“ Do Livro dos Atos, emerge a natureza da Igreja, que não é uma fortaleza, mas uma tenda capaz de ampliar seu espaço para dar acesso a todos. A Igreja deve ser “em saída” senão não é uma Igreja; é uma Igreja de “portas abertas", chamada a ser sempre a Casa aberta do Pai. Assim, se alguém quiser seguir a ação do Espírito e buscar a presença de Deus, não encontrará o obstáculo de uma porta fechada ”

Porém, disse Francisco, naquele momento começavam os problemas: a novidade de abrir as portas aos pagãos e judeus desencadeou uma controvérsia ferrenha. Alguns judeus sentiam a necessidade da circuncisão para se salvar e ser batizados. Para resolver a questão, Paulo e Barnabé pedem o parecer do conselho dos Apóstolos e anciãos de Jerusalém, que foi considerado o primeiro Concílio da história da Igreja: o Concílio de Jerusalém ou Assembleia de Jerusalém, sobre o qual Francisco disse:

Foi abordada uma questão teológica, espiritual e disciplinar muito delicada: a relação entre a fé em Cristo e a observância da Lei de Moisés. Durante a assembleia foram decisivos os discursos de Pedro e Tiago, "pilares" da Igreja mãe. Ambos convidavam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a pedir para rejeitar a idolatria, em todas as suas expressões.

“ Foi abordada uma questão teológica, espiritual e disciplinar muito delicada: a relação entre a fé em Cristo e a observância da Lei de Moisés. Durante a assembleia foram decisivos os discursos de Pedro e Tiago, "pilares" da Igreja mãe. Ambos convidavam a não impor a circuncisão aos pagãos, mas apenas a pedir para rejeitar a idolatria, em todas as suas expressões ”

Essa decisão, ratificada com uma Carta apostólica, foi enviada a Antioquia.

Enfim, o Papa perguntou qual o significado da assembleia de Jerusalém em nossos dias? E respondeu:

“ A Assembleia de Jerusalém nos oferece uma luz importante sobre o modo de enfrentar as divergências e buscar a verdade na caridade. Recorda-nos que o método eclesial de resolver os conflitos se baseia no diálogo feito de escuta atenciosa e paciente e no discernimento à luz do Espírito. De fato, é o Espírito que nos ajuda a superar os fechamentos e as tensões e age nos corações para que, na verdade e no bem, chegue à unidade. Este texto nos ajuda a entender o significado de Sínodo, iluminados pelo Espírito Santo ”

Sínodo não é uma conferência, nem um parlamento, mas algo bem diferente”.

Ao término da sua catequese semanal, o Santo Padre passou a saudar os diversos grupos de fiéis presentes na Praça São Pedro. Eis o que disse aos peregrinos de língua portuguesa:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, saúdo-os, cordialmente, a todos, em particular os diversos grupos vindos de Portugal e do Brasil. Que a sua peregrinação a Roma os ajude a estar preparados para fazer parte da Igreja em saída, mediante o testemunho alegre do Evangelho e do amor de Deus por todos os seus filhos. A Virgem Santa os guie e proteja! ”

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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Irmã Dulce é o Anjo Bom dos Pobres, diz historiador

Uma vida de simplicidade dedicada aos pobres e mais necessitados. Irmã Dulce, popularmente conhecida como “O Anjo Bom da Bahia”, será canonizada, neste domingo, 13, em cerimônia presidida pelo Papa Francisco no Vaticano. Em Salvador, sua terra natal, a festa está marcada para o dia 20, domingo seguinte, em que estarão presentes muitos dos que conviveram com a Santa.

Primeira santa genuinamente brasileira, Irmã Dulce nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador.

Foi a segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes, professor da Faculdade de Odontologia, e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Ao nascer, recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes.

Vista por todos como uma criança alegre, Maria Rita gostava de brincar de boneca, empinar pipa e amava futebol, como torcedora do Esporte Clube Ypiranga, time formado pela classe trabalhadora e excluídos sociais.

Aos sete anos, em 1921, perdeu sua mãe. No ano seguinte, junto com seus irmãos Augusto e Dulce, fez a primeira comunhão na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo.

A vocação para trabalhar em benefício da população carente teve a influência direta da família, uma herança do pai que ela levou adiante, com o apoio decisivo da irmã, Dulcinha. Aos 13 anos, a menina passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família – na Rua da Independência, 61, no bairro de Nazaré – num centro de atendimento. A casa ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, tal era o número de carentes que se aglomeravam à sua porta. Também foi, nessa época, quando ela manifestou, pela primeira vez, após visitar com uma tia áreas onde habitavam pessoas pobres, o desejo de dedicar-se à vida religiosa.

Sua sobrinha e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Maria Rita Pontes, fala sobre Irmã Dulce: “Era uma pessoa comum. A diferença é que ela se alimentava muito mais da oração, se colocava sempre no lugar da pessoa que estava precisando de ajuda, é o que a gente sempre chama de compaixão, de empatia, e que é tão raro hoje no ser humano”.

Maria Rita conta que a tia sabia dizer não para algumas coisas, mas nunca aceitava um não quando era para os mais pobres. “Ela sempre lutava pelo que ela acreditava. Era uma pessoa obstinada. E foi esse exemplo que ela nos deixou, uma fé obstinada, e não uma fé oscilante. Aquela fé que, mesmo quando as coisas parecem que estão muito difíceis, ela não desistia”.

Vida Consagrada
Em 8 de fevereiro de 1933, logo após a sua formatura como professora, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, no estado de Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, recebeu o hábito de freira das Irmãs Missionárias e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

O historiador Thiago Fragato comenta que o convento foi registrado nas cartas e documentos de Irmã Dulce como um lugar muito especial na sua vida. “Irmã Dulce tinha três lugares marcantes. A gruta do convento, o claustro e a Igreja onde ela recebeu o nome de Irmã Dulce. Ela chegou aqui uma menina de 19 anos, e sempre dizia que a Bahia deu a ela a família, mas São Cristóvão, em Sergipe, deu a certeza da sua vocação religiosa. Irmã Dulce não era o anjo bom da Bahia, era o anjo bom dos pobres”. 

A primeira missão de Irmã Dulce como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, no bairro da Massaranduba, na Cidade Baixa, em Salvador. Mas o seu pensamento estava voltado mesmo para o trabalho com os pequeninos.

Já em 1935, dava assistência à comunidade pobre de Alagados, conjunto de palafitas no bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começou a atender também os operários do bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936, a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia. Em 1937, fundou, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup, o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações.

Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, escola pública voltada para operários e filhos de operários, no bairro da Massaranduba.

Amor aos pobres
Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Foi expulsa do lugar, e peregrinou por quase uma década, levando os seus doentes por vários locais da cidade. Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupou um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes.

A iniciativa deu origem à tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro. Já em 1959, foi instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã Dulce e, no ano seguinte, foi inaugurado o Albergue Santo Antônio.

O arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger, afirma que a missão de Irmã Dulce se perpetua na experiência de cada paciente, de cada pobre que ela cuidou e cuida, através de seu legado. 

“Irmã Dulce foi alguém que andou pelas ruas de nossa cidade, relacionou-se com pessoas que até hoje afirmam que a conheceram, que conviveram com ela, foram atendidas por ela. Isso mostra que a santidade está muito próxima de nós.”

Incentivo
O incentivo para construir a sua obra, Irmã Dulce teve do povo baiano, de brasileiros de diversos estados e de personalidades internacionais. Em 1988, ela foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouvia do Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra.

Irmã Dulce e o Papa João Paulo II voltariam a se encontrar em 20 de outubro de 1991, na segunda visita do Sumo Pontífice ao Brasil. João Paulo II fez questão de quebrar o rigor da sua agenda e foi ao Convento Santo Antônio visitar a religiosa baiana, cuja saúde já se encontrava bastante debilitada em função de problemas respiratórios. Cinco meses depois da visita do Papa, os baianos chorariam a morte do Anjo Bom do Brasil.

Irmã Dulce morreu em 13 de março de 1992, pouco tempo antes de completar 78 anos. No velório, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador, políticos, empresários e artistas se misturavam à dor de milhares de pessoas simples e anônimas. A fragilidade com que viveu os últimos 30 anos da sua vida – tinha 70% da capacidade respiratória comprometida – não impediu que ela construísse e mantivesse uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país, uma verdadeira obra de amor aos pobres e doentes.

Em outubro de 2010, a Congregação para a Causa dos Santos, por meio de voto favorável e unânime de seu colégio de cardeais e bispos, reconheceu a autenticidade de um milagre atribuído à Irmã Dulce, que levou à sua beatificação no ano seguinte. O anúncio foi feito no dia 27 de outubro de 2010 pelo então Arcebispo Primaz do Brasil, Cardeal Geraldo Majela Agnelo, em coletiva realizada na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador.
Canção Nova

Papa Francisco e a devoção a Nossa Senhora Aparecida

Pontífice demonstra sua devoção e experiência com Nossa Senhora Aparecida

A experiência de Papa Francisco, no Santuário de Aparecida, marcou profundamente a sua vida e o seu pontificado. Lá, ele foi grandemente influenciado por Nossa Senhora, de modo particular durante a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe (CELAM).

Participar dessa conferência marcou a vida do Santo Padre, especialmente em sua prática pastoral e em sua devoção mariana. Tanto que, antes dos muitos compromissos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013), Francisco quis visitar a “Casa da Mãe”1, como ele carinhosamente chamou o Santuário. Certamente, o então Cardeal Jorge Mario Bergolio foi um dos bispos, como ele disse, “inspirados pelos milhares de peregrinos” que visitam, diariamente, o local para confiar sua vida a Nossa Senhora. A respeito dessa experiência, já como Sucessor de Pedro, disse: “Aquela Conferência foi um grande momento de vida de Igreja”.

Casa da Mãe
O Cardeal Bergolio sentiu-se tocado profundamente pela V Conferência e pela sua mensagem; ao mesmo tempo, a sua experiência pastoral e mariana no Santuário marcaram o Documento de Aparecida. Essa experiência única o marcou tanto, que está na memória e no coração do Santo Padre. Podemos dizer que “o espírito de Francisco foi ‘forjado em Aparecida’” e, ao mesmo tempo, “a sua profunda experiência pastoral ajudou a forjar o espírito de Aparecida”.

Consequentemente, o Santuário é uma peça-chave para compreender o papado de Francisco, pois a Conferência recebeu muitas colaborações de Bergolio, que se deixou interpelar pelas inquietações que os bispos apresentaram e as assumiu como próprias. Comprovam essa marca de Francisco a sua visita ao Santuário Nacional, em 2014, e as mais de cinquenta menções, em seus discursos, de Nossa Senhora Aparecida e da V Conferência realizada na “Casa da Mãe”.

A experiência em Aparecida foi tão marcante que, na JMJ Rio2013, o Santo Padre falou aos bispos do Brasil sobre o encontro da imagem de Nossa Senhora como “chave de leitura para a missão da Igreja”6. Em Aparecida, Deus ofereceu ao Brasil a Sua própria Mãe e, ao mesmo tempo, Ele deu também uma lição sobre Si mesmo, sobre o Seu modo de ser e agir. O milagre de Aparecida começa com a busca de pescadores pobres, que “possuem um barco frágil, inadequado; têm redes decadentes, talvez mesmo danificadas, insuficientes”.

Mistério divino
Na sua busca por peixes, encontram a imagem da Imaculada Conceição, primeiramente o corpo, depois a cabeça. “Em Aparecida, desde o início, Deus dá uma mensagem de recomposição do que está fraturado, de compactação do que está dividido. Muros, abismos, distâncias ainda hoje existentes estão destinados a desaparecer. A Igreja não pode descurar dessa lição: ser instrumento de reconciliação”.

A iniciativa do milagre foi de Deus e da Virgem Maria, mas foi necessária uma abertura ao mistério divino. Se os pescadores, ao encontrar o corpo da imagem, a tivessem jogado de volta no rio, provavelmente, o milagre não aconteceria. Felizmente, “os pescadores não desprezam o mistério encontrado no rio. Embora fosse um mistério que tenha aparecido incompleto, não jogaram fora seus pedaços. Esperam a plenitude, e esta não demorou a chegar. Há, aqui, algo de sabedoria que devemos aprender. Há pedaços de um mistério, como partes de um mosaico, que vamos encontrando. Nós queremos ver muito rápido a totalidade; e Deus, pelo contrário, faz-Se ver pouco a pouco. Também a Igreja deve aprender essa expectativa”.

Mistério de Deus e simplicidade
Assim como aqueles pobres pescadores, a Igreja precisa dar espaço para o mistério de Deus, para que Ele encante e atraia as pessoas, pois somente a Sua beleza pode atrair. Ele se faz levar para casa naquela pequena imagem, desperta em nós o desejo de guardá-Lo em nossa própria vida, em nossa própria casa, em nosso coração. Deus também nos inspira a chamar os vizinhos para dar-lhes a conhecer a Sua beleza. A missão da Igreja nasce precisamente dessa fascinação divina, dessa maravilha do encontro.

Porém, sem a simplicidade daqueles pescadores a nossa missão está fadada ao fracasso. “A Igreja tem sempre a necessidade urgente de não desaprender a lição de Aparecida […] As redes da Igreja são frágeis, talvez remendadas; a barca da Igreja não tem a força dos grandes transatlânticos que cruzam os oceanos. Contudo, Deus quer se manifestar justamente por nossos meios pobres, porque é sempre Ele quem está agindo”.
Canção Nova

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Paróquia participa do Dia Nacional da Juventude

A Paróquia São Francisco de Paula, através de 31 jovens de diversas comunidades, participou do Dia Nacional da Juventude (DNJ), nesse domingo (6).

A edição deste ano teve como tema: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a Tua Palavra.“ (Lc 1,38) e foi realizada na Paróquia Santo Antônio, em Campos dos Goytacazes.


Santa Missa, adoração ao Santíssimo Sacramento e Momento Mariano foram algumas das atividades preparadas para a juventude da Diocese de Campos. Workshops sobre várias temáticas também fizeram parte da programação.

Além da presença do bispo Dom Roberto Francisco, o evento contou com diversas participações, como as dos padres Wallace e Ramyro e dos cantores Bruna Prates e Flávio Vitor.

Em sua homilia, Dom Roberto destacou a missão do jovem na sociedade, a partir do Evangelho de São João: "Fazei tudo o que Ele vos disser." (Jo 2,5). “Vocês devem seguir o que Deus pede. Sejam luz no mundo e promotores da paz!”, exortou.

Fotos: Setor Juventude - Diocese de Campos / Pastoral da Juventude - Paróquia São Francisco de Paula

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Papa consagra Sínodo para a Amazônia a São Francisco de Assis

Em cerimônia nos Jardins Vaticanos, Papa abriu "simbolicamente" o Sínodo reunindo representantes dos povos originários da Amazônia.

A Amazônia no Vaticano: a festa de São Francisco foi celebrada esta sexta-feira nos Jardins Vaticanos, com o Papa Francisco consagrando o Sínodo para a Amazônia ao santo de Assis.

A cerimônia foi marcada por cantos, reflexões, orações e gestos simbólicos. Foram convidados cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e representantes dos povos originários da Amazônia.

O relator-geral do Sínodo, cardeal Cláudio Hummes, foi um dos participantes e fez uma reflexão sobre “O papel de São Francisco como modelo e santo padroeiro do Sínodo para a Amazônia”.

Dom Cláudio, acompanhado de dois representantes indígenas, ajudou o Papa Francisco a irrigar uma árvore nos Jardins Vaticanos, sob o som de uma versão cantada do Cântico das criaturas. O solo em que a árvore foi plantada foi enriquecido com a terra de lugares simbólicos para a preservação do meio ambiente.

Depois da fórmula de consagração, a cerimônia foi concluída com o Papa Francisco rezando o Pai-Nosso com os presentes.
VaticanNews

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Dia Nacional da Bíblia é comemorado no domingo (29)

Na Paróquia São Francisco de Paula, a Procissão da Bíblia sairá do Trevo das Praias, às 18h. Em seguida, haverá Santa Missa.

Setembro é o mês da Bíblia e, no próximo domingo, dia 29, celebraremos o dia nacional da Bíblia, dedicado a despertar e promover entre os fiéis o conhecimento e o amor dos Livros Sagrados, a Palavra de Deus escrita, redigida sob a moção do Divino Espírito Santo, motivando-os para sua leitura cotidiana, atenta e piedosa e, ao mesmo tempo, premunindo-os contra os erros correntes com relação à Bíblia mal interpretada.

“Na Igreja, veneramos extremamente as Sagradas Escrituras, apesar da fé cristã não ser uma ‘religião do Livro’: o cristianismo é a ‘religião da Palavra de Deus’, não de ‘uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo’” (Bento XVI – Verbum Domini, 7)

É de São Jerônimo, o grande tradutor dos Livros Santos, a célebre frase: “Ignorar a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”. Portanto, o conhecimento e o amor às Escrituras decorrem do conhecimento e do amor que todos devemos a Nosso Senhor.

O ponto central da Bíblia, convergência de todas as profecias, é Jesus Cristo. O Antigo Testamento é preparação para a sua vinda e o Novo, a realização do seu Reino. “O Novo estava latente no Antigo e o Antigo se esclarece no Novo” (Santo Agostinho).

Dizemos que a Bíblia é um livro divino e humano: inspirada por Deus, mas escrita por homens, por Deus movidos e assistidos enquanto escreviam.

A Bíblia não é um livro só, mas um conjunto de 73 livros, redigidos por autores diferentes, em épocas, línguas, estilos e locais diversos, num espaço de tempo de cerca de mil e quinhentos anos. Sua unidade se deve ao fato de terem sido todos eles inspirados por Deus, seu autor principal e garantia da sua inerrância.

Mas a Bíblia não é um livro de ciências humanas. Por isso a Igreja Católica reprova a leitura fundamentalista da Bíblia, que teve sua origem na época da Reforma Protestante e que pretende dar a ela uma interpretação literal em todos os seus detalhes, o que não é correto.

Além disso, a Bíblia não é um livro fácil de ser lido e interpretado. São Pedro, falando das Epístolas de São Paulo, nos diz que “nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (II Pd 3, 16).

Daí a advertência do mesmo São Pedro: “Sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (2Pd 1, 20-21). Assim, o ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita (a Bíblia Sagrada) ou transmitida oralmente (a Sagrada Tradição) foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, que disse aos Apóstolos e seus sucessores “até a consumação dos séculos”: “Ide e ensinai a todos os povos tudo o que vos ensinei… quem vos ouve a mim ouve”.

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

CNBB

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Francisco no Angelus: sempre em tempo para curar com o bem o mal feito

“Quem provocou lágrimas, faça alguém feliz; quem tirou indevidamente, doe a quem tem necessidade. Fazendo assim, seremos louvados pelo Senhor "porque agimos com astúcia".

"Obter gratidão com a corrupção, infelizmente é habitual hoje em dia". Foi o que disse o Papa no Angelus desse domingo (22). O Pontífice parte da parábola do Evangelho do dia que, como explica, "tem como protagonista um administrador inteligente e desonesto que, acusado de ter esbanjado os bens do patrão, está prestes a ser despedido. Nesta situação difícil, ele não recrimina, não procura justificação, nem se deixa desencorajar, mas encontra uma saída para ter a certeza de um futuro tranquilo.

“A 'riqueza desonesta' é o dinheiro - também chamado 'esterco do diabo' - e em geral os bens materiais. A riqueza pode levá-lo a erguer muros, criar divisões e discriminação" disse o Papa Francisco.

"Jesus, pelo contrário, - disse Bergoglio - convida seus discípulos a inverter a direção: “Faça amigos com a riqueza'. É um convite a saber transformar bens e riquezas em relações, porque as pessoas valem mais do que as coisas e contam mais do que a riqueza possuída".

De fato, na vida - enfatizou o Papa -, dá frutos não quem têm muitas riquezas, mas quem cria e mantêm vivos tantos laços, tantas relações, tantas amizades através das diferentes "riquezas", isto é, os diferentes dons que Deus lhe deu. Mas Jesus indica também a finalidade última da sua exortação: "

"Façam amigos com a riqueza, para que esses o recebam nas moradas eternas. A acolher no Paraíso, se formos capazes de transformar as riquezas em instrumentos de fraternidade e de solidariedade, não estará apenas Deus, mas também aqueles com quem partilhamos, administrando-o bem, o que o Senhor colocou nas nossas mãos”.

O Pontífice explica a moral da página do Evangelho do dia: "Irmãos e irmãs, esta página faz ressoar em nós a pergunta do administrador desonesto, expulso pelo seu patrão: "O que vou fazer agora?". Diante de nossos fracassos e falências, Jesus nos assegura que estamos sempre em tempo para curar com o bem o mal feito.

“Quem provocou lágrimas, faça alguém feliz; quem tirou indevidamente, doe a quem tem necessidade. Fazendo assim, seremos louvados pelo Senhor "porque agimos com astúcia", ou seja, com a sabedoria de quem se reconhece como filho de Deus e se põe em jogo pelo Reino dos céus".

Precisamos "ser astutos para garantir não o sucesso mundano, mas a vida eterna - concluiu - de modo que no momento do Juízo final as pessoas necessitadas que ajudamos possam testemunhar que nelas vimos e servimos o Senhor".

VaticanNews

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Papa: a salvação é para todos, mas requer esforço e perseverança na fé

Na manhã desse domingo (25), antes da Oração Mariana do Angelus, o Papa comentou o Evangelho do dia e convidou os cristãos a ter uma vida coerente: aproximar-se de Jesus e dos Sacramentos, como também ir à igreja. Isso porque, disse Francisco, para entrar no Paraíso é preciso passar por uma ‘porta estreita’, aquela da fé, aberta a todos, mas que exige uma dedicação pelo bem e pelo próximo, contra o mal e a injustiça.

Os milhares de peregrinos que acompanharam a Oração Mariana do Angelus com o Papa Francisco nesse domingo (25), na Praça São Pedro ou ao redor do mundo, viram a preocupação do Pontífice em relação aos incêndios na Amazônia, mas também meditaram sobre o Evangelho de hoje (cfr Lc 13,22-30). 

O trecho de São Lucas “apresenta Jesus que passa ensinando pelas cidades e povoados, até Jerusalém, onde sabe que deve morrer na cruz para a salvação de todos os homens”. Nesse contexto, alguém perguntou a Ele se era verdade que poucos se salvariam, uma questão muito debatida naquele período, devido às diversas maneiras de interpretação das Escrituras. E Jesus respondeu, convidando “a usar bem o tempo presente” e fazendo “todo esforço possível para entrar pela porta estreita”.

“Com essas palavras, Jesus mostra que não é questão de número, não existe o “número fechado” no Paraíso! Mas se trata de atravessar, desde já, a passagem certa, e essa passagem certa é para todos, mas é estreita.”

"Esse é o problema. Jesus não quer nos iludir, dizendo: “Sim, fiquem tranquilos, é fácil, existe uma bonita estrada e, lá no final, um grande portão...”. Não fala isso: nos fala da porta estreita. Nos diz as coisas como são: a passagem é estreita. Em que sentido? No sentido que, para se salvar, é preciso amar a Deus e ao próximo, e isso não é confortável! É uma “porta estreita” porque é exigente, o amor é exigente sempre, requer empenho, ou melhor, “esforço”, isto é, uma vontade decidida e perseverante de viver segundo o Evangelho. São Paulo chama isso de “o bom combate da fé” (1Tm 6,12). É preciso o esforço de todos os dias, de cada dia para mar Deus e o próximo."

O chamado à vida coerente e próxima a Jesus
Jesus usa de uma parábola para se explicar melhor e para insistir em fazer o bem nesta vida, independente do título e do cargo que exerce:

“O Senhor vai nos reconhecer não pelos nossos títulos. ‘Mas olha, Senhor, que eu participava daquela associação, que eu era amigo de tal monsenhor, de tal cardeal, de tal padre...’. Não, os títulos não contam, não contam. O Senhor vai nos reconhecer somente por uma vida humilde, uma vida boa, uma vida de fé que se traduz nas obras.”

O Papa, então, continua motivando e nos conduzindo para esse percurso diário.

"Para nós, cristãos, isso significa que somos chamados a instaurar uma verdadeira comunhão com Jesus, rezando, indo na igreja, nos aproximando dos Sacramentos e nos nutrindo da sua Palavra. Isso nos mantêm na fé, nutre a nossa esperança, reaviva a caridade. E, assim, com a graça de Deus, podemos e devemos dedicar a nossa vida pelo bem dos irmãos, lutar contra qualquer forma de mal e de injustiça."

Maria, Porta do céu
Ao finalizar, o Papa diz que a primeira pessoa a nos ajudar nessa dedicação pelo bem é a Nossa Senhora:

“Ela atravessou a porta estreita que é Jesus, o acolheu com todo o coração e o seguiu todo todos os dias da sua vida, inclusive quando não entendia, inclusive quando uma espada perfurava a sua alma. Por isso a invocamos como “Porta do céu”: Maria, Porta do céu; uma porta que reflete exatamente a forma de Jesus: a porta do coração de Deus, coração exigente, mas aberto a todos nós.”

VaticanNews

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Cartaz da Campanha da Fraternidade 2020 é inspirado em Irmã Dulce

O cartaz da Campanha da Fraternidade de 2020, cujo tema é ‘Fraternidade e vida: dom e compromisso’, remete à figura de Irmã Dulce, que será canonizada no próximo mês de outubro. 

Nessa quarta-feita (21), os bispos reunidos no Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), definiram o texto-base e as propostas para a letra do hino da campanha.

O cartaz também apresenta, ao fundo, o Pelourinho, lugar icônico da capital baiana. Padre Patrky explica que a mensagem é de “vida doada é vida santificada. A vida é um intercâmbio de cuidado”.

“Por isso que a Irmã Dulce cuida. E seu modo de cuidar sinaliza uma Igreja em saída. Então, é cuidar das pessoas que estão próximas a nós. Onde estou é lugar de cuidado da pessoa, do mundo, da ecologia. Depois, o cenário faz menção à questão do mundo urbano. Amar é fazer o bem! Daí a beleza do cartaz, que está sintonizado com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no que diz respeito ao pilar da caridade”, explicou.

Padre Patriky apresentou aos bispos presente na reunião o texto-base da CF 2020. Os bispos deram sugestões de acréscimos e ajustes ao texto-base, com destaque às propostas de que o material tenha opções de roteiros que favoreçam a espiritualidade quaresmal dentro da reflexão tema da CF.

Hino da CF 2020
O assessor do Setor de Música Litúrgica da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, o jesuíta Irmão Fernando Vieira, entregou aos bispos as cinco letras escolhidas por um grupo de peritos, a partir das 31 sugestões recebidas por meio de concurso. Após a avaliação dos bispos, será realizada a segunda fase da seleção, neste caso, da música do hino.

CNBB - A12.com

Festa da Padroeira do Brasil 2019 será dedicada à missão e à Igreja na Amazônia

A Novena e Festa de Nossa Senhora Aparecida em outubro vai refletir a ação da Igreja na Amazônia, com inspiração no mês missionário extraordinário, convocado pelo Papa Francisco.

Sob o tema ‘Com Maria escolhidos e enviados em missão’, padre João Batista, na época reitor do Santuário Nacional explicou o objetivo dessa escolha, afirmando que a Amazônia é uma terra de missão. “Primeiro, é um tema missionário, e a Amazônia é uma terra de missão. Segundo, porque esse tema será uma junção entre o Sínodo da Amazônia com o mês missionário extraordinário. Os dois vão acontecer em outubro e a festa de Nossa Senhora é também no mês. Então, por isso, vimos a importância de trazer essas reflexões para fortalecer e motivar esse olhar missionário nos devotos”.

Como um dos elementos importantes da Festa, padre João Batista anunciou em 2018 que a marcenaria da Diocese de Óbidos no Pará está produzindo uma cruz das Pontifícias Obras Missionárias, organismo que reúne diversas congregações religiosas que trabalham na animação, formação e cooperação missionária em todo o mundo.

Uma outra cruz, igual à do Santuário de Aparecida, está sendo confeccionada para ser entregue ao papa Francisco em novembro, como ícone do mês missionário extraordinário.

Para as comemorações da Padroeira neste ano, o leigo continuará em destaque, a exemplo da novena deste ano pois, segundo o reitor, é impossível falar de missão sem envolver o leigo.

“Falar de missão hoje sem envolver o leigo é simplesmente abortar a realidade, porque o leigo participa ativamente da missão da Igreja e, depois do Vaticano II, essa participação foi ainda mais ativa, tanto que um grande número de comunidades no Brasil não tem padres. São leigos que levam a Palavra de Deus e garantem o dia a dia nessas comunidades”, ressaltou.

A12.com

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Papa Francisco clama por um novo humanismo

Com um prefácio de seu próprio punho, o Papa Francisco apresenta um livro que reúne cinco anos de reflexão sobre o trabalho de milhares de associações que, atuando como “uma alavanca de transformação social”, lutam por um estilo de desenvolvimento justo e inclusivo.

O profundo valor e os desafios de centenas de associações sociais que lutam contra a exclusão no mundo é o tema central do prefácio que o Papa Francisco escreveu para o livro “A irrupção dos Movimentos Populares: Rerum novarum do nosso tempo”.

Esta edição, preparada pela Pontifícia Comissão para a América Latina, oferece os principais pronunciamentos feitos nos Encontros Mundiais que, desde 2014, reuniu milhares de representantes de Movimentos Populares em diversas partes do continente americano.

Alavanca de grande transformação social
O Santo Padre começa a sua reflexão afirmando que as pessoas que vivem nas periferias territoriais e existenciais não são só um setor da população que deve ser alcançada pela Igreja, mas são “uma semente, uma renovação que, como o grão de mostarda, dará muito fruto», porque os concebe como «alavanca de uma grande transformação social». 

Assim, não são atores passivos ou meros receptores de assistência social, que devem resignar-se a contemplar como as elites administram a ordem mundial, mas são verdadeiros protagonistas ativos, agentes do futuro da humanidade, cuja “rebelião pacífica”, à imagem de Jesus manso e humilde, conta com a solidariedade incondicional do Santo Padre.

Francisco reconhece nesta articulação dos movimentos sociais de carácter transnacional e transcultural aquele “modelo poliédrico” ao qual fez referência em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (nº2), e que se constitui a partir de um paradigma social baseado na cultura do encontro.

Sentinelas
Para o Papa, esta pluralidade de movimentos, cujas experiências de luta pela justiça ficam plasmadas no livro, «representam uma grande alternativa social, um grito profundo, um marco, uma esperança de que “tudo pode mudar”». Seu modo de resistir ao modelo reinante por meio de um testemunho de trabalho e sofrimento os revela – segundo Francisco - como “sentinelas” de um futuro melhor.

Reafirmando sua convicção de que a humanidade enfrenta atualmente uma transformação de época caracterizada pelo medo, pela xenofobia e pelo racismo, o Santo Padre garante que os «Movimentos Populares podem representar uma fonte de energia moral para revitalizar nossas democracias».

Antídoto aos populismos
De fato, em meio a uma sociedade global ferida por uma economia cada vez mais distante da ética, afirma que estes agregados sociais podem exercer a função de um antídoto contra os populismos e a política do espetáculo, já que privilegiam a participação da cidadania, com uma consciência mais positiva sobre o outro. Essa é a consequência da promoção de uma “força do nós”, que se opõe à “cultura do eu”.

Ao finalizar suas palavras, o Santo Padre enfatiza o tema do trabalho humano como um daqueles direitos sagrados que deve ser preservado em cada pessoa. Frente às concreções práticas de teses neoliberais e neoestatais, que sufocam e oprimem as pessoas em suas experiências profissionais, Francisco clama por um «novo humanismo, que coloque fim ao analfabetismo da compaixão e ao progressivo eclipse da cultura e da noção de bem».

VaticanNews

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Adorart acontece nos dias 14 e 15 de setembro

"Mas vem a hora, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em Espírito e em verdade". João 4, 23

Adorar o Senhor através do seu chamado é a reflexão que propõe o Adorart. O encontro, promovido pela Pastoral da Juventude da Paróquia São Francisco de Paula, ocorrerá nos dias 14 e 15 de setembro no Colégio Estadual São Francisco de Paula. O horário previsto para início é 14h.

Com o tema extraído de João 4, 23, o Adorart contará com a participação de Felipe, pertencente a Missão Atos; Túlio Freitas, da Comunidade Trindade Santa; Jeffinho Siqueira, da Comunidade Primeiros Passos; e o vigário paroquial, padre Luciano Gomes. Além deles, os coordenadores do encontro, Kayanny Oliveira e Gustavo Alves, também palestrarão. Presenças confirmadas ainda dos ministérios de música Frutos do Espírito e Divino Som.

De acordo com a coordenação do encontro, os participantes terão a oportunidade de se aprofundar em diferentes tipos de vocação por meio de "workshops", cujas temáticas passam por música, teatro e dança. As palestras terão o mesmo foco. A que será ministrada pelo padre Luciano, por exemplo, abordará a importância da adoração a Jesus Eucarístico.

As inscrições custam R$ 30 e podem ser feitas na Secretaria Paroquial ou através dos telefones 9.9878-7463 (Lucas) e 9.9827-6297 (Vitória). A idade mínima é 13 anos.

Promoção — As 30 primeiras inscrições pagas receberam gratuitamente a camisa do Adorart. A promoção é válida até o dia 20.

Investidura de cerimoniários e coroinhas neste sábado (17)

Última investidura realizada na Matriz
Após três meses de formação, cerca de 50 jovens serão investidos cerimoniários, servas do altar e coroinhas neste sábado (17). A investidura vai acontecer durante Santa Missa na Matriz, marcada para as 19h. 

A celebração será presidida pelo pároco, padre Lucas Mendes. 

Os investidos atuarão em diversas capelas da Paróquia São Francisco de Paula, como Aroeira, Bom Jardim, Valão Seco, Imburi e Gargaú. 

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Irmã Dulce: futura santa brasileira é celebrada neste dia 13

Data recorda dia em que a futura santa brasileira recebeu o hábito de freira e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce

Neste dia, 13 de agosto, é celebrado o dia da Bem-aventurada Dulce dos Pobres, a religiosa baiana que dedicou sua vida ao serviço aos pobres e doentes, e que será canonizada no próximo dia 13 de outubro, pelo Papa Francisco, no Vaticano. O dia 13 de agosto foi escolhido como o dia oficial da festa litúrgica da religiosa, conhecida como Anjo Bom da Bahia, porque foi nesta mesma data, em 1933, na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Sergipe, que Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, aos 19 anos de idade, recebeu o hábito de freira e adotou, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.

Segunda filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, a pequena Maria Rita nasceu em 26 de maio de 1914, na capital baiana. Perdeu sua mãe aos sete anos de idade. Desde cedo, começou a manifestar seu interesse pela vida religiosa. Aos 13 anos, passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família em um centro de atendimento. A casa ficou conhecida como ‘A Portaria de São Francisco’, devido ao grande número de carentes que se aglomeravam à sua porta. Nessa época, expressou pela primeira vez o desejo de se dedicar à vida religiosa.

Entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe, em fevereiro 1933, tendo recebido o hábito agosto do mesmo ano, quando passou a ser chamada Irmã Dulce. Sempre com muita fé, amor e serviço, o Anjo Bom iniciou na década de 1930 um trabalho assistencial nas comunidades carentes, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe, na capital baiana.

Em 1939, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar os doentes que recolhia nas ruas de Salvador. Expulsa do lugar, peregrinou durante uma década, levando os seus doentes por vários locais da cidade. Até que em 1949, ocupou um galinheiro ao lado do convento, após a autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes.

Esta iniciativa deu início à criação das Obras Sociais Irmã Dulce, instituição considerada hoje um dos maiores complexos de saúde pública do país, com cerca de quatro milhões de atendimentos ambulatoriais por ano. “Quando nenhum hospital quiser aceitar algum paciente, nós aceitaremos. Esta é a última porta e por isso eu não posso fechá-la”, disse Irmã Dulce.

Em 1988, foi indicada pelo então presidente da República, José Sarney, com o apoio da Rainha Sílvia, da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. A religiosa também teve dois grandes momentos de sua vida ao lado de São João Paulo II. Em 7 de julho de 1980, encontrou-se com o então Papa que visitava pela primeira vez o Brasil. Na ocasião, ouviu dele o incentivo para prosseguir com a sua obra.

Os dois voltaram a se encontrar em 20 de outubro de 1991, na segunda visita do Sumo Pontífice ao Brasil. João Paulo II fez questão de quebrar o rigor da sua agenda e foi ao Convento Santo Antônio visitar a religiosa baiana, cuja saúde já se encontrava bastante debilitada em função de problemas respiratórios.

Cinco meses depois, no dia 13 de março de 1992, o Anjo Bom da Bahia faleceu, aos 77 anos. Em janeiro de 2000, teve início o processo de canonização de Irmã Dulce. Em 2010, a Congregação para a Causa dos Santos reconheceu a autenticidade de um milagre atribuído à religiosa. Trata-se do caso de Claudia Cristina dos Santos, ocorrido em Itabaiana, em Sergipe.

Após dar à luz seu filho, Gabriel, a mulher sofreu uma forte hemorragia, durante 18 horas, tendo sido submetida a três cirurgias. Diante da gravidade do quadro, os familiares chamaram Padre José Almí para ministrar a unção dos enfermos. O sacerdote decidiu fazer uma corrente de oração pedindo a intercessão de Irmã Dulce e deu a Cláudia uma pequena relíquia da Bem-Aventurada. A hemorragia cessou subitamente.

Irmã Dulce foi beatificada no dia 22 de maio de 2011 e, no próximo dia 13 de outubro, será canonizada pelo Papa Francisco, no Vaticano, após o reconhecimento da cura milagrosa de um homem após 14 anos cego. O maestro José Maurício Bragança Moreira ficou cego durante 14 anos por conta de um glaucoma. Em 2014, voltou a enxergar, após rezar pedindo à intercessão de Ir. Dulce dos Pobres.

Irmã Dulce dos Pobres será a primeira santa nascida no Brasil e está será a terceira canonização mais rápida da história recente da Igreja, conforme indicou o site das Obras Sociais da Irmã Dulce (OSID).

Canção Nova