terça-feira, 27 de setembro de 2016

Descobrindo o tesouro na Igreja: a Bíblia

Para a Igreja a Bíblia é fonte de sabedoria e riqueza sobre a vida de Jesus


Neste mês dedicado à Bíblia, a Igreja quer nos treinar para vivermos todos os dias da nossa vida buscando o tesouro que está no Livro Sagrado, pois “O Reino dos Céus é comparável a um tesouro que estava escondido num campo, e um homem descobre” (Mt 13,44).

Jesus, quando contou a parábola do tesouro, sabia que, no Seu tempo, existia um procedimento jurídico: se alguém fosse trabalhar numa terra que não lhe pertencesse e encontrasse um cofre, um baú ou até uma moeda preciosa no solo, era preciso comprar o terreno para merecer o achado. Na tradição dos nossos pais da fé (patrística), esses viram, nesse tesouro, o símbolo, principalmente, do Cristo, portador das riquezas do Reino e o Reino em pessoa. Agora, onde entra a Bíblia nessa parábola? Ela, podemos dizer, é o baú ou o cofre portador de Jesus. É por isso que podemos, com e como a Igreja, afirmar: “”A fé cristã não é uma religião do livro! O Cristianismo é a religião da Palavra de Deus, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo”” (CIC 108).

Conheça a Palavra de Deus
Os santos doutores da Igreja foram a fundo nessa religião da Palavra de Deus, a ponto de poderem testemunhar, em sermões escritos e com a própria vida, a exemplo de São Lourenço de Bríndisi, do século XVI, que nos diz: a Palavra de Deus é luz para a inteligência, fogo para a vontade, para que o homem possa conhecer e amar a Deus. A Palavra é tesouro espiritual de méritos para a alma, por isso diz-se ouro e pedra preciosíssima. É martelo contra a dura obstinação do coração nos vícios e contra a carne, o mundo e o demônio, espada que mata todo pecado”.

A Mestra Igreja foi quem gerou uma multidão de santos e santas para a salvação de muitos, isso pela força da Palavra e dos sacramentos. Já no Concílio Vaticano II (1962 a 1965), por saber da necessidade de santos contemporâneos, deixou registrado três critérios, que se encontram no Novo Catecismo (CIC 112 a 114), para uma interpretação da Sagrada Escritura, conforme o Espírito Santo, e não segundo o perigoso subjetivismo moderno, que têm dividido o Cristianismo aos milhares:

1. É preciso prestar muita atenção ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira;
2. Ler a Escritura dentro da Tradição viva da Igreja inteira;
3. Estar atento à analogia da fé.

Graças a Deus, esse Concílio foi Ecumênico e Pastoral, isso porque Deus está convocando todo o Seu povo a uma interpretação mística da Palavra, que gere comunhão entre os cristãos e salvação para todos. Por isso, a família Canção Nova quer, com você, neste mês de setembro, contemplar, de modo novo, esse cofre de Cristo que, desde a descoberta da imprensa, por João Gutemberg (1396-1460), já atingiu mais de 1.685 idiomas, mas ainda precisa chegar a muitos analfabetos da fé, principalmente por meio do Evangelho Vivo, que é cada um de nós.

Padre Fernando Santamaria
Canção Nova

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A verdadeira história de São Cosme e São Damião, mártires

São Cosme e São Damião são santos dedicados a salvação da vida


“Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!”
Hoje, dia 26 de setembro, lembramos dois dos santos mais citados na Igreja: São Cosme e São Damião, irmãos gêmeos, médicos de profissão e santos na vocação da vida. Viveram no Oriente (Cilícia, Ásia Menor entre os séculos III e IV), e, desde jovens, eram reconhecidos por sua habilidade como médicos. Com a conversão, passaram a ser também missionários, ou seja, ao unirem a ciência à confiança no poder da oração, levavam a muitos a saúde do corpo e da alma.

Viveram na Ásia Menor, até que, devido à perseguição de Diocleciano, no ano 300 da Era Cristã, foram presos por serem considerados inimigos dos deuses e acusados de usar feitiçarias e meios diabólicos para disfarçar as curas. Tendo em vista essa acusação, a resposta deles era sempre: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”

Diante da insistência dos perseguidores da fé cristã, com relação à adoração aos deuses, responderam: “Teus deuses não têm poder algum, nós adoramos o Criador do céu e da terra!”.


Atenção para este recado:
Na Igreja, muitos santos são estigmatizados pelo misticismo devido ao choque de culturas. Nada contra outras culturas, mas é sempre muito bom lembrar a verdadeira origem dos fatos. Muitos de nossos santos são cultuados também no candomblé e em outras religiões, mas a história é bem diferente. Na época da escravatura no Brasil, os escravos africanos criaram uma maneira criativa e inteligente de enganar os senhores de Engenho. Invocavam os seus deuses Orixá, Oxalá, Ogum como São Sebastião, São Jorge e Jesus, e os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os orixás Ibejis em um sincretismo religioso. E fizeram o mesmo com outros santos também, como São Jorge, Santa Bárbara entre outros. O sincretismo religioso é um fenômeno que consiste na absorção de influências de um sistema de crenças por outro.

Os negros bantos identificaram Cosme e Damião como os Ibejis: divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos [Cosme e Damião]. A grande cerimônia dedicada a Ibeji acontece, no dia 27 de setembro, quando comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros. Para nós, católicos, este é o dia de São Vicente de Paulo. Por isso, há o costume de distribuir doces e comidas às crianças no dia 27, que também foi um costume introduzido pelo candomblé.

São Cosme e São Damião jamais abandonaram a fé cristã e foram decapitados no ano de 303. São considerados os padroeiros dos farmacêuticos, médicos e das faculdades de medicina.

Senhor, dai-nos uma fé viva, livre de todas as misturas, uma fé nova, traduzida na vida e no amor aos irmãos. Por isso, proclamamos o Senhorio de Jesus em nossas vidas, pois os santos não precisam de alimentos, pois eles já contemplam o Alimento da Vida, que é o próprio Senhor.

Oração:

São Cosme e Damião, que, por amor a Deus e ao próximo, vos dedicastes à cura do corpo e da alma de vossos semelhantes. Abençoai os médicos e farmacêuticos, medicai o meu corpo na doença e fortalecei a minha alma contra a superstição e todas as práticas do mal. Que vossa inocência e simplicidade acompanhem e protejam todas as nossas crianças. Que a alegria da consciência tranquila, que sempre vos acompanhou, repouse também em meu coração. Que vossa proteção, São Cosme e Damião, conserve meu coração simples e sincero. Senhor nosso Deus, que dissipais as trevas da ignorância com a luz de Cristo, vossa Palavra, fortalecei a fé em nossos corações, para que nenhuma tentação apague a chama acesa por vossa graça. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

São Cosme e São Damião, rogai por nós!

Padre Luizinho
Canção Nova

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Papa Francisco fala sobre ressurreição em Cristo

Francisco comentou a dificuldade que se tem de pensar no futuro e na ressurreição: “ressuscitaremos como Cristo ressuscitou, com a nossa carne”

“Se Cristo não ressuscitou, tampouco nós ressuscitaremos”. A partir deste trecho da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, o Papa Francisco desenvolveu sua homilia na Missa desta sexta-feira, 16, na Casa Santa Marta. O Santo Padre enfatizou a “lógica da redenção até o final”.

O Pontífice notou, com um pouco de amargura, que quando se recita a última parte do Credo, isso é feito com pressa, porque amedronta o homem pensar no futuro, na ressurreição dos mortos. Francisco comentou que é fácil para todos entrar na lógica do passado, porque é concreta, e também é fácil entrar na lógica do presente, porque ele é visto, mas não é fácil entrar na totalidade desta lógica do futuro.

“A lógica de ontem é fácil. A lógica do hoje é fácil. A lógica do amanhã é fácil: todos morreremos. Mas a lógica do depois de amanhã, esta é difícil. E isto é aquilo que Paulo quer anunciar hoje: a lógica do depois de amanhã. Como será? Como será isso? A ressurreição. Cristo ressuscitou. Cristo ressuscitou e está bem claro que não ressuscitou como um fantasma. No trecho de Lucas sobre a ressurreição: ‘Toquem-me’. Um fantasma não tem carne, não tem ossos. ‘Toquem-me. Deem-me de comer’. A lógica do depois do amanhã é a lógica na qual entra a carne”.

Francisco disse que às vezes as pessoas se perguntam como será o céu, se estarão lá, mas não se entende aquilo que Paulo quer que elas entendam, esta lógica do depois do amanhã. E aqui, advertiu, as pessoas acabam traídas por um certo “agnosticismo” quando pensam que “será tudo espiritual” e têm medo da carne.

Não esqueçamos, disse o Papa, que esta foi a primeira heresia que o apóstolo João condena: ‘Quem diz que o Verbo de Deus não se fez carne, é do anticristo’. “Temos medo de aceitar e levar às últimas consequências a carne de Cristo. É mais fácil uma piedade espiritualista, uma piedade de nuances; mas entrar na lógica da carne de Cristo, isto é difícil. E esta é a lógica do depois do amanhã. Nós ressuscitaremos como Cristo ressuscitou, com a nossa carne”.

Transformação da carne
O Papa recordou que os primeiros cristãos se perguntavam como Jesus ressuscitou e observou que “na fé da ressurreição da carne, estão enraizadas as mais profundas obras de misericórdia, porque há uma conexão contínua”. De outro lado, prosseguiu, São Paulo sublinha com ênfase que todos serão transformados, o corpo e a carne serão transformados.

O Senhor fez-se ver e tocar e comeu junto com os discípulos após a ressurreição, lembrou o Pontífice. E esta é a lógica do depois do amanhã, aquela que as pessoas têm dificuldade de entender, na qual todos encontram dificuldades para entrar.

“É um sinal de maturidade entender bem a lógica do passado, é um sinal de maturidade se mover na lógica do presente, aquela de ontem e aquela de hoje. É também um sinal de maturidade ter a prudência para enxergar a lógica do amanhã, do futuro. Mas é preciso uma grande graça do Espírito Santo para entender esta lógica do depois do amanhã, depois da transformação, quando Ele virá e nos levará às nuvens, todos transformados, para permanecer sempre com Ele. Peçamos ao Senhor a graça desta fé”.

Canção Nova - Rádio Vaticano

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Catequese: A devoção das sete dores de Nossa Senhora

É antiga a tradição que faz memória dessas dores de Nossa Senhora e que busca difundir a devoção a essa Mãe dolorosa


No dia 15 de setembro celebramos a memória de Nossa Senhora das Dores. Não é por acaso que esta celebração esteja tão próxima da festa da Exaltação da Santa Cruz, que celebramos no dia anterior. A cruz de Jesus, uma das dores, talvez a mais forte, de Maria, é instrumento da nossa salvação. E junto a essa mesma cruz se faz explicita a missão de Nossa Senhora de ser a mãe de todos os discípulos de Jesus. A Cruz e Maria estão unidos pelo laço de amor que une uma mãe a seu filho.

Durante a vida de Maria outras cruzes a prepararam para esse momento da morte de seu filho e outras ainda seguiram depois dela. É antiga a tradição que faz memória dessas dores de Nossa Senhora e que busca difundir a devoção a essa Mãe dolorosa. Já no século oitavo os escritores eclesiásticos falavam da “compaixão da Virgem”, fazendo referência a participação da Mãe de Deus nas dores do Crucificado. Os monges servitas, que tinham uma profunda devoção às dores de Maria, mas apenas em 1814 que o Papa Pio VII fixou a Festa de Nossa Senhora das Dores para o dia 15 de setembro.

As listas das dores de Maria variaram um pouco no tempo, mas a que se tornou mais difundida foi a seguinte:

1. A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas 2, 34-35)
2. A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2, 13-21);
3. O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2, 41-51);
4. O encontro entre Maria e Jesus no caminho do Calvário (Lucas 23, 27-31);
5. Maria observando o sofrimento e morte de Jesus na Cruz (João 19, 25-27);
6. Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus 27, 55-61);
7. Maria observa o corpo do filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas 23, 55-56).

A partir dessas dores, podemos pensar em como Maria nos auxilia em nosso peregrinar de fé:

Podemos ver que a experiência dolorosa acompanhou Maria durante toda a sua vida. Desde que era uma jovem, quando apresenta seu recém-nascido no templo, cumprindo com a Lei dos judeus, até o momento ápice de dor, ao ver seu filho morto na Cruz. Só nesse aspecto poderíamos meditar durante muito tempo, porque o mundo em que vivemos parece ir em uma direção totalmente contrária a essa. Mesmo sabendo que não é possível uma vida sem dor, muitos parecem gastar sua vida inteira tentando fugir de qualquer experiência negativa, acreditando inclusive em falsos profetas que prometem o fim de todas as dores já aqui nesse mundo. Como poderíamos olhar para Nossa Senhora dolorosa e ao mesmo tempo querer que a nossa própria vida não tenha nada de dor? A perspectiva precisa ser outra, a perspectiva que ela teve pela fé. A dor, o sofrimento e a morte, se unidos ao seu Filho Jesus, nunca têm a última palavra. É a vida e a ressurreição que reinam ao final para aqueles que souberam permanecer firmes na fé.

E foi isso que Maria fez. Permaneceu firme na fé em todos os momentos difíceis, inclusive, conta o Evangelho, que estava de pé junto a cruz, como símbolo de sua fé viva, mesmo em meio a tanto ódio contra seu Filho. Por isso ela é capaz de recebe-lo em seus braços, morto, e de sepultá-lo com a esperança de que ao que ela estava vivendo sucederia a vitória do amor. O amor venceria a morte e nos traria a salvação, a reconciliação da humanidade com Deus.

Que nesse dia possamos unir-nos às dores de Maria, para que aprendamos com ela a viver a dimensão da Cruz que todo cristão está chamado a viver, para com Jesus sairmos também vitoriosos nessa caminhada que estamos fazendo até o encontro definitivo com Deus no céu.

Ir. João Antônio
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