sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Por que devemos ter um santo de devoção?

É dogma de nossa fé católica que as pessoas que morreram perfeitamente santas vão para o céu imediatamente; e na comunhão com Deus “intercedem por nós sem cessar”, como diz a Oração Eucarística.

Nos primórdios do Cristianismo os cristãos já celebravam a Santa Missa sobre o túmulo dos mártires, nas catacumbas, para suplicar-lhes a intercessão. Mesmo no Antigo Testamento já encontramos uma base bíblica sobre a intercessão dos que já estão na glória de Deus; fato descrito no segundo livro de Macabeus, no capítulo 15, versículos de 11 a 15. O povo judeu estava em guerra contra os gentios, liderados por Judas Macabeu. Para levantar o ânimo dos guerreiros, Judas contou-lhes a visão que tivera, na qual Onias, sumo sacerdote já falecido, e Jeremias, intercediam por eles: "Eis o que vira: Onias, que foi sumo sacerdote, homem nobre e bom, com as mãos levantadas, orava por todo o povo judeu. Em seguida havia aparecido do mesmo modo um homem com os cabelos todos brancos, de aparência muito venerável. Então, tomando a palavra, disse-lhe Onias: 'Eis o amigo de seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo e pela cidade santa, Jeremias, o profeta de Deus'" (2 Mac 15, 11-15).

O Catecismo da Igreja Católica confirma isso no número §956: “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Portanto, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (Lumen Gentium 49).

São Domingos de Gusmão, na hora da morte, pede a seus irmãos: “Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida”. Santa Teresinha do Menino Jesus afirma antes de morrer: “Passarei meu céu fazendo o bem na terra”. Como o povo ama a “Novena das Rosas” desta santa!

O número 29 do “Manual das Indulgências”, do Vaticano, enriquece com indulgências as orações, ladainhas, novenas aos santos, entre outros. O número 54 das Orações indulgenciadas revela: “Concede-se indulgência parcial ao fiel que, no dia da celebração litúrgica de qualquer santo, recitar em sua honra a oração tomada do Missal ou outra aprovada pela autoridade da eclesiástica” (“O que são as indulgências”, pag. 91, Editora Cléofas).

A Tradição da Igreja está repleta de confirmações sobre a intercessão dos santos. São Jerônimo (340-420), doutor da Igreja, disse: “Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos” (Adv. Vigil. 6). Santo Hilário de Poitiers (310-367), bispo e doutor da Igreja, garantia que: “Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará, nem a guarda dos anjos nem a proteção dos santos”. São Cirilo de Jerusalém (315-386): bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, afirmava: “Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, profetas, Apóstolos e mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas”.

O Concílio de Trento (1545-1563), em sua 25ª Sessão, confirmou que: “Os santos que reinam agora com Cristo, oram a Deus pelos homens. É bom e proveitoso invocá-los suplicantemente e recorrer às suas orações e intercessões, para que vos obtenham benefícios de Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, único Redentor e Salvador nosso.

Por tudo isso é que a Igreja ensina que devemos suplicar a intercessão dos santos. Essa intercessão, e especialmente a de Nossa Senhora, que é a mais poderosa de todas as intercessões, não substitui a mediação única de Cristo; ao contrário, a reforça, pois, sem a mediação única e indispensável de Cristo, nenhuma outra intercessão teria valor, já que todas são feitas “por intermédio” de Jesus Cristo. Por isso a Igreja não teme invocar os santos e suas preces por nós diante de Deus. É por essa razão também que a Igreja recomenda que os pais coloquem nomes de santos em seus filhos a fim de que tenham, desde pequenos, um patrono no céu.

Os santos, durante sua vida, foram devotos de outros santos. Santa Teresa de Ávila tinha devoção profunda a São José e a Santo Agostinho. São João Bosco era devoto de São Francisco de Sales, etc. Por isso a Igreja nos aconselha vivamente que nos recomendemos à intercessão deles. Neste sentido, o Papa proclama determinados santos protetores das profissões, países, cidades e contra as doenças. Santa Luzia é protetora dos olhos e da visão; Santa Teresa é patrona dos professores; São Lucas, dos médicos, etc.

Os santos conseguem interceder por nós junto a Deus porque estão em comunhão com Ele em vista dos seus méritos conquistados na Terra. Cada fiel deve ter um ou mais santos de sua devoção; especialmente aquele que leva o seu nome de batismo.

O cristão pode participar do Halloween?

O cristão pode participar dela ou trata-se apenas de uma prática cultural inofensiva?

O Halloween é uma festa comemorada no dia 31 de outubro, véspera do Dia de Todos os Santos. Ela é realizada em grande parte nos países ocidentais, sendo mais forte nos Estados Unidos, para onde foi levada por imigrantes irlandeses em meados do século XIX. Na valorização da cultura americana, especialmente nas escolas de inglês e nos filmes de Hollywood, essa festa tem se espalhado pelo mundo.

A prática do Halloween vem do povo celta, o qual acreditava que, no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saíam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos, visitar as famílias e levar as pessoas ao mundo dos mortos. Sacerdotes druístas (religião celta) atuavam como médiuns evocando os mortos. Parece que, para espantar esses fantasmas, os celtas tinham o costume de colocar objetos assustadores nas casas, como caveiras, ossos decorados, abóboras enfeitadas entre outros. O termo “Halloween” surge mais tarde, no contato da cultura celta com o Cristianismo. Da contração do termo escocês “Allhallow-eve” (véspera do Dia de Todos os Santos), que era a noite das bruxas, surge o “Halloween”.

É aí que surge a dúvida: hoje essa festa tem algum significado espiritual? O cristão pode participar dela ou trata-se apenas de uma prática cultural inofensiva?

São Paulo diz: “Não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares” (Ef 6,12). O apóstolo também exorta: “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1Pd 5,8). Embora não os vejamos, os espíritos malignos são seres inteligentes que agem tentando perder as almas. Não os vemos, mas sofremos suas investidas. Isso é Doutrina da Igreja Católica.

Será que uma festa pagã, que praticava um ato abominável por Deus – a evocação dos mortos (Dt 18,10-11) –, enculturada hoje, não tem significado espiritual nenhum? É difícil que não tenha! Mas onde está o maligno nessa brincadeira de criança? Nós não o vemos, assim como não vemos o vírus ebola que começa a apavorar o mundo hoje. Você faria uma festa numa região que pode estar contaminada com esse vírus? Uma doença que pode roubar sua vida temporal? Eu não! Da mesma forma, e com muito mais razão, é questionável envolver-se numa festa que possa nos deixar sujeitos a um “vírus” que pode roubar nossa vida eterna. Na dúvida, eu me resguardo. Bem, mas essa é uma reflexão para quem tem fé católica e procura ser coerente com ela.

Outra pergunta que me faço é se o contato e a identificação com imagens horríveis de bruxas e monstros não tem significado algum na formação dos jovens. Desconsiderando a expressão de um satanismo evidente, mas indo para reflexão mais cultural, aí também não acredito que o Halloween seja tão inofensivo.

O ser humano é chamado a contemplar o belo, porque é manifestação da harmonia de tudo que é bom e verdadeiro. Deus é belo, mas o ser humano tem uma estranha atração pelo mórbido, o oculto e suas expressões naquilo que tem de horrível. Não tenha dúvida que educar uma pessoa humana significa, dentre tantas outras coisas, ensinar a apreciar, valorizar e identificar o belo com o bom. Não seria o Halloween mais uma forma, dentre tantas outras hoje em dia, de roubar a referência do belo, do verdadeiro, do bom e do honesto? Será que o mal e o monstruoso, quando viram brincadeira, são tão inofensivos à cultura e aos valores do ser humano?

Até o “doces ou travessuras” não surgiu de forma muito pura. Parece que sua origem está na época em que os países anglo-saxônicos se tornaram protestantes, e as crianças protestantes iam às casas das famílias católicas, oprimidas pelo governo, impor suas exigências. Em um mundo onde os jovens diariamente curtem nas roupas, nos filmes e nas festas o mórbido das caveiras e dos zumbis, o horrível dos monstros e das bruxas, é fácil entender uma sociedade tão pobre em cultura e tão abundante em violência e promiscuidade. Se a expressão do mal é brincadeira e moda, que mal faz torná-lo coisa séria?

Voltando ao lado religioso, é curioso que o Halloween se avizinhe da festa católica de Todos os Santos. Não parece que alguém, tão incomodado com os santos, resolveu festejar os demônios?

Não se trata de supervalorizar do mal em detrimento do bem. Menos ainda de uma visão puritana das coisas deste mundo. O mundo é maravilhoso, a vida é bela. O cristão precisa saber acolher essa maravilha, valorizar a vida do homem e cultivar a alegria da criança e do jovem. Contudo, para semear a vida e colher a alegria é preciso saber: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (1Cor 6,12).

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Papa Francisco: o diabo não é mito e deve ser combatido com a verdade

A vida cristã é um “combate” contra o demônio, o mundo e as paixões da carne. Foi o que afirmou o Papa Francisco, na Missa desta quinta-feira, 30, na Casa Santa Marta. Comentando um trecho da Carta de São Paulo aos Efésios, o Santo Padre reiterou que o diabo existe e é preciso lutar contra ele com a armadura da verdade.

Força e coragem. A homilia do Pontífice se concentrou nas palavras de São Paulo que, dirigindo-se aos Efésios, desenvolve em uma “linguagem militar” a vida cristã. Francisco destacou a necessidade de defender a vida em Deus para levá-la adiante e, para isso, é preciso ter força e coragem para resistir e anunciar.

Para seguir adiante na vida espiritual, disse, é preciso combater. E não se trata de um simples confronto, mas de um combate contínuo. O Papa citou os três inimigos da vida cristã: o demônio, o mundo e a carne. Ele recordou que a salvação dada por Jesus é gratuita, mas há o chamado para defendê-la.

“De quem devo me defender? O que devo fazer? ‘Vestir a armadura de Deus’, nos diz Paulo, isto é, aquilo que é de Deus nos ajuda a resistir às armadilhas do diabo. Não se pode pensar em uma vida espiritual, em uma vida cristã sem resistir às tentações, sem lutar contra o diabo, sem vestir essa armadura do Senhor, que nos dá forças e nos defende.”

São Paulo destaca que a batalha do homem não é contra coisas pequenas, mas contra o diabo e os seus. O Santo Padre explicou que fizeram muitas gerações acreditar que o inimigo fosse um mito, uma ideia do mal, mas ele existe e é preciso lutar contra ele. E a armadura de Deus, que deve ser usada nesse combate, à qual São Paulo se refere, é a verdade.

O diabo é mentiroso, disse o Papa, então, precisamos ter ao nosso lado a verdade, nos vestirmos com a couraça da justiça. O que ajudaria nesse processo, segundo Francisco, é cada um se perguntar sobre a própria crença, pois sem fé não se pode seguir adiante. Todos precisam desse escudo da fé. O Pontífice pediu, então, que os fiéis peguem o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, e rezem constantemente.

“A vida é uma milícia, a vida cristã é uma luta belíssima. Quando o Senhor vence, em cada passo da nossa vida, dá-nos uma alegria, uma felicidade grande: aquela alegria que o Senhor venceu em nós, com a Sua gratuidade de salvação. Mas, sim, todos somos um pouco preguiçosos na luta, e nos deixamos levar adiante pela paixão, por algumas tentações. É porque somos pecadores, todos! Mas não desanimemos! Coragem e força, porque o Senhor está conosco”.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Papa Francisco recorda exemplo de São João Paulo II e fala sobre unidade da Igreja

A Igreja Católica celebra nesta quarta-feira, 22, pela primeira vez, a memória litúrgica de São João Paulo II (1920-2005), o pontífice polaco canonizado em abril deste ano, no Vaticano.

“Hoje celebramos a memória litúrgica de São João Paulo II, o qual convidou todos a abrir as portas a Cristo. Na sua primeira visita à vossa pátria, invocou o Espírito Santo para que descesse a renovar a terra da Polônia. Recordou em todo o mundo o mistério da Divina Misericórdia”, lembrou Papa Francisco na catequese semanal na Praça de São Pedro.

“Que a sua herança espiritual não seja esquecida, mas nos leve à reflexão e ao agir concreto pelo bem da Igreja, da família e da sociedade”, sublinhou.

A data assinala o dia de início de pontificado de Karol Wojtyla, em 1978, pouco depois de ter sido eleito Papa. Entre os seus principais documentos, contam-se 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas e 45 cartas apostólicas.

A Igreja Corpo de Cristo
A catequese do Papa neste dia foi centrada no tema “A Igreja Corpo de Cristo” e frisou a unidade entre os seus membros.

Papa Francisco explicou que o corpo é um bom exemplo para demonstrar a unidade de vários elementos, e que a partir de São Paulo Apóstolo essa expressão foi aplicada à Igreja e reconhecida como o seu “traço distintivo mais profundo e mais belo”.

“Hoje, então, podemos perguntar: em que sentido a Igreja forma um corpo? E por que é que é definida ‘Corpo de Cristo’”?, indagou propondo uma reflexão.

Francisco destacou então a passagem bíblica da visão do Profeta Ezequiel, quando diante de ossos ressequidos e espalhados recebeu a ordem de Deus, para invocar sobre estes, o Espírito do Senhor para que eles formassem um corpo cheio de vida. Com esse relato, o Santo Padre identificou a ação do Espírito Santo que infunde em cada pessoa a “vida nova do Ressuscitado” e que os une em um só “corpo edificado na comunhão e no amor”.

“Assim é a Igreja, um corpo vivificado pelo Espírito Santo que infunde em cada batizado a vida nova de Jesus Ressuscitado. Ele constantemente nos cobre com o seu amor e nos faz participantes da sua Paixão redentora. Por isso, podemos estar certos de que nada nem ninguém nos pode separar de Cristo”, enfatizou

Por fim, o Santo Padre afirmou que a certeza do amor de Cristo pela sua Igreja faz crescer nos cristãos o desejo de corresponder a esse amor, superando divisões, invejas e incompreensões que ferem o Corpo do Senhor.

domingo, 12 de outubro de 2014

Dom Roberto Francisco Ferreria divulga artigo sobre 2º Turno das eleições para governador

Eleições 2014, segundo turno no Rio de Janeiro 
Uma questão de tolerância 

Analisando o segundo turno das eleições 2014, desde a perspectiva da educação, desponta claramente diante dos dois projetos vencedores no primeiro turno, uma questão de tolerância. Isto significa que face a uma sociedade pluralista, democrática e laica (porém não laicista), não há lugar para o discurso exclusivista e intolerante que é representado pelo candidato da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Marcelo Crivella. Muito embora ele argumente que existe separação de Igreja e Estado desde o diploma 19 A de 1891, sabemos que esta agrupação religiosa tem confessadas intenções de dirigir o Estado como atesta nitidamente o livro do fundador Edir Macedo sobre a política. Mais, conselhos tutelares, presídios, e obras assistenciais tem sido usadas como aparelho desta instituição. Não é casual que quando no Brasil se fala de intolerância vem imediatamente a data do 21 de janeiro (dia nacional de luta contra a intolerância religiosa), dia que morreu a Babalorixá Gilda, após ter o seu retrato estampado na Folha da Igreja Universal de 02 de outubro de 1999, com o título: macumbeiros que exploram o povo; fato que levou a depredação total do seu terreiro na Bahia. Todos vimos também quando no dia 12 de outubro de 1995 o Bispo da IURD, Von Helde chutou 22 vezes a imagem de Nossa Senhora Aparecida, sendo punido por este ato. O ministério público federal da Bahia requisitou o livro de Edir Macedo sobre orixás e caboclos por demonizar os cultos afro-brasileiros, e incitar a violência contra as religiões africanas. Além destes casos quantos irmãos brasileiros tiveram guias arrancadas pela força, imagens quebradas, Igrejas pichadas, Terreiros depredados? O próprio candidato mostra sua incapacidade de juízo independente quando defende que todos os homosexuais pelo fato de sê-lo estão em situação de pecado. A educação afirmava Paulo Freire, visa a verdadeira tolerância que se constrói no diálogo e reconhecimento das diferenças, na esperança cristã, e no amor incondicional a dignidade da pessoa humana. Uma educação integral do ser humano tem que ter uma janela para o transcendente, impulsionando o respeito, a liberdade religiosa e uma autêntica laicidade que promova um relacionamento de autonomia e colaboração entre a Igreja e o Estado. Deus seja louvado!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz 

Bispo Diocesano de Campos 

Campos dos Goytacazes, 10 de Outubro de 2014.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Catequese: O significado de cada parte da Ave-Maria

Cada parte da oração da Ave-Maria tem um significado baseado nas Sagradas Escrituras e na Tradição

A Ave-Maria é uma das orações mais queridas do povo católico. É a mais antiga oração que conhecemos dirigida a Nossa Senhora, nossa Mãe, Mãe de Jesus, Mãe da Igreja. Ela está na própria Bíblia, revelação de Deus.

Na Anunciação, o Anjo a saudou: “Ave, cheia de graça”. Maria foi a única que achou graça diante de Deus, porque foi a única “concebida sem o pecado original”. Nas aparições a Santa Catarina Labouré, na França, em 1830, ela pediu que fosse cunhada o que ficou sendo chamada de “Medalha milagrosa”. Em letras de ouro, Catarina viu escrita a bela frase: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”.

O Senhor é convosco”, disse-lhe o Arcanjo Gabriel. Maria tem uma intimidade profunda com Deus. Diz o nosso Catecismo que “desde toda eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de Seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, ‘uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria’ (Lc 1,26-27)”. Ela é Filha do Pai, é a Mãe do Filho, e é a Esposa do Espírito Santo. Está em plena unidade com a Santíssima Trindade. Numa única mulher Deus tem Mãe, Filha e Esposa.

“Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42). Foi assim que Santa Isabel saudou a Virgem, “em alta voz” e “cheia do Espírito Santo”. E o menino João Batista estremeceu em seu seio. Isabel deixou claro por que Maria é “bendita entre todas as mulheres”: “Donde me vem a honra de vir a mim a Mãe do meu Senhor?” (v.43). E Isabel completa: “Bem-aventurada és tu que creste…” (v.44).

O bendito fruto do seu ventre é o próprio Deus, Filho de Deus, encarnado em seu seio virginal: Jesus. Ela é a Mãe de Deus. Quando o herege Nestório, patriarca de Constantinopla, quis negar essa verdade, o povo se revoltou, e o Concílio de Nicéia, em 431, confirmou a maternidade divina de Maria: (Theotókos). “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48), por isso a piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão.

Depois de saudar a Virgem Maria, Mãe de Deus, com essas palavras que desceram do céu, a oração da Ave-Maria nos leva a implorar as graças do Senhor pela intercessão daquela a quem Deus nada pode negar.

Santa Maria, Mãe de Deus”. O que não consegue a Mãe do Altíssimo? O que não pode conseguir, diante do trono da graça, aquela que é Sua Mãe, Esposa e Filha? O milagre das Bodas de Caná (João 2) diz tudo, mostra o grande poder intercessor da Mãe diante do Filho. Por isso, a Igreja sempre nos ensinou: “Peça à Mãe que o Filho atende!”. O bom filho nada nega à sua mãe, por isso São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja, a chamava de “Onipotência suplicante”. Consegue tudo, por graça, o que Deus pode por natureza.

E nós pecadores lhe imploramos: “Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte”. Consegue do Rei os grandes benefícios aqueles que estão perto d’Ele, aqueles que têm intimidade com Ele. Quem mais do que Maria tem intimidade com Deus? Quantas pessoas me pedem para mediar um pedido junto a monsenhor Jonas Abib, porque sabem que tenho intimidade com ele! O mesmo acontece com Deus. Esse é o poder da intercessão.

A Mãe Santíssima diante do seu Filho roga por nós sem cessar. Disse o Concílio Vaticano II que “assunta aos céus (…), por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna. (…) Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora e medianeira.” (n.969).

“A missão materna de Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a mediação única de Cristo; pelo contrário, até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da bem-aventurada Virgem (…) deriva dos superabundantes méritos de Cristo, baseia-se em sua mediação, dela depende inteiramente e dela aufere toda a sua força.” (n.970)

A nossa Mãe roga por nós a cada momento, mesmo que não tenhamos consciência disso; especialmente protege aqueles que lhe são consagrados fervorosamente. De modo especial, defende-nos na hora da morte. Quantas almas a Virgem Maria salva na hora da morte! Especialmente aqueles que lhe são consagrados. São Bernardo dizia que não é possível que se perca um bom filho de Maria. Por isso, pedimos insistentemente que ela rogue por nós, sobretudo na hora decisiva de nossa morte. Quando rezamos o Santo Rosário, a ela oferecemos rosas espirituais que ela leva a Deus por nós. Ela não as retém para si, pois o rosário é a meditação de toda a vida de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Recordar os pecados na oração é glorificar Deus, diz Papa Francisco

Santo Padre falou da necessidade de fazer memória da história de aliança com Deus

Francisco diz que é preciso fazer memória da história de aliança com Deus
Quando rezamos, não esquecemos nossa história, disse o Papa Francisco, na Missa desta terça-feira, 7, na Casa Santa Marta. Ele convidou os fiéis a não se deixarem levar pelas distrações do cotidiano, o que acaba fazendo a pessoa se esquecer de rezar.

Recordando que Deus escolheu o Seu povo e sempre o acompanhou, o Santo Padre se concentrou na Primeira Leitura, em que São Paulo faz memória da sua vida sem esconder os seus pecados. Segundo Francisco, o fato de o cristão ter sido escolhido é uma graça de amor, e Paulo faz memória dessa realidade, reconhecendo-se pecador.

“Esse hábito de fazer memória da nossa vida não é muito comum entre nós. Esquecemos as coisas, vivemos no momento e depois esquecemos a história. E cada um de nós tem uma história de graça, de pecado, de caminho, tantas coisas… E faz bem rezar com a nossa história. Paulo faz isso, conta um pedaço da sua vida, mas, em geral, diz: ‘Ele me escolheu! Ele me chamou! Ele me salvou! Ele foi meu companheiro de caminho’”.

Francisco destacou ainda que fazer memória da própria vida e dos próprios pecados é dar glória a Deus. Por isso São Paulo diz que se vangloria apenas de duas coisas: dos seus pecados e da graça de Deus Crucificado. Paulo reconheceu seus pecados e admitiu que foi Cristo quem o salvou. Essa é a recordação que os cristãos são convidados a fazer.

“Quando Jesus diz a Marta: ‘Você se aflige e se agita por muitas coisas. Maria escolheu a melhor parte’. O que é? Ouvir o Senhor e fazer memória. Não se pode rezar todos os dias como se nós não tivéssemos história. Cada um de nós tem a sua. E com ela no coração, seguimos na oração como Maria. Mas tantas vezes somos distraídos, como Marta, pelo trabalho, pelo cotidiano, por fazer as coisas que devemos, e esquecemos nossa história”.

A relação do homem com Deus, segundo o Papa, não começa no dia do batismo – aí ela é selada –, mas no coração de Deus, quando Ele, da eternidade, olhou para o homem e o escolheu. Então, é preciso lembrar-se dessa escolha, desse caminho de aliança.

O Papa concluiu a homilia com o convite a rezarmos o Salmo 138: “Senhor, vós me perscrutais e me conheceis. Sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos. Quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos”.

“Isto é rezar, é fazer memória diante de Deus da nossa história, porque esta é a história do seu amor para conosco”.

Façamos da nossa família uma Igreja Doméstica

São Lucas Evangelista é minucioso ao narrar a história de Jesus Cristo antes de Sua vida pública. Quando o Senhor começou Sua vida pública, Ele já havia estado no Templo diversas vezes, pois é um costume dos judeus ir, pelo menos, três vezes por ano a Jerusalém. São Lucas retrata que Maria e José educaram Cristo na fé.

A Sagrada Família é "sacra", ou seja, "sagrada", porque ela era fiel a Deus. A exemplo dela, devemos fazer da nossa família uma Igreja Doméstica.

A criança aprende a rezar desde pequena. Os avós têm de zelar pela fé de seus netos desde cedo. Temos levado nossos filhos para a catequese, o crisma, para uma intimidade com Deus? Os padrinhos têm a função de continuar o papel dos pais e conduzir seus afilhados nos caminhos do Senhor. Muitas famílias têm o desejo de imitar a Sagrada Família, porém não querem se comprometer com uma vida de oração e intimidade com Deus.

O que vivemos em nossa casa conjugalmente José e Maria também viveram. Imaginemos o desespero deles ao perceber que Jesus não estava na caravana que o conduzia de volta para casa após visitarem o Templo. Com toda certeza, muitas coisas passaram na cabeça desses pais: “O Menino sumiu. E agora? Como não vimos que Ele sumiu?” ou “Você não estava olhando Jesus?”. Nesse instante, a humanidade de José e Maria deve ter falado mais alto.

Por que eles foram procurar o Menino no Templo? Porque, quando educamos nossos filhos no caminhos de Deus, sabemos onde eles estão. O que aprendemos na nossa infância fica para sempre em nosso coração.

Jesus estava no Templo, e quando Seus pais O viram, ficaram comovidos. Cristo, Filho de Deus, era obediente a Seus pais, e voltou com junto com eles para Nazaré. Quantos são desobedientes dentro de suas casas! Alguns acham que só porque já constituíram uma família não devem respeito a seus pais.

Quando vivemos no regaço acolhedor de uma mãe, queremos sempre voltar ao seu colo. A idade nos amadurece, e não podemos olhar para traz e nos culpar pelas coisas que aconteceram. Os pais também têm esse mesmo sentimento, pois com o passar dos anos, eles percebem que determinadas atitudes não seriam repetidas. Tenhamos a coragem de nos levantar e seguir em frente. 

Que a Sagrada Família visite todos os lares, levando benção a todas as famílias. Que, pela intercessão de São José, todos os homens sejam tocados por Jesus Cristo, e que, por meio desse toque, o senhor mude o coração desses homens e os ensine a amar suas famílias. Que Maria Santíssima toque no coração de todas as mulheres e transforme sua maneira de ser mãe, esposa, filha e avó. Que o Menino Deus vá ao encontro de todos os filhos que não tiveram carinho, de todos os órfãos de pai e de mãe, que tiveram de amadurecer antes do tempo, crianças que tiveram sua infância roubada.

Senhor, abençoe nossas famílias pela intercessão da Sagrada Família de Nazaré!