terça-feira, 11 de julho de 2017

A medalha de São Bento é a medalha da Santa Cruz


O sacramental é atribuído ao santo, porém o poder está na cruz de Cristo


São Bento foi um homem sedento de Deus. Segundo São Gregório Magno, seu biógrafo, em tudo ele quis agradar a Deus. Colocava o amor ao Senhor sobre todas as coisas, por isso foi um homem silencioso, obediente e humilde.

A medalha de São Bento é conhecida no mundo todo. Porém, não foi o santo quem a cunhou. Em sua época, os sacramentais não eram comuns. Esse santo ficou muito famoso, em sua época, pelo sinal da santa cruz. Certa vez, ofereceram-lhe um cálice envenenado; quando ele traçou o sinal da cruz sobre o objeto, o cálice se partiu e dele saiu uma cobra. Outra vez, aconteceu de lhe darem um pão envenenado; mais uma vez, ao traçar o sinal da cruz, um corvo voou em direção à sua mão e levou o pão embora.

A medalha de São Bento é a medalha da santa cruz. No século XI, na Alemanha, a esposa de um conde sonhou que um homem lhe falava, em sonho, que seu filho Bruno seria um grande homem. Tempos depois, esse mesmo rapaz ficou muito doente e viu a imagem de um homem que lhe colocava uma cruz sobre os lábios e o curava. O homem do sonho e da visão eram São Bento. A partir de então, começou a se cunhar a medalha desse santo e propagar sua devoção pelo mundo inteiro.

O sacramental é atribuído ao santo, porém o poder está na cruz de Cristo, temida pelo demônio, e na fé de cada cristão. O mais importante, portanto, não é São Bento, mas a santa cruz, Crux Sacra Sit Mihi Lux – “A Cruz Sagrada seja minha luz”. A medalha que conhecemos, hoje, com as iniciais da oração dedicada a São Bento, teve origem no mosteiro de Monte Cassino, onde São Bento viveu e seu corpo foi sepultado.

Historicamente, não há como afirmar que foi o santo o autor dessa oração inscrita na medalha. Porém, existem nela palavras que se referem à vida dele. A oração tem como centro o pedido de que a cruz de Cristo seja a luz daquela pessoa e são as iniciais das palavras latinas que formam os versos seguintes:

C.S.P.B. : Crux Sancti Patris Benedicti – Cruz do Patriarca São Bento

Na linha vertical da cruz se lê:


C.S.S.M.L.: Crux Sacra Sit Mihi Lux – A Cruz sagrada seja minha luz

Na linha horizontal:
N.D.S.M.D.: Non Draco Sit Mihi Dux – Não seja o dragão o meu guia

Em torno da medalha:


V.R.S.: Vade Retro, Satana – Afasta-te Satanás

N.S.M.V.: Nunquam Suade Mihi Vana – Nunca me aconselhe coisas vãs

S.M.Q.L.: Sunt Mala Quae Libas – É mal o que me ofereces

I.V.B.: Ipse Venena Bibas – Beba tu dos teus venenos

Os devotos a utilizam de diversas outras formas, como para defesa contra animais peçonhentos, colocando-a sobre uma parte do corpo com enfermidade, ou colocando-a na água e, depois, dando esta água de beber para um animal doente, dentre tantas outras maneiras. O que não pode ser feito é usar a medalha como um amuleto ou como um objeto mágico. Mais que a utilizar contra o maligno ou qualquer outra devoção, ela deve ser usada como testemunho de fé.

Pela intercessão de São Bento, poderoso na luta contra o veneno do pecado, que Deus abençoe a cada um!

Dom Paulo Panza
Reitor do mosteiro de São Bento em Vinhedo (SP) - Canção Nova 

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Catequese: Por que devo fazer o sinal da cruz quando passo por uma igreja?

Conheça a importância do sinal da cruz para o cristão


O sacrifício de Jesus Cristo é o sinal maior do amor de Deus por nós. Para que pudéssemos nos ver livres do pecado, Aquele que viveu livre dele foi condenado e crucificado, e, em Seu sacrifício, traçou sobre o mundo o sinal da cruz. Nas Palavras do Papa Francisco, “a cruz de Jesus é a nossa única esperança verdadeira! Eis por que a Igreja ‘exalta’ a santa cruz, e eis por que nós cristãos abençoamos com o sinal da cruz”. Podemos ler, nos Evangelhos de Lucas e Mateus, o convite dirigido a nós por Jesus: “Negue-se a si mesmo, tome a sua cruz” (Mt 16,24 e Lc 9,23). Traçar sobre nosso corpo esse sinal é professar nossa fé sem palavras.

Em que momentos podemos ou devemos fazer o sinal da cruz?
Na celebração da Santa Missa, em observância ao rito litúrgico, há momentos em que o sinal da cruz se apresenta como obrigatório, como se faz no início e ao fim da celebração. Também é traçado o sinal da cruz em reverência à leitura do Evangelho, com o polegar da mão direita, sobre si mesmo, na testa, na boca e no peito. Nesses momentos, ao traçar sobre o corpo o sinal da cruz, que se faça com a devida devoção, eis que é na sagrada liturgia que se opera a santificação dos homens e na qual, por meio de sinais sensíveis, prestamos o culto público de Deus. E a todo momento, em nosso cotidiano, ao professar a fé pelo sinal da cruz, lembremo-nos das palavras de São Paulo: “De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para anunciar o Evangelho, sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a cruz de Cristo, pois a linguagem da cruz é louca para aqueles que se perdem. Mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus” (1Cor 1,17-18).

Professar a fé sem palavras é expressão sutil e humilde de devoção e não deve ser empregue sem a adequada veneração, sob o risco de fazê-lo de modo supersticioso. Com efeito, não há obrigatoriedade em traçar o sinal da cruz ao passar por uma igreja, o que não diminui seu significado. É que, no Cerimonial dos Bispos, no número 110, verifica-se a citação de uma antiga prática cristã no uso da água benta, que diz: “Seguindo louvável costume, todos, ao entrar na igreja, molham a mão na água benta, contida na respectiva pia, e fazem com ela o sinal da cruz, como recordação do seu próprio batismo”. Daí, verifica-se o costume de muitas pessoas em traçar o sinal da cruz ao entrar na igreja, que, em sinal de respeito e devoção, foi se estendendo para o exterior do templo, até que tomou a forma que vemos muitos cristãos praticarem atualmente, de traçar sobre si o sinal da cruz ao passar na frente de uma igreja.

Faça o sinal da cruz

Certos de que a força de Deus nos acompanha em nossas provações diárias, façamos do sinal da cruz um gesto de fortalecimento e profissão de fé, atentos para que sempre que o traçarmos, seja com o coração repleto de devoção. Como nos ensina o Santo Papa João Paulo II: “Quem quer que seja que acolha Deus em Cristo, acolhe-O mediante a cruz. E quem acolheu Deus em Cristo, exprime isso mesmo mediante esse sinal: quem O aceitou, efetivamente, benze-se com o sinal da cruz sobre a fronte, sobre os ombros e sobre o peito, para manifestar e para professar que, na cruz, encontra-se de novo totalmente a si mesmo, alma e corpo, e que com este sinal abraça e aperta ao peito Cristo e o seu reino”.

Luis Gustavo Conde
Canção Nova